Primeira Temporada

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Confira o tópico da primeira temporada clicando aqui.

Os trechos em Azul são narrados pelo Pedro.

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ERA SÓ MEU IRMÃO

Prólogo: Luiza, 14 anos, morena dos cabelos longos, um corpo de dar inveja e uma personalidade muito forte. Sua mãe faleceu quando tinha 6 anos e seu pai se casou quando tinha 10. Seu relacionamento com seu pai era ótimo, com sua madrasta nem tanto, mas com o filho de sua madrasta foi mudando quando ela percebe estar sentindo uma atração por ele. Pedro, 17 anos, lindo, moreno e forte mas bem mulherengo.

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Oi, eu sou Luiza e tenho 14 anos. Acabei de começar no 1° ano do ensino médio e estou bem animada, ouvi dizer que tem vários caras interessantes na escola esse ano. Moro com meu pai, minha madrasta e o filho dela, Pedro. Tecnicamente não temos nenhum parentesco, pois ele é filho da minha madrasta com outro homem, seu antigo marido. Pedro é lindo, tem 4 anos que moramos juntos, eu no meu quarto e ele no dele, não tínhamos muito contato até que comecei a perceber seus olhares mudando quando ele olhava pra mim, não consigo explicar, só sei que eu olhava do mesmo jeito pra ele, na mesa do café, na hora do almoço e até na hora do lanche nos olhávamos. Não nos falávamos muito até ele fazer isso mudar. Era de manhã, o sol batia em meu rosto, eu sabia que estava atrasada pro colégio mas estava com tanto sono que nem me preocupei em acordar. Até que ouvi uma voz grossa chamando meu nome:
- Luiza acorda, você tá atrasada maninha - e uma risada bem sínica.
- Já vou pai - eu disse meio sonolenta.
- Não é seu pai - disse ele, Pedro, senti um pingo de ironia na sua voz.
Me forcei a abrir os olhos e vi que era ele, lindo, com os cabelos arrepiados e molhados, pronto para ir pra aula.
- Ah, obrigada por me acordar Pedro, já desço. - Eu disse
- Não esquece de colocar roupa em - Ele disse rindo
Quando olhei eu estava de calcinha e sutiã, totalmente descoberta. Ouvi ele dizendo enquanto fechava a porta:
- Que delicia.
Logo que Pedro saiu do quarto, me levantei e fui pro chuveiro, tomei um banho rápido e coloquei meu uniforme e uma calça jeans. Desci e lá estava Pedro e meu pai tomando café. Eles até tinham um relacionamento bom.
- Bom dia filha, está atrasada. - disse meu pai
- É, mas já estou pronta pai - eu disse, enchendo meu copo com um suco que minha madrasta tinha feito antes de ir pro trabalho.
- Só tava te esperando pra gente ir pra aula - Pedro disse dando uma piscada
- Bom então vamos - sorri.
Me levantei e dei um beijo no meu pai e logo eu e Pedro saímos. No caminho Pedro ficava me olhando até que soltou uma risada bem baixinha:
- O que foi? - perguntei.
- Nada - respondeu ele sorrindo.
- Você é louco - respondi virando a cara.
- E você é gostosa. - disse ele, depois deu uma piscadinha.
Eu ignorei e fomos pra aula, chegando lá fui em direção a minha sala e ele em direção a sala dele. Pedro estava no terceiro ano e eu ainda estava no primeiro e pra piorar não conhecia quase ninguém da minha sala, pelo fato de eu ter sido obrigada a mudar de escola porque minha escola só tinha o ensino fundamental.
Entrei na sala e me sentei no lugar de sempre quando uma menina me chamou:
- Ei, Luiza - disse ela.
- Oi - eu sorri.
- Você tem a matéria de química que a professora passou sexta? - ela disse.
- Tenho, você quer?
- Quero! Ainda bem... - disse ela bem animada
- Toma - passei meu caderno
- Meu nome é Ana - ela disse sorrindo
- Prazer, o meu você já sabe - eu ri
Eu e Ana conversamos um pouco durante a aula, tudo o que deu pra saber era que ela havia tomado uma bomba, morava no mesmo bairro que eu e tinha um namorado que era do terceiro ano do colégio. Na hora do recreio ela me chamou para passar com ela, lanchamos e fomos em direção ao namorado dela, que era bonito como ela, mas não me era estranho. Nos aproximamos e vi que ele era amigo do Pedro, já tinha ido lá em casa algumas vezes com ele fazer trabalhos ou esperar ele pra sair.
- Matheus, essa é Luiza minha nova amiga - disse ela olhando pra mim.
- Já nos conhecemos - eu ri
- Já sim amor, ela é meia irmã do Pedro! - ele olhou pra ela sorrindo
- Ah sim! E cadê o Pedro?
Quando Ana disse isso veio ele, lindo como sempre, mexendo no cabelo de um jeito que só ele mexia em minha direção, me deu um beijo no rosto demorado.
- Maninha, tá fazendo o que na minha área ? - ele riu.
- Tô com a Ana - eu sorri.
- Ah sim, ei todo mundo - ele comprimentou Matheus e Ana.
Ficamos conversando e logo bateu o sinal avisando o fim do recreio. O resto da aula foi muito chato, na hora de embora Pedro estava me esperando para irmos embora, coisa que ele nunca fazia então passei direto. Ele puxou meu braço.
- Mocinha, to te esperando pô! - fez biquinho
- Ah, não sabia - eu ri - Vamos!
Fomos conversando sobre Matheus e Ana e logo chegamos em casa. Meu pai tinha feito almoço, mas já tinha ido trabalhar, almoçamos e fomos cada um pro seu quarto descansar. Acordei com um carinho diferente, gostoso, que passava das minhas costas pras minhas coxas, eu sabia que não era meu pai, pois meu pai trabalha a tarde toda e nem minha madrasta, pois não tínhamos essa intimidade.
Não sei por que, mas por um momento fiquei tímida. Ele se virou.
- Tá vendo o que? - sorriu
- Malhação - eu disse ainda tímida.
- É... Sábado vai rolar uma festa na casa da Ana, ela te disse?
- Não, deve me falar amanhã. Você vai?
- Acho que sim, vai ser legal... Matheus vai estar lá
Logo acabou o comercial da TV e voltei a prestar atenção na Malhação, Ana não tinha me avisado nada da festa ainda, mas também começamos a conversar tinha muito pouco tempo. As horas se passaram, subi para o meu quarto e atualizei meu orkut, twitter e facebook, aproveitar para bater um papo com as meninas da minha antiga escola, eu realmente sentia saudade.
Quando ainda estava no computador ouvi alguém batendo na porta e logo entrando, era Pedro com seu cabelo molhado. Provavelmente tinha acabado de sair do banho, pois estava sem camisa.
- Tô te atrapalhando? - disse sorrindo
- Não, já terminei, vou só... -
No mesmo momento ele me puxou da cadeira de onde eu estava sentada, me pressionou contra seu corpo quente e um pouco molhado e me beijou, estava bem melhor do que da outra vez, estava mais quente, com mais desejo, parecia que o beijo dele melhorava a cada minuto que estávamos ali. Eu me afastei.
- Você é louco? Sua mãe passa e vê você aqui ela te mata! - fiquei irritada
- Ela saiu, ou você acha que eu sou tão louco assim em? - ele riu
Não pensei nem duas vezes para continuar aquele beijo, ele me jogou na parede e me beijou, sua mão contornava meu corpo da mesma forma que sua língua contornava minha boca, eu queria tanto aquilo quanto ele. Lentamente ele me levou pra minha cama, me deitou devagar e ficou em cima de mim.
Continuamos a nos beijar, ele puxava meu cabelo, beijava meu pescoço e sussurrava coisas no meu ouvido como ' não sei quando tempo aguentei ficar longe do seu corpo, de você ', aquele momento era tão perfeito que eu não tinha dúvidas, eu queria ele todo pra mim e era ali e era agora. Eu me virei e deixei ele por baixo e fiquei por cima, continuando a me beijar ele tirou a minha blusa quando ouvimos a porta abrir.
No mesmo momento paramos.
- Minha mãe! - ele olhou pra mim
- Anda, corre daqui seu louco - rimos.
Ele se levantou e saiu do quarto, rindo e falando: ' não acabou em '. Eu ainda estava meio confusa com o que iria fazer se minha madrasta não tivesse chegado, só sei que eu estava amando aquilo, amando muito.
Como já estava a noite, resolvi tomar um banho e talvez mexer um pouco no computador, mas ultimamente a internet tinha perdido totalmente a graça, como não conhecia ninguém de novo na minha escola não tinham fotos novas, só scraps das minhas antigas amigas ( as quais eu não via a um tempo ) dizendo que sentiam saudades. Eu percebi que elas se afastaram de mim com a minha mudança de escola, mas parece que isso é inevitável, quem nunca passou por uma mudança de escola e perdeu várias amizades não sabe o que é se sentir sozinha. Mas alguma coisa me dizia que isso iria mudar.
Aproveitei na hora do banho para lavar meus cabelos e esfoliar minha pele, conforme eu fazia toda semana. Tomei um banho bem demorado e gostoso, apesar de estar muito calor, eu amava banho quente. Saí do chuveiro já de baby doll com a toalha enrolada no cabelo, me virei para o espelho do meu quarto e penteava meus cabelos com muito sono até que alguém bateu na porta.
- boa noite filha - meu pai disse abrindo a porta
- boa noite papis, como foi o trabalho? - perguntei
- foi bom, não fique nesse computador até tarde ok? - disse ele fechando a porta.
Continuei penteando os cabelos e batem na porta de novo.
- Entra pai! - falei continuando a pentear.
- Não é seu pai. - disse Pedro entrando e fechando a porta
- Olha olha que meu pai ta aí em baixo em! - disse virando-me pra ele
- Só vim pra você me dar um beijo de boa noite - disse ele fazendo uma cara de cachorro sem dono que dava até vontade de morder.
Dessa vez eu não aguentei, eu mesma me levantei de cama e o puxei e o encostei na parede, tirando o copo d'água que estava na sua mão e colocando na minha mesinha e o beijei, não sei explicar o que eu sentia quando beijava ele, nunca achei que algum dia beijaria Pedro assim. Nos beijamos por um tempo e eu parei e fiquei o olhando. Ele ficou me encarando por uns instantes, sorria, me olhava e aproveitou para colocar uma mecha da minha franja atrás da minha orelha.
- Boa noite - disse ele sorrindo, um sorriso diferente, sincero.
Acordei com o sol invadindo o quarto e meu despertador gritando. Fui pro chuveiro e me arrumei pra aula, como de costume Pedro tomava café com meu pai. Desci, me sentei e peguei um suco.
- Bom dia pra vocês - eu disse
- Bom dia - Pedro disse normal
- Bom dia filha - disse meu pai
- Vamos mais cedo hoje Pe, não quero me atrasar de novo. - olhei pra ele.
- Claro, vou só escovar os dentes - se levantou e foi em direção ao banheiro
Esperei ele terminar e escovei os meus, fomos juntos mais uma vez e no caminho não demos nenhum beijo, mas fomos de mãos dadas, por algum motivo Pedro estava calado, parecia perdido em seus pensamentos.
- Terra chamando! - eu disse empurrando ele
- Ah, estava distraído. - disse ele sem graça
- No que estava pensando? - perguntei curiosa
- De verdade? Na gente. - olhou pra mim
- Na gente? - perguntei meio boba
- É, em você, em mim, quanto tempo perdemos... - eu o interrompi
- Não pense no tempo perdido, agora é o que importa. - sorri.
- Você é tão linda e, simples. Não sei como aguentei tanto tempo não me aproximar de você.
Não sei como aconteceu, estávamos conversando e de repente ele me beijou, dessa vez foi um beijo apaixonado e calmo. Naquele momento eu tive a certeza de que nunca mais esqueceria dele, independente do que acontecesse.
Fomos cada um para sua sala e nos despedimos com um simples '' tchau ''. Acho que Pedro não queria que soubessem nada sobre nós dois, pelo menos foi o que deu a perceber. Cheguei na sala e vi a Ana.
- Lu, corre! - ela disse animada.
- Bom dia - sorri e coloquei minha mochila na cadeira
- Vou fazer uma festa incrível, preciso da sua ajuda! - ela disse animada
- Vou olhar na minha agenda - eu disse sorrindo - Claro que vou te ajudar! - sorri de novo, rimos um pouco.
- Preciso que você me maquie e me ajude a escolher minha roupa, será um baile à fantasia. - ela disse bem feliz
- Ok - disse e sentei.
Pedro tinha me falado que Ana era bem rica, mas até onde eu a conhecia ela me parecia bem humilde. E ela estava bem animada para essa tal festa, que seria no sábado e ainda era quinta feira, imagina como ela estaria no dia da festa? Desesperada de tanta ansiedade!
O resto da aula foi bem tedioso, só estudamos. Indo embora encontrei Pedro conversando com uma menina na saída do colégio, ele ficou assustado quando me viu, mas fingi que não reparei e continuei andando. Não consegui controlar, aquela garota dominou meus pensamentos, eu a conhecia de vista, mas não me lembrava de onde, senti ciúmes e me xinguei por isso.
- Lu, espera! - vinha Pedro em minha direção, correndo.
- Oi - eu disse fria, continuando a andar
- Oi - ele disse sorridente
- Quem era aquela menina? - não resisti e perguntei sobre a tal garota.
- Vamos dizer que ela é uma amiguinha - senti o tom irônico em sua voz.
Continuei calada e ele também, eu não estava entendendo porque eu sentia tanto ciúme, afinal Pedro é solteiro e pega quem ele quiser... Almoçamos e eu subi para o meu quarto, calada, até que ouvi batidas na porta.
Continuamos ali, abraçados. Pedro alisava meu cabelo e eu alisava sua barriga. Olhei as horas pelo meu celular e vi que estávamos abraçados ali já tinha um tempo e então falei pra ele.
- Tenho que arrumar casa ainda... - continuei deitada
- Me esqueci totalmente, tenho que ajudar o Matheus com algumas coisas da festa na casa da Ana - disse ele lamentando.
- E eu tenho que ajudar ela com a roupa e maquiagem, acredite, minha situação é pior que a sua. - rimos
- Quero ficar mais um pouco com você aqui... - ele me abraçou forte
- Eu também Pe, mas temos deveres né? - olhei pra ele
- É, temos. Vou tomar um banho e vou pra casa dele - me olhou
- Ok, mande um beijo para a Ana.
Nos beijamos por uns minutos, nos despedimos e ele saiu, ainda faltavam alguns dias para a festa, mas eu já questionava: com que roupa eu vou? Não pensem que eu não sou vaidosa, pois sou demais, amo moda, esmaltes e maquiagens. Apesar de ultimamente não ter muito tempo pra nada disso, eu realmente queria ficar linda pro Pedro aquela noite, ah se queria.
Arrumei a casa e assisti um filme, logo depois começou Malhação e como de costume eu vi, Ana me ligou.
- Lu, tudo bem?
- Oi Ana, joia e você?
- Joia.. você vai na aula amanhã amiga?
- Sim sim!
- Até lá então! beijo dorme com Deus
- Beijo, também dorme com Deus!
Senti que ela ficou um pouco ansiosa quando me chamou de amiga, mas ao mesmo tempo senti que Ana queria se aproximar, o que era muito bom pra mim, já que eu não tinha muitas amizades, eu realmente gostava da Ana.
Fui pro computador, atualizei minhas redes sociais, conversei um pouco com as velhas amizades e durmi. Não vi a hora que o Pe chegou, mas juro que ouvi um '' Dorme com Deus meu amor '' quando eu já estava dormindo.
Acordei no horário de sempre, tomei meu banho e tomei café com os dois homens mais importantes da minha vida, meu pai e Pedro. Eu estava evitando olhar pro Pe enquanto tomava café, mas era inevitável, ele ria sem motivo e ainda passava sua perna na minha debaixo da mesa. Não aguentei.
- AAAAAI! - gritei
- O que é isso minha filha ? - disse meu pai, assustado
- Aconteceu alguma coisa? - disse Pedro, cínico.
- Nada, só uma dorzinha de cabeça pai. - mostrei lingua pro Pedro quando meu pai se virou.
Fomos juntos para a escola denovo e nos beijávamos e brincávamos no meio do caminho, como de costume. Chegando na escola, eu estava indo em direção a minha sala quando um menino esbarrou em mim e derrubou todos os meus livros que não couberam na mochila.
- Perdão! - ele se abaixou, pegando meus livros
- Será que dá pra olhar por onde anda? - disse nervosa
- Já pedi desculpas estressadinha! - senti uma ironia em sua voz, me deu os livros
- Inútil! - continuei a andar
- Ei, como você se chama? - ele me puxou pelo braço
- Não é da sua conta. - falei séria
- Que nome legal - ele riu
- Me solta, menino! - me soltei
- Menino não! Felipe, e o prazer é todo meu - reparei ele olhando para o meu corpo.
Saí andando e fui em direção á minha sala, Ana já estava la, assistimos as aulas e fomos para o recreio juntas, avistei o idiota que derrubou todos os meus livros.
- Ana, sabe aquele menino ali? - apontei
- Aquela delicia ali? Sei, o que que tem? - ela olhou pra mim
- Derrubou todos os meus livros, mas ele é bem gato mesmo em - reparei nele um pouco.
- Muito gato, imagina se o Matheus sonha que eu estou falando isso? ele me mata! - rimos.
Conversamos mais um pouco, eu queria poder falar do Pedro para a Ana, mas ainda não tínhamos essa confiança e querendo ou não, eu e o Pedro éramos irmãos e isso sim era uma coisa séria, eu não podia contar isso para qualquer pessoa, não que a Ana seja qualquer pessoa, mas ainda não tínhamos essa confiança.
O resto da aula foi bem chato, copiamos muita matéria e conversamos um pouco, fui embora sozinha pois não encontrei Pedro no caminho, talvez tivesse ido para a casa do Matheus para terminar de organizar algumas coisas da festa de sábado. Chegando em casa, almocei. Subi para meu quarto, banhei e conferi meu celular, tinha uma mensagem do Pedro:amor, tô na casa do Matheus ajudando ele com algumas coisas da festa, juízo durminhoca! s2
Li a mensagem e um sorriso surgiu em meu rosto. Dormi um pouco e acordei com o Pe mexendo no meu cabelo, me virei pra ele.
- Que carinha de sono linda gente - ele riu
- Ai, para de me olhar assim - escondi meu rosto com a mão
- Não consigo, você me atrai - rimos
- Tenho que arrumar casa ainda, sua mãe já chegou? - perguntei
- Ainda não, estamos... sozinhos - ele piscou e ao mesmo tempo deu um sorriso safado
- Isso é bom? - perguntei, retribuindo com o mesmo sorriso
- Sei lá, me reponde essa pergunta?
Quando ele terminou a frase subiu em cima de mim, me beijou ardentemente, eu já sentia meu corpo pegando fogo, ele contornava minha boca com sua língua, era uma sensação que eu nunca senti antes, minha mão passeava sobre seu corpo, por debaixo da sua camisa, pelo seu cabelo, em tudo. Ele se virou e me fez ficar por cima, passava a mão na minha bunda, nas minhas coxas, me apertava, eu já estava molhada e sentia o membro dele crescer sobre minhas coxas, comecei tirando a camisa dele e depois a minha, ele me beijava e sussurrava elogios picantes no meu ouvido, mordia minha boca e puxava meu cabelo, eu queria tanto aquilo quanto ele. Ouvimos a porta da sala se abrir.
- Puta que pariu, não acredito que minha mãe chegou agora! - ele disse ainda ofegante
- Estamos sem sorte mesmo - saí de cima dele
Ouvimos ela gritar Pedro da cozinha
- Já tô indo mãe, que porra! - ele disse alto
- Ainda não terminamos, eu quero você pra mim. - ele disse, sorriu e fechou a porta do quarto. Fui tomar um banho.
Tomei meu banho, arrumei a casa e depois fui direto pro banho de novo. Pedro estava na sala vendo malhação.
- Faz um toddy pra mim amorzinho? Hoje malhação tá legal - continuou olhando pra tv
- Folgado, faço. - mostrei a língua pra ele
Peguei o toddy dele e meu lanche e me sentei ao seu lado, vimos malhação juntos, minha madrasta passava pela sala mas não dava muita atenção pra gente. Ficamos um tempinho abraçados e logo me levantei e fui para o meu quarto, liguei meu computador e atualizei minhas redes sociais, aproveitei para ver a divulgação pra festa da Ana no orkut dela, por um momento fiquei bem animada pra ir, afinal, pelo o que eu escutava e pelo o que a foto de divulgação falava, a festa ia bombar, mas logo logo minha animação sumiu pois com apenas uma pergunta: Com que roupa eu vou? Peguei meu celular e liguei pra ana.
- Amiiiiiiga, é uma emergência
- Lu, aconteceu alguma coisa com o Pê?
- não, é uma emergência mais séria que isso!
- O que houve?
- Não tenho roupa pra festa, e já é depois de amanhã! Vamo no shopping comigo ?
- Isso sim é uma emergência! Daqui a pouco tô aí na sua casa
- Ok amiga, obrigada! Tô te esperando, beijo!
- Beijo amiga!
Coloquei uma calça jeans e uma camiseta rosa, peguei minha jaqueta de couro preta e um meia pata de salto rosa, eu sabia que a Ana viria bem arrumada e, como a gente amava moda, eu não iria sair diferente né? Passei uma maquiagem leve e soltei meus cabelos, quando estava preparando minha bolsa Ana bateu na porta da sala e Pedro entrou no meu quarto.
- Aonde você tá indo toda linda desse jeito? - ele sorriu, mas seu sorriso não me enganava que ele estava muito curioso
- Vou ao shopping com a Ana, compras. - sorri
- Juízo, não quero ninguém olhando pra você, mas vai ser difícil isso não acontecer - ele chegou mais perto
- Relaxa amorzinho, eu sou sua - pisquei
Ele me puxou, tentou me dar um beijo
- Vai borrar meu batom e a Ana tá me esperando, quando eu voltar juro que te dou quantos beijos você quiser! - ele fez biquinho
- Amorzinho, prometo! - saí do quarto e mandei um beijo
Descendo as escadas Pedro saiu do meu quarto
- Não demora amor - ele disse e fez outro biquinho
- Ok amor, beijo - fechei a porta
Ana estava dentro fora do carro, ela estava linda, com uma jaqueta florida e uma blusa preta, com uma calça jeans e um sapato preto, não me surpreendeu
- Você é pior que uma noiva pra arrumar - ela mostrou língua
- E você demorou mais que uma carroça pra chegar! - rimos
Entramos no carro e fomos em direção ao shopping, notei que a pessoa que dirigia era um motorista, estava de terno e gravata e Ana sentou atrás comigo, isso confirmou que ela era realmente bem rica. Não que eu não tenha uma vida boa, pois eu tenho, mas Ana era realmente bem rica, era filha unica e o que mais me admirava nela era a humildade, não sei se uma pessoa com tanta grana feito ela é humilde assim, milhares de coisas se passaram na minha cabeça enquanto estávamos naquele carro, eu não sabia nada sobre a família de Ana e não quis perguntar nada também. Quando chegamos, o motorista estacionou na frente do shopping e descemos do carro.
Rondamos o shopping procurando uma roupa pra mim, levei o cartão que o meu pai tinha me dado com o crédito que ele repõe todo mês e um dinheiro para caso comêssemos alguma coisa. Enquanto andávamos pelas lojas e observávamos a roupa eu percebi que Ana tinha o mesmo gosto de roupas que eu, realmente parecia, o modo que ela se vestia já me comprovava isso. Andamos mais um pouco até avistar uma saia linda, numa vitrine de uma loja. Ana viu que eu tinha gostado da saia porque parei pra olhar, quase babando. Fomos correndo em direção a loja e entramos, a saia era realmente linda, era preta de cintura alta e com várias camadas, corri pra experimentar e ficou realmente linda. Levei ela e uma blusa tomara que caia azul bebê, combinaria com o sapato novo que eu tinha comprado mês passado, azul bebê também. Saímos da loja com algumas sacolas pois Ana tambem levou algumas roupas e fomos direto para a praça de alimentação, pedimos um Mc Cheddar e uma Coca- Cola, começamos a comer e conversar.
- Você é irmã de sangue do Pê? - ela me perguntou
- Não, meu pai é casado com a mãe dele. - respondi, tomando um gole de Coca
- Porque vocês não se parecem nem um pouquinho - ela sorriu
- É, realmente não parecemos mesmo. - nós rimos
- Mas você nunca foi afim dele? Porque cá pra nós, ele é um pecado - nós rimos
- Bom... como eu posso te explicar - eu ri e ela ficou sem entender
- Você já pegou seu irmão né safada? - ela me perguntou falando baixo
- Peguei, não resisti - nós rimos alto
- Me conta tudo sobre isso senhorita! - ela disse
Comecei a contar pra ela desde o primeiro dia que fiquei com o Pê e como ele tinha se tornado especial em tão pouco tempo, contei a ela sobre minha mãe e sobre tudo o que ocorria lá em casa quando ficávamos só eu e o Pê, mas que nunca conseguíamos terminar o que começamos, ela me contou dela e do Matheus.
- Estamos juntos tem 6 meses - ela me disse
- E nunca rolou nada? - perguntei curiosa
- Eu queria casar virgem mas, não deu, a carne é fraca - rimos muito
- Me conta, como foi? - eu ainda ria
- Ah, foi na casa dele. Foi inesperado sabe? Eu não imaginava e nem ele, mas aí começamos a nos beijar e terminamos na cama dele, com a porta fechada e com a mãe dele no outro quarto, mas ela não suspeitou de nada. - ela sorriu
- Foi especial? Doeu? Ele te satisfez? - perguntei curiosa e ela riu
- Você ainda é virgem, é? Foi sim, muito especial, eu sinto que vou ficar com o Matheus pra sempre. Doeu um pouco mas é a regra né? Rompeu entrou! - rimos bastante
- Sou sim - eu respondi esperando ela contar mais
- Ele me satisfez e me satisfaz todas as vezes que a gente faz, por ele ser mais velho que eu, ele já tinha uma experiência né? - rimos um pouco
- Hum, bom saber - tomei o resto da Coca
- Você tá pensando em fazer isso com o Pedro? Porque se tiver eu te dou todo apoio amiga - ela falou sério
- Ainda não sei, meu lance com o Pedro é complicado, moramos na mesma casa e ficamos umas horas sozinhos todas as tardes, é difícil segurar - balancei a cabeça
- Que legal a história de vocês, tipo um ' Amor Proibido ' parace coisa de novela! - rimos um pouco
Saímos da praça de alimentação do shopping e tomamos um sorvete, esperamos um pouco o motorista da Ana chegar, ele me deixou na porta de casa.
- Até amanhã amiga! - ela dava tchau com as mãos
- Até! - eu abri a porta de casa e entrei
Subi as escadas não tentando fazer muito barulho pois já era a noite e aparentemente todos já estavam dormindo.
Quando entrei no meu quarto e fechei a porta, me virei e dei de cara com o Pedro sentado na minha cama, com os braços cruzados.
- Porque demorou tanto? - perguntou sério
- Isso é ciúme de irmão ou o que? - brinquei e sorri
- Sério, eu fiquei preocupado - ele passou a mão no cabelo
- Poderia ter ligado no meu celular - coloquei as sacolas no chão
- Eu tentei, sabia? - ele disse irônico
- Sério? - tirei meu celular do bolso e tinha várias chamadas não atendidas dele
- Sério senhorita - ele disse
- Me desculpa, eu não ouvi - fiz biquinho
- Tudo bem - ele riu - Eu gostei de ficar aqui no seu quarto esperando você.
- Ah é ? Isso é bom - me aproximei dele e sentei em seu colo
- É que eu senti sua falta hoje - ele fez uma cara de confuso
- Eu também, mas já estou aqui ok ? - passei a mão pela boca dele
Ele puxou meu rosto pra mais perto da boca dele, ficou me olhando por uns segundos, brincava com meus lábios, me dava selinhos e me olhava de novo. Não demorou muito pra ele se cansar da brincadeira e me pegar de vez, com aquele beijo que me deixava sem fôlego e queimando por dentro, puxando meu cabelo e me beijando intensamente, ardentemente. Eu estava sentada no colo dele e suas mãos pararam na minha cintura, ele diminuiu o ritmo do beijo, parou de me beijar e sorriu
- Sua boca fica tão vermelhinha - ele riu
- A sua também sabia? - nós rimos
- Posso te fazer uma pergunta? - ele disse, colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha
- Claro amor, o que quiser - eu sorri
- Você já... como eu posso falar... - interrompi ele
- Eu sou virgem - ri um pouco
- Ah sim, estou surpreso - ele riu
- Surpreso? Porque? - perguntei assustada
- Ah amor, achava que você era igual essas piriguetes aí, mas a cada dia que passa eu descubro que estava muito enganado - ele sorriu
- Idiota - dei um tapinha na cara dela e o beijei.
Continuei ali, sentada no colo dele, olhando ele por uns minutos e brincando com seu cabelo, eu me lembrei da primeira vez que eu vi Pedro, que meu pai me apresentou minha madrasta. Foi mesmo estranho, mas de primeira vista eu já achei ele lindo, quando ele sorriu e pegou na minha mão, como se eu fosse uma criancinha e ele fosse um adulto e disse um ' Oi ' tão inocente. Quem diria que nós chegaríamos aqui.
- No que você tá pensando? - ele me perguntou confuso
- Em quando a gente se conheceu - dei um sorriso
- Eu não me lembro exatamente, só lembro que você não era bonita - eu dei um tapa nele
- E você não foi nada simpático, só me deu um Oi - mostrei a língua
- Ah, eu era lindo, tinha o cabelo grande - nós rimos
- E eu era tão... inteligente - eu me gabei
- Só inteligente, porque beleza ZERO! - ele riu, me zoando
- Ok admito, eu era um pouquinho mal arrumada ok? - sorri
- Ok amor, mas agora você é maravilhosa, gostosa, tudo! - me deu um selinho
- E você agora é menos chato, pelo menos conversa comigo agora. - fiz biquinho
- Mas nós nunca tivemos assunto amor, esses anos todos eu só ficava olhando, tipo um cachorro com fome na porta de uma casa de frango assado sabe? - Nós rimos um pouco
- Você é um bobo sabia ? - olhei pra ele
- Você é maravilhosa sabia ? - ele me puxou
Nos beijamos e logo veio a imagem da Ana na minha cabeça, senti que devia falar com ele que tinha contado pra Ana da gente, então parei o beijo.
- Amor, eu contei pra Ana de nós... - mordi meu lábio
- Como ela reagiu? - ele perguntou assustado
- Ela adorou, riu muito da gente e ainda me pediu pra contar tudo, detalhe por detalhe. - eu ri
- Tudo bem amor, eu confio na Ana. Ela e o Matheus são meus melhores amigos - ele sorriu
- Ana e eu estamos nos dando muito bem, espero que continue assim - dei um selinho nele.
Nos despedimos mais um pouco e fomos dormir.
No outro dia acordei no horário de sempre, banhei e tomei café com meu pai e o Pê.
- Filha, o que você vai fazer sábado ? - meu pai perguntou
- Vou numa festa pai, de uma amiga da escola - sorri
- Amiga da escola? - meu pai perguntou espantado
- Sim, algum problema? - perguntei assustada
- Não sabia que você já tinha amigas na escola nova... - ele tomou seu suco
- Amigas não, amiga. Por enquanto é só uma - eu ri
- Mas você vai sozinha pra essa festa? Não é perigoso você voltar sozinha? - ele perguntou
- Ela vai comigo, relaxa, tá comigo tá com Deus! - Pedro piscou
- Vocês vão juntos? - meu pai perguntou
- Não, eu vou antes com o Matheus pra ajudar em algumas coisas, Luiza deve ir com a Ana. - Pedro disse levantando da mesa
- É que eu vou sair com sua mãe sábado Pedro, mas como vocês já tem compromisso eu fico mais tranquilo - disse meu pai
- Vocês estão pretendendo chegar tarde? - eu perguntei
- Na verdade estamos pretendendo chegar pela manhã, é um baile para pessoas mais velhas, não tem hora pra acabar - meu pai riu
- Quer dizer que vamos dormir sozinhos aqui? - eu gaguejei
- É, tem algum problema? - meu pai perguntou assustado
- Nenhum problema!! - Pedro respondeu, a felicidade em sua voz era evidente.
- Ah, que bom então - meu pai sorriu
- Vamos Pê, se não a gente se atrasa - eu me levantei da mesa.
Fomos pra escola, no caminho conversamos um pouco sobre o que teria de legal na festa e nos beijamos, eu estava cada dia mais apaixonada por ele, pelo jeito que ele mexia o cabelo, pelo jeito que ele me tratava, eu queria ter certeza se ele sentia o mesmo que eu, se ele sentia alguma coisa por mim ou se pra ele tudo era diversão, só sei que eu estava gostando muito e, acho que ele também.
Cheguei na escola e aquele idiota que derrubou todos os meus livros puxou uma mecha do cabelo e me mandou um beijo, olhei pra ele, fiz cara de nojo e entrei pra sala, Ana já estava no seu lugar de sempre, escrevendo algo.
- O que você tá escrevendo aí? - perguntei colocando a mochila na minha mesa
- A lista amiga, já estou quase terminando - continuou escrevendo
- Animada pra amanhã? - eu ri
- Demais! Sério, vai ser '' A '' festa! - nós rimos
- Eu também estou animada, meu pai e minha madrasta nem vão dormir em casa - eu disse
- Sério? Safada! - Ana deu um sorriso malicioso
- Não pense besteira, só acho que vai ser legal - sentei na cadeira
- E pode rolar... você sabe! - ela riu alto
- Você tá me assustando. - eu disse séria
- É normal as meninas ficarem assustadas na primeira vez - ela riu
- Não estou assustada nesse sentido, sua boba! - mostrei a língua pra ela
- Ok, pensa em mim quando você tiver fazendo a melhor coisa do mundo com o Pedro amanhã de madrugada ok ? - ela riu e eu dei um tapa em seu braço
Na hora do recreio ficamos eu, Pê, Matheus e Ana conversando sobre a festa e marcando a hora que Ana passaria na minha casa pra me buscar, ou melhor, que horas o motorista dela me buscaria. Não sei como as pessoas da escola imaginavam eu e o Pedro, mas pareciam que elas não desconfiavam de nada, apesar de algumas meninas me olharem com uma cara de ' SAI DE PERTO DELE SUA VADIA ' acho que algumas não sabiam que nós éramos irmãos, e acho que nenhuma, além da Ana, sabia que nós éramos... mais próximos que irmãos, se é que você me entende. O sinal do recreio bateu e me despedi do Pê com um beijo no rosto, como de costume. Nunca demonstrávamos nossas intimidades em público, a não ser na ida e na volta do colégio. No final da aula fomos pra casa e eu aproveitei para dormir depois do almoço, como sempre.
Acordei a tarde e fiquei um bom tempo no computador, pesquisei uns trabalhos da escola e conversei com umas amigas da antiga escola. Olhei meu orkut e aquele chato da escola tinha me adicionado, não aceitei! O que esse menino quer olhar no meu orkut? Apesar de ser um conhecido eu não tinha gostado nada dele e então cliquei em ' rejeitar ' sem me arrepender. Terminei a pesquisa e desci pra fazer um lanche, Pedro estava sentado, vendo malhação. Me juntei a ele e vimos juntos, minha madrasta estava na cozinha mas não desconfiava de nada. Quando ela foi pro quarto, trocamos alguns beijos e carinhos e conversamos.
- Com que roupa você vai pra festa amanhã? - ele perguntou, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha
- Segredo - pisquei
- Ah não amor, me conta! - ele fez biquinho
- Se eu contar, deixa de ser surpresa né lerdo! - eu ri
- Então não te conto como eu vou - ele mostrou língua
- Você vai de bermuda, tênis e blusa gatinho - eu sorri
- Ah, assim não vale - ele me puxou e me beijou
Não ficamos muito tempo no sofá depois que acabamos de ver TV, imagina se minha madrasta pega a gente? Levantamos e fomos para o quarto. No meu quarto tranquei a porta, pois sabia que minha madrasta só levantaria dali pra esquentar a janta, como ela fazia todas as noites. Ficamos deitados, conversando sobre tudo, sobre as ex namoradas dele que já tinham vindo aqui em casa e alguns rolos meus, que nunca chegaram a nada. Ele me contou sobre a primeira vez que ele fez amor com uma menina, mas como ele mesmo disse não foi fazer amor, foi apenas sexo. Me contou das suas aventuras mais estranhas e divertidas e aproveitou para me perguntar algumas coisas sobre o que eu pensei quando ele me beijou pela primeira vez, eu sentia que ele sentia o mesmo que eu, mas será que ele realmente gostava de mim do jeito que eu gostava dele? Eu ainda não tinha demonstrado nenhum sinal que confirmasse isso, nem ele. Resolvi deixar do jeito que estava, continuamos no quarto por mais uns minutos e ele voltou para seu quarto.
Aproveitei o resto da noite para arrumar meu guarda roupas, já que amanhã eu iria bagunçar ele de novo, porque mesmo eu tendo idéia da roupa que eu quero ir, sempre experimento várias. Arrumei algumas roupas, separei algumas do meu agrado e fui dormir. Acordei com meu pai batendo na porta e dizendo que já eram mais de dez da manhã. Levantei, fiz minha higiene e tomei banho, desci de roupão e estavam os três sentados na mesa.
- Vem tomar café filha - meu pai me chamou
- Tô indo - eu me sentei
- Bom dia - disse minha madrasta
- Bom dia - eu sorri
- Bom dia - Pedro passou sua perna na minha debaixo da mesa
- Bom dia - eu ri baixinho
- Vocês estão animados pra festinha? - perguntou minha madrasta
- Estamos - eu e o Pê respondemos juntos, comendo.
- Eu e seu pai vamos sair hoje Luiza, não sei a hora... - minha madrasta disse e eu a interrompi
- Meu pai me disse, ele já me explicou, tá de boa. - Eu sorri
- Ah, então tá - ela sorriu de volta
Terminamos o café da manhã e eu subi de novo para meu quarto, arrumei minha cama e algumas coisas que estavam fora do lugar, coloquei uma música bem alta enquanto isso. Comecei a fazer minha unha antes do almoço e só terminei bem de tardinha, passei azul na mão e renda no pé. Quando eu estava deitada em minha cama esperando minhas unhas se secarem, Pedro entrou.
- Oi minha gostosa - ele me de um selinho
- Oi, cuidado com minha unha - levantei a mão
- Já vi que vai ter alguma coisa azul na sua roupa. - ele piscou
- Espertinho - dei outro selinho nele
- Sua unha está linda amor - ele pegou minha mão e ficou olhando
- Você vai daqui pra festa ou vai mais cedo? - perguntei
- Vou mais cedo, provavelmente vou junto com o Matheus, quando você chegar lá eu já vou estar lá te esperando ok? - ele se aproximou
- Ok amor - eu respondi
Ele me beijou, calmo e sem muito desejo mas mesmo assim eu consegui ficar com um gostinho de quero mais quando ele parou.
- Vou tomar um banho e vou pra casa do Matheus, te espero lá em amor - ele se levantou e saiu do quarto.
Fiquei deitada na cama por alguns minutos, eu estava com MUITA preguiça de me arrumar e por um instante pensei em não ir na festa, eu estava muito desanimada. Mas pensei como Ana ficaria chateada, me levantei e fui pro chuveiro. Lavei meu cabelo e tomei meu banho, saí do chuveiro e fiquei sentada na cama por uns minutos, peguei meu celular e já era tarde, eu tinha me atrasado um pouco. Me levantei e comecei a me trocar, experimentei várias roupas e sapatos, mas a minha preferida foi a minha saia nova preta, com um tomara que caia azul bebê e com meu sapato azul bebê. Achei a combinação perfeita!Sequei o cabelo, fiz uma trança de lado e soltei a franja, meu cabelo estava lindo mas mesmo assim fiz e desfiz a trança várias vezes, pra variar. Me sentei em frente ao espelho e comecei a me maquiar, fiz um olho preto com um iluminador azul, usei blush, lápis e rímel e no final um gloss. Peguei meu perfume e no exato momento que dei a primeira borrifada no perfume, Ana já buzinava na porta. Corri, peguei a bolsa, coloquei as maquiagens dentro dela e passei meu perfume, saí do quarto e desci as escadas.
- Já vai? - meu pai perguntou se assustando com minha pressa
- Já pai, tô atrasada e a Ana já tá aqui na porta! Beijo - abri a porta e mandei um beijo pro meu pai.
Quando eu saí Ana estava com um vestido preto de paetê, e um salto vermelho, com uma bolsa vermelha. Ela estava linda, mas hoje eu realmente podia dizer o mesmo de mim.
- Nossa, você tá maravilhosa! - disse ela, me olhando de cima em baixo
- Você também amiga, agora para de me olhar assim, tá parecendo um tarado! - eu disse, nós rimos um pouco
Chegamos no lugar da festa em poucos minutos, quando entramos eu me senti uma estrela. A festa inteira parou para nos olhar e, de longe eu já tinha avistado Pedro, ele estava lindo, como sempre e de bermuda jeans com uma camiseta, que deixava a mostra seus braços fortes, quando ele me viu indo em sua direção, sorriu.
Fui em direção ao Pedro e Ana em direção ao Matheus, sorri pro Matheus e dei um beijo no rosto de Pedro.
- Nossa, você tá linda meu amor - ele me olhou de cima em baixo
- Para, tá me deixando sem graça - dei um tapinha nele
- E gostosa - ele passou a mão debaixo da minha saia e apertou minha bunda
- Para amor, alguém pode ver - falei baixinho e olhei pro lado, ouvi uma risada da Ana.
A festa estava linda, tinha música alta, jogo de luz, dj, bar mans e muita bebida e comida Fast food, que incluía batata frita, hamburgeres, sorvetes e muito mais. Já estava bem cheia quando cheguei, não reconheci muitas pessoas, só algumas da escola que eu conhecia de vista. Eu e Ana deixamos os meninos num canto da festa e fomos conhecer o lugar, andamos um pouco e dançamos também. Ainda estávamos dançando quando uma menina esbarrou em mim.
- Aqui, você é irmã ou namorada do Pedro? - ela me olhou com raiva
- Porque isso te interessa? - me virei e continuei dançando
- Porque ele é meu, sempre foi e sempre será, fica longe! - ela se virou e saiu andando.
Olhei pra Ana com raiva.
- Calma amiga, é só mais uma dessas piriguetes. - ela sorriu
- Não, essa é diferente. Acho que eu conheço ela de algum lugar - olhei pra ela
- Relaxa, ela já deve ter ido na sua casa ver o Pedro, sei lá - Ana sorriu
- É, deve ser... - falei desanimada
- Vem, vamos nos meninos. - ela me puxou
Fomos para perto dos meninos e Pedro percebeu que eu estava um pouco estranha.
- O que houve? - ele parecia preocupado
- Nada..- me virei mas ele me puxou
- O que houve Luiza? - ele parecia mais preocupado ainda
- Uma menina me mandou ficar longe de você, só isso - tentei sorrir
- Uma menina? Me mostra ela agora! - ela me puxou pelo braço
- Pedro, não sei quem foi, estávamos no escuro! - me soltei
- Aposto que foi a Paula, ela acha que estamos juntos ainda. - ele observava cada pessoa
- Quem é essa tal de Paula? - eu disse nervosa, não escondi meu ciúme.
- Um rolo antigo meu, terminamos há um tempo amor, calma! - ele sorriu
Ele me abraçou.
Ficamos abraçados e dançamos juntos, eu estava me segurando pra não beijar ele na frente de todo mundo, mas ele me atentava falando coisas no meu ouvido que eu não consegui resisti, beijei ele ali, no meio da pista de dança. Ele me apertava contra ele, fazendo com que seu beijo ficasse mais intenso, eu senti que a festa tinha parado pra ver aquela cena, mas não quis abrir o olho para olhar e muito menos parar aquele beijo, ficamos nos pegando um bom tempo, depois dançamos um pouco.
- Quer uma bebida? - ele falou no meu ouvido
- Quero amor, pega um Ice pra mim. - sorri e dei um selinho nele
Ele se virou para o bar man e na mesma hora Ana me puxou pelo braço.
- Acho que agora é oficial em, PEDRO E LUIZA JUNTOS! - ela gritou
- Para sua louca! - nós rimos
- A festa inteira parou pra ver amiga, você perdeu - ela riu
- Ai, que vergonha - coloquei a mão no rosto
- Vergonha? Você tá pegando o menino mais lindo da festa e tá com vergonha? - nós rimos.
Pedro voltou e me deu um Ice, continuamos dançando e nos beijando e, quando a bebida acabava eu pedia para ele pegar mais. Depois de um tempo senti minha cabeça rodar, eu não tinha costume de beber mas a noite estava tão boa que não evitei. Pedro percebeu que eu não estava tão bem.
- Você tá bem amor? - ele perguntou
- Eu tô ótima! - eu ri e sorri ao mesmo tempo
- Ai ai ai, vamos pra casa. - ele me puxou
- Não amor, eu tô ótima vamos ficar mais um pouco! - fiz biquinho
- Você quem sabe amor, quando você for eu vou. - ele me puxou e me beijou.
Bebi mais um pouco e dançamos mais, eu já queria ir pra casa pois comecei a não me sentir muito bem, eu precisava de ar.
- Amor, eu não tô muito bem - fiz biquinho
- Vamos então - ele disse
Nos despedimos de Ana e Pedro e de umas pessoas da escola que resolveram dar tchau e sorriram pra mim, sem nem me conhecer. Chegamos em casa e ele me levou no banheiro.
- O que você vai fazer? - eu olhei confusa
- Uma ducha gelada é bom - ele me olhava preocupado
- Eu não tô tão bêbada assim - cambaleei e ele me segurou
- Vem, entra. - ele me puxou.
Ele me colocou dentro do box e se virou, indo em direção a porta.
- Aonde você vai? - eu gritei
- Vou sair pra você banhar amor! - ele me olhou confuso
Eu saí do box e fui em direção a ele. Peguei sua mão e coloquei em minha cintura, o beijei. Havia algo diferente nesse nosso beijo, tinha mais desejo do que o comum, estava mais quente do que o comum. Ainda nos beijando fomos em direção ao meu quarto, ele me carregou devagar e me deitou na cama. Eu ainda o beijava quando ele tirou minha saia, e em seguida minha blusa, me deixando apenas de calcinha e sutiã. Me levantei e tirei a blusa dele, deixando que ele tirasse sua bermuda, ele se sentou na beirada da cama, me puxando pra cima dele e continuou me beijando, eu já estava queimando por dentro quando ele desabotoou meu sutiã e beijava meu corpo. Novamente ele me deitou na cama e me beijou, tirando devagar sua cueca. Seu membro já estava ereto e eu já estava mais do que molhada, eu queria tanto aquilo quanto ele. Sua língua deslizava sobre todo o meu corpo, me fazendo soltar uns gemidos e sentir mais queimação. Ele percebeu o que eu queria e então colocou seu membro devagar em mim, começou colocando e tirando, como se tivesse brincando com minha 'amiguinha' e depois foi colocando forte, fazendo eu sentir meu hímen se rompendo. Eu senti dor, mas o prazer era MUITO, muito maior. Não consegui segurar e soltei um gemido.
- Quer que eu pare amor? - ele me olhou preocupado
- Você é louco? Coloca isso logo - sorri maliciosamente
Ele começou a meter, a fazer aquele movimento de vai e vem, eu estava louca de prazer, nunca tinha imaginado que aquilo seria tão bom, tão prazeroso. Começamos com o papai e mamãe e depois fiquei em cima dele, eu rebolava e gemia ao mesmo tempo, jogava meu cabelo para trás e olhava pra ele, ele estava achando aquilo ótimo, sua cara me confirmava isso, ele sussurrava ' gostosa ' e mordia seu lábio de tanto prazer, ficamos naquela posição um bom tempo e chegamos juntos ao orgasmo, eu me deitei do lado dele e ele sussurrou ' eu te amo '.
Quando ele disse eu não acreditei, eu o olhei e não consegui dizer o mesmo, a minha ficha só caiu quando ele me beijou.
- Eu também - eu disse, interrompendo o beijo
Eu olhei no fundo dos olhos dele e vi que eles brilhavam mais que o normal, que o sorriso ele era diferente, ficamos deitados e eu adormeci.
Quando acordei já era de manhã e não vi o Pedro do meu lado, por um momento fiquei preocupada, eu estava nua debaixo do lençol. Me levantei, tomei um banho e desci pra tomar café. Quando desci tive uma surpresa, tinha uma mesa de café da manhã incrível, por um momento achei que meu pai já tivesse chegado e feito essa surpresa.
- Bom dia meu amor - veio ele atrás de mim e me abraçou
- bom dia amor, quem fez isso? - eu o olhei confusa
- Eu amor! Estamos sozinhos e você estava dormindo. - ele sorriu
- Você fez isso tudo? - eu passeei pela mesa, e olhei pra ele com um sorriso
- Bom, eu comprei poxa! - nós rimos
- Que delicia, estou com fome - me sentei
- Eu também, você me deu uma canseira ontem. - nós rimos outra vez
- Você é uma delicia amor, não me seduza agora que eu não resisto mais. - balancei a cabeça
- Bom saber que você não resiste mais - ele piscou e rimos de novo.
Começamos a tomar café, realmente estávamos com fome quando nem nos falamos direito enquanto comíamos e aquela mesa deliciosa aos poucos foi sumindo.
- Se eu tomar esse café da manhã todo dia vou ficar gorda - eu disse
- Te pego do mesmo jeito - ele sorriu
- Pra evitar isso, paro por aqui - me levantei da mesa e fui pra cozinha
- Amor, você não me deu um beijo de bom dia ainda - ele fez biquinho
- O amor, não seja por isso. - dei um selinho nele e me virei
- Eu quero assim - ele disse
Logo depois ele me puxou e me beijou, aquele nosso beijo de tirar o fôlego sabe? Me sentou em cima da pia e ficou entre minhas pernas, foi beijando meu pescoço e depois meu seios, jogou meu roupão no chão e me carregou se sentando no sofá e me colocando em cima dele, não demorou muito para começarmos a mesma brincadeira de ontem a noite, dessa vez senti menos dor e mais prazer, parecia que cada vez que eu fazia ficava melhor. Saí de cima dele e o deitei no sofá, subi de novo em cima dele e rebolei muito, nós já estávamos muito suados quando ele me fez gozar primeiro. Saí de cima dele e comecei a beijar seu pescoço, sua barriga e logo depois coloquei aquilo tudo na boca. Não pensei que seria tão prazeroso fazer aquilo um dia, ou que eu teria coragem de fazer, era uma coisa que antigamente eu achava nojenta, mas que agora estava amando e achando uma delicia. Não demorou muito para ele também chegar ao orgasmo e logo depois ele me carregou pro chuveiro. Começamos a nos banhar juntos, rir e conversar um pouco.
- Pra uma novata, você está se saindo muito bem - ele piscou
- Ah é? - eu ri
- É, assim vou ficar mais apaixonado do que já estou - ele me olhou
Em seguida nos beijamos e tomamos nosso banho, ele me pediu tanto para que me ensaboasse que fui vencida pelo cansaço, deixei ele me ensaboar e em seguida fizemos amor de novo, no chuveiro. Saímos do chuveiro exaustos e ficamos um pouco deitados na cama até ouvir a porta da sala se abrindo.
- Nossos pais amor, vou pro meu quarto. - ele me deu um selinho e se levantou.
Quando ele saiu do quarto coloquei logo uma roupa. Meu pai estava chegando e ele não podia me ver nua, ainda mais com o Pedro em casa! Ele iria suspeitar de algo. Não demorou para meu pai bater na porta
- Pode entrar - eu gritei, deitada na cama
- Cheguei filha, como foi a festa? - ele abriu a porta e sorriu
- Foi boa paizinho, tô com um pouco de sono até agora - eu ri
- Chegou muito tarde? - ele perguntou
- Não, mas vim com o Pedro. - sorri
- Ah, menos mal. Vou lá dar um oi pra ele - ele fechou a porta
Fiquei deitada, lembrando da minha noite e do que acabou de acontecer. Eu tinha me entregado totalmente para o homem que eu amo e o melhor de tudo é que ele também me amava, pelo menos era o que ele dizia. Eu precisava falar com alguém e logo pensei em Ana, quando peguei meu celular para ligar pra ela, já haviam varias ligações não atendidas dela, então liguei.
- Amiga te liguei a manhã inteira, onde você estava? - ela disse nervosa
- Calma, eu estava com o Pedro - não consegui segurar meu riso
- Ai meu Deus, não me diga que vocês... - ela disse
- Sim!! - eu a interrompi
- Tô passando aí AGORA pra gente tomar um sorvete, quero saber TUDO! - ela disse e desligou o telefone.
Troquei a roupa que eu tinha colocado para meu pai não me ver nua e coloquei uma saia rodada branca com um tomara que caia rosa e uma havaianas rosa, prendi os cabelos e fui no quarto do meu pai.
- Pai - bati na porta
- Pode entrar - minha madrasta falou e eu abri a porta
- Pai, posso tomar um sorvete com a Ana? - eu pedi
- Pode, mas não chega tarde. Amanhã você tem aula - ele falou
- Tá bom pai, beijo - mandei um beijo com a mão e fechei a porta
Quando fechei a porta dei de cara com o Pedro encostado no corredor e me assustei
- Ai, assim você me assusta - eu fechei a cara
- Espero que seja com a Ana mesmo esse sorvete aí - ele me olhava
- Isso tudo é ciúme? - eu ri
- Não - ele tentou disfarçar seu olhar no meu
- Confie no seu taco amor. - eu pisquei e ouvi a campainha tocar.
- Só não confio nos outros tacos, sacou? - nós rimos
- Fica tranqüilo amor, tô indo com a Ana tá? - me aproximei e dei um selinho nele
- Quero mais - ele fez biquinho
- Ana está esperando, daqui a pouco tô de volta - eu sorri e desci as escadas
Abri a porta e lá estava Ana, fomos andando até uma sorveteria perto da minha casa, compramos o sorvete e nos sentamos na pracinha ali de perto. Contei tudo a ela, todos os detalhes até que ela me lembrou de uma coisa.
- E a camisinha? - ela disse e eu me assustei.
- Não usamos! - eu disse ainda assustada
- Mas ele deixou alguma coisa '' cair '' lá dentro? - ela fez as aspas com as mãos
- Não, foi fora. - eu disse ansiosa pela sua resposta
- Então relaxa. - ela piscou
Fiquei um pouco mais calma, depois ela me contou o que rolou no resto da festa.
- Aquela menina lá que já ficou com o Pedro veio me perguntar onde ele estava, não respondi. - ela me disse
- Ainda bem, estávamos ocupadíssimos. - nós rimos
- Depois disso não rolou mais nada de interessante, só foi rolar quando fomos pra casa dele e... fizemos o mesmo que você, só pra variar. - nós rimos de novo.
Ficamos um minuto caladas enquanto devorávamos nosso sorvete e vimos dois meninos lindos, rindo e brincando entre si se aproximando.
Quando esses dois caras foram se aproximando, eu reconheci meu Pedro de longe só pelo jeito que ele mexia no cabelo e sorria.
- Olha, Matheus e Pedro. - cutuquei a Ana
- Não sabia que eles viriam, você sabia? - ela me olhou assustada mas feliz
- Não! - nós rimos
Quando eles chegaram mais perto eu e Ana arredamos do banco que estávamos sentadas para eles se sentarem, Matheus deu um beijo em Ana e eu esperava um beijo no rosto de Pedro, mas ele se aproximou e me deu um selinho e sorriu. Eles se sentaram
- O que as duas donzelas estão fazendo aqui SOZINHAS? - Matheus disse
- Eu ofereci minha companhia, mas elas não aceitaram mano - Pedro falou rindo
- A gente queria falar sobre coisa de mulher, sabe? - eu fiz uma cara de cínica.
- É! Sutiã, calcinha, absorventes, sapatos... Essas coisas. - Ana disse, nós rimos
- Acho que a gente não devia ter vindo amigo... - Pedro disse pro Matheus
- É, vamos. - eles fingiram se levantar e nós o puxamos
- Brincadeira amorzinho, vocês podem ficar tá? - eu disse dando um selinho nele
- Chatas demais - Matheus disse e nós rimos
Ficamos conversando sobre várias coisas, os meninos contaram que faturaram muito com a festa, contaram das mancadas que alguns meninos da escola deram e começaram a falar sobre futebol, eu e Ana ignoramos e conversamos entre nós. Foi uma tarde agradável, fomos embora quando estava anoitecendo e eu subi para meu quarto, amanhã tinha aula e eu não queria acordar com sono demais, mesmo sabendo que isso era impossível.
No outro dia, acordei e me arrumei para a aula. Desci e tomei café com meu pai e o Pedro, fomos para a escola juntos como de costume agora. Chegando lá, Pedro foi pra sua sala e eu fui em direção a minha até alguém puxar meu braço, me virei.
- Me solta menino - eu tentei me soltar
- Bom dia pra você também - ele sorria e me soltou
Reconheci, era o tal do menino que tinha derrubado todos os meus livros na semana passada.
- O que que você quer em? - perguntei nervosa
- Você - ele sorriu e devagar foi se aproximando
Por um instante vi ele se aproximar e não fiz nada, só quando senti seu lábio tocar o meu é que tive reação. Empurrei ele.
- Seu louco, o que você está fazendo? - eu disse nervosa
Saí andando e entrei na sala furiosa, Ana percebeu.
- O que foi amiga? - ela perguntou preocupada
- Aquele Felipe la, quase me agarrou. - me sentei
- Aquele lindo, gostoso e que derrubou seus livros? - ela sorriu
- É, não ri. - não aguentamos e rimos juntas
- Você ficou? - ela perguntou curiosa
- Não, mas quase. - eu disse
- Relaxa aí e vai estudar - nós rimos
Na hora do recreio ficamos com nossos loves, rimos e conversamos um pouco. Eu reparei que a menina que gostava do Pedro e que tinha me perguntado se a gente estava junto na festa não parava de olhar pra nós mas ignorei ela, fingi que ela não estava ali. O sinal bateu, voltamos pra sala e aguentamos mais dois horários que se passaram devagar, logo depois fui pra casa com a melhor companhia do mundo, ele.
Chegamos em casa e almoçamos, subi para o meu quarto, banhei e arrumei meu guarda roupas e a casa. Quando fui limpar o quarto do Pedro percebi que ele estava se arrumando e não pensei nem duas vezes em perguntar onde ele estava indo.
- Aonde você vai? - perguntei curiosa, sorrindo.
- Vou comprar roupas - eu senti a insegurança em sua voz, senti que ele mentia
- Hum...- não insisti e continuei varrendo
Ele saiu do quarto e me deu um selinho, senti que ele estava tenso. Eu não entendi nada e passei o resto da tarde e da noite em frente a TV, não consegui prestar atenção nem na malhação, que eu gostava tanto de assistir. Será que ele tinha ido se encontrar com outra? Mil coisas se passaram na minha cabeça e meu coração apertava a cada hora que passava, resolvi ligar pra Ana.
- Oi amiga - tentei fazer minha voz parecer normal
- Oi amiga, o que você tem? - ela perguntou preocupada
- Nossa - eu ri
- Sua voz tá diferente - ela riu
- Pedro saiu, sem falar pra onde ia e ainda por cima estava tenso - eu disse embolando as palavras
- Sério? Matheus também saiu daqui e me disse que iria fazer compras. - ela disse confusa
- Pedro disse que iria comprar roupas, será que eles sairam juntos? - perguntei
- Provavelmente, mas porque eles não quiseram contar pra gente? - ela me perguntou
- Não faço idéia, seja o que for espero que não seja ruim. - eu disse
- Fica calma amiga, Matheus me contou que o Pedro está gostando de você - ela disse
- O que? Como você não me conta isso? - eu perguntei ansiosa
- É que ele contou hoje - ela riu
- Me conta tudo! - eu disse nervosa e rindo.
Ela me contou que Pedro falava de mim para o Matheus praticamente toda a aula, que ele não estava aguentando mais ouvir falar meu nome, nós rimos, conversamos um pouco e eu desliguei quando ouvi a porta abrir.
- Oi meu amor - ele me comprimentou feliz
- Oi - dei um selinho
- Cadê minha mãe? - ele olhou para a cozinha
- Não sei, ainda não chegou. Nem ela, nem meu pai. - continuei olhando pra TV
- O que você tem? - ele sentou do meu lado
- Nada - eu tentei sorrir.
Ele se virou pra TV e ficamos vendo juntos, tinham sacolas na mão dele mesmo, mas não sei se cabiam roupas ali. Fiquei imaginando várias coisas que poderiam estar ai dentro e não me aguentei de curiosidade.
- O que você comprou? - tentei pegar as sacolas
- Meias, cuecas. - ela puxou as sacolas e se levantou
- Ah - fiquei confusa
- Vou levar elas pro meu quarto - ele subiu as escadas
Agora eu tinha certeza que ele estava escondendo alguma coisa de mim.
Fiquei mais curiosa ainda quando ele não me deixou ver o que tinha naquelas sacolas, imaginei mil coisas ao mesmo tempo. Imaginei até uma suposta namorada que ele escondia de mim, eu só esperava que não fosse nada disso. Os pensamentos ruins me dominaram e resolvi sair do sofá e ir pro meu quarto, coloquei o cd da Katy Perry o mais alto que o meu som conseguiu ir e comecei a fazer minha unha, até ouvir batidas na porta.
- Pode entrar? - Pedro passou pela porta sorrindo
- Já entrou - eu sorri ironicamente.
- Tá bolada comigo? - ele perguntou se sentando do meu lado
- Não tenho motivos pra estar, ou tenho? - olhei pra ele
- Não mesmo. - ele me deu um selinho
- Só estaria se você tivesse escondendo algo de mim. - eu pisquei ele riu
- Não amor, relaxa - ele sorriu e de repente ficou tenso.
- Seu pai ja chegou? - ele perguntou, tentando não olhar pra mim.
- Chegou Pedro, o que você quer falar com ele? - eu estranhei
- Nada amor, ja volto. - ele me deu um beijo na testa e saiu do quarto
Terminei de fazer minha unha e abaixei o som quando ouvi uma gritaria da cozinha, ouvia a voz do meu pai e minha madrasta. Imaginei que fosse uma briga, então continuei com o som alto, depois me preparei pra dormir.
Mal consegui dormir, imaginando o que teria naquelas sacolas e o que Pedro escondia tanto de mim, e ainda por cima queria falar com meu pai. Eu não entendia nada, minha cabeça começou a rodar. Tentei afastar esses pensamentos e com muita dificuldade peguei no sono.
Acordei com o despertador e fui pra escola. As coisas estavam diferentes hoje, não conseguia entender o porque. Ana me fez perguntas estranhas na aula de matemática.
- Hoje a tarde você vai fazer trabalho na minha casa ok? - ela sorriu
- Trabalho? Qual trabalho? - estranhei
- De... filosofia! - ela gaguejou
- Mas ele não passou trabalho nenhum Ana, você tá louca? - eu ri
- Passou, você chegou atrasada e não viu. - ela sorriu
- Tá bom - eu disse
A tarde fui pra casa dela mas não tinha trabalho nenhum, ficamos conversando e comendo besteiras a tarde toda, até que ela recebeu uma ligação e só disse: ok, estamos indo.
- O que houve? - perguntei quando ele tinha acabado de desligar
- Precisamos ir pra sua casa, Pedro não tá bem. - ela disse
Na mesma hora peguei minhas coisas e fomos embora, chegamos lá e eu logo entrei na porta, desesperada, quando acendi a luz eu vi várias pessoas e balões ao mesmo tempo e um só grito: SURPRESA!
Eu tentava me lembrar de todas as pessoas mas quando avistei o Pedro do lado do meu pai e da minha madrasta, foi só onde eu pude ir. Eu estava meio assustada por não ter lembrado do meu próprio aniversário, era tanta coisa nova acontecendo na minha cabeça que nem tinha me lembrado que hoje eu estava fazendo 15 anos, como dizia meu pai, passando de menina para mulher (e mulher eu já era em todos os sentidos). Dei um abraço no meu pai, na minha madrasta e depois Pedro me abraçou rápido e eu só consegui ouvir ele dizer: fala alguma coisa.
Eu fui pro meio da sala, eu fiquei emocionada com tanta gente sorrindo e que estavam ali só por mim, meu olho se encheu de lágrimas.
- Obrigada a todos, de coração - as palavras falharam, eu sorri enxugando umas lágrimas.
Pouco a pouco vieram todos me abraçar, tinham vindo minhas amigas que eu já não via a algum tempo, uns professores da minha outra escola que eu adorava e uns parentes do meu pai, tirando meus amigos da escola, Ana e Matheus. A festa estava linda, tinham balões das minhas cores preferidas, bolo, salgado, refrigerantes e algumas bebidas alcoólicas. Do outro lado da sala havia um baú, cheio de embrulhos que provavelmente eram presentes, mas não dei muita atenção a eles. Quando todos já tinham me abraçado, fui pra cozinha respirar. Peguei um copo d'água e senti uma mão passar pela minha cintura.
- Feliz Aniversário - Pedro sorriu, que saudade eu estava daquele sorriso
- Obrigada - olhei se não tinha ninguém olhando e dei um selinho nele
- Ah, olha. Compre isso pra você. - ele tirou do bolso um colar com um pingente de estrela, cheio de pedrinhas brilhantes.
- Nossa, é lindo - fiquei emocionada
- Sei que você ama estrelas - ele sorriu e colocou o colar em mim.
- Hoje a noite quero te levar á um lugar ok? - ele me olhou
- Ok - eu ainda sorria.
Saímos da cozinha um de cada vez e fui curtir minha festa surpresa, cantamos o parabéns e dei o primeiro pedaço pro meu pai, foi lindo e me emocionei mais. Fiquei conversando com as meninas, apresentei Ana e Matheus pra elas, comi bolo e tomei um refrigerante, pouco a pouco as pessoas começaram a ir embora. Quando só restaram Ana, Matheus, meu pai e minha madrasta, e o Pedro é claro, Pedro me chamou num canto.
- Amor, vamos? - ele sorriu animado
- Vamos, mas meu pai sabe ? - eu olhei pra ele
- Falei que vamos sair com Ana e Matheus - ele piscou
- Você é o melhor amor - nós rimos
Despedi do meu pai e saí de casa com Ana e Matheus, eles foram embora apé e eu percebi uma moto em frente casa. Pensei que fosse de alguém que não aguentou ir pilotando por ter bebido umas. Pedro saiu.
- Peraí - ele foi em direção a garagem
- Onde você vai? - fiquei curiosa
- Espera amor! - ele ria
Voltou com dois capacetes, me deu um branco com umas flores rosas.
- Coloca - ele sorriu
- Vamos de moto? - eu perguntei
- Vamos - ele piscou
- Mas você sabe pilotar essa coisa? - fiquei assustada
- Claro, você acha que eu ia correr o risco de você se ferir ? - ele me olhou
- Não, mas não sabia que você tinha uma. - olhei a moto
- É que enquanto eu não fizer 18, meu pai não pode saber que eu tenho. - ele me olhou e sorriu
- Hum... Então vamos - eu sorri e coloquei o capacete
Subi na moto e Pedro acelerou, era gostosa a sensação de andar de moto e também era gostoso perceber meu cabelo voando. Fizemos um caminho que eu nunca tinha feito na cidade, parecia que estávamos indo para um lugar que ninguém nunca tinha ido, a estrada era deserta e já estava quase a noite, as primeiras estrelas já apareciam no céu. Me segurei nele quando ele subiu um morro de grama, onde deixou a moto metros depois desse morro, ele desligou a moto e descemos.
- Onde estamos? - eu perguntei curiosa
- Calma, estamos chegando. - ele parecia animado
Pedro me pegou pelo braço e andamos um pouco, no começo eu ainda não tinha entendido porque ele tinha me levado ali, era só grama e nada mais, nem a estrada eu via. Mas continuamos andando até que chegamos a uma vista maravilhosa. Eu conseguia ver a cidade inteira, era como um mirante. Via todas as luzes lá de cima, fiquei vidrada com a vista que estava bem na minha frente e por um segundo me esqueci de Pedro, quando olhei, ele estava sentado num forro branco, cheio de guloseimas, frutas e uma cesta de café da manhã, duas taças e um champagne. Me aproximei dele maravilhada, e sentei.
- Nossa, isso é perfeito - olhei para ele
- Esse é o nosso pic nic. - ele sorriu
- Você é perfeito. - eu me aproximei dele
Sem perceber eu me abaixei e o beijei, e que saudade eu estava daquele beijo. Sua mão contornava minha pele por dentro da blusa até ele descobrir que eu estava sem sutiã. Nos deitamos em cima do forro, arrastando algumas frutas que estavam nos atrapalhando e começamos com muito cuidado a tirar nossas roupas, fizemos amor ali, com aquela vista maravilhosa, ao ar livre, não tinha como ficar mais perfeito do que aquilo.
Me deitei do lado dele quando acabamos, dois loucos e nus, num mirante totalmente desconhecido.
- Olha ali, aquela - ele apontou pra uma estrela
- É linda, a que mais brilha hoje - eu a olhei
- Olha aquela outra, do lado dela - ele apontou outra estrela
- Também tá brilhando bastante, mas só da pra ver ela porque a outra tá iluminando muito. - eu falei, ainda olhando
- É... tipo eu e você - ele me olhou e sorriu
- Como assim? - eu perguntei
- Preciso de você pra me iluminar agora, sem você sou apenas uma estrelinha sem vida - nós rimos
- Tô com fome - o olhei
- É mesmo, não tocamos na comida ainda - ele se sentou
- Que delicia - me sentei
Começamos a devorar tudo que estava naquela cesta até ficarmos empanturrados de tanta comida. Nos beijamos por um bom tempo.
- Quantas horas são? - eu me afastei
- São 22:50 - ele olhou no celular
- Acho que temos que ir - fiz biquinho
- Tem razão, amanhã temos aula - ele disse
Mesmo sabendo que deveríamos ir embora, ficamos por mais um tempo vendo aquela vista maravilhosa, ele tirou uma câmera do bolso e tiramos uma foto, nós dois nos beijando com aquela vista maravilhosa atrás. Logo depois fomos embora, cheguei em casa e estava tudo em silêncio, provavelmente meu pai já estava dormindo.
Em silêncio subimos cada um para o seu quarto, demos um beijo de boa noite e eu entrei no meu quarto. Me sentei na cama e vieram as imagens do lugar onde eu tinha acabado de sair, de como Pedro era perfeito pra mim, de como eu estava apaixonada por ele e de como ele era gostoso. Não aguentei e tomei um banho, aproveitei para abrir uns presentes e encontrei uma langerie que havia um bilhete: '' use ela hoje safadinha, te amo! Ana '' eu ri lendo o bilhete e não perdi tempo, vesti a langerie e ela ficou perfeita em mim, Ana tinha adivinhado! Era vermelha, de renda e ainda tinha sinta liga e tudo mais.
Abri a porta com cuidado e vi que não tinha ninguém no corredor e que a luz do quarto do Pê estava acesa. Continuei andando e o encontrei enxugando os cabelos e de cueca. Não bati na porta, simplesmente entrei. Fiquei parada na porta, esperando ele se virar pra mim, eu sorria maliciosamente pra ele quando ele se virou e por um segundo se assustou, logo depois me retribuiu com o sorriso que eu queria, o sorriso mais safado que eu conhecia. Antes que ele pudesse falar alguma coisa, me aproximei e beijei um pouco, deixando que ele me tocasse onde quisesse, deixando que ele conhecesse minha nova peça intima, até que o sentei na cama e tirei sua cueca. Ele só olhava, com o sorriso safado todo o tempo. Seu membro já estava ereto quando o coloquei na boca, brinquei com ele e ouvi gemidos baixos vindo de Pedro. Fiquei ali, ajoelhada e me lambuzando do membro dele por vários minutos, ele pegava meu cabelo como se tentasse o tirar do meu rosto, e sussurrava coisas que me davam a certeza de que ele estava adorando minha surpresinha. Não demorou muito para ele me puxar e me deitar na cama, me despir totalmente e começar a me chupar, me fazendo gemer baixo de prazer e de desejar aquilo dentro de mim o mais rápido possível. O tirei de cima de mim e o coloquei por baixo, me sentei em cima de seu membro e fiz o famoso movimento de vai e vem, eu estava louca de tanto prazer e eu tinha certeza que ele sentia o mesmo.
Fizemos amor a noite inteira, fizemos de tudo e quando acabamos estávamos mortos de cansaço e adormeci ali, do lado dele.
Acordei com o despertador do celular do Pedro gritando, despertei assustada por não ter reconhecido de cara onde eu estava, observei o quarto e me lembrei da noite perfeita que tive, quando olhei pra ele, ele já estava acordado.
- Já conseguiu localizar onde você tá? - ele riu
- Ai, minha cabeça tá doendo - tentei ignorar sua piadinha
- Vou tomar um banho, vai pro seu quarto e toma amor, já já melhora - ele piscou e foi pro banheiro do seu quarto
Me levantei devagar e fui em direção ao meu quarto, minha cama estava arrumada e cheia de embrulhos abertos dos presentes que eu tinha ganhado ontem, tentei ignorar a bagunça da minha cama e fui tomar um banho. No chuveiro a dor de cabeça foi diminuindo, não quis nem saber se seria bom eu molhar minha cabeça mas acabei molhando e lavando meu cabelo me obrigando a ir com os cabelos molhados pro colégio. Terminei de me banhar e me arrumei, em seguida desci para tomar meu café.
- Bom dia filha - meu pai já estava sentado tomando seu café
- Bom dia pai - eu fiz um esforço para as palavras saírem e me sentei
- Você aparenta estar cansada, não dormiu direito? - eu ouvi pedro rindo do outro lado da mesa
- Não pai, fiquei tão feliz com minha festa que mal durmi - eu menti
- Que bom que você gostou filha, foi bem legal mesmo - meu pai disse
Tomei meu café em silêncio enquanto Pedro e meu pai falavam de futebol, esse parecia o único assunto que nunca tinha fim entre os dois. Terminamos de tomar e me despedi do meu pai. Eu e Pê fomos para a aula juntos.
Cheguei na escola e me despedi do Pedro com um beijo gostoso que fez minha dor de cabeça diminuir mais ainda e fui pra minha sala, Ana como sempre já estava lá, sentada me esperando.
- Bom dia - eu disse sem esconder meu cansaço
- Bom dia, o que houve? - ela perguntou me olhando
- Usei sua langerie e não durmi a noite inteira - olhei pra ela e tentei sorrir
- Então a noite foi boa ? - ela riu
- Nossa, a melhor noite da minha vida - eu disse bocejando e sorrindo ao mesmo tempo
- Essa era minha intenção - ela piscou e sorriu
- Obrigada amiga - eu sorri e dei um beijo em sua testa
Assistimos as aulas e fomos para o recreio, ficamos com nossos amores até a hora de bater o sinal. Enquanto estávamos juntos no recreio eu tentava ignorar aquelas meninas me olhando com cara de ódio e principalmente aquela que tinha me parado na festa da Ana. Tive a certeza que ela sentia algo a mais pelo Pedro, apesar dele ter me dito que eles só tiveram '' um lance ''. Voltei pra sala e comentei isso com a Ana, pedi pra ela me contar tudo o que ela sabia a respeito dessa garota.
Ana me contou que raramente via os dois juntos no colégio, e quando via, estavam brigando. Me contou que deve ter visto eles se beijando uma vez na vida e que ele não demonstrava muito interesse por ela. Na hora que ela me falou isso veio na minha cabeça um amor não correspondido, ela gostava dele e ele não. Imaginei que ela ainda não tivesse esquecido Pedro e que por isso ficava me olhando com aquela cara de ódio. Sei que ela deveria ter sofrido com isso, um amor não correspondido não é nada fácil, mas temos que seguir em frente, a vida continua! Mas acho que ela não tinha essa mesma idéia de vida que eu tinha. Me perdi em meus pensamentos todo o resto da aula e nem percebi que o sinal tinha tocado.
- Amiga, o sinal acabou de tocar, levanta! - Ana gritou
- Ah, obrigada amiga! Beijo - me despedi de Ana e fui embora
No caminho de casa encontrei Pedro, como sempre. Ele me deu um beijo e fomos abraçados, ele percebeu que eu estava do lado dele mas que meus pensamentos estavam longe, ainda sim estavam na garota que provavelmente era apaixonada pelo meu Pê.
- Tá pensativa hoje.. - ele me olhou
- É.. - eu sorri
- Tá pensando em que? - ele não aguentou de curiosidade e perguntou
- Ah, a maioria dos meus pensamentos estão na PAULA. - eu o olhei
- O que tem ela? - ele perguntou
- O que rolou entre vocês? - eu perguntei e ele sorriu
- Nada - ele continuou sorrindo
- Nada? Pra você né? - eu também sorri
- Bom... pra mim não foi nada - ele continuou andando
- Me conta - eu insisti
- Pra que amor? Passado.. - ele me deu um beijo na testa
- Ah, sou curiosa - insisti denovo
- Ok.. - ele disse vencido pelo cansaço
Pedro começou a me contar que eles ficaram numa festa e que ela se declarou pra ele, disse que o amava desde a primeira vez que o viu e que ele não saia da cabeça dela. Me contou que eles ficaram depois umas 5 vezes e que ele não quis continuar porque ele se sentiu pressionado por ela, por não sentir a mesma coisa que ela. Agora eu pude entender tudo. Ela ainda era apaixonada por ele, e ele não.
Depois que Pedro me contou o que eu já suspeitava sobre essa tal Paula, sim, a individua chamava Paula, eu não quis entrar em detalhes. Percebi que ele ficava desconfortável ao falar nesse assunto, deixei de lado e tentei afastar meus pensamentos que se voltavam nela.
Chegando em casa almoçamos e fui pro meu quarto dormir. Achei que não tinha necessidade de arrumar a casa então tomei um banho e entrei no meu orkut, percebi que minhas fotos eram muito antigas e resolvi mudar o visual do meu orkut e tirar umas fotos. Como eu estava bem animada, me maquiei e tirei algumas fotos até ouvir batidas na porta. Mandei entrar e era meu amor com uma bermuda e uma camiseta, imaginei que ele tivesse ido buscar o pão, porque ele aparentava estar arrumado e estava lindo, como sempre. Ele entrou e me deu um beijo
- O que tá fazendo? - ele olhou pra câmera que estava em minha mão
- Tô tirando umas fotos pra colocar no meu orkut - eu sorri
- Hmm.. tem algum cara querendo ver fotos suas? - ele perguntou tentando esconder o ciúme em sua voz
- Não, só que minhas fotos no orkut estão muito velhas. - eu ri
- Só por isso ? - ele perguntou
- Sim! - eu sorri
- Ah, então vamos tirar juntos amor? - ele perguntou animado
Na mesma hora começamos a tirar várias fotos, estava muito divertido, tiramos fotos lindas e rimos muito com as fotos dele fazendo gracinha, paramos para olhar e várias ficaram boas, mas a minha preferida foi uma em que eu olhava pra ele bem próxima de seu rosto e ele sorria pra mim, era a foto mais linda que eu já tinha visto.
Ficamos babando nas fotos e rindo das fotos engraçadas e passamos elas pro computador. Editei algumas e coloquei uma minha e dele no orkut, a que eu tinha gostado mais. Ele também gostou mais dessa então ficou super animado pra postar no dele também. Entrou no dele e também postou e colocou na legenda: pra viver eu só preciso de você. Achei tão fofo mas ao mesmo tempo achei que ele só colocou essa legenda para o povo não pensar que fôssemos nada além de irmãos, apesar de muita gente já saber que a gente estava ficando. No meu eu coloquei: 3 palavras . Deixei ele mexendo um pouco e me deitei na cama, liguei o som baixinho e fechei os olhos. Senti ele se aproximando e se deitando do meu lado, ele fazia carinho em mim e também estava de olhos fechados, ficamos em silêncio ouvindo Jorge e Matheus, até que ele cantou.
- E que eu sou o amor da sua vida, que eu sou água doce pra você beber.. - ele cantou
- E que eu quero ouvir da sua boca que você é louco por mim como eu sou por você. - eu cantei e olhei pra ele
- Eu sou louco por você como você é louco pra mim - ele me olhou
- E você é o amor da minha vida - eu sorri e ele me beijou
Enquanto nos beijávamos eu pensei em várias coisas, imaginei até como seria se um dia eu me separasse dele. Eu estava vivendo um conto de fadas, eu era a pessoa mais feliz do mundo e tinha as duas pessoas mais importantes da minha vida bem perto de mim, meu pai e o Pedro. Eu estava tão feliz que tinha medo dessa felicidade toda.
Ficamos mais um pouco nos beijando até que ele se separou.
- Você quer ter filho? - ele perguntou animado
- Sim, porque a pergunta? - eu sorri assustada
- Atoa amor... também quero ter um moleque - ele sorriu
- Eu quero uma menina - eu disse
- Ah não, eu quero um moleque pra jogar bola comigo, jogar video game, pegar muitas gatinhas... - ele riu
- Eu quero uma menina - continuei dizendo
- Ok amor, teremos os dois pode ser? - ele me deu um selinho
- Ah pode, mas só daqui uns anos - eu sorri
- Claro, pelo amor de Deus. Não tenho idade pra ser pai ainda - nós rimos e ficamos calados por um instante
- Você quer casar? - eu perguntei
- Ah... quero amor, acho legal, mas não do mesmo jeito que vocês mulheres acham - ele riu
- Entendo... - eu disse
- Você quer? - ele perguntou
- Sim, quero casar com o mesmo vestido que minha mãe usou quando casou com meu pai. Tenho ele guardado. - eu falei e sorri
- Sério? Deixa eu ver? - ele perguntou
- Não amor, nunca deixei ninguém ver. Só vão ver ele no meu corpo. - eu pisquei
- Entendo - ele riu e me beijou
- Meu sonho é ter minha própria casa logo, saí daqui - eu disse
- Porque? Você não gosta da minha mãe né? - ele me olhou
- Não me dou muito bem com ela, mas não é por causa disso. - eu disse
- É porque então? - ele perguntou
- Quero minha casa, minhas coisas, minhas regras, sabe? - eu o olhei
- Entendi amor... Eu também. - ele disse
- Pra eu decorar como eu quiser, deixar ela minha cara.. - eu sorri imaginando
- Se for pra deixar ela sua cara, ela vai ser perfeita. - ele piscou
- Bobo - eu ri
Ficamos ali por mais um tempinho planejando nosso futuro, era incrível como ele tinha vários planos bem parecidos com os meus e também algumas ambições como ter um carro, formar na faculdade e ter um emprego legal. Nossa conversa acabou quando Pedro lembrou que hoje tinha futebol com os meninos do colégio 4 horas e me chamou pra ir. Liguei pra Ana e ela me disse que iria, então eu animei, coloquei um shorts jeans e um tomara que caia branco e fui com ele a pé, pois o campo era perto de casa. Minha madrasta estranhou eu saindo junto com o Pê quando passamos na sala.
- Onde vocês vão? - ela estava sentada no sofá
- Vamos ver o jogo dos meninos da escola mãe, vou jogar também - Pedro respondeu e antes que eu pudesse concordar abriu a porta e saímos.
Fomos caminhando juntos pro jogo, Pedro levava apenas uma mochila nas costas que provavelmente continha sua chuteira e seu uniforme. Conversamos um pouco e rimos de algumas pessoas que passavam na rua, até paramos na pracinha, compramos um sorvete e fomos tomando em direção ao campo de futebol.
Chegando lá, Pedro entrou em uma espécie de vestiário onde já estavam vários meninos e eu fui em direção a arquibancada, onde eu já avistava Ana e outras meninas. Reparei que as meninas me olharam juntas quando passei perto delas mas ignorei e me sentei do lado de Ana.
- Oi amiga - ela me deu um beijo no rosto
- Oi amiga - eu sorri
- A Paula tá olhando pra cá, não olha agora. - ela me disse e na hora eu olhei
- Mesma coisa de falar: OLHA AGORA. - nós rimos
- Que que essa menina tá olhando pra mim? - eu fiquei nervosa
- Não sei, ela e o grupinho dela já pararam de olhar. - Ana olhou pra elas
- Bom mesmo, já tenho um pé atrás com essa garota. - eu disser nervosa
- Olha, os meninos vão entrar! - Ana disse animada
Quando olhei pro campo os meninos começaram a entrar com um uniforme verde claro e bermuda branca, eles estavam lindos e fazendo gracinha no campo até o outro time, o time adversário, entrar de roxo. Um juíz apitou e o jogo começou, bola pra cá e bola pra lá, eu estava atenta até ouvir uns gritos e olhei pra Paula.
- Vai Pedro gostoso, faz gol! - ela gritava e olhava pra mim com cara de deboche
Ana também ouviu e olhou pra mim.
- Relaxa amiga, é pra te provocar. - ela disse e eu continuei observando o jogo
Com uns 20 minutos de jogo eu já estava nervosa por conta dessa menina, até que Pedro fez um gol e fez um coração pra mim, retribuí mandando um beijo com a mão e sorrindo. Nessa hora acho que Paula perdeu o rumo de casa e foi tomada pelo ódio.
Ela me olhou e eu dei um sorriso super irônico pra ela do tipo ' DESCULPA, ELE É MEU ' e ainda pisquei. Ela olhou pra frente tentando se concentrar no jogo e começou a gritar de novo.
- Vai Pedro, meu gostoso, faz meu gol - ela gritava e olhou pra mim
- Calma amiga, essa menina só quer te provocar. - Ana disse tranquila
- Ela conseguiu. - eu disse
Logo depois me levantei e fui em direção a ela, empurrando todas as suas amiguinhas que estavam gritando junto com ela e a puxei pelos cabelos.
- Olha aqui sua vadia, dá pra parar de gritar o nome do Pedro? - eu disse furiosa
- Não, o MEU Pedro adora quando eu grito ele assim - ela tentou se soltar
Eu a soltei mas meu ódio aumentou quando ela hesitou em gritar PEDRO GOSTOSO no meu ouvido, enchi minha mão e dei um soco que pegou de lado na boca e no nariz dela, eu vi por reflexo um dente saindo de sua boca e ela se sentando no chão. Logo percebi que tinha feito besteira.
Suas amigas se afastaram de mim e ajoelharam até ela, tentando prestar os primeiros socorros, Ana se levantou e me puxou dali, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa ela me levou para o vestiário masculino.
- O que você fez, sua louca? - ela chorava de tanto rir
- Ai Deus, o que que eu fiz? - eu disse desesperada
- Você bateu na vadia! - Ana riu
- Eu machuquei ela, quebrei um dente dela! - eu disse assustada
- Sou sua fã sabia? - Ana me abraçou
- Para Ana, isso foi sério! - eu disse nervosa
- O que você fez? - Pedro entrou no vestiário preocupado
- Luiza deu um soco na Paula ali agora! - Ana disse, adorando aquilo
- Porque você fez isso amor? - ele chegou pra perto de mim e me olhou
- Ela me provocou e mereceu. - eu fechei a cara
- Vamo embora, os meninos foram acudir ela. - ele riu e nós saímos do vestiário e fomos direto para a saída do campo.
Eu só conseguia ver uns 3 caras que estavam jogando acudindo ela, fora as amigas. O resto dos meninos ainda estavam batendo uma bola no campo, como se nada tivesse acontecido. Eu saí dali preocupada com ela, apesar da vadia ter me feito muita raiva acho que fui radical demais em fazer aquilo com ela. Pedro percebeu que eu não queria tocar no assunto e então não perguntou nada, quando chegamos em casa fui pro meu quarto e fechei a porta. Troquei umas mensagens com a Ana sobre esse assunto e ouvi batidas na porta.
- Posso entrar? - Pedro disse
- Pode - eu disse
Ele entrou e se sentou do meu lado, eu estava com vergonha do que tinha feito, eu nunca fui uma pessoa de caçar briga, mas aquela Paula tinha merecido. Pensei que Pedro fosse terminar tudo comigo ali, por eu não ter nem controle do meu próprio ciúme a ponto de bater em uma menina por causa dele, esperei ele começar a dizer qualquer coisa com um frio na barriga e, qualquer coisa que fosse, eu só pensava em pedir desculpas pra ele.
- Machucou ela em - ele riu e me olhou
- Desculpa - eu abaixei a cabeça
- Desculpa? Pelo que? - ele me puxou
- Por não ter controlado meu ciúme. - eu disse e o olhei
- Pelo que Ana me falou, ela passou dos limites, foi mais que merecido. - ele sorriu
- Mas.. - antes que eu pudesse falar, ele me interrompeu
- Relaxa amor, um soco não mata ninguém. Te garanto que a metade da escola uma hora dessas deve achar você a melhor pessoa do mundo pelo o que você fez - ele riu e eu fiquei mais aliviada
- Você não vai me xingar? - eu perguntei
- Não vou te xingar, mas vou pedir pra você ter mais cuidado na próxima vez, pra não quebrar a mão de tão forte que é seu soco. - ele me zuou e nós rimos
- Idiota - eu ri
Ele me beijou e saiu do quarto, senti um alívio e liguei pra Ana, para agradecer pelo favor de explicar a história pro meu amor.
Passei o resto da tarde tentando me livrar do arrependimento que rondava minha mente, eu sabia que ela tinha provocado mas mesmo assim eu não era uma sem coração, que batia na cara das pessoas sem nem sentir nenhum remorso. Fiquei ali deitada na minha cama até a hora de malhação, que não demorou muito, pois me perdi em meus pensamentos e não vi a hora passar até que Pedro entrou no quarto me avisando que malhação tinha acabado de começar. Eu desci e me sentei no sofá, ele se sentou do meu lado e então assistimos juntos. Fiquei calada durante todo o tempo que ficamos sentados até ele puxar assunto.
- Tá pronta pra encarar vários fãs amanhã de manhã? - ele sorriu
- Não sei - eu continuei olhando pra TV
- Amor, todo mundo sabe que ela provocou, você não precisa se torturar por causa disso. - ele disse sério
- Mas eu não sou assim. Agredir as pessoas não faz parte de mim, o que eu fiz foi errado. Me alterei demais, eu podia ter ignorado tudo o que ela disse mas a raiva em mim foi maior, eu não sou assim. - eu disse e por fim ele me olhou
- Amor, você só ficou nervosa. Ok? - ele sorriu e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha
- Ok amor. - eu tentei sorrir
- Agora para de se culpar e vem cá - ele sorriu e me puxou mas na hora me soltei
- Sua mãe tá na cozinha amor - eu disse baixinho
- Ai, esqueci desse detalhe. - ele colocou a mão na testa
- Te encontro no meu quarto - eu sorri e me levantei
Subi as escadas correndo e me deitei na minha cama, esperando meu amor passar pela porta. Ele entrou e trancou a porta e foi se aproximando até mim fazendo gracinha, andando na pontinha do pé.
- Ninguém pode saber que eu tô aqui, é segredo viu? - ele deu aquele sorriso safado que eu amava ver
- Pode deixar, nosso segredo. - eu pisquei.
Ele se aproximou e subiu na minha cama, se deitando em cima de mim e me beijando devagar, me deixando sentir seu gosto lentamente e deixando minha mão passear pelo seu corpo, o beijo começou a ficar mais quente quando ele colocou sua mão no meu cabelo e dava leves puxadas nele e beijava meu pescoço, aproveitando para morder cada parte da minha boca que ele encontrava, eu sorria sentindo aquele prazer todo, sentindo todo o poder que ele tinha sobre mim, sentindo o poder que só ele tinha de me deixar excitada.
Eu já estava ficando louca, eu queria ele ali e agora. Mas fomos interrompidos por batidas na porta.
- Luiza, seu pai no telefone - minha madrasta gritou
- Ai, saco - eu disse nervosa e saí de cima dele
- Não demora amor - ele disse fazendo biquinho
- Tá bom - eu ri e saí do quarto
Fui em direção ao telefone e atendi.
- Oi pai - eu disse
- Oi filha, só pra te pedir pra abrir o portão da garagem porque sei que você é a unica que vai poder fazer esse favor pra mim. Já estou aqui na porta. - ele disse
- Nossa pai, porque você não pede sua esposa ? - eu disse nervosa
- Porque ela disse que tá ocupada, uai. E eu sei que você não tá fazendo nada - ele disse
- É, não estava mesmo. - eu disse irônica
- Então - ele disse
- Tô indo pai! - desliguei
Fui em direção a garagem e abri o portão pro meu pai, subi pro quarto e dei a triste notícia de que meu pai tinha chegado e que eu e Pedro não poderíamos terminar o que tínhamos começado. Ele lamentou e me deu um beijo, logo em seguida saiu do quarto e eu voltei a ficar sozinha, com meus pensamentos.
Afastei todos os pensamentos e as lembranças que não foram boas de hoje e fui dormir. Acordei assustada e ao mesmo tempo triste por ouvir meu despertador tocando e me lembrei que tinha aula, e aí na mesma hora vieram vários pensamentos, pensei por um momento que a escola toda já estava sabendo do que tinha acontecido na tarde de ontem e ainda tentei imaginar com que cara eu entraria naquela escola hoje, eu não fazia idéia.
Tomei meu banho e me arrumei, desci e encontrei como sempre, meu pai e Pedro tomando café.
- Bom dia - eu pai disse e me deu um beijo na testa
- Bom dia pai - eu disse e me sentei
Eu e Pedro não demos bom dia, mas trocamos sorrisos enquanto meu pai não olhava. Tomei meu café, escovei meus dentes e fui pra escola junto com Pê, fomos calados hoje, tanto ele quanto eu estávamos preocupados com a reação das pessoas e da própria Paula sobre o que tinha havido ontem. Eu não estava com medo dela, muito pelo contrário, o que aconteceu ontem só me deu mais certeza ainda de que sou forte o bastante para aguentar uma. Mas esse era o problema, eu só aguento UMA. E se as amigas delas viessem? Quem iria me ajudar? Ana? Mas só Ana? Nós duas iríamos virar pó, Paula não tinha amigas, ela tinha seguidoras que tentavam imitar seu jeito de ser e de agir. Elas iriam acabar com a gente fácil.
Tentei mais uma vez afastar todos esses pensamentos até chegar na escola e sorri sem perceber quando vi Ana na porta me esperando. Eu tive a certeza de que ela estava me esperando porque quando ela me viu, ficou super feliz.
- Oi amiga! - ela me abraçou
- Oi amiga - eu a abracei
- Oi Aninha - Pedro disse
- Oi Pedrinho - ela disse e nós rimos
- Vamos para a sala? - ela sorria
- Vamos - eu dei um selinho no Pedro e nós fomos andando de braços dados
Enquanto passamos pelo corredor, várias pessoas sorriam pra mim e até vieram me comprimentar, achei estranho.
Eu comprimentava elas também mas não estava entendendo nada até que eu e Ana fomos no banheiro.
- Quantos fãs você ganhou só por ter batido na cara de uma vadia em? - ela disse se olhando no espelho
- Será que é por isso que esse povo todo tá me comprimentando? - eu disse
- Claro, ou você acha que eles já se acostumaram com sua cara de patricinha gostosa novata? - ela riu
- Palhaça! - eu ri
No mesmo momento em que estávamos arrumando nosso cabelo no espelho, Paula passou pela porta do banheiro e parou na minha frente.
- Dá licença querida, tô precisando do espelho - eu sorri ironicamente
- Só vim te avisar que não vai ficar assim - ela disse e enquanto ela abria a boca, deu pra ver o lugar onde o dente tinha caído.
Eu não aguentei segurar e comecei a rir, Ana começou a rir também e nós ficamos ali, rindo até ela se tocar que eu tinha percebido a grande falha em sua boca e sair do banheiro com as amiguinhas. Ana olhava pra mim e não aguentava parar de rir, ficamos rindo igual duas idiotas por um tempo até uma outra garota entrar pela porta, dessa vez sorrindo pra mim.
- Oi - disse ela
- Oi - eu disse e sorri
- Amei o que você fez com a Paula, ela tava merecendo! - ela sorriu
- Ah, que isso, não foi nada - nós rimos
- Vou pra minha sala, tchau - ela acenou e saiu do banheiro
Fomos pra sala de aula e assistimos os primeiros horários.
Quando bateu o sinal do recreio, eu e Ana fomos em direção ao Pedro e ao Matheus, sorri para o matheus e dei um beijo meu meu amor.
- Só me comprimenta de longe mesmo, tô com medo de você me bater - Matheus me zuou
- Idiota, olha que eu te bato mesmo - nós rimos
- Não amiga, eu não deixo - Ana disse e mostrou língua
- Tudo bem amiga, você bate nele pra mim - eu pisquei e ela deu um tapa nele
Ficamos conversando sobre a briga de ontem pois Matheus tinha me pedido pra explicar tudo que aconteceu, detalhe por detalhe. Passei a maior parte do recreio falando desse assunto e observando Paula. Ela realmente fazia o estilo ' faço tudo para ser popular ' ela rebolava enquanto andava e jogava seu cabelo para o lado, as vezes ele até batia em alguém que passava do seu lado. Ela não era bonita, mas tinha um corpo maravilhoso, uma coisa que eu não podia negar e que com certeza foi o que atraiu Pedro, mas só atraiu pra uma coisa. Sexo. Nada mais.
O sinal bateu, eu e Ana fomos pra sala e assistimos os ultimos horários. Logo em seguida fui embora, na saída do colégio Senti alguém puxando meu braço.
- Só quero repitir o que eu disse no banheiro, não acabou Luiza - Paula disse nervosa
- Ha ha ha. - eu ri, sendo cínica
- Vai rindo, quem ri por ultimo ri melhor - ela piscou
- Cuidado quando for rir, tem um atacante faltando aí na sua boca - eu ri com minha própria piada e fiz o caminho de casa.
No caminho encontrei o Pedro e fomos juntos pra casa, chegamos, almoçamos e fui dormir um pouco, depois arrumei a casa. Subi para o meu quarto e tomei um banho, eu ouvi que a casa estava silenciosa mas continuei no meu quarto, arrumando umas roupas que estavam jogadas no meu guarda- roupas até ouvir a porta se abrir.
- Minha mãe saiu - ele deu AQUELE sorriso
- Hum, será que ela vai demorar? - eu disse, fingindo de boba
- Foi no centro e depois ia jantar com seu pai, acho que vão. - ele piscou
Na mesma hora me levantei e joguei ele na cama, eu gostava de assumir o controle. Comecei a tirar a sua roupa.
Subi em cima dele e bem devagar comecei a beijar sua boca, seu pescoço e sua barriga, coloquei a mão em seu membro pra verificar se ele já estava ereto, e como sempre, já estava. Aproveitei pra fazer uma massagem nele, bem devagar, com minha mão, enquanto o beijava. Sua respiração estava ofegante e suas mãos estavam na minha bunda. eu amava aquela sensação de pele com pele, era como se elas se atraíssem sem a gente perceber.
Ele me tirou de cima dele e me colocou por baixo, eu gostava de o olhar enquanto ele me despia. Parecia uma criança que acabou de descobrir uma coisa nova, ele me olhava de cima a baixo e sorria, começou a me beijar e brincava com meu corpo, passando sua mão em tudo e me pressionando mais forte contra o corpo dele cada vez mais. Devagar ele desceu sua boca e começou a se deliciar com aquela coisa que eu tinha que deixava ele louco, enquanto ele me chupava suas mãos apertavam meus seios, eu gemia alto e puxava seu cabelo. Não aguentando mais segurar a vontade de sentir ele em cima de mim, eu o puxei para cima e logo ele colocou aquilo tudo, fazendo o famoso movimento vai e vem bem gostoso. Realmente estava gostoso porque eu não quis sair daquela posição, ficamos no papai e mamãe a tarde toda, ele sussurrava tudo no meu ouvido, sussurrou até eu te amo. Sussurrou tudo que queria fazer comigo que ainda não fez, e suas fantasias só me deixavam mais excitada. Eu gostava do papai e mamãe por isso, porque eu amava escutar as coisas safadas que Pedro pensava, e que ele só falava comigo na cama. Gostava de sentir sua respiração perto da minha, gostava de sentir seu hálito no meu ouvido. Cheguei ao orgasmo primeiro que ele, mas deixei ele chegar ao dele antes de parar. Quando ele chegou, deitamos um do lado do outro e, ainda com a respiração ofegante eu ouvi ele falar.
- Te amo, gostosa.
Subi em cima dele e bem devagar comecei a beijar sua boca, seu pescoço e sua barriga, coloquei a mão em seu membro pra verificar se ele já estava ereto, e como sempre, já estava. Aproveitei pra fazer uma massagem nele, bem devagar, com minha mão, enquanto o beijava. Sua respiração estava ofegante e suas mãos estavam na minha bunda. eu amava aquela sensação de pele com pele, era como se elas se atraíssem sem a gente perceber.
Ele me tirou de cima dele e me colocou por baixo, eu gostava de o olhar enquanto ele me despia. Parecia uma criança que acabou de descobrir uma coisa nova, ele me olhava de cima a baixo e sorria, começou a me beijar e brincava com meu corpo, passando sua mão em tudo e me pressionando mais forte contra o corpo dele cada vez mais. Devagar ele desceu sua boca e começou a se deliciar com aquela coisa que eu tinha que deixava ele louco, enquanto ele me chupava suas mãos apertavam meus seios, eu gemia alto e puxava seu cabelo. Não aguentando mais segurar a vontade de sentir ele em cima de mim, eu o puxei para cima e logo ele colocou aquilo tudo, fazendo o famoso movimento vai e vem bem gostoso. Realmente estava gostoso porque eu não quis sair daquela posição, ficamos no papai e mamãe a tarde toda, ele sussurrava tudo no meu ouvido, sussurrou até eu te amo. Sussurrou tudo que queria fazer comigo que ainda não fez, e suas fantasias só me deixavam mais excitada. Eu gostava do papai e mamãe por isso, porque eu amava escutar as coisas safadas que Pedro pensava, e que ele só falava comigo na cama. Gostava de sentir sua respiração perto da minha, gostava de sentir seu hálito no meu ouvido. Cheguei ao orgasmo primeiro que ele, mas deixei ele chegar ao dele antes de parar. Quando ele chegou, deitamos um do lado do outro e, ainda com a respiração ofegante eu ouvi ele falar.
- Te amo, gostosa.
Eu ri e disse ' também '. Ele me convidou pra um banho, mas eu logo avisei que já não estava aguentando mais nada, ele disse que era pra tomarmos banho, apenas isso. Concordei e fui pro banheiro do meu quarto, entrei primeiro e ele entrou depois. Começamos a nos lavar.
- Não molhe meu cabelo amor, por favor viu - eu me ensaboava
Na mesma hora ele ligou o chuveirinho e jogou água na minha cara, no meu cabelo e molhou ele todo. Ele assistia a cena de mim tentando tirar a agua da cara com uma risada, no começo fiquei nervosa e bati nele, ele só rindo, até que eu peguei o chuveirinho e o molhei todo, no rosto, o deixando sem ar. Começamos a brincar de quem se molhava mais e ríamos alto com as tentativas de fugir do box do banheiro, foi muito divertido.
- Para amor, para de gracinha e vamos sair daqui - eu desliguei o chuveiro
- Estraga prazer! Tava tão legal! - ele fez biquinho
- Para amor, vamo - eu peguei uma toalha que tinha no banheiro e dei pra ele
- Tá amor - ele se secou
Logo em seguida me sequei e saímos do banheiro, ele foi pro quarto dele se trocar e eu fiquei no meu, aproveitando para abrir a janela. Eu vi que já estava a noite e olhei as horas no meu celular, já eram 19:00. Senti fome, me troquei e desci para fazer algo de janta. Meu pai tinha deixado pão de forma, presunto e mussarela. Resolvi fazer um misto pra gente, enquanto ele se trocava.
Eu estava tirando alguns da misteira quando Pedro desceu de cueca samba-canção sem camisa, mexendo nos seus cabelos molhados. Eu só avistei aquela maravilha por uns segundos e logo depois voltei a prestar atenção na minha janta.
- O que tá fazendo? - ele sentou no balcão da cozinha
- Misto amor, pra gente - eu continuei fazendo
- Que ótimo, tô com fome mesmo - ele continuou sentado me observando
Quando terminei de fazer ele ainda estava me observando, dei um prato pra ele com alguns mistos e outro pra mim, nos sentamos no balcão e comemos em silêncio, tomando o suco do almoço.
Terminamos de comer e ele me chamou pra ver TV no sofá, mas era muito arriscado. A qualquer momento meu pai e a mãe dele iriam chegar e, como a sala ficava em frente a porta de entrada, não daria tempo da gente disfarçar alguma coisa, então achei melhor subirmos para nossos quartos e irmos dormir, pois estávamos cansados demais pelas várias brincadeirinhas de hoje.
Subi para o meu quarto, coloquei meu pijama e dormi fácil. Eu estava cansada demais pra pensar em alguma coisa, hoje o Pedro conseguiu me cansar.
No outro dia acordei no horário de sempre, me banhei e tomei café com eles e fomos pra aula juntos. Encontramos Ana no meio do caminho
- Amiga, espera - vi Ana correndo em nossa direção
- O que houve? - eu ri, olhando seu estado
- Me atrasei um pouco - ela riu
- Cadê o Matheus? - Pedro perguntou
- Não dormiu lá em casa hoje, deve estar chegando - Ana sorriu
- Ah então tá, não vivo sem meu brother! - nós rimos
Fomos nós três para a aula, eu e Ana fomos em direção a nossa sala e Pedro em direção a ele. Continuamos assistindo nossas aulas até que Ana me fez um convite.
- Amiga, vamos num barzinho com o povo da escola sexta a noite? - ela disse
- Vamos amiga, ótima idéia. - eu pisquei
- Chama o Pedro, vão algumas pessoas que ele conhece. - ela disse
- Matheus vai? - eu perguntei
- Vai - ela sorriu
- Ah, então ele vai. - revirei os olhos, nós rimos
Assistimos os horários e fomos para o recreio juntas encontrar os dois, aproveitei para avisar Pedro.
- Amor, vamos num barzinho sexta? - eu sorri
- Matheus me falou desse barzinho mesmo - ele sorriu
- É, vão várias pessoas da escola - eu disse
- É amor, vamos sim - ele sorriu e me beijou
Assistimos o resto da aula e fomos embora, eu estava exausta e com muita dor de cabeça de tanta aula, cheguei em casa e nem almocei, fui direto pra minha cama dormir.
Acordei com o barulho do teclado do meu computador sendo usado por alguém, demorei um pouco para abrir os olhos mas quando abri vi Pedro sentado na cadeira da minha escrivaninha, mexendo no meu computador. Ele percebeu que o barulho tinha me acordado e se virou.
- Te acordei ? - ele perguntou preocupado
- Acordou, mas tudo bem. - eu me sentei
Prendi meus cabelos que estavam soltos e nem quis olhar no espelho para ver meu estado, fui direto pro banheiro. Tomei um banho e quando saí, Pedro continuava no computador.
- O que você tá fazendo? - eu perguntei, secando meus cabelos
- Tô atualizando minhas redes sociais, olha que barato os comentários na nossa foto amor - ele me chamou
Fui e me sentei no colo dele, peguei o mouse e comecei a ler:
Ana: que lindos! toda felicidade do mundo pra vocês amigos!! s2[
Matheus: apaixonado amigão? já era nossas saídas de quando tu era solteiro?
Ana: é Matheus, que saídas são essas? :@
Matheus: brincadeirinha né amor, você sabe que eu sou só seu! boba s2
Ana: bom mesmo, pq você sabe como as coisas funcionam comigo né? :@ haha
Matheus: claro amor, felicidades aí meu camarada! =)

Terminei de ler e ri
- Como são bobos! - nós rimos
- Olha o scrap que a Paula me deixou - ele pegou o mouse e me mostrou:
Pedro, só quero q vc nunca se esqueça dos momentos q passamos juntos e q avise sua irmãzinha/namoradinha q o q é dela tá guardado, se ela tá achando que chegou na escola agora e já quer ser popular, ela tá enganada! não aceito q vc tenha me trocado por ela Pedro, por uma menina mais nova e menos experiente. Me diz, ela é boa na cama como eu? Ela te deixa louco como eu? Ela te beija como eu? Só quero saber... beijos Paula
Quando terminei de ler o scrap, fiquei muito nervosa mas tentei não demonstrar.
- O que você respondeu? - eu o olhei
- Ainda não respondi, preciso de sua ajuda. - ele piscou
- Não, responda e depois me chame para ver o que foi que você enviou, essas perguntas aí só você pode responder. - eu o olhei séria
Me levantei do colo dele e me sentei na cama, olhando para o espelho e penteando meu cabelo. Quando eu estava terminando, ele me chamou e me sentou no colo dele.
- Lê. - ele me olhou
- Tá - eu disse e olhei pra tela
Paula, me desculpe a forma em que te respondo a esse scrap mas eu estou apaixonado pela Luiza, ela é a mulher que eu amo e isso a faz a melhor de todas. Melhor na cama. Melhor no beijo. Melhor em me deixar excitado. Melhor em me deixar bem em tudo que ela faz, não quero que fique chateada comigo pois te considero uma colega pra mim, mas quero que isso fique bem claro pra você: é ela, não você. Com Deus, Pedro. 
Terminei de ler o scrap e senti vergonha por ter ficado nervosa com ele, fiquei até sem reação até ele perceber isso e quebrar o gelo.
- Preciso dizer que te amo pra você lembrar? - ele riu
Eu só o beijei, o beijei calmamente, sentindo seu gosto. Eu sentia que nosso amor era verdadeiro pelo modo que ele me beijava, pelo modo em que ele me acariciava, fiquei sentada no colo dele e o abracei, por um bom tempo ficamos abraçados ali, até a tarde cair e as primeiras estrelas do céu aparecerem.
Ficamos ali abraçados como se só houvesse nós dois naquela casa, eu me esqueci totalmente de que meu pai e minha madrasta poderiam chegar a qualquer momento e me assustei quando ouvi batidas na porta.
- Luiza, o Pedro tá aí? - era a voz da minha madrasta
- O Pedro? - eu gaguejei
- Não boba! Claro que é o Pedro, quem mais seria? - ela disse nervosa
Olhei pro Pedro, eu esperava que agora ele entendesse porque nós não nos dávamos bem. Ela foi grossa sem necessidade. Sei que meu pai e Pedro acham que a culpa de eu e ela não termos um relacionamento bom é minha, mas agora, vendo o jeito com que ela me tratou, acho que ele mudou de idéia. Eu acho.
- Não, ele deve estar no quarto dele! - eu disse
- Não, ele te avisou que ia sair? - ela perguntou, ainda sem abrir a porta
Me toquei que a porta estava destrancada e levantei logo a trancando, acho que ela não percebeu.
- Não, não me disse nada. - eu disse
- Tá - ela disse por fim
Depois disso ela foi pro seu quarto. Eu sabia disso porque ouvi a força com que ela bateu a porta, Pedro me olhou.
- Acho que ela não gosta muito de você né? - ele riu sem graça
- Você acha? - eu disse séria
- Não sei porque.. - ele desviou seu olhar de mim
- Eu sei - me sentei do lado dele e o olhei
- Porque então? - ele me olhou confuso
- Ciúmes do meu pai? - eu perguntei, meio que respondendo
- É, faz sentido - ele pegou no seu queixo
- Tudo bem, estou vivendo - eu sorri e o beijei
- Preciso dar um jeito de ir lá pra baixo, da uma olhada, vê se ela está no quarto. - ele disse
Me levantei e abri a porta, pude ver que a porta do quarto do meu pai estava trancada e então fiz um sinal para que ele viesse, antes de sair ele me deu um beijo e desceu pra sala, fingindo ter acabado de chegar.
Logo que ele saiu do quarto, me deitei e tentei dormir. Eu me sentia feliz hoje, mais do que o normal. Quis saber de onde vinha toda essa felicidade, mesmo sabendo que era pelo Pedro, eu tentei procurar outros motivos. Sorri várias vezes pensando nele, pensando nos beijos dele, pensando em como estava tudo perfeito entre a gente, pensando em como era boa a sensação de amar. Fui dormir sorrindo e também acordei feliz, tomei meu banho e fui tomar café.
- Bom dia pra vocês - me sentei na mesa e comecei a comer
- Bom dia - eles responderam juntos
Trocamos poucas palavras no café com meu pai e depois fomos pra escola juntos como sempre, brincando e beijando.
- Hoje é o barzinho lá ne? - ele me perguntou
- É sim amorzinho, sexta feira né! - eu sorri
- Nós vamos? - ele me perguntou
- Vamos? - eu sorri
- Vamos - ele me beijou
Chegando na escola, fui pra minha sala e Pedro encontrou Matheus no corredor, provavelmente foram para suas salas.
- Oiiii amiiiiga! - eu a cumprimentei mais feliz do que o normal
- Oi amiga, porque tanta felicidade em? - ela riu
- Não sei, acordei feliz! - eu sorri
- Isso é bom. - ela disse
- Siiiim - eu a abracei
- Vai no barzinho hoje com a gente né? - ela me olhou
- CLARO! Já avisei o Pedro. - eu disse
- Ah então tá bom - ela sorriu
Enquanto conversávamos o professor entrou na sala e tivemos que nos sentar, assistimos as aulas, passamos o recreio com nossos amores e depois fomos para casa, no caminho Pedro e eu ouvimos umas músicas no Ipod dele, ele com um fone e eu com outro. Cantamos na rua, as vezes alto demais, fazendo as pessoas que passavam entre nós nos observarem e rirem.
Chegamos em casa e almoçamos, não troquei nenhuma palavra com minha madrasta, nem um bom dia ou um boa tarde. Subi para o meu quarto e fui dormir, eu não queria que ela estragasse toda a felicidade que eu estava sentindo, nem que fosse com uma coisa boba, eu realmente não senti vontade de falar nem um A com ela.
Lavei a louça do almoço enquanto Pedro assistia o programa de esportes que passava na TV. Minha madrasta saiu para trabalhar e ficamos sozinhos em casa, como sempre. Eu lavava a louça quando senti Pedro chegar atrás de mim e a beijar meu pescoço, eu continuei lavando e ele continuou me beijando, deixei ele continuar para ver até onde ele iria com aquilo. Devagar, ele desceu sua mão para minha blusa de uniforme e a levantou, eu só ria até que ele parou.
- Deixe essas vasilhas aí e vem amor, quero você agora - ele fez biquinho
- Hoje não. - eu disse séria
- Porque? - ele perguntou assustado
- Tô naqueles dias! - eu ri da cara dele
- Ah!!!! Que saco em amorzinho - ele fez biquinho de novo
- Né? Você nem imagina como é ruim! - eu disse
- É verdade. Tudo bem amor, espero. - ele me beijou e voltou para o sofá
Continuei lavando a louça e quando acabei, Pedro estava dormindo no sofá. Desliguei a televisão e subi para o meu quarto, me deitei sem preocupar com a hora de acordar, afinal hoje era sexta feira. Amanhã não tinha aula e eu não tinha faxina para fazer hoje e, talvez por isso meu sono foi tão bom.
Acordei quando já era quase hora de Malhação, senti fome. Aproveitei para ir a cozinha, fazer um lanche e ficar por ali mesmo, assistindo. Desci as escadas um pouco sonolenta ainda e avistei Pedro ainda dormindo no sofá, na mesma posição em que tinha visto ele mais cedo. Não quis acordá-lo, então fui para a cozinha e fiz um sanduíche e abri uma lata de Coca Cola e me sentei no pedacinho do sofá em que o Pedro não ocupou e liguei a TV.
Quando malhação já estava quase no final Pedro acordou e tomou o resto do meu refrigerante. Assistiu o resto comigo e depois foi tomar um banho, eu estava deitada no sofá quando Pedro desceu e me lembrou que iríamos encontrar Ana e Matheus hoje mais tarde, para ir no tal barzinho. Me levantei correndo e fui para o chuveiro.
Tomei um banho e lavei meus cabelos. Saí do chuveiro, me enrolei no meu roupão e me sentei na frente do espelho, penteei e sequei meus cabelos, finalizei com uma prancha. Ele ficou lindo, estava super liso e cheiroso, tive essa certeza quando Pedro entrou no quarto, se aproximou de mim e os cheirou.
- Nossa amor, seu cabelo tá cheiroso - ele cheirava uma mecha
- Acabei de levar - eu sorri
- Estão lindos ok? Agora anda logo! - ele me apressou e saiu do quarto
Abri meu guarda roupas com a esperança de achar algo de cara pra vestir, porque eu já estava um pouco atrasada e não fazia idéia do que usar. Avisei minha saia preta justa e um tomara que caia rosa com estampa de florzinhas, achei perfeito e bem simples. Me vesti e procurei um sapato, achei uma sapatilha preta super pratica para colocar e que me deixava confortável até que meu celular tocou.
- Amiga, você vai de que? - era a voz da Ana
- Devo ir com a moto do Pe e encontrar vocês lá, porque? - eu perguntei
- Não boba, tô falando de salto ou não! - nós rimos
- Coloquei uma sapatilha, o que você acha? - eu perguntei
- Tira e coloca salto, lá é um lugar apropriado para o salto alto. - ela riu
- Ok então, até logo - eu disse
- Beijos - ela desligou
Joguei meu celular na cama e corri para o mesmo lugar onde eu estava, procurando qualquer sapato de salto. Achei um rosa bebê que combinava com minha blusa e logo o escolhi. Calcei os sapatos e fiz uma maquiagem mais escura, pois era noite de sexta feira, eu podia muito bem abusar do make né? Me perfumei, usei creme hidratante em minha pele e dei os últimos retoques no cabelo. Peguei uma bolsa preta pequena e coloquei dentro meu celular, o batom que eu tinha usado e umas notas que estavam na minha carteira, ouvi batidas na porta de novo e nem pedi para entrar, ja fui abrir e encontrei Pedro de bermuda, tenis e camiseta. Ele estava lindo, com os cabelos molhados e os braços do lado de fora. Eu queria rasgar aquela camiseta e fazer amor com ele ali, de tão lindo que ele estava, eu ia o elogiar mas ele o fez primeiro.
- Você tá maravilhosa, gostosa, linda! - ele me olhava de cima a baixo
- Digo o mesmo pra você amorzinho! - nós rimos e ele tentou me beijar
- Não amor, depois! Vai borrar meu batom - ele riu alto
- Mulheres.. - nós rimos
Descemos as escadas e meu pai estava jantando
- Onde você pensa que vai? - ele me olhou
- Vou pra um barzinho com o povo da escola e com o Pedro pai - dei um beijo na testa dele, sujando a de batom
- Divirta-se e não demore muito - ele disse
- Tá bom - eu saí pela porta
- Luiza, espera - ele disse
- Oi pai? - voltei para a sala
- Não beba - ele me olhou
- Tá bom pai! - fechei a porta
Fiquei esperando Pedro trazer os capacetes e a moto, por um segundo imaginei como meu cabelo iria se atrapalhar por causa do capacete, tentei afastar esse pensamento. Ele já veio em cima da moto e com o capacete no braço esquerdo, o peguei e subi, sem me importar com estar de saia. Afinal, não tinha nada ali que Pedro nunca tinha visto.
Enquanto Pedro pilotava, eu o perguntei se ele sabia onde era o tal bar, ele disse que sabia sim e que encontraríamos todos no bar. Chegando lá, haviam filas e filas de carro e, um pedacinho reservado as motos. Pedi para Pedro parar mais atrás para eu descer da moto sem que ninguém visse minha calcinha, por causa da saia. Ele estacionou junto a outras motos e eu desci, verifiquei e não tinha ninguém me observando. Arrumei a saia e ajeitei o cabelo por causa do capacete que quase conseguiu acabar com ele. Enquanto isso Pedro estava me olhando e ria baixinho com minha cara de brava com o capacete.
- Calma amor, ele não vai te morder, agora você eu não sei né - ele riu
- Morder não, mas acabar com meu cabelo ele consegue - eu disse entregando o capacete pra ele
- Tá linda e tá do mesmo jeito que saiu de casa amor! - ele disse, sorrindo
- Verdade? - eu disse
- Verdade meu amor, linda - ele me beijou
Ficamos nos beijando não sei por quanto tempo, até eu ouvir a voz da Ana
- Amiga, demorei? - ela se aproximava da gente puxando o Matheus
- Não, quer dizer, não sei - eu ri
- Como não sabe? - ela me deu um beijo no rosto
- Oi brother - Matheus cumprimentou Pedro
- Oi Lu - Matheus me deu um beijo no rosto
- Oi Pe, espero não ter demorado muito - An cumprimentou Pedro
- Não demorou Ana, relaxa - ele sorriu
- Vamos entrar então? - Eu disse animada
- Vamos, será que o povo já chegou? - Ana disse e começamos a andar
Chegamos na porta, um segurança alto e bem forte, que me deixou com medo só de me olhar revistou nossas bolsas e nos deixou entrar logo em seguida. Mal deu tempo de observar todas as pessoas do bar, ouvi uma pessoa chamar meu nome e quando olhei, estava toda a turma do colégio, algumas pessoas que eu conhecia só de vista e outras que, passaram a me cumprimentar. Eu acenei e fomos nos sentar com eles, comecei a reparar todas as pessoas que estavam na mesa e tive uma surpresa não muito agradável.
Aquele Felipe, chato, que derrubou meus livros e ainda tentou me agarrar estava lá. Dei graças a Deus quando vi que ele conversava com alguns amigos e não tinha me notado. Pedro puxou uma cadeira para eu sentar, Matheus fez o mesmo. Ana ficou do meu lado esquerdo e Pedro do meu lado direito, Matheus ao lado de Ana. Juntas nós cumprimentamos algumas garotas e alguns garotos que estavam no momento sem conversar com ninguém.
Pude parar e observar o bar depois de cumprimentá-los, era um lugar lindo! Todo de madeira, no momento tocava uma musica pop que não reconheci, mas era um ambiente bem legal de curtir com os amigos, realmente era um barzinho legal. Como nós tinham muitos outros adolescentes, também de grupinhos, curtindo. Pedi ao garçom uma Coca Cola e Pedro pediu uma dose de wisky com energético. Ana fez o mesmo pedido que eu, e Matheus o mesmo pedido que Pedro. Uns caras que estavam na mesa começaram a conversar com a gente, nos enturmando no assunto deles e lá nós ficamos, demos várias risadas, pedimos batata frita e Pedro e Matheus pediram mais doses. A conversa estava ótima, a música também. Ana me chamou para ir ao banheiro, me levantei e fui com ela. Usei primeiro e depois deixei ela usar, esperando ela do lado de fora até ouvir uma pessoa se aproximando
- Boa noite princesa - era Felipe, me deu um beijo no rosto
- Boa noite - me virei para o banheiro
- Tá brava comigo porque? - ele pegou em uma mecha do meu cabelo
- Quem disse que eu tô brava? - tirei sua mão do meu cabelo
- Me trata tão mal, só porque você é linda assim? - ele sorriu
- Te trato assim porque tenho namorado. - eu sorri cínica
- Cadê sua aliança? - ele olhou minha mão direita
- Não te interessa. - olhei pra frente novamente
- Ah se esse sortudo fosse eu, a primeira coisa que você teria era uma aliaça - quando ele terminou a frase, Ana saiu do banheiro e eu a puxei.
- O que foi amiga? - ela se assustou
- Vamos sair daqui - continuei andando
- Tá bom - ela veio atrás de mim
Sentamos novamente e eu fiquei em silêncio.
Quando Pedro e Matheus falavam de futebol com os meninos, Ana aproveitou para me perguntar o que tinha acontecido.
- Ah, aquele safado do Felipe me '' abordou '' na porta do banheiro - fiz aspas com as mãos, ouvi Ana rir
- É por isso que você quis sair de lá de qualquer jeito né? - ela ainda ria
- É, para de rir, não tem graça! - tentei ficar séria por 1 segundo e comecei a rir
- Ele tá lindo hoje né? - ela me cutucou e olhamos pra ele, e realmente ele estava lindo.
- É, ele é muito gato mesmo! Adoro loiros... - nós rimos, ele nos olhava
- Mas está com um moreno lindo também ok? - Ana sorriu
- É, e é ele que eu amo ok? - nós rimos e Pedro interrompeu a conversa
- Do que vocês estão falando em? - ele parecia animado
- Nada amor, estávamos falando de... - Ana me interrompeu
- Da decoração! Isso aqui é lindo né? - ela olhou pro Pedro e eu ri baixinho
- É verdade. Vamos jogar sinuca ? Nós 4? - ele perguntou
- Eu topo! - eu disse
- Eu também - Ana disse
- Claro que eu topo, vou amar ver a Lu e o Pedro perdendo pra mim - Matheus piscou
- HA, HA, HA. Então vamos - nos levantamos e fomos para a mesa de sinuca
Pude sentir Felipe me olhando até a hora em que saí da visão dele, e também pude ver que Pedro percebeu que ele me olhava pelo jeito com que ele Pegou na minha cintura e a apertou, e depois olhou para Felipe.
Fomos para a mesa de sinuca e começamos a jogar, eu e Pê contra Ana e Matheus. Estava muito divertido, eu e Pedro ganhamos duas e Ana e Matheus também. Íamos jogar outra para desempatar, mas o povo da escola ja tinha ido embora e já estava bem tarde, resolvemos ir embora mas no caminho, Ana nos convenceu para irmos todos para a casa dela, afinal ela estava sozinha, seus pais haviam viajado. Pedro se animou com o convite mas me preocupei com o que meu pai iria achar de eu chegar tarde em casa e não aceitei. Me despedi dos dois e fomos para a casa, Pedro não ficou com raiva nem nada, afinal ele conhecia meu pai, sabia que sobraria tudo pra ele. Chegando em casa, subimos para meu quarto.
- Foi legal né amor? - ele fechou a porta
- Foi amorzinho, muito bom o lugar - eu colocava o pijama
- Posso dormir com você hoje? - ele me olhou
- Você não acha perigoso? Meu pai ou sua mãe podem ver... - ele me interrompeu
- Relaxa, eu acordo mais cedo - ele chegou mais perto
- Então tá - eu sorri
Ele me beijou e me ajudou a arrumar a cama, que não era espaçosa pra nós dois, mas ele me abraçou e nos coube perfeitamente bem. Adormeci rápido e, quando acordei Pedro já não estava do meu lado. Tomei banho sem pressa e dei uma ajeitada no meu quarto sem muita pressa, afinal era sábado e eu não tinha planos para hoje a noite e nem para nenhuma hora do dia. Desci para tomar café e estavam todos na mesa, Pedro sorriu.
- Bom dia pra vocês - eu disse e fui em direção a geladeira
- Bom dia - ouvi meu pai e Pedro responderem
Peguei o suco e me sentei no sofá, ainda passava desenho, tentei prestar atenção neles mas Pedro se sentou do meu lado e só me olhava, isso tirou toda a minha concentração.
Eu tentava prestar atenção na TV, mas não conseguia evitar olhar para o Pedro do meu lado, que ainda me encarava. Sorri pra ele e fui para meu quarto, tentando achar alguma coisa pra fazer e ouvi batidas na porta
- Luiza me deixe entrar - era a voz da minha madrasta
- Pode entrar, está destrancada - eu disse
- Essas roupas aqui são suas e eu não vou passar - ela jogou algumas peças de roupa na minha cama
- Ah, tá - eu as recolhi
- Vê se para de deixar elas dentro do cesto para que eu as passe achando que são suas - ela aumentou o tom de voz, eu a observei
- Querida, eu não estou pedindo para que você passe minhas roupas, eu sei fazer isso sozinha - eu pisquei
- Então vê se da próxima vez tire elas do cesto - ela sorriu
- Tiro se quiser, o cesto é seu? - antes que ela respondesse eu terminei - Acho que é de todo mundo né? Será que dá pra sair do meu quarto? - eu apontei pra porta
- Mau educada igual sua mãe - ela disse baixinho indo em direção a porta
- Quem é você pra falar da minha mãe minha filha? - eu gritei, ela olhou pra trás
- Conhecia ela melhor do que você - ela sorriu
- Minha mãe era muito melhor que você, em tudo, por isso que você só conseguiu ficar com meu pai depois que ela estava morta! - eu disse em alto tom
- Sua vagabunda dobre sua língua - ela me deu um tapa na cara
Na mesma hora meu pai entrou pro quarto e me viu com a mão no rosto, Pedro também subiu e me olhava sem entender, minha reação foi sair correndo daquela casa, o mais rápido que eu pude.
Eu não conseguia parar de chorar, saí correndo pela porta e só ouvi a voz do Pedro gritando meu nome, mas não deixei que ele me alcançasse e só pensei em ir a um lugar: á casa da Ana. Meu celular tocava enquanto eu corria, eu não queria atender, na verdade eu não queria falar com ninguém. Eu ainda estava com o ódio em meu sangue lembrando daquela mulher que nunca gostou da minha mãe, que sempre tentou roubar meu pai dela, mesmo ela estando casada com ele e que só conseguiu depois que ela faleceu. Eu ainda chorava muito quando cheguei na casa da Ana, bati o interfone e ela me pediu para que a esperasse no portão.
- Amiga o que aconteceu? - ela me abraçou
Eu não consegui dizer nada, só conseguia chorar. Ana me colocou para dentro da sua casa e me levou para seu quarto, onde eu sentei na cama e com muita dificuldade consegui contar o que tinha acontecido.
- Amiga você pode ficar aqui quanto tempo precisar - ela me abraçava
Não sei quanto tempo ficamos abraçadas, mas foi tempo suficiente para que minhas lágrimas cessassem e para que eu pegasse meu celular, haviam várias ligações do meu pai e do Pedro, eu ainda pensava se as retornaria ou não.
- Será que eu aviso meu pai onde eu tô? - eu perguntei Ana
- Acho que sim amiga, ele deve estar preocupado. - ela me olhou
Na mesma hora liguei no celular do meu pai
- Pai - minha voz falhava
- Filha aonde você está? - ele estava realmente preocupado
- Tô na casa de uma amiga pai - eu disse
- Me passa o endereço, estou indo agora - ele estava ansioso
- Não - foi só o que eu consegui dizer
- Como assim? Passa logo - ele ficou nervoso
- Não pai, só liguei pra te dizer que estou bem e que amanhã conversamos. Te amo. - desliguei.
A ultima coisa que eu queria era preocupar meu pai, e eu tinha conseguido. Ficar sem ter notícias dele era como se tivesse faltando alguma coisa pro meu dia ficar completo, e eu sabia que ele sentia a mesma coisa.
Eu e Ana ficamos em silêncio, ela estava sentada do meu lado até a mãe dela bater na porta e nos chamar pra almoçar,a mãe dela chegou a se sentar e conversar um pouco comigo, tentando entender o que tinha acontecido. Mas ninguém entendia, ninguém que eu conheço passou pelo o que eu passei: perder a mãe e aguentar a mala da madrasta.
Pensei em nunca mais voltar pra casa, mas me veio a imagem do Pedro, mexendo no cabelo e sorrindo pra mim. E se eu nunca mais visse ele? Como seria? Eu aguentaria? Na mesma hora meu celular tocou, e era ele.
- Onde você tá amor? - fazia muito barulho
- Na Ana - foi só o que eu conseguir dizer e ele desligou
Não demorou muito para eu ouvir a buzina da moto dele debaixo da janela da Ana, não sabia se descia ou se pedia pra ele subir, mas antes mesmo de decidir isso Ana já tinha aberto a porta.
Eu continuei sentada, esperando Pedro entrar pela porta. Eu nem imaginava qual seria a reação dele, então não tive coragem de olhar pra ele quando ele a abriu, esperei ele vir falar comigo.
- O que você fez? - ele gritou
- O que eu fiz? O que sua mãe fez, que você quer dizer né? - eu disse com raiva
- Ela disse que você a irritou - ele me olhou confuso
- Ela também te contou que ela me deu um tapa na cara? - eu estava furiosa
- Não - ele parecia sem palavras
- Pois é. Agora você já está sabendo. - eu sorri e me virei
- O que aconteceu, me conte com calma - ele se sentou do meu lado
Eu expliquei tudo, cada detalhe do que ela disse e do que eu falei, ele só me escutava com um olhar compreensivo até que eu terminei.
- Mas você não precisava ter falado isso com ela né amor - ele me olhou
- Olha, eu sei que ela é sua mãe e que você tem que defender ela, mas me falar que eu fui errada, depois de ela ter enchido meu saco? Pelo amor de Deus Pedro! - eu disse
Ele ficou calado, foi a primeira vez que eu chamei ele de Pedro desde que a gente está junto. Acho que isso deixou claro que eu estava nervosa e que nada que ele diria me acalmaria.
- Tá ok amor, vocês duas que se entendam. Vou ficar esta noite aqui com você - ele sorriu
- Aqui na casa da Ana? Não acho que seja uma boa idéia.
- Podem ficar, vocês dois são super bem vindos aqui - finalmente Ana disse alguma coisa.
Continuei sentada, tentando esquecer o que tinha acontecido e que tinha estragado totalmente meu sábado.
Ainda estávamos calados quando Ana deu a idéia de vermos um filme e logo Pedro topou. Ana chamou Matheus, que não demorou muito a chegar e assistimos á uma comédia romântica, com pipoca, chocolate e muito refrigerante. Pedro se deitou no meu colo e assistimos todo o filme naquela posição, demos várias risadas e eu consegui chorar com o final do filme. Por um momento, parecia que estava tudo perfeito. Mas só parecia.
Depois que o filme acabou, ainda fiquei deitada com Pedro, trocando carinhos e beijos, que por um instante eu pensei em largar por causa de uma briga boba. Sim. Uma briga boba, que com certeza teria conseqüências. Afastei o máximo que pude esses pensamentos ruins sobre o que aconteceria daqui pra frente e ajudei Ana a organizar nossa cama na sala.
Pegamos vários colchões e várias cobertas, que resultaram em duas camas de casal bem improvisadas, mas que dariam perfeitamente para uma boa noite de sono. Como ainda não era a hora de dormir, pois tinha acabado de começar a escurecer, jogamos baralho, fizemos várias brincadeiras e de tanta insistência da Ana acabei tocando violão pra gente no final da noite.
Eu tive inveja da Ana. Inveja boa, claro. Inveja da paz que ela tinha dentro de casa, de seu relacionamento com sua mãe e com seu pai. Todos viviam bem, felizes, ela não precisava esconder nada deles... Pelo menos era o que parecia. Perceber isso só me fez sentir mais falta da minha mãe, da MINHA familia e de todas as minhas amigas da outra escola. Mas durou pouco, porque olhei pra frente e vi Pedro, sorrindo e brincando com Matheus, uma cena que me fez sorrir também. E a Ana, que me abrigava na casa dela esta noite, porque realmente se importava comigo, minha amiga. É, pensando bem eu tive sorte de conhecer essas pessoas e delas terem se tornado tão especiais em pouco tempo. O que seria de mim sem a Ana ? Aonde eu estaria uma hora dessas se não fosse ela ? Não quis imaginar.
Ela me chamou para ir ao seu quarto e me emprestou um pijama lindo, todo branco com bolinhas azuis. Me troquei e voltei pra sala, onde Pedro já estava deitado e com um short que provavelmente era do Matheus, ou do pai da Ana. Não perguntei, só me deitei ao lado dele.
- Vocês estão bem aí ? - Ana perguntou
- Sim amiga, obrigada viu? - eu sorri
- Nada, agora eu e meu love vamos pro quarto - ela piscou, nós rimos
- Boa noite - Matheus disse
- Boa noite gente - Pedro respondeu
- Boa note - eu disse
Ana e Matheus saíram da sala e foram pro quarto, o pai e a mãe de Ana já estavam em seus quartos.
- Estranho como as coisas acontecem, ontem tava tudo tão bem... - ele me fazia carinho
- É né... Mas não podemos fazer nada amor. - eu o olhei
- Eu posso, posso te pedir desculpas pela minha mãe. Ela é uma boa pessoa só que as vezes ela... - ele disse e eu preferi terminar a frase
- Ama meu pai demais. - eu sorri
- É... Demais... - ele me puxou pra perto dele
Nos beijamos devagar, enquanto minha mão alisava seu braço e seu rosto. Eu queria gravar na minha memória aquele momento, aquele beijo e aquela pele. Vai que acontece alguma coisa de novo e eu tivesse que me mudar pra longe dele? Não restariam nada, só as lembranças... Eu precisava daquilo, eu precisava sentir aquele cheiro, aquele gosto, aquele toque porque eu literalmente não sabia o dia de amanhã. Não demorou muito para começarmos a fazer amor, bem baixinho ele sussurrava palavras de amor no meu ouvido e tampava minha boca, me impedindo de gemer ou gritar qualquer coisa que acordasse os pais da Ana ou ela e o Matheus. Não demorou muito para chegarmos ao clímax, mas também não podíamos ficar fazendo amor por muito tempo. Foi muito gostoso e enquanto ainda estávamos ofegantes ele me jurou.
- Eu sempre vou te amar, tá? - ele me beijou.
Adormecemos. Quando acordei, Ana já havia acordado e estava tomando café com Matheus no sofá. Acordei o Pedro antes mesmo de me levantar, dei bom dia aos meninos e fomos para o banheiro. Ana já tinha preparado tudo, tinham 2 toalhas e 2 escovas de dentes, daquelas que sobram na compra do mês, sabe? Tomamos um breve banho, me troquei no banheiro mesmo e coloquei a roupa que eu havia chegado na tarde de ontem. Acho que Pedro também fez o mesmo, não reparei.
Tomamos café junto com Matheus e Ana, e escutei meu celular tocar. Já tinham várias ligações do meu pai, acho que ele estava desesperado por notícias, pois meu pai nunca foi de me ligar tanto assim. Retornei e ele atendeu.
- Oi pai - eu disse
- Oi filha agora você pode me falar onde você está? Onde passou a noite? Com quem? Pedro também não dormiu em casa, estamos preocupados - ele atropelava as palavras
- Nós dormimos na casa da Ana. - foi só o que consegui dizer
- Ana? Aquela sua amiga? O Pedro também? - ele continuava afobado
- Sim pai, Pedro dormiu aqui também. Ele passou a tarde com a gente e já estava muito tarde quando ele quis ir embora, então Ana preferiu que ele dormisse aqui. Pra mim ele tinha avisado - olhei pra Pedro
- Ah então tudo bem, vou avisar a mãe dele. - ele estava calmo
- Tá. - eu disse, ficamos calados por um instante
- Será que dava pra você ir daqui a pouco na nossa padaria pra gente conversar filha? Acho que... - ele disse e eu o interrompi
- Claro pai, te encontro la as 11. - eu disse
- Ok, beijo - ele disse
- Beijo - eu desliguei
Quando meu pai dizia ' nossa padaria ' eu já sabia de onde ele estava falando. É a nossa padaria preferida, onde sempre tomávamos café da manhã antes dele se casar, ele ia pro serviço e eu pra escola. Eu realmente sentia saudades da padaria então me empolguei com a idéia e fiquei pensativa por um segundo, não ouvi o que Pedro tinha dito.
- Luiza, tô falando com você - ele me olhava
- Oi amor, repete desculpa. - eu sorri
- O que o seu pai queria? - ele perguntou
- Ele quer me encontrar na padaria - eu disse
- Padaria? Que padaria? - ele parecia confuso
- Uma padaria que a gente frequentava, perto da minha casa antiga.. Estou indo pra lá agora - eu me levantei da mesa
- Quer que eu te leve de moto? - ele perguntou
- Não amor, pego um ônibus e tá tudo tranquilo. - eu dei um selinho nele
- E eu? Fico aqui? Ou vou pra casa? - ele disse e todos nós rimos
- Vai pra casa, sua mãe tá preocupada! Meu pai quem disse! - eu sorri
- Tá bom, mais tarde te ligo - ele se levantou e me beijou
Enquanto nos beijávamos escutava Matheus nos zoar, falando que não era obrigado a ver aquilo de manhã. Só rimos, me despedi de Ana com um grande abraço.
- Muito obrigada amiga, fico te devendo essa. - quase deixo uma lágrima escorrer pelo meu rosto
Saí pela porta e fui ao ponto de ônibus. Ana parecia um anjo, um anjo que Deus colocou na minha vida pra me ajudar a superar certas coisas, pra conhecer o real valor da amizade, não sei como, mas sei que um dia vou conseguir compensar tudo que ela fez por mim.
Peguei o ônibus, desci no meu antigo bairro e fui em direção a padaria.
No caminho, avistei uma menina muito parecida com uma amiga minha que morava ali por perto, mas não imaginei que fosse ela, pois quando ela se virou, estava com uma barriga enorme. Estava grávida. Fui me aproximando e parece que ela me reconheceu, ela sorriu e eu sorri também, ainda em dúvida se era ela ou não.
Quando cheguei mais perto, consegui identificar. Era ela mesmo, ela estava acabada! Os cabelos estranhos, o rosto envelhecido e parecia ter engordado uns 20 quilos. Não acreditei quando eu vi. Ela me abraçou
- Amiga que saudade de você - ela disse
- Ju? É você mesmo? - eu disse, ainda abraçada com ela
- Sim, estou bem diferente né - ela riu
- Nossa, muito! - tentei não parecer muito assustada
- Estou mais... redonda! - ela passava a mão na barriga
- Nossa amiga, ninguém me avisou que você estava grávida! - eu sorri
- Estou, mês que vem o Ítalo já estará aqui - ela alisava a barriga e me olhava
- Nossa que lindo nome amiga! E o pai, é seu namorado? - eu perguntei
- Não... É um cara que conheci numa festa - ela disse me olhando
- Ah...- fiquei sem reação
- Dei muita má sorte né? Mas decidi que vou ter o bebê - ela sorriu
- Isso Ju, meu pai tá me esperando ali na padaria, depois eu volto e passo na sua casa pra conhecer esse bebezão aí - eu alisei a barriga dela
- Volta mesmo, estamos com saudades. Mande lembranças ao seu pai - ela me abraçou novamente
Então entrei na padaria, meu pai estava sentando tomando o cappuccino que ele tomava sempre quando vinha aqui, á mesa já haviam meus pedidos, minha torta favorita e um copo enorme de Coca Cola. Dei um beijo na testa dele e me sentei.
- Oi filha, já fiz os seus pedidos - ele disse
- Tô vendo, que saudade dessa torta - comecei a comer
- Então... - ele me olhou, senti que o papo ficaria sério
- Então. - o olhei
- Não quero falar nada sobre a briga que teve lá em casa. Só quero te avisar uma coisa. - ele me olhou sério, eu fiquei preocupada
- O que? - eu o olhava
- Nós vamos mudar. Eu e você. Ter nossa casa, como era antes. - ele sorriu
- Sério isso? - eu também sorri
- Sério. Olhei um apartamento perto da sua escola e já aluguei. É pequeno, dois quartos com suíte, um banheiro social, uma cozinha, copa e sala. Eu acho que tá ótimo pra gente. - ele sorriu
- Tá ótimo pai! - me levantei e abracei ele, ele ria
- Sai, ta todo mundo olhando - nós rimos
- E que dia mudaremos? - eu perguntei
- É só você ir pra casa e arrumar a suas coisas e já iremos. - ele disse
- E sua mulher? - eu o olhei
- Não vamos nos separar. Só de casa mesmo. Acho que vai ser melhor - ele disse
- Tô me sentindo culpada. - eu fiquei mal
- Não fique. Estou abrindo mão de uma coisa importante pra mim, meu casamento. Mas estou abrindo mão por uma coisa mais importante ainda, você. E ela entendeu. - ele sorriu
- Obrigada pai - o abracei, meus olhos estavam inundados de lágrimas.
Limpei elas antes que caíssem e ele percebesse que eu estava chorando, me sentei novamente e devorei a torta. Combinamos que eu iria lá em casa arrumar minhas coisas e já levar pra casa nova. Eu estava tonta com tanta informação e imaginava como seria morar longe do Pedro, eu não aguentaria só vê-lo na escola. Claro que ele poderia ir pra minha casa, mas meu pai iria saber, ou ver. Pensei que seria a hora de contar tudo que acontece comigo e com ele pro meu pai, e era isso que eu iria fazer.
Meu pai pagou a conta e fomos pra casa, a casa da minha madrasta. Senti um frio na barriga na hora que entrei, sabe aquela sensação de não ser bem vinda em um lugar? Então. Era isso que eu senti. Logo esse frio passou, vi o Pedro sentado no sofá e sorrindo pra mim. Sorri também e subi para o meu quarto.
Não tinha visto minha madrasta ainda, talvez ela estivesse trabalhando ainda, ou estava no quarto. Juntei todas as minhas roupas numa mala que ja estava na minha cama, tudo que era roupa foi pra mala. Só peguei em uma sacola as coisas que estavam no banheiro. Meu pai já havia até levado meu computador, dei falta da mesinha dele. Chamei o Pedro para que me ajudasse a levar a mala de roupa pra baixo, estava pesada e eu não tinha aguentado tirar ela do chão. Pedro chegou, e como se não estivesse pesando nada, levantou a mala e a levou. O acompanhei até o carro, ele colocou a mala no porta mala e se virou pra mim, sua expressão era triste.
- E agora? - ele me olhava
- Não sei - eu o abracei
Não sei por quanto tempo ficamos abraçados, só sei que paramos quando ouvimos meu pai descendo a escada. E como sempre, fingimos que nada de mais estava acontecendo. Quando estava. Eu estava prestes a me separar de Pedro e correr o risco de nem o ver direito novamente. Eu queria chorar, mas meu pai notaria. Então optei por ficar parada, olhando pro Pedro e ele olhando pra mim, como se a gente quisesse que a nossa memória gravasse cada traço do nosso rosto.
- Vamos Luiza - meu pai disse
- Vamos - eu desviei o olhar de Pedro
- Tchau mané, vou voltar pra te visitar hein? - meu pai olhava pro Pedro
- Pode deixar paizão, vou te esperar. Mamãe também. - ele sorriu
- Me liga - falei o mais baixo que pude
Entramos no carro e fizemos o caminho. Meu pai parou o carro na frente de um lindo prédio, com um supermercado em frente. Eu já conhecia aquela rua, eu passava por ela pra ir ao colégio.
Meu pai desceu primeiro e eu o segui, ele bateu interfone em algum apartamento e só disse: '' É o novo morador do 301 '' e a pessoa abriu.
Entrei calada, só olhando como o prédio era mais bonito por dentro do que por fora até pararmos na porta do 301. Meu pai pegou na maçaneta e me olhou
- Quer dar as honras ? - ele parecia animado
- Não pai pode abrir - eu ri da cara dele
Quando ele abriu, dei de cara com a sala. Era linda, realmente era um apartamento lindo. Estava todo mobiliado, ele entrou primeiro e me chamou
- Ei, o que achou da sala? - ele me olhava
- Nossa pai, é linda - eu sorri maravilhada
- Escolhi a cor azul porque sei que é sua preferida - ele disse
Parei pra reparar, os sofás eram brancos com as almofadas azuis, o tapete era azul e a estante branca.
- Nossa, vamos conhecer o resto - eu abri a próxima porta
- E essa é a cozinha! - meu pai disse
Era toda preta e branca. Tudo preto e branco. E os '' móveis '' de inox.
- Oh my god! - eu disse, ainda ríamos
- É linda né? Achei sua cara. Afinal, quem vai limpar tudo é você mesmo. - nós rimos
- Engraçadinho! Quero ver meu quarto - eu disse
Ele logo se passou na minha frente e me pegou pelo braço, me levando á outra porta.
- Esse aqui você pode fazer as honras. - ele disse
Eu abri a porta e, era meu quarto. Todo branco com uma parede azul, e a outra em frente ela toda de espelho, do jeito que eu sempre quis. Minha cama era de casal, e também estava com um forro branco. Meu guarda roupas era da cor da mesinha do meu computador, que já estava no canto do quarto.
- Pai, é perfeito! Como foi que você fez tudo tão rapido? - eu o olhei preocupada
- Já comprei mobiliado e só pintei algumas paredes de azul mesmo - ele riu
- Nossa pai - eu o abracei
- Agora temos nosso cantinho - ele riu
- É.. Cadê seu quarto? Quero ver - eu abri a porta em frente a minha
- Meu quarto é de patrão - ele deitou na cama
Era parecido com o quarto dele e da minha madrasta, só que mais sofisticado. Nem reparei muito, fui direto pro meu quarto arrumar minhas coisas.
Guardei algumas roupas na gaveta do guarda roupa e reparei que havia uma porta na qual eu não tinha entrado ainda, dentro do meu quarto. Quando abri era um banheirinho, pequeno mas perfeito pra mim.
- Pai, você não me disse que tinha um banheiro aqui - eu gritei para que ele escutasse
- Ah, esqueci desse detalhe - ele riu
- Detalhe. - eu disse
Continuei organizando minhas coisas, arrumei todo o meu novo guarda roupas e coloquei algumas coisas no banheiro. Ouvi meu celular tocar, era Pedro.
- Oi amor - ele disse
- Oi amor - eu disse
- Tá no apê novo? - ele perguntou
- Sim, tô arrumando minhas coisas - eu disse
- Nossa... Parece que tem alguma coisa faltando aqui, parece não, tem alguma coisa faltando aqui - ele disse, sua voz era diferente, era triste.
- Eu sei amor, mas não fica assim, a gente... - antes de eu terminar ele me interrompeu
- Dá pra gente se encontrar hoje? Aproveitar que hoje é domingo, não temos nada pra fazer e você já tá terminando de organizar suas coisas... Eu te busco aí de moto. - ele atropelava as palavras
- Tá amor, vem, você sabe onde é? - eu perguntei
- Sei, seu pai deixou o endereço aqui. - ele disse
- Tá, tô te esperando - eu falei
- Já há tô ai, beijo - ele desligou
Continuei arrumando minhas coisas em meu quarto, depois de umas meia hora o interfone tocou
- Olha, nossa primeira visita! Quem será? - meu pai brincou
- É o Pedro. Ele veio trazer uma blusa minha que ficou lá - eu menti
Desci a escada correndo e o encontrei encostado na moto, ele estava meio triste, aparentemente.
- Oi amor - dei um selinho nele
- Oi, tô mal - ele fez biquinho
- Porque? - eu o olhei
- A gente vai ficar tão longe... - ele disse
Eu o abracei, foi a única reação que eu tive.
- Precisamos contar pro seu pai - ele me olhava sério
- E pra sua mãe - eu disse
- Pra quem contamos primeiro? - ele sorriu
- Não, não é assim que as coisas funcionam Pedro. - eu o olhava
- Como é então? - ele me olhou confuso
- Vamos ter que arcar com várias consequências. Uma delas é um NAMORO. Você tem idéia do que é isso? Abrir mão de tudo, de sair, de ''pegar geral'' - eu disse
- Tenho idéia agora que estou com você. É isso que eu quero pra mim, eu te amo. E você, o que quer? - ele me olhava sério
- É claro que eu também quero. O que eu mais quero! - eu sorri
- Então, vou fazer o pedido direito. Você quer namorar comigo? - ele sorria
- Deixa eu pensar... - nós rimos
- Claro que sim né amor - o abracei
- Eu conto pra minha mãe, e você pro seu pai ok? - ele falou
Ficamos por um tempinho ali nos despedindo mas logo entrei de novo.
Quando cheguei no apartamento meu pai estava lutando para ligar a tv.
- Quer ajuda aí cara? - eu disse
- Na verdade sim, não entendo muito desses eletrodomésticos novos - ele riu
- É. Deu pra perceber pai - eu peguei o controle de sua mão
- Cadê a blusa ? - ele perguntou
- Que blusa? - eu o olhei normalmente
- A blusa que o Pedro veio trazer pra você, oras. - ele me olhava, fiquei sem palavras
- Ele... Ele esqueceu pai - eu tentei disfarçar
- Esqueceu? Mas ele não veio aqui só pra trazer a blusa? Como é que ele esqueceu Luiza? - ele me olhava confuso
- O Pedro é voado. - eu o olhava
- Você tá mentindo pra mim. - ele me olhava
- Não pai - tentei rir
- Está sim. Te conheço. - ele sorriu - O que está acontecendo? - ele parecia confuso
- Precisamos conversar pai - eu disse.
Logo depois me sentei no sofá e ele também se sentou, minhas mãos soavam e eu sentia que era a hora de falar pro meu pai. Não sei como fiquei, só sei que comecei a falar.
- Pai... Eu e o pedro... - foi só o que eu consegui dizer primeiro
- Você e o Pedro? - ele me apressou
- A gente tá ficando - eu o olhei
- Vocês estão o que? - ele me olhou confuso
- Já disse pai - virei o rosto
- Você tá ficando com seu irmão? - ele me olhava
- Ele não é meu irmão pai, você sabe! - eu estava frustrada
- Mas vocês nunca... Você é muito nova! Ele é muito velho pra você! E vocês faziam tudo pelas minhas costas? - ele ficou nervoso, não consegui segurar minhas lágrimas
- A gente tinha medo de contar pai! Eu não queria que você tivesse essa reação que a você tá tendo agora! - eu chorava
- E qual outra reação eu posso ter sabendo que minha filha e meu '' filho '' mentiram pra mim uma coisa dessas? Pra mim a gente não tinha segredo! - ele me olhava
- Mas a gente não tem! Só que eu não sabia como te falar! - eu gritava
- Não sabia? Era só abrir a boca e contar! Aposto que todo mundo sabe, menos eu - ele parecia chateado
- Ninguém sabe pai, nem sua mulher sabe. Ele vai contar pra ela também. - eu o olhava
- E ele quer o que? Te namorar? Porque você sabe que o Pedro não vale nada! Não vale o prato que come! - ele aumentou o tom de voz
- Não fala assim dele, ele mudou pai! - eu chorei ainda mais
- Não, não vem defender ele aqui não que você sabe como ele é! - ele apontou o dedo no meu rosto
- Era só isso que eu tinha pra falar com você - eu disse e me levantei
Corri o mais rápido que pude para meu quarto e tranquei a porta, fiz o mesmo de sempre: deitar na cama e chorar. Chorar muito.
Eu não esperava essa reação do meu pai. Burra. Claro que ele ia ter essa reação! Eu queria o que? Que ele achasse graça quando eu contasse? Tentei o entender e consegui. Mas minhas lágrimas ainda rolavam. Meu pai bateu na porta.
- Luiza abre a porta - sua voz era calma
- Me deixa ficar sozinha pai, por favor - minha voz dizia que eu estava chorando
- Tá. Ainda não terminamos essa conversa - o tom de voz dele era normal
Tentei parar de chorar, fiquei deitada pensando na conversa com meu pai e pensando em como as coisas iam ser daqui pra frente até que meu celular vibrou, era uma mensagem do Pedro assim: pronto, agora ela sabe que eu estou apaixonado por você e vou te fazer feliz. beijo
Fiquei feliz ao ver a mensagem, mas também fiquei preocupada. O que será que ela tinha achado disso? Afinal, eu e ela não éramos melhores amigas. Pior ainda, além de ter tirado o marido dela de casa, eu ainda namoro o filho. Creio que ela não tenha gostado muito. Não conti a vontade de saber e liguei pra ele.
- Amor o que sua mãe falou? - eu disse logo depois que ele disse alô.
- Ela gritou, berrou e chorou. Mas acho que entendeu. No final ela disse: se te faz bem meu filho, que você seja feliz. E depois me abraçou. Tô aqui fora tomando um ar, não foi fácil. - ele riu
- Nossa. - eu disse
- E seu pai? - ele perguntou preocupado
- Acho que também entendeu. Mas disse que esse assunto ainda não terminou. Vamos esperar um tempo. - eu disse
- Um tempo? - ele perguntou
- Sim, para eles aceitarem isso tudo. - eu disse.
- Mas e a gente? - ele perguntou
- A gente vai esperar. - eu disse
- Não vamos mais se ver? - ele perguntou novamente
- Claro que vamos. Estudamos no mesmo colégio, sabia? - eu ri
- Ah, mas só la? - ele lamentava
- Por enquanto sim. Acho que é o melhor agora amor. - eu falei
- É, acho que você tem razão. - ele disse
- A gente nunca tem certeza de nada né? - eu ri
- É. acho que nunca. - nós rimos
- Só não esquece que eu te amo, tá? - eu disse
- Eu também te amo meu amor, muito, não sei como só percebi isso a pouco tempo atrás. - ele disse
- É, perdemos um tempão né? - eu ri
- É verdade, perdemos muito tempo... Se eu soubesse que algum dia me apaixonaria desse jeito... - ele disse e eu interrompi
- Ia fazer o que em Pedro? - eu fingi estar nervosa
- Ia te agarrar quando você veio aqui em casa pela primeira vez - ele riu
- Ah sim. Você nem sabia o que era beijar, quem dirá me agarrar. - zombei dele
- Eu nasci com pegada. - ele se gabou
- Ah pronto! - eu ri
- E a casa amor? É legal? - ele perguntou mudando de assunto
- Apartamento né. É sim, super lindo - eu disse
- Vai ser melhor pra você, só não sei se vai ser melhor pra minha mãe. - ele disse
- É, eu sei disso. Não vamos entrar nesse assunto. - nós dissemos a última frase juntos e rimos
- Amor, vou terminar de organizar as coisas aqui. Nos falamos amanhã no colégio. - eu disse
- Vou te esperar ai na porta, afinal é meu caminho também. - ele disse
- Ok. - eu esperei ele se despedir
- Te amo. - ele disse alto, eu ri
- Também te amo, beijo. - desliguei.
Eu estava criando coragem pra sair do quarto, não sei se deveria mas senti vergonha. Estava sem graça pra olhar pro meu pai. Mas mesmo assim saí e fui ver se já tinha água na geladeira. Peguei um copo que estava no armário perto da geladeira e coloquei. A agua não estava muito gelada, acho que meu pai devia ter colocado a pouco tempo. Enchi meu copo e tomei. Quando me virei dei de cara com meu pai, fiquei sem reação.
- É, quero água também. - ele disse, enchi o copo novamente e dei pra ele
- Quanto tempo vocês estão juntos? - ele disse quando terminou de tomar
- Pouco tempo. 1 mes, por ai. - eu disse sem nenhuma expressão no rosto
- Ah. Acho bom ele vir aqui pedir sua mão, porque antes disso ele não vai namorar no meu sofá. - ele sorriu
- Você tá falando sério? - eu sorri
- Com essa condição. - ele me olhava sorrindo
- Sabia que você não ia me decepcionar! - abracei ele
- Tá, agora me deixa ir assistir meu futebol na minha tv nova. - ele foi pro quarto
- E eu vou pro meu, me olhar naquele espelho enorme - nós rimos
Entrei pro quarto com um sorriso de orelha a orelha, eu sabia que meu pai ia '' entender ''. A gente nunca ficou brigado mais que umas horas, algum dos dois sempre dava o braço a torcer. Só que eu imaginava que dessa vez seria diferente, ainda bem que não foi. Quando voltei pro quarto, liguei a tv e deitei. Até agora meu dia ainda tinha sido bem movimentado, eu só podia relaxar, afinal era domingo e amanhã tinha aula, acordar cedo, estudar, enfim. Tudo de novo. Pensei em contar pro Pedro que meu pai e eu já estávamos na boa, mas a preguiça falou mais alto. Acho que adormeci um pouco, quando acordei estava passando Fantástico. Continuei deitada, peguei meu celular e tinha uma ligação perdida da Ana. Retornei.
- Oi amiga - ela disse
- Oie, vi uma ligação sua aqui. - eu disse
- Que voz é essa? - ela riu
- Eu tava dormindo - eu disse
- E ai? Onde você tá? - ela perguntou
- No meu novo apê luxuoso tá, deitada no meu quarto LINDO. - eu ri
- Sério? - ela perguntou
- Sério. - eu disse.
- Como assim? Você saiu da minha casa hoje de manhã porque tava sem teto, e agora já tem ?
- Já amiga, meu pai comprou e tal - eu ri
- Ai que confusão! - ela riu
- E tem outra novidade. - eu disse
- O que? Sua madrasta pirou? - ela perguntou
- Ainda não. Contei do Pedro pro meu pai. - eu disse
- SÉRIO? - ela gritou
- Sério, e o Pedro contou pra minha madrasta. - eu ri de sua reação
- Me conta tudo. Agora. Detalhes. Tudo! - ela ainda gritava
Ficamos mais ou menos duas horas no telefone, eu contei tudo, detalhes, do jeito que ela pediu. Depois estava cansada de falar, meu pai me chamou pra jantar e acabei resumindo o resto pra ela. Jantamos a maior parte do tempo falando casa, ele não tocou no nome do Pedro, disse algumas coisas do trabalho dele e falamos de novo sobre a nossa nova casa. Depois lavei a louça da janta e fomos dormir.
Acordei com meu despertador e fui estreiar o meu banheiro, tomei um banho e me arrumei. Até maquiei um pouco, me deu vontade. Quando faltavam 10 minutos pra minha aula começar, desci e fui pra rua. Do outro lado da rua, sentado no meio fio estava um menino, com os cabelos arrepiados molhados, lindo e sorrindo pra mim. Era ele, meu Pedro. A cada dia que passa eu particularmente acho que ele fica mais bonito. Ou será que é amor demais? Ri de meus pensamentos. Ele se levantou, me deu um beijo e depois me abraçou. Pediu para que eu contasse da nova casa, e isso foi nosso assunto até a chegada no colégio. Alguma coisa me dizia que ele não queria falar sobre a conversa com sua mãe, e eu realmente não estava nem um pouco afim de saber.
- Te vejo no recreio senhorita? - ele me beijou
- Sim amor, boa aula - me despedi
Entrei pra sala e comprimentei Ana, conversamos um pouco até o professor chegar. Depois prestamos atenção na aula e quando dava, ela me contava sobre a ótima noite que teve com o Matheus.
Eu ria dela me contando os detalhes e da maneira que ela falava dele. Ela era realmente apaixonadíssima por ele, e ele por ela! Acho lindo o amor dos dois, acho que depois de mim e do Pedro, eles são o casal mais bonito que conheço.
Os três horários pareciam não acabar, mas quando graças a Deus acabaram, fui pro recreio e deixei Ana com Matheus e fiquei com Pedro, numa parte que estava mais vazia na escola. Sentamos debaixo de uma árvore e nos beijamos.
- Me fale uma cor - ele disse
- Hum... Azul. - eu disse
- Sem ser azul amor - ele riu
- Vermelho. Amo vermelho. - eu disse
- Uma fruta agora. - ele disse
- Morango - eu ri
- Hum... - ele disse
- Porque? - eu fiquei curiosa
- Por nada! Posso conhecer os gostos da minha namorada? - ele sorriu
- Ah sim. - eu disse
- Comida preferida. - ele disse
- Hum... A lasanha do meu pai - eu disse
- Bebida. - ele disse
- Ice. Mas se menor não puder beber, eu aceito um suco. - eu disse, ele riu
- Hum... Não quero imaginar você bebada de novo. - ele riu
- Porque? - eu o olhei
- Porque da ultima vez que você ficou, nós transamos. - ele riu
- Ah, e você não gostou nada né? - fui cínica
- Amei, mas imagina da próxima? Vai que é com outro cara? - ele riu
- Palhaço. - eu o bati e ele me beijou
- Porque dessas perguntas? - eu fiquei curiosa
- Deixa de ser curiosa. - ele disse
- Você não vai falar mesmo né? - eu perguntei
- Não. - ele riu
- Tá. Desisto. - eu disse
Me deitei no colo dele não sei por quanto tempo. Só acordei pra vida quando o sinal bateu.
- Deixa eu voltar pra minha sala né - eu brinquei
- Posso te levar em casa? - ele perguntou
- Quer conhecer minha casa? - eu sorri
- Como assim? - ele ficou confuso
- Espera. - tirei o celular do bolso e liguei pro meu pai
- Pai você vai almoçar em casa? - eu perguntei
- Não, ja tô no trabalho. Deixei a comida esquentada. - ele disse
- Isso que eu queria saber, tô com fome - eu menti
- Fiz macarrão. Sei que você gosta. Agora vou desligar, tô ocupado aqui filha. Vai estudar, bejo - ele desligou
- Hoje você vai conhecer minha casa - eu sorri
- Mas e seu pai? - ele perguntou
- Já foi trabalhar. - eu sorri maliciosamente
- Agora eu curti - nós rimos
Me despedi dele e fui pra sala, assisti as aulas e quando o professor não olhava, eu me virava e contava pra Ana da conversa que tive com Pedro, e que ele iria pra minha casa hoje. A aula acabou e fomos juntos, pelo mesmo caminho que viemos, pra minha casa.
Entrei na frente, para me certificar que meu pai não estava mesmo em casa. Fiz um sinal e ele entrou
- Nossa, que casão em - ele riu
- Curtiu né? - eu ri
- Demais, olha ele sofá! - ele se deitou no sofá
- Da até pra dormir - eu disse indo pra cozinha
Abri a geladeira tentando achar algo congelado e fácil de fazer pra gente almoçar, quando Pedro entrou e também elogiou a cozinha
- O que você tá procurando? - ele perguntou
- Algo pra gente almoçar - eu disse
- Ah não. Não quero almoçar - ele fez biquinho
- O que que você quer então? - eu disse fingindo estar nervosa
- Você. - ele sorriu
Gostei de quando ele disse e não pensei nem duas vezes para ir beijá-lo. Ele me carregou enquanto nos beijávamos e eu aproveitei para fazer um coque rápido no cabelo, o guiei até o meu quarto e quando entramos ele me jogou na cama. Deu uma olhada rápida no quarto e só conseguiu dizer: ele é lindo, mas prefiro você. E voltou a me beijar, quando já estávamos em extâse ele tirou nossas roupas rápido e começamos a fazer amor. Era lindo, lindo demais ver a gente pelo espelho!
- Olha como você é linda amor - ele disse em meio alguns suspiros
Continuamos, continuamos muito. Acho que só paramos porque estávamos exaustos e sem força nenhuma.
- Você sugou minhas energias - eu disse
- E você as minhas - ele riu
- Pena que a gente nem pode dormir, ja já meu pai chega - eu disse lamentando
- É verdade. Escondido é mais gostoso mesmo né amor? - ele riu
- Muito! - eu ri
- Vou passar a frequentar essa casa mais, só que quando seu pai não estiver. Aí a gente curte mais - ele mostrou a lingua
- Safado - ele me beijou
Ficamos deitados por pouco tempo, Pedro me deixou deitada e foi tomar um banho. Logo nos despedimos e ele foi embora.
Aproveitei pra fazer algo pra comer, eu estava com muita fome e o Pedro não quis comer nada. Quis comer outra coisa. Ri com meus pensamentos maliciosos e peguei uma lasanha pequena, congelada na geladeira. Coloquei no microondas e enquanto ficava pronta tomei um breve banho. Pensei em alguma coisa que eu não me preocupava mas que hoje me preocupou: a camisinha. A gente nunca usava, mas Pedro não deixava '' cair '' nada lá. Mas mesmo assim, vai que um dia ele esquece? Vou me lembrar de avisar ele pra da proxima vez a gente usar.
Fui pra cozinha e peguei a lasanha com um pano de prato e uma colher, levei ela pro sofá e liguei a TV. Já estava passando malhação e fiquei um pouco irritada por ter perdido, raramente eu perdia algum capitulo. Comi a lasanha inteira, antes de malhação acabar e ainda queimei a língua na primeira colherada, porque estava muito quente e eu não aguentei esperar. Terminei e fui dar uma ajeitada na casa, principalmente no meu quarto que estava um pouco revirado com a '' festinha '' que eu e o Pedro fizemos.
Meu celular tocou quando eu estava terminando de arrumar minha cama, era Ana. Achei estranho, ela nunca me ligava esse horário! Quase nunca me ligava. Ela estava chorando e, me pediu pra arrumar que a gente ia dar um passeio no shopping. Fiquei preocupada e logo concordei, me arrumei e avisei meu pai que estaria com ela no shopping. Vesti uma calça jeans e uma camiseta mesmo, e coloquei um salto baixo. Soltei o cabelo e me maquiei levemente.
Ela bateu o interfone e eu desci. Entrei no carro, no banco da frente estava o motorista e no banco de trás, ela. Me sentei e quando a olhei, só não pulei de susto porque achei que isso magoaria ela ainda mais. A maquiagem dela estava toda borrada, de tanto que ela chorava.
- O que aconteceu minha linda? - eu a abracei
- O Matheus - ela chorou ainda mais quando nos abraçamos
- O que ele fez? - perguntei
- A gente brigou feio - ela disse entre alguns soluços
- Porque amiga? Me explica! - eu disse
- Ah! Ciúme bobo! - ela ainda chorava
- Continuo sem entender - eu fiquei aflita
- Quando a gente descer eu te explico. - ela se virou
Acho que entendi o que ela quis dizer, essa última frase deu a entender que ela não queria que o motorista escutasse nossa conversa. Concordei e também me virei pra observar a cidade.
Quando chegamos, ela desceu sem falar nada e me pegou pelo braço mas, antes da gente entrar eu limpei com as mãos o borrado da maqueagem em seu rosto.
- Amiga esse foi o primeiro lugar que a gente saiu juntas, lembra? - ela disse
- Lembro amiga claro! - eu ri
- Foi tão legal né? - ela sorriu
- Foi, vamos comer o sanduíche de sempre de novo. Quase me esqueci do gosto, tem tanto tempo que não como - eu disse
- Claro! Tô com fome. - ela disse
- Mas primeiro vamos dar uma olhada nas vitrines, né? - eu fiquei animada
- Vamos agora! - ela riu
Andamos pelo shopping todo, por todos os andares umas três vezes, indo e voltando nas lojas. Chegamos a entrar e experimentar umas roupas, mas nenhuma de nós comprou nada. Enquanto estávamos andando, aquele menino da escola esbarrou em mim. Era incrível como eu sempre via ele, parece que ele me perseguia. Dessa vez ele não disse nada a não ser '' desculpa '' e sorrir. Fiz o mesmo e continuei andando.
- Nossa, e esse aí tá mais bonito a cada dia que passa. Que isso. - Ana olhou
- Sua safada! Tá vendo! Matheus tem mesmo motivo pra ter ciúme. - eu ri e ela ficou meio pensativa
- É né... Ele tem razão. Talvez eu não seja a garota certa pra ele agora. - ela disse
- Que isso? Tá louca? Claro que é amiga. Se você ama ele, e ele te ama, você é! - eu a olhei
- Então eu sou. - ela sorriu
- Tá, agora me conta o que aconteceu que vocês brigaram. - eu disse
- Ok, só vamos pedir nosso sanduíche e sentar. A gente fica mais a vontade. - ela disse
Concordei e pegamos nosso lanche, logo nos sentamos.
- Tudo começou com o motorista. - ela riu
- O que tem ele? - eu fiquei assustada
- Ah, eu liguei pra ele essa semana. Matheus viu a ligação e ficou com raiva. - ela disse normalmente
- Mas porque você ligou pro motorista? - eu perguntei
- Porque eu queria que ele me levasse a algum lugar, oras. - ela disse
- Mas ele fica na porta da sua casa 24h por dia, lembra? - eu a lembrei
- E daí? É proibido ligar pra ele agora? Tenho que descer toda vez que tiver de avisar pra ele pra onde eu vou? Nada disso. - ela disse e eu fiquei calada.
- Você quem sabe. Agora você sabe que o Matheus não gosta. - eu disse
- Não importa. Não tenho que sempre fazer as vontades do Matheus. Não é só porque ele não gosta que eu não tenho que fazer. Problema é dele. - ela disse
- Tá. Não tá mais aqui quem falou - eu disse e ela riu
- Eu entendo amiga... Só acho errado ele me julgar por isso e até brigar comigo! Ele sabe que eu não tenho coragem e nem vontade de trair ele. - ela disse
- Eu sei, mas mesmo assim. Não custa nada evitar né? - eu sorri
- É. Não custa. - eu ri
- E o Pedro hoje? Como ele estava? - ela riu
- Engraçadinha. Estava ótimo como sempre. - eu disse
- Me conta vai. - ela fez uma vozinha diferente
- Tá. - eu ri
Contei pra ela da minha ' tarde de amor ' com o Pedro. Ela adorava escutar eu falando do Pedro, eu sabia disso porque ela ria e ficava super empolgada. E ainda comparava o Matheus em alguns pontos.
- Que lindo! - ela fez uma cara feliz e logo ficou pensativa
- O que foi amiga? - eu ri
- Você não me chamou pra conhecer sua casa ainda! - ela fez biquinho
- Ah, eu preciso chamar? - eu perguntei
- Claro - ela riu
- Então, a senhorita está super convidada pra conhecer minha casa nova. Ok? - eu ri
- Ok. Posso ir pra lá amanhã? Tô mal com meu namorado e só tenho minha amiga agora - ela fez uma carinha triste
- Ô amiga, claro! - eu ri
Comemos e depois andamos mais um pouco no shopping. Não demorou muito para o motorista chegar e me levar pra casa, agradeci a Ana e relembrei ela de amanhã. Cheguei casa e meu pai já estava dormindo.
Tomei outro banho e fui dormir. Acordei com o despertador e senti aquela sensação de ter dormido um pouco mais, achei estranho. Olhei no relógio e eu ja tinha acordado algumas vezes e colocado no '' soneca: mais cinco minutos '' e quando me dei conta de que estava atrasada, me arrumei ás pressas.
Saí e não vi o Pedro, pensei que ele havia me esperado e que já tivesse ido então apressei o passo e entrei no colégio correndo, e, mais uma vez esbarrei em alguém e derrubei todo o material que estava com essa pessoa. Me ajoelhei rápido para a ajudar e não chegar atrasada na aula, até que ouvi a voz do Felipe.
- Tá vendo? Aqui se faz e aqui se paga. - ele riu
- Nossa, me desculpa - eu ainda recolhia o material que estava no chão
- Estamos kits agora, correto? - ele me olhou
- Correto. Tô atrasada, tenho que ir - entreguei os livros pra ele e andei
- Luiza, espera! - ele disse
- O que? - eu olhei pra trás
- Bom dia. - ele sorriu
- Bom dia - eu disse e continuei
Entrei na sala e pedi licença ao professor, e pra minha surpresa ele não me deixou entrar. Fiquei um pouco mal, mas me sentei perto da cantina e terminei algumas atividades pendentes da matéria dele.
- Posso me sentar aqui? - disse o Felipe
Eu não tinha reparado que ele estava vindo
- Claro, esse banco é público - eu sorri e continuei fazendo a atividade
- Você nunca vai me dar atenção né? - ele disse
- Eu tenho um namorado - eu disse continuando a atividade
- Não estou afim de você, só quero conversar. Ou será que você só conversa com seu namorado? - ele perguntou
- Pronto. Pode conversar.- eu coloquei a caneta em cima do caderno e olhei pra ele
- Tudo bem com você? - ele sorriu
- Tudo bem Felipe, é o seu nome mesmo né? - eu perguntei
- É. - ele disse
- Hum. - eu continuei fazendo minha atividade
- Você me acha uma pessoa ruim só porque derrubei seus livros, né? - ele me olhou
- Não. Só não acho legal dar em cima de garotas comprometidas. Agora de resto, não posso dizer nada, mal te conheço. - eu disse, continuando a atividade
- Felipe, 19 anos, terceiro ano do ensino médio, solteiro, sem filhos. - ele riu
- Desempregado? - eu perguntei
- Nunca trabalhei. - ele disse
- Hum. Papai banca tudo pra você. - eu ri
- Pra você também. - ele sorriu
- Mas eu só tenho 15 anos. Você já é de maior. - eu o olhei
- Já tenho carteira de motorista, e ano que vem começo uma faculdade. - ele sorriu
- Hum. Legal. - eu disse
- Seu namorado é da minha sala, suponho que ele também forme esse ano. - ele me olhava
- É. Tomara que sim. - eu sorri
- Você é linda. Com todo respeito. - ele disse, ainda me olhava
- Obrigada. Agora para de me olhar, tá me deixando sem graça - continuei a atividade
- Era mesmo a minha intenção! - ele riu
- Idiota - eu ri
- Idiota não! Um amigo agora - ele sorriu
- Modo de falar. Você não é idiota, não totalmente. - eu ri
- Palhaça! Todo homem é idiota. - ele sorriu
- É. Talvez. - eu o olhei
Ele era lindo mesmo, era até pecado eu admitir isso pra mim mesma, controlei meus pensamentos e desviei o olhar dele. Por um instante me senti culpada, mas como Ana mesmo dizia: estou namorando mas não estou cega. Eu ri com isso e o sinal bateu
- Do que você tá rindo? - ele me olhou
- Nada. Deixa eu ir pra minha sala. Foi bom conversar com você Felipe. - eu sorri e fui em direção a minha sala.
- Atrasadinha - Ana disse
- Oie - eu ri e me sentei
- Perdeu matéria nova, o que aconteceu? - ele se virou pra mim
- Me atrasei um pouco, coloquei modo soneca no celular - eu ri
- Nossa! Lerda. - ela riu
- Vai no meu barraco hoje? - eu perguntei
- Barraco não, mansão, né? - ela me olhou
- Apê. - eu sorri
- Vou, precisamos muito de uma tarde só nossa. - ela sorriu
- E você e o Matheus? - eu perguntei
- Ontem ele me ligou, conversamos um pouco mas nem tocamos no assunto CIÚMES DO MOTORISTA. - ela revirou os olhos
- Ai, que chatos. - eu ri
- Mas acho que vai ficar tudo bem. Espero. - ela me olhou
- Vai sim amiga - sorri
A professora entrou e prestamos atenção na aula. Quando bateu o sinal do recreio, antes mesmo de sair de sala Pedro me esperava do lado de fora.
- Bom dia minha princesa - ele me beijou
- Bom dia amor - eu sorri
- Porque atrasou ? - ele perguntou confuso
- Ah, dormi mais que a cama. - eu ri
- Ficou cansada ontem né? - ele mostrou a língua
- Fiquei. Andei muito no shopping com a Ana - eu sorri ironicamente
- Hum. Chatas. - ele fez biquinho
- Me ama - eu ri
Ficamos juntos no recreio e enquanto isso, Ana e Matheus estavam do outro lado do pátio conversando, sentados.
- O clima tá tenso entre os dois né amor - Pedro os olhava
- É... Eu não entendo eles - eu disse
- Eu não entendo é ela. - ele disse
- Porque? Ele que é muito ciumento. - eu o olhei
- Mas ela conhece ele, sabe que ele não gosta né amor - ele disse
- É amor. - não rendi
Mudamos de assunto e ele começou a falar de como as coisas estavam na casa dele. Quanto ao assunto da Ana e do Matheus não falamos mais nada, mesmo eu sendo muito amiga dela e ele sendo muito amigo dele, não nos metíamos no relacionamento dos dois. Mas eu, como amiga, tinha o dever de perguntar o que eles estavam conversando. Conti minha curiosidade até a hora do fim do recreio, despedi de Pedro e fui para minha sala ás pressas.
- E ai amiga o que você conversou com ele? - eu disse animada, me sentando
- Ah, a gente tá de boa agora. - ela sorriu, mas estava estranha
- Porque essa cara? - eu fiquei preocupada
- Não sei, juro que não sei. - ela me abraçou
Eu já não estava entendendo mais nada. Porque Ana estava estranha daquele jeito? Alguma coisa tinha acontecido. Quando o professor entrou, nos sentamos corretamente e assistimos a aula.
- Você vai pra minha casa hoje né? - eu perguntei, enquanto guardávamos o material
- Sim, só preciso pegar um livro pro trabalho de português ali na biblioteca - ela disse
- Por falar em livros, hoje eu conversei com aquele Felipe lá. - eu disse
- Aquele que derrubou todo o seu material uma vez? Gato? Do shopping? - ela riu
- É. Só que eu também derrubei uns livros dele hoje, estamos quites. - eu ri
- Nossa! Que estranho isso amiga - ela disse, debochando
- Porque? Boba! Como diz meu pai, aqui se faz aqui se paga! - eu ri
- É verdade. - o sinal tocou
Fomos pra biblioteca e pegamos o tal livro pro nosso trabalho, chegando em casa fiz uma lasanha no microondas e abri um refrigerante pra gente.
- Amiga, vou fazer mais uma festa. Mas essa vai ser diferente, quero que seje tipo um baile de máscaras! - ela fez um gesto engraçado com a mão
- Nossa, sem tentar interpretar a frase, já entendi! - eu ri
- Palhaça. Sério! Só preciso de um tempinho e de uma ajuda - ela disse
- Minha ajuda, você quis dizer. - eu disse, nos servindo
- É! Isso! Sua ajuda. - ela disse
- Tá amiga. O que tiver ao meu alcance eu faço - eu sorri
- Mas essa não vai ser fechada. Vou cobrar individual e vai poder entrar quem quiser, o que voce acha? - ela perguntou
- Ah. Você quem sabe! Tendo um segurança na porta revistando a galera, fica de boa! - eu disse
- É, pensei nisso também - ela disse
- Pra quando? - eu perguntei
- Ah, lá pras férias de julho da pra organizar - ela disse
- É. Faltam 2 meses e pouquinho pras férias, tempo suficiente - eu disse
- Então, só quero que voce faça a divulgação nas redes socias amiga, o resto eu arrumo fácil - ela disse
- Ok. Vou pensar em um flyer bem bacana pra mandar pra galera - eu sorri
- Isso. - ela disse
Assim que terminamos de comer, recolhi nossos pratos e arrumei a cozinha bem rápido. Enquanto isso Ana estava no meu quarto. Terminei e me deitei na cama. Ana elogiou a casa, disse que era linda e que era minha cara. O elogio dela me fez acreditar mesmo que o apê era bacana porque ela sempre teve tudo do bom e do melhor, quase não a via elogiar nada.
- O meu relacionamento com o Matheus tá cada dia mais entediante. - ela disse, se sentando na cama
- Porque amiga? - eu perguntei
- Sei lá. Você não entende. - ela disse
- Claro que entendo. Se você falar né? - eu ri
- A gente namora há muito tempo, sabe? Ele foi meu primeiro e único até hoje. Nosso namoro virou rotina. Não que eu não goste dele, eu amo ele! Como ele mesmo diz, a gente vai envelhecer junto. Mas por agora não sei se eu quero continuar.
- Nossa. Nem sei o que falar amiga - eu fiquei confusa
- É. Só me deixa desabafar tá? - ela riu - Eu tô na melhor fase da minha vida, meus 15 aninhos! Eu tenho que aproveitar enquanto eu posso, sabe? Eu quero sair, dançar, curtir, usar as roupas que eu quero. O Matheus implica até com minhas saias! Tô cansando. É com ele que eu vou casar, construir uma familia. Mas agora? Agora não. - os olhos dela se encheram de lágrimas
- Ô amiga vem cá - eu a abracei
- Eu quero mudar um pouco sabe - ela chorou
Ficamos abraçadas, as duas em silêncio. Eu entendi o que Ana estava sentindo, eu que não tenho nem três meses de '' namoro '' já sentia falta de sair sempre com as minhas amigas da minha outra escola, imagina ela que tem esse tempão de namoro? Mesmo entendendo ela, eu não tive coragem de falar nada. Nem um '' isso amiga, termina '' e muito menos um '' voce vai se arrepender ''. Fiquei calada, essa decisão é só dela. Ela quem tem que tomar.
- Me mostra suas maqueagens ? - ela disse, enxugando os olhos
- Claro amiga - eu sorri
Depois que eu peguei minhas maqueagens e mostrei a ela, o nosso assunto só foi esse. Ele me maqueou, eu a maqueei, rimos muito com nossas maqueagens. Fizemos as unhas e depois fizemos alguns penteados no nosso cabelo, depois, quando começou malhação, fiz uns mistos quentes pra gente e vimos juntas. Era um capítulo emocionante e a gente acabou chorando no final, o que fez a gente rir muito de nós mesmas. Foi uma tarde perfeita, logo depois que malhação acabou ela foi embora.
Logo depois que Ana foi embora fiquei no computador montando a divulgação pra festa que ela ia organizar. Fiz umas vinte montagens e dessas vinte escolhi cinco. Apaguei as outras e trabalhei mais nas que eu escolhi, fiquei bem empolgada com elas que nem vi o tempo passar, só ouvi meu pai batendo na porta.
- Filha, já cheguei - ele gritou
- Tá bom, tô com fome - eu disse
- Vou fazer algo pra gente comer, peraí - ele disse
Continuei trabalhando nas montagens e quando assustei meu pai estava com meu prato na mão, ele colocou em cima da mesa do computador e perguntou o que eu estava fazendo.
- Tô fazendo um favor pra Ana - eu ri
- Como assim? A melhor festa de todos os tempos? - ele leu uma montagem
- É, isso é a divulgação pra uma festa que ela vai fazer. Fiz esses cinco olha - mostrei pro meu pai
- Nossa, ficou bacana em! - ele disse enquanto olhava
- Qual deles você prefere? - eu perguntei
- Ah filha, não sei viu. Tô em duvida entre TODOS! - ele riu
- Eu também! Ai vida! - eu ri
- Olha, esse aqui com essas máscaras ficou show - ele apontou pra um
- É, gostei muito desse também. Ainda mais que a festa é um '' baile de máscaras ''. - eu disse
- Porque você não chama o Pedro pra te ajudar a escolher? - ele sorriu
- O Pe-Pedro? - eu gaguejei
- É. Ele aproveita e janta com a gente. É que a mãe dele tá vindo pra ca - ele me olhou
- Ah. Entendi agora! Liga pra ela e pede pra ele vir também pai - eu disse
- Tá, vou ligar agora. - ele saiu do quarto
- E eu vou tomar um banho - eu disse, conversando sozinha
Saí da frente do computador e fui tomar um banho. A minha ficha ainda não tinha caído. Pera, deixa eu ver se eu entendi. Meu namorado tá vindo pra minha casa jantar? Junto com a mãe dele? Que lindo! Por um momento eu ri e depois fiquei nervosa, imaginando o que meu pai ia falar com ele. Tomei um banho com gosto de ansiedade e quando terminei, coloquei um calça jeans e uma camiseta e soltei o cabelo. Não maqueei.
Continuei no meu quarto, sentada na cama, nervosa até que ouvi a porta abrindo e vozes que do meu quarto eu escutei.
- Oi amor - meu pai disse
- Cadê a Luiza? - minha madrasta perguntou
- E ai Pedrão - meu pai disse
Senti que era a hora de ir pra sala, me levantei junto com a minha coragem e fui. Do corredor eu já tinha visto o Pedro e aquele sorriso dele. Ele estava de bermuda, tenis e camisa. E adivinha? Também ajeitava o cabelo com as mãos. Ele se aproximou do corredor e beijou minha mão.
- Boa noite senhorita - ele riu
- Ai, vou chorar amor - eu o abracei
- Para com isso, seu pai vai achar que eu fiz alguma coisa com você - ele cochichou no meu ouvido
- É verdade - engoli minha vontade de chorar
Meu pai e minha madrasta estavam na cozinha, fui la e a cumprimentei.
- Você está bonita! Acho que essa mudança fez bem pra você - ela sorriu
- Obrigada - eu sorri
- Então quer dizer que, além de sua madrasta eu também sou sua sogra? - ela perguntou sorrindo
- É verdade! - eu ri
- O que tem pra janta? Tô com fome - Pedro disse
- Tô fazendo um macarrão e umas batatas fritas, sei que vocês adoram - meu pai disse
- Hum que delicia - eu olhei as panelas
- Você nem me cumprimentou direito amor - meu pai se aproximou da minha madrasta e eles se beijaram.
Eu e Pedro saimos de fininho e fomos pro meu quarto.
- Nossa, que quarto bacana - ele riu
- Como se você não conhecesse né - eu ri e ele piscou
Ele se sentou na mesa de meu computador e eu arrumei umas roupas que estavam um pouco espalhadas no chão do meu quarto.
- Que montagens são essas? - ele perguntou olhando para o computador
- Ah, são pra festa da Ana. Uma festa que ela vai fazer. Ficou legal? - eu cheguei perto dele
- Ficou muito bacana! Foi você mesma quem fez? - ele perguntou
- Engraçadinho. Claro que foi eu - eu disse
- Gostei dessa. - ele apontou uma
- A mesma que meu pai gostou - eu disse
- Você não vai ficar em pé aí né? Senta aqui. - ele me puxou e me sentou no seu colo
- Meu pai não vai gostar de me ver sentada '' aqui '' - fiz aspas com as mãos
- É verdade. - ele riu - gosto quando estamos sozinhos aqui. - ele disse.
- Também prefiro a gente sozinho - eu ri e me levantei
- Sabe amor, ontem eu marquei um teste num clube - ele disse
- Teste de que ? Natação? - eu perguntei
- Não amor, clube de futebol! Time! Sacou? - ele riu
- Ah ta! Desculpa - eu ri
- Lerda - ele riu
- Pra que dia? - eu perguntei
- Pra semana que vem - ele disse
- E se você passar? Vai ter que jogar no time deles? - eu estava confusa
- Claro né amor - ele disse
- Hum... Tomara que dê tudo certo - eu sorri
Ele se levantou e sentou na cama.
- Tô meio nervoso - ele disse
- Ai amor, relaxa! Você joga super bem - eu disse
- Mas não é tão fácil assim sabe? É tipo, complicado. - ele disse
- Você vai se sair bem. - eu sorri
Me sentei do lado dele e nos beijamos um pouco.
- Foi legal sua tarde com a Ana? - ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha
- Foi amor, muito - eu ri
- Matheus foi lá pra casa também, depois jogamos uma bola - ele disse
- Ah é? E o que ficaram fazendo lá? - eu perguntei
- Isso é curiosidade ou ciúme? - ele debochou
- Curiosidade. - tentei mentir
- Vimos um filme interessante - ele riu
- Filme pornô. - eu sorri
- Não né amor! Um de ação, que o pai dele alugou, ai ele só levou la pra casa. - ele disse
- Hum. - eu ri
- Você acha que eu preciso desse tipo de filme tendo você como namorada? -ele riu
- Hum... Acho viu amor. A gente nem consegue namorar igual antes, não moramos mais juntos - eu fiz biquinho
- É verdade. Preciso. - nós rimos
Ele começou a me falar sobre o tal clube, e até me mostrou umas fotos pelo computador. Ele estava super empolgado, apesar de eu não entender muito dessas coisas, fingia sempre entender e balançava a cabeça sempre que ele falava: entendeu amor? Era legal ver ele daquele jeito.
- Quero dar o meu melhor. Não, eu preciso dar o meu melhor. - ele disse
- Vai dar amor, agora relaxa. Vem aqui - eu o puxei para perto de mim e nos beijamos
Meu pai me gritou da cozinha e chamou a gente para jantar.
- Vamos parar amor, a gente tem que ir pra copa - eu falei enquanto nos beijávamos
- Vamos ficar só mais um pouquinho - ele me beijou
- Para menino, vamos agora - eu o puxei e nos levantamos
Meu pai já tinha forrado a mesa e colocado o '' prato especial '' em cima dela. A gente nunca tinha usado aquela mesa ainda, sempre nos sentávamos no sofá e comíamos vendo TV.
- Vamos jantar - Pedro se sentou
Me sentei do seu lado, meu pai e minha madrasta sentaram na nossa frente.
- Esse macarrão tá com uma cara ótima em pai - eu me servi
Comemos em silêncio, até meu pai perguntar o Pedro sobre o tal teste.
- Sua mãe me falou do teste, você está ansioso? - meu pai perguntou
- Nossa, muito. Só de pensar já me dá aquele frio na barriga. - ele respondeu
- Relaxa! Você joga bem, vai se sair bem. - meu pai disse
- Tomara, tem um tempão que eu tô tentando marcar esse teste e só consegui agora. - ele disse
- É verdade, já faz um tempo mesmo né filho? - minha madrasta disse
- É.. - ele disse
- Agora vai dar certo - eu sorri
- Vai sim amor - ele continuou comendo
Terminamos de comer calados, parecia que estava mesmo todo mundo com muita fome, terminamos até rápido demais pro meu gosto. Ou era só impressão minha, porque quanto mais o tempo passava, mais chegava a hora do Pedro ir embora. Meu pai e minha madrasta foram pro quarto dele e eu tirei a mesa.
- Você fica linda com essa calça. Com todo respeito. - Pedro disse enquanto eu lavava os pratos
- Engraçadinho. Obrigada mesmo assim - eu sorri
- Na verdade, você fica linda até com a mão cheia de espuma de detergente - ele chegou mais perto
- Ah, pode parar por aí tá? - eu ri
- Olha, fica linda até assim - ele passou um pouco de espuma no meu nariz
- Ah não Pedro! - eu peguei um pouco e passei no rosto dele
De repente já tinha virado uma guerra. Ele segurava meu braço e passava espuma no meu rosto e ria, eu também não aguentei segurar e comecei a rir. Também consegui passar um pouco no rosto dele, mas com certeza ele conseguiu sujar mais o meu. Quando me deparei, estavamos no chão da cozinha da minha casa, rindo muito e com a cara cheia de espuma.
- Você é um idiota - eu disse
- Um idiota que te ama demais - ele me puxou e me beijou
- Arg, sua boca tá com gosto de detergente. - ele disse
- Ah, e a sua não né? - eu ri
- Comemos detergente com essa brincadeira amor - ele limpava meu rosto
- É, e a culpa é sua! Vem amor - eu disse
Me levantei e o puxei pela mão, fomos pro banheiro do meu quarto e escovamos os dentes. Eu escovei primeiro, depois ele pegou minha escova e escovou também
- Você não tem nojo de usar a mesma escova de dente de alguém não? - eu perguntei
- Tenho - ele admitiu
- Então porque tá usando a minha? - eu ri
- Porque de você eu não tenho nojo né amor. Já coloquei minha boca em todas as partes do seu corpo. Principalmente na sua boca - ele riu
- É mesmo... - eu o olhava
Quando ele terminou, saímos do banheiro e ficamos na minha cama. Nos deitamos, eu fiquei deitada no peito dele e ele mexia no meu cabelo.
- Amor - eu disse
- Oi - ele respondeu
- Quando será que vai terminar nosso namoro? - eu perguntei
- No dia do nosso casamento né - ele riu
- Assim espero - eu disse
- Assim será - ele disse
Ficamos calados. Eu tentava gravar aquele momento na minha memória, cada detalhe. A cor da blusa dele, o perfume... Eu conseguia ouvir os batimentos do coração dele, por estar deitada com a cabeça em seu peito. Aquilo era tudo que eu queria, o Pedro na minha casa e todo mundo numa boa. Se melhorar mais, estraga.
- Ah amor! Já estava me esquecendo - ele se levantou
- O que? - eu perguntei assustada
- Olha o que eu trouxe pra você enfeitar seu quarto - ele sorriu e mexia no bolso da bermuda
- O que? - eu disse novamente
- Olha! A gente! - ele sorriu
Ele tirou do bolso da bermuda um pequeno porta retrato com uma foto nossa, escrito '' para sempre '' em baixo da foto. Uma que a gente tinha tirado lá em casa a um tempo atrás. Ele estava me abraçando por trás e nós dois sorriamos. Era a foto mais linda, e ficou mais linda ainda no porta retrato
- Nossa amor! Que lindo! - eu peguei da mão dele
- Achei que você deveria ter alguma coisa minha aqui - ele disse
- Nossa amei! Amei amei amei amor - eu o beijei
- Olha, coloca aqui - ele colocou em um lugar da mesa do computador
- Tá perfeito aí - eu disse
- Linda - ele sorriu
- Te amo - eu o beijei
Meu pai bateu na porta e avisou Pedro que sua mãe já estava indo. Nos despedimos umas mil vezes e depois ele foi embora. E essa foi a primeira noite em que eu dormi agarrada ao porta retrato que ele me deu.
Os dias se passaram, eu e Pedro ficávamos juntos na escola e no fim de semana vimos um filme no cinema. Estávamos sem tempo para sairmos, pois as férias se aproximavam e com elas, a semana de prova. Era recreio quando ele me lembrou do teste.
- Amor, meu teste é hoje - ele sorriu animado
- Sério? Nossa amor! Tá nervoso? - eu perguntei
- Ah. Um pouco. - ele mentiu
- Fala sério amor! - eu ri
- Tô muito nervoso amor, sério - ele riu
- Quer que eu vá com você? - eu disse
- Não precisa amor, se você for eu vou ficar mais nervoso ainda - ele disse
- É verdade. - eu disse
- Eu devo chegar lá pras 3, posso passar na sua casa ? - ele perguntou
- Claro amor! - eu disse
- Porque você é a primeira pessoa que eu preciso contar se passei ou não... - ele me abraçou
- Vai dar tudo certo. Vou te esperar então esse horário ok? - eu disse
- Ok. - ele confirmou
Voltei pra minha sala e assisti os últimos horários. Ana me contava como a relação dela e do Matheus tinha melhorado e como andava os preparativos para a festa. Fui embora sozinha e almocei, aproveitei pra dormir um pouco e coloquei meu relógio pra despertar meia hora antes do Pedro chegar.
O relógio despertou, acordei meio tonta e cansada ainda mas me levantei e fui pro banho. Enquanto eu ainda estava no chuveiro o interfone tocou, me enxaguei rápido e me enrolei na toalha.
- Quem é? - eu perguntei
- Eu amor - a voz dele era séria
Na hora que abri e fiquei o esperando subir na sala, fiquei tentando pensar o que dizer se ele não tiver passado. O que eu iria falar? Afinal ele era meu namorado. Eu precisava consolar ele de alguma forma, mas como? Não conseguia pensar em nada e pra piorar, meus pensamentos foram interrompidos com ele abrindo a porta. A expressão dele era triste.
- Amor - eu dei um selinho nele
- Oi - ele disse
- E ai? - eu sorri
- Amor... - ele abaixou a cabeça
- O amor... Essas coisas são complicadas mesmo... - eu disse
- Eu passei - ele me interrompeu e sorriu
- Sério? - eu gritei
- Sério amor! - ele me abraçou forte
- Sabia que você iria conseguir! Seu lindo! Sabia - eu fiquei feliz
- Nossa amor! É muita pressão. É muita gente te vendo jogar. Eu suava frio ou! - ele disse, seus olhos brilhavam
- Sério? Mas o que importa é que você passou! - eu o abracei
Ele começou a me beijar e fechou a porta com o pé, me carregou enquanto me beijava e eu senti a toalha cair. Que saudade daquela pegada, daquele colo. Chegamos no meu quarto e ele fechou a porta. Desci de seu colo e o ajudei a tirar a roupa, fomos pra cama e comemoramos da melhor forma possível a entrada do Pedro pro clube, fazendo amor.
Eu falava '' meu jogador '' e parecia que ele ficava mais animado. E feliz também. Terminamos exaustos e fomos pro chuveiro, eu ainda ria com as besteiras que ele falava no meu ouvido. Liguei o chuveiro e ficamos abraçados, a água caía e molhava todo o meu cabelo, e o dele também. Isso me lembrou a minha primeira vez.
- Amor, para - eu ria
- Você é muito linda, não consigo - ele me apertava
- Mas acho que teremos problemas. - eu o olhei
- Com o que amor? - ele ficou confuso
- Imagina se você fica famoso? Mil mulheres em cima de você. - eu abaixei a cabeça
- Se no Barcelona eu for camisa 10, me cobrir de ouro da cabeça aos pés, mesmo assim se isso acontecer, fico com você, fico com você - ele cantou
- Acho bom - eu ri
- Te amo como nunca amei ninguém, acredita nisso por favor amor. - ele pegou meu rosto
- Eu acredito. Eu te amo da mesma forma - nos beijamos
Fizemos amor de novo debaixo do chuveiro, depois nos banhamos e ficamos na sala vendo TV. Ele falou muito sobre o teste dele, e eu também estava muito curiosa pra saber os detalhes. Ele foi embora depois de Malhação e eu dormi um pouco depois.
Acordei com aquela sensação de ter dormido demais, olhei no relógio e ainda era 4:35 da manhã. Eu sabia que não ia conseguir dormir até a hora em que eu acordava pra ir pro colégio, então me levantei e tomei um banho. Terminei e já vesti meu uniforme todo, como eu ainda tinha muito tempo até a hora da aula resolvi me arrumar mais. Liguei a chapinha e enquanto ela esquentava me maquiei melhor do que nos outros dias e assim que terminei fiz uns cachinhos no cabelo com a chapinha e coloquei um brinco. Olhei no relógio e estava quase na hora, tomei um café rápido e saí, encontrei o Pedro sentado no passeio de casa, ele não me viu então me abaixei e tapei os olhos dele
- Adivinha quem é? - eu ri
- Hum... Deixa eu pensar - ele disse
- Fala - eu disse
- Pelo cheiro do perfume eu já sei quem é - ele disse
- Quem é então ? - eu ri
- E pela risada também... Minha pretinha linda - ele riu
- Oi amor - eu tirei a mão
- Você tá linda em? - ele disse
- Obrigada - eu sorri
- Você é linda, mas hoje tá mais linda ainda. - ele me beijou
- Tive muito tempo pra me arrumar hoje, acordei bem mais cedo - eu disse
- Não acredito que você dormiu depois que eu sai e só acordou agorinha! - ele riu
- Como você sabe? - eu perguntei
- Liguei pra lá, seu pai disse que você já estava dormindo
- Nossa. Eu apaguei mesmo em! - eu disse
- Claro, a gente se cansou muito - ele piscou
- É né - eu ri
Ele se levantou e fomos pro colégio, no caminho encontrei a Ana meio descabelada e com uma cara de sono.
- Que isso amiga? O que que aconteceu? - eu perguntei preocupada
- Acorde atrasada e vim o mais rápido que eu pude - ela riu
- Ah sim - Pedro riu
- Vocês viram o Matheus por ai? - ela perguntou
- Não, ele não deve ter chegado ainda - Pedro disse
- É amiga, relaxa. - eu ri
- Você tem alguma maquiagem na mochila? Preciso me arrumar - ela disse preocupada
- Tenho, quando a gente chegar vamos no banheiro e lá você se arruma tudo bem? - eu sorri
- Ufa! Tudo bem. - ela disse
- Aproveitando que vocês duas já estão aqui, vou falar com vocês de uma vez. Depois eu falo com o Matheus. - ele disse
- O que amor? - eu fiquei confusa
- Quero comemorar minha entrada pro clube em algum lugar... Tô querendo fazer uma festinha no terraço lá de casa sexta a noite. Vocês vão né? - Pedro perguntou
- JURA QUE VOCÊ PASSOU? - Ana perguntou
- Passei! - ele riu
- Nossa que ótimo em Pê! Particularmente eu e a Luiza sabíamos que você ia conseguir. - ela piscou
- É verdade - eu ri
- Obrigada puxa sacos! Mas vocês vão né? - ele perguntou
- Claro meu amor - eu sorri
- Claro! Fala com o Matheus na sala - Ana sorriu
Chegando no colégio eu e Ana passamos no banheiro e ela se maquiou. Depois fomos pra sala e assistimos as aulas e passamos o recreio com os meninos. Pedro e Matheus discutiam sobre o clube e eu e a Ana boiávamos no assunto. Acabou o recreio e voltamos pra sala, assistimos ás aulas e depois fui pra casa junto com o Pê. Nos despedimos durante uns trinta minutos e depois entrei.
Almocei e depois dei faxina na casa, Ana me ligou e me chamou pra tomar um sorvete aqui perto de casa mesmo. Coloquei um short e uma blusa e esperei ela numa pracinha perto de casa.
- Oi amiga - ela me comprimentou
- Chegou rápido - eu disse
- É, do nada me deu uma vontade de tomar sorvete. - ela disse
- Então vamos, a gente compra e depois volta pra cá. - eu sorri
- Ok - ela disse
Fomos pra sorveteria, pegamos um quilo de sorvete e duas colheres. Voltamos pra pracinha, sentamos em um banquinho e na nossa frente tinha um campinho de futebol, onde havia alguns meninos jogando bola.
- Imagina o Pedro jogador de futebol, famoso. - eu disse
- Muitas mulheres em cima dele - Ana riu
- É verdade. - eu disse
- Relaxa amiga. Não duvide do amor que ele tem por você, sério. - ela disse
- Eu sei... Mas sei lá, o que mais tem por aí é mulher mais bonita e mais gostosa do que eu. - eu disse
- Mas a única que ele ama é você. - Ana sorriu
- Amor... Um caso sério. - eu ri
- Né - ela riu
Felipe apareceu uns cinco minutos depois dessa nossa conversa e sentou do nosso lado. Desde que a gente conversou aquele dia na aula eu nunca mais tinha o visto. Ele estava de bermuda jeans e uma blusa preta, e o cabelo molhado.
- E ai meninas - ele nos deu um beijo do rosto
- Ei - eu disse
- Oi - Ana disse
- Onde você vai? - minha curiosidade falou mais alto
- Vou no shopping. Quer ir comigo? - ele sorriu maliciosamente
- Não obrigada. - eu peguei mais sorvete
- Então, já vou. Tchau pra vocês - ele se levantou e foi embora
- Meu Deus. Cada dia mais lindo. - Ana disse
- É. - eu concordei
- E cada dia te dando mais mole. - ela riu
- É - eu ri
- Esse aí com certeza deve te achar uma das mulheres mais gostosas e mais bonitas do mundo viu. - ela disse
- Coitado. - eu ri
- Coitado mesmo. Tão bonito e são solteiro! - Ana fez biquinho
- Safada, para com isso - nós rimos
- Agora falando sério... - eu disse
- O que? - Ana perguntou
- Dependendo do que vai acontecer daqui pra frente, eu e o Pedro podemos ficar bem distantes. - eu disse
- Distância que pode aproximar. - ela piscou
- Não sei não. Sei que isso é bom pra ele, é o sonho dele. Mas me preocupo com o que vai ser de nós daqui pra frente, sabe? - eu falei
- Te entendo amiga. Mas não fica enchendo sua cabeça com essas coisas não. Deixa acontecer - ela sorriu
- É né... - eu disse
Ficamos ali a tarde inteira e ela acabou indo pra minha casa ver malhação. Depois mostrei a ela as imagens que eu tinha feito pra tal festa e ela também escolheu a que o Pedro e meu pai mais gostaram. Quando ela foi embora, tomei um banho e fiz janta. Fiquei vendo TV até meu pai chegar, depois jantamos juntos e fomos dormir.
Na escola as coisas estavam as mesmas. As férias se aproximando, a festa se aproximando... Pedro já estava jogando como titular no clube, ele era meio de campo. Acompanhei ele em alguns jogos que foram na minha cidade mas em outros que eram em cidades mais distantes eu não ia. No ultimo jogo ele tinha feito os dois gols que garantiram a vitória do time na partida. Eu, Ana, Matheus, meu pai e minha madrasta fomos no estádio. Depois comemoramos em um barzinho que já tínhamos ido uma vez, jogamos sinuca e bebemos um pouco.
Tudo estava ótimo. Nas terças e nas sextas que ele não tinha treino depois da aula, ele ia lá pra casa pra '' namorarmos '' um pouco. Fui junto com a Ana alugar um vestido para a festa que já seria semana que vem. Alugamos numa lojinha pequena de fantasias no centro da cidade, dois vestidos. O meu era azul, pra variar. E o da Ana era salmão. Os vestidos eram do mesmo tamanho, compridos. Cobriam tudo, até nosso pé. O da Ana tinha mais brilho que o meu, mas também não era pra menos, ela era a anfitriã da festa. As máscaras alugamos na mesma loja, a minha era branca com uns detalhes azuis da mesma cor do vestido e a da Ana era toda salmão com brilho.
Numa sexta feira em que Pedro foi lá pra casa, já estávamos deitados na cama ofegantes e cansados, ele me conto que iria viajar para outro estado, pra um jogo do campeonato brasileiro.
- Quanto tempo você vai ficar fora amor? - eu perguntei
- Não sei... Acho que uma semana no máximo. - ele disse
- Será que você volta a tempo da festa? - eu fiz biquinho
- Não sei também amor, acho que não. Pena, porque já até aluguei minha máscara! - ele disse
- Ah não - eu resmunguei
- O amor... Você sabe que eu queria ficar, mas eu tenho que ir - ele me beijou
- Eu entendo amor... Tomara que você volte a tempo, vou rezar pra isso acontecer ok? - eu ri
- Isso mesmo meu amor - ficamos abraçados.
Segurei meu sorriso até a hora que ele foi embora. Depois liguei pra Ana.
- Alô - ela atendeu
- Você acredita que o Pedro vai viajar e não sabe se vai na festa? - eu disse nervosa
- Calma amiga. Me explica direito. - ela disse
- Ele vai viajar! Pra jogar bola! Vai pra outro estado essa semana e não sabe se volta até o dia da festa, acredita? - eu ainda estava nervosa
- Nossa. Mas amiga você sabe que é complicado esse negócio de jogar né.. - ela disse
- Já tô até vendo. Vai ser isso sempre amiga! - eu disse
- Ele sabe que você tá bolada ? - ela perguntou
- Não. Não demonstrei que fiquei com raiva, mas creio que ele imagina. - eu falei
- É. Não demonstre mesmo, isso é importante pra ele. Ainda mais agora que ele tá sendo mais conhecido, ele precisa continuar sabendo que você tá apoiando ele, entende? - ela disse
- É... Você tem razão. - eu disse
- É, e vamos aproveitar a festa do mesmo jeito. Te garanto ok? - ela disse
- Ok. - eu ri
- Fica bem. - ela disse
- Tá bom amiga. Beijos. - eu desliguei
Á noite fiz a mesma coisa de todos os dias. Esquentei a janta, vi TV e jantei junto ao meu pai. No outro dia não encontrei o Pedro no caminho do colégio mas encontrei Felipe,
- Oi oi - ele andou do meu lado
- Oi - continuei andando
- Cadê aquele seu namoradinho? - ele perguntou
- O meu namorado, que você quer dizer né? - eu o olhei
- Você entendeu. - ele piscou
- Não sei, ele não estava na porta de casa hoje. Deve estar atrasado. - eu disse
- Hum... Olha, não vou falar nada mais com você. Vamos calados daqui até o colégio, só pra ver se você gosta mais de mim, ok? - ele sorriu
- Ok - eu ri
Fomos calados até o colégio, ele só disse '' tchau '' quando entrei pra minha sala, sorri pra ele e me sentei.
- Bom dia, já vi que você veio acompanhada. - Ana riu
- É - eu disse
- Ou melhor: bem acompanhada. - ela continuou rindo
- Da pra parar? - eu a olhei
- Tá bom nervosinha - ela riu
- Chata. Você viu o Pedro por ai? - eu perguntei
- Vi. Já está na sala. - ela disse
- Ah... - eu concluí
Quando bateu o recreio Pedro já me esperava na porta da sala, nos beijamos por um tempo sem falar nada. Eu já estava esperando o que ele ia dizer.
- Amor... - ele disse
- Você viaja hoje, né? - eu sorri
- É... Depois do almoço - ele abaixou a cabeça
- Tudo bem amor, então vamos aproveitar o tempo que a gente tem, porque agora só semana que vem né? - eu fiz biquinho
- É... - ele me beijou
Nos beijamos durante todo o recreio, num cantinho escondido da escola, até o sinal bater e um pouco mais. Ana teve que me chamar, depois fomos pra sala. Meu coração estava apertado, e eu já estava com saudades.
Quando o sinal bateu fomos embora juntos pelo mesmo caminho de sempre, ele me deixou na porta de casa.
- Boa viagem amor, e cuidado viu? - eu disse
- Pode deixar, eu te telefono. - ele disse
- Ok. - eu o beijei
- Te amo tá? E juízo. - ele me olhou
- Tem de sobra, você sabe - eu ri
- Eu sei. - ele me beijou
- Te amo também. - eu disse
- Agora deixa eu ir amor, porque se depender de mim eu fico te beijando pelo resto da minha vida! - ele riu
- É mesmo! - nos beijamos
Depois ele foi embora. Subi as escadas com os olhos úmidos e com o coração apertado. Fiz meu almoço e depois dormi.
Os dias se passavam devagar, estudei mais do que vivi e fiz algumas provas de fim de bimestre. Pedro não conseguia me ligar de onde ele estava, então trocávamos mensagens de texto praticamente o dia inteiro. Ele não sabia o dia que viria embora e eu também não quis demonstrar pra ele que eu estava morrendo de saudade, e na verdade eu estava. Morrendo de saudade.
Quando o fim de semana da festa da Ana chegou, ele ainda não sabia se iria embora! Perdi todas as esperanças dele ir comigo mas não me desanimei. Vou pela Ana, eu pensava. Tomei banho e sequei o cabelo com um secador, depois fiz cachos com a prancha. Fiz uma maquiagem preta com azul e coloquei o vestido. Calcei uma sapatilha, como meu sapato não aparecia pois o vestido tampava, achei desnecessário colocar algum tipo de salto. Deixei a máscara por ultimo, quando já estava quase pronta meu pai pediu para que eu avisasse quando quisesse ir.
- Já podemos ir. - eu disse
- Você está bem meu amor? - ele perguntou
- Sim. Porque não estaria? - eu o olhei
- Porque o Pedro não está indo com você. - ele disse
- Estou bem pai. Vamos. - peguei minha máscara
Pegamos o carro e fomos pra onde seria a festa. Era um pouco longe do meu bairro, mas não me importei com isso. Na hora de voltar eu dava um jeito, ligava pro meu pai. O que estava me matando mesmo era a saudade. E até agora eu não tinha recebido nenhuma mensagem de texto dele, isso me matava. Me deixava mais aflita ainda.
Quando chegamos Ana estava na porta, recebendo os convidados. Era uma casa linda, branca e enorme. Um jardim onde estavam umas tochas acesas e uma piscina nada discreta em frente a casa. Já estava bem cheio quando cheguei.
- Obrigada pai, qualquer coisa eu ligo no seu celular. Ou volto com a Ana - eu dei um beijo no rosto dele
- Cuidado. E aqui... - ele disse
- O que? - eu o olhei
- Você tá uma princesa - ele riu
- Bobo - eu ri
Desci do carro e entrei. Ana estava linda, estava do jeito que eu imaginei que ela ficaria. Ela aproveitou pra entrar junto comigo.
- As próximas pessoas que chegarem o segurança libera - ela piscou
- Está tudo lindo amiga. - eu sorri
- Tô te achando meio deprê... - ela me olhou
- Impressão sua. - eu tentei sorrir
- Pedro né... Ele ainda não chegou - ela me olhou com cara de pena
- É. - eu concluí
- Relaxa amiga, relaxa - ela sorriu
Pegamos uma bebida e como sempre, comentamos sobre as pessoas. Todo mundo estava elegante, as meninas da escola estavam lindas, os meninos também... E parecia que todo mundo estava se divertindo horrores.
Enquanto ainda conversávamos, Matheus chegou e nos cumprimentou. Ele não estava de terno, estava de smoking e com a máscara na mão.
- Oi gatinha cadê o Pedro? - ele me olhou
- Acho que não vem. - eu disse
- Mas ele... - ele disse
- Cala boca Matheus, ele não vem. - Ana o olhou
- Ah é! Que chato em... - ele riu
Não entendi o motivo do riso dele. Era engraçado eu ficar de vela pros dois? E como se não bastasse eles se beijaram, o que me fez sair de perto deles e pegar outra bebida. E outra e depois outra. Eu me sentei e só observei as pessoas dançando, todos se divertindo muito e alguns garotos tentando se dar bem com umas meninas da escola. O que me fez rir um pouco.
Sem que eu percebesse, um garoto de terno e com uma máscara preta se aproximou de mim. Só senti sua mão em meu ombro e olhei.
- A senhorita está sozinha? - ele disse
- Sim. - desviei o olhar pra pista de dança de novo
Começou uma musica mais lenta, e de repente a pista de dança estava cercada de casais.
- Me dá a honra de dançar com você? - ele pegou minha mão
- Olha eu tenho namorado. - eu disse
- Só uma dança. - ele riu
Me levantei e fomos pra pista. Começamos a dançar em silêncio até ele começar a falar.
- Onde seu namorado está? - ele perguntou
- Ele foi jogar bola em outro estado e não voltou a tempo. - eu olhei pra baixo
- Ele é muito sortudo, você é linda. Pelo menos parece linda com essa máscara - ele riu, a voz era familiar
- Ele acha - eu ri
- Todo mundo acha - ele riu
Quando ele riu, eu reconheci aquele sorriso e automaticamente sorri também.
- Eu acho que você também está um pouco bêbada né? - ele continuou sorrindo
- É... Tô até te confundindo com uma pessoa - eu ri
- Com quem? - ele me olhou
- Esquece... - eu disse
- Com seu namorado? - ele perguntou
- Bobagem minha - eu disse
Continuamos dançando até a musica acabar e depois a pista voltou pro pique de antes. Ele continuava me olhando e sorrindo, e isso me deixava sem graça. Quando me virei para voltar pra onde eu estava sentada, ele puxou meu braço e me virou
- Não vai nem perguntar meu nome? - ele sorriu
- Não. - eu me virei e ele me puxou de novo
- O que foi menino? - eu fiquei nervosa
- Sou eu amor. - ele tirou a máscara
Era o Pedro. Meu coração acelerou de repente e nós sorrimos. Demorou uns dez segundos para eu cair na real e lembrar que eu já tinha bebido demais.
- Acho que to tendo uma alucinação - eu disse
- Sou eu amor, olha! - ele ria
O olhei durante pouco e tempo e o beijei, e que saudade...
- Não acredito - eu ri
- Nossa que saudade! - ele me abraçou
- Você só pode estar querendo me matar do coração, sério! - eu disse
- E você já tomou uns drinks né amor? - ele riu
- Um pouco. Sabia que é um tédio vir sem o namorado pra uma festa? - eu disse
- Sabia, eu que o diga... - ele disse
Por um tempo só ficamos abraçados, enquanto a festa rolava. Era como se tudo que estivesse em nossa volta não existisse mais.
- Porque não me avisou que você viria amor? - eu perguntei
- Ah... Todo mundo já sabia, eu só queria fazer surpresa. - ele sorriu
- Hum, agora eu entendo o estranho comportamento da Ana e do Matheus - eu ri
- Idiotas, não era pra dar nem uma mancada! - ele riu
Ana e Matheus chegaram atrás de nós.
- Tô vendo que já rolou aquela surpresa né? - Ana riu
- Amiga não custava nada você me falar - fiz biquinho
- E estragar a surpresa? Jamais! - ela sorriu
- Chata. - mostrei a língua
- Que saudade em brother - Matheus abraçou o Pedro e eles ficaram conversando
Depois eu e Pedro bebemos um pouco e conversamos com alguns amigos dele da escola. Era umas duas da manhã quando fomos embora, eu já não aguentava ficar com aquele vestido.
- Pra onde vamos? - ele sorriu
- Como assim pra onde vamos? - eu estranhei
- Não quero que você vai embora agora amor! - ele me beijou
- E vamos pra onde? - eu ri
- Vamos lá pra casa, minha mãe já deve estar dormindo. Você dorme lá hoje e vai embora amanhã cedinho! - ele sorriu alegre
- Perigoso amor. - eu disse
- Por favor? - ele pediu
- Ai meu Deus. Vamos então. - eu ri
Pegamos um taxi ali perto e fomos pra casa do Pedro. Quando chegamos na porta de casa não vimos nenhuma luz acesa. Talvez porque a minha madrasta já tivesse ido dormir. Entramos na pontinha do pé e eu corri pro quarto do Pedro enquanto ele ia conferir se a mãe já estava dormindo. Quando ele entrou no quarto, eu estava tentando a qualquer custo descer o zíper do vestido.
- E ai? - eu disse
- Ela nem está aqui amor, tô preocupado agora. - ele me olhou
- Ela sabia que você chegava hoje? - eu perguntei
- Sabia, ela que foi me buscar no aeroporto - ele disse
- Liga pra ela - eu sugeri
Ele ligou e falou com ela, não entendi muito o que eles conversaram, eu estava reparando que também tinha um porta retrato nosso no quarto dele, igualzinho o nosso. Só que com a foto da gente beijando.
- Nossa amor - ele riu
- O que? - eu o olhei
- Ela atendeu o telefone toda ofegante, e não parecia que estava dormindo - ele disse
- Jura? - eu ri
- Sério! Ela vai dormir na sua casa hoje - ele disse
- Ufa! - eu disse
- Falei pra ela avisar seu pai que você foi dormir na Ana - ele piscou
- Espertinho você - eu ri
- Agora vem cá - ele me beijou
Ele desceu o zíper do meu vestido e me sentou na cama, tirou meu sapato e puxou meu vestido enquanto me olhava e sorria. Beijou minha perna, minha coxa e subiu até chegar na minha boca, nos deitamos e enquanto nos beijávamos fui tirando a roupa dele. Quando consegui tirar tudo estávamos rindo com as besteiras que ele sussurrava no meu ouvido, com ele encima de mim começamos a fazer amor, devagar... Parecia que ele queria se certificar que eu estava ali e aproveitar ao máximo cada minuto que passava. Depois aceleramos o rítimo e a brincadeira foi ficando cada vez mais gostosa, quando o sol começou a aparecer e iluminar o quarto dele foi quando chegamos ao clímax.
- Nossa, como eu estava com saudade disso - ele me beijou
- Tô morta - eu ri
- Também, vamos tomar um banho amor - ele me carregou
Fomos pro chuveiro e conversamos sobre a viagem dele enquanto nos lavávamos.
- A gente só perdeu um jogo, e eu fiz 4 gols. - ele piscou
- Olha que metido! - eu ri
- Sério, o técnico falou pra mim que tá pensando seriamente em me colocar como atacante. - ele disse
- Sério amor? - eu disse
- Sério, imagina eu com a camisa 9 ou 10? Vou virar boleiro! - ele riu
- Ah pronto! - eu ri
- Mas aqui, sabe do que eu mais gosto? - ele me olhou
- O que? - eu perguntei
- De você né pretinha - ele me abraçou e me beijou
- É né! Quero ver quando aparecer várias mulheres pra você. Se você vai lembrar da sua pretinha - eu fiz biquinho
- Vou lembrar da minha pretinha pra sempre entendeu? - ele me olhou
- Entendi. Te amo - eu ri
- Também te amo - ele sorriu
Saímos do chuveiro e vesti minha roupa, olhei no relógio e era 7:30 da manhã. Eu estava muito cansada e sabia que se eu dormisse, só acordaria de tarde e minha madrasta chegaria e me viria ali. Então depois de me despedir do jeito de sempre do Pedro, peguei um táxi e fui embora. Cheguei em casa meu pai e minha madrasta ainda dormiam, me deitei e dormi, dormi muito.
Quando acordei, ja eram 15:00. Nem meu pai nem minha madrasta estavam em casa, mas havia um bilhete do meu pai na geladeira que dizia: Qualquer coisa me liga.
Fiz um lanche e assisti TV. Nem pensei em ligar pro Pedro, como era domingo, provavelmente ele teria jogo e já não estava em casa. Passei alguns canais e vi que o time do Pedro estava jogando e fiquei procurando ele no campo até achar. Ele realmente estava jogando, e com a camisa 10. Era o que o comentarista mais falava, ele só comentava dessa mudança no ataque do time do Pedro. Isso me deixou feliz demais por ele, que acabou fazendo o gol da vitória. No final do jogo ele deu uma rápida entrevista, para aqueles jornalistas que ficam perto do vestiário falando: '' tô muito feliz com isso e honrarei essa camisa.'' Foi tão emocionante que me peguei sorrindo depois dessa aparição dele. Ele estava todo suado mas mesmo assim continuava lindo, o amor é cego mesmo.
Aproveitei o resto do domingo pra estudar para algumas provas que eu faria essa semana. A ultima semana de aula antes das férias de julho. Eu nem acreditava que ia ficar longe de estudar um pouco, mas o lado ruim era que ficaria bem mais dificil de ver o Pedro todos os dias... Tentei não pensar nisso. Quando eram mais ou menos 19:30 meu pai chegou. Jantamos juntos e depois fui dormir.
Na escola, fiz umas provas e no recreio Pedro me contou sobre o jogo de domingo. A escola já estava com o pique de férias, ninguém aguentava mais estudar e muita gente já não ia na aula.
Quando cheguei em casa, fiz o de sempre e dormi um pouco. Quando acordei meu pai já estava em casa, estranhei. Ele nunca chegava esse horário.
- Boa tarde pai - eu peguei um copo d'água
- Boa noite né - ele riu
- Tá fazendo janta? - eu perguntei
- Sim. - ele mexia nas panelas
- Porque chegou mais cedo? - eu perguntei
- Acabei meu serviço mais cedo. - ele me abraçou
- Ah - eu disse
- Aqui, esse sábado iremos pra casa de praia da sua tia Selma. Eu você Pedro e sua madrasta. Tudo bem pra você? - ele me olhou
- Nossa, tudo ótimo! Já estava querendo ir pra lá mesmo...- eu disse
- Então! Que bom! Vai ser divertido. - ele disse
- Mas será que o Pedro não vai ter nenhum jogo? - eu perguntei
- Já olhei isso. A mãe já dele olhou isso pra mim, quer dizer. - ele sorriu
- Uhul! - eu ri e o abracei
A primeira coisa que eu fiz quando sai da cozinha foi ligar pro Pedro. Eu já estava querendo visitar a tia Selma há algum tempo, mas nem passou pela minha cabeça que iriamos nessas férias.
- Oi amorzinho linda - ele atendeu
- Oi amor - eu ri
- Tá tudo bem? - ele perguntou
- Tá sim! Sua mão já te contou que a gente vai pra casa da tia Selma? - eu disse
- Aquela irmã do seu pai que fica apertando minhas bochechas o tempo todo? - ele perguntou
- Essa mesmo! - eu ri
- Nossa, tô fudido! - ele riu
- Calma amor, agora você tá mais crescido né! - eu disse
- Mesmo assim, a gente foi lá quando eu tinha uns 11 anos... Mesmo assim ela me deixou com as bochechas vermelhinhas de tanto que ela apertou amor - ele falou
- Nossa, tadinho do meu amor gente! Não vou deixar ela fazer muito isso ok? - eu ri
- Ok! Nós vamos quando? - ele perguntou
- Vamos esse sábado e provavelmente ficaremos lá uns 4, 5 dias - eu disse
- Nossa que legal amor, vou preparar minha prancha então - ele disse
- Ok amor, só liguei pra te dar a notícia mesmo - eu disse
- Tá bom minha princesa, até amanhã então - ele disse
- Ok, beijos e boa noite - eu disse
- Te amo - ele desligou
No outro dia, nos encontramos na escola e conversamos mais sobre a viagem... A casa da tia Selma era numa cidadezinha do litoral do Rio de Janeiro, eu ja tinha ido lá algumas vezes. Ela mora sozinha, mas tem um namorado. Um cara que não mora com ela, mas que sempre parecia estar presente... Nunca entendi o motivo deles não morarem juntos ou o motivo dela não casar com ele, eles namoram há tanto tempo. E pelo o que meu pai disse, eles estavam juntos ainda.
A semana passou devagar, os últimos dias de aula pareciam eternos. Ou talvez era só minha vontade enorme de entrar de férias logo.
Quando, graças a Deus, o último dia de aula chegou, a supervisão da escola liberou os dois últimos horários pra gente ficar de boa no pátio. Uns alunos do terceiro ano colocaram até umas musicas. Foi aí que comecei a sentir minhas férias, e a pensar no quanto essa viagem seria boa. Mas meus pensamentos foram interrompidos quando Pedro me abraçou por trás e me beijou.
- Então meu amor - ele sorriu
- Tá animado pra amanhã? - eu perguntei
- Muito. Que saudade que eu tô do mar, de surfar... Acho que até perdi um pouco a prática - ele riu
- Mas você foi no carnaval com uns amigos amor, nem tem tanto tempo assim - eu disse
- É verdade... Que maravilha que vai ser, hein? - ele me olhou
- O que? - eu fiquei confusa
- Ver você de biquíni, bronzeada, molhadinha... Nossa, vou parar de imaginar. - ele passou a mão na nuca
- Palhaço! - nós rimos
- Amanhã estarei no seu apê as 06:00 da matina viu? - ele me beijou
- Ok amor, que preguiça acordar mais cedo do que de costume! Que horas a gente deve chegar lá? - eu perguntei
- Não sei, lá pras quatro da tarde... - ele disse
- Ah, tomara que eu durma a viagem toda! - eu disse
- Tomara também viu amor, ninguém merece. - ele riu
O beijei.
Quando a '' aula '' acabou, dei um abraço apertado na Ana e prometi a ela que nos veríamos assim que eu voltasse de viagem. Pedro fez o mesmo com Matheus. Depois que saímos da escola, Pedro me deixou na porta de casa.
- Até amanhã viu princesa? - ele me beijou
- Até amor - eu disse
Cheguei em casa e nem pensei em faxina, em dormir e muito menos em comer. Mesmo eu estando na forma física que eu queria, eu não queria chegar lá nem com uma grama a mais. Comi uma banana e liguei o som enquanto experimentava meus biquínis e umas outras roupas. Senti que eu tinha engordado um pouco desde a última vez que tinha usado meus biquínis, acho que a culpa era da mudança. Como o caminho até a escola era menor, eu não fazia aquela caminhada de antes. Ri e não me importei muito com isso, quando terminei minha mala totalmente já estava anoitecendo. Fiz um lanche rápido e preparei um sanduíche pro meu pai comer quando ele chegasse.
Aproveitei e fui na farmácia que ficava perto da escola e comprei protetor solar, sabonete, hidratante pós- sol... Essas coisas que a gente usa muito na praia e quando saí dei de cara com aquele Felipe, aquele Felipe que eu encontrava por acaso quase sempre que eu colocava o pé fora de casa.
- Tá andando longe hein? - ele riu
- Tô nada, moro aqui perto - eu disse
- Ah... Vim pegar o resultado das minhas provas aqui na escola e te vi entrar na farmácia - ele disse
- Hum... Preciso ir, a gente se vê - eu sorri
- Boas férias - ele sorriu
- Pra você também. - eu andei
Voltei pra casa e dei de cara com meu pai na sala.
- Ai que susto! - eu me assustei
- Boa noite, onde você estava? - ele me olhou
- Fui comprar essas coisas - mostrei a sacola
- Ah, preciso fazer minha mala logo. Viajaremos ás 6. - ele disse
- Ok, vou terminar a minha. - dei um beijo no rosto dele
Terminei de arrumar minha mala e mexi um pouco no computador, depois recebi uma mensagem de texto do Pedro que dizia '' até daqui a pouco pretinha, dorme com Deus '' respondi, tomei um banho fui dormir.
Acordei sentindo a boca de alguém no meu ombro, a mão no meu cabelo e imaginei que fosse meu pai.
- Pai já tá na hora? - eu disse
- Já tá na hora amor - a voz era de Pedro
Me virei meio assustada e vi que era o Pedro
- Amor? O que você tá fazendo aqui? - eu perguntei
- Eu e minha mãe já chegamos - ele riu
- Tá rindo de que? De mim né? Se acostume, é assim que eu acordo! - eu ri
- Você tá linda - ele disse
- O amor é cego né? - eu ri e me levantei
- Anda, a gente já tá colocando as coisas no carro - ele disse
- Ok, só vou trocar de roupa e escovar os dentes - entrei no banheiro
Troquei de roupa, lavei o rosto, escovei os dentes e fiz um coque no cabelo. Peguei minha mala e desci pra garagem do prédio, encontrei meu pai de bermuda, chinelo e uma blusa que me lembrava uns surfistas. Pedro também estava bem em clima de praia, com sua prancha em cima do carro. Dei um selinho nele e fomos.
Começamos a viagem conversando baixinho enquanto meu pai e minha madrasta escutavam uma música e conversavam.
- A primeira coisa que eu vou fazer é surfar - Pedro disse
- E eu vou torrar no sol, quero voltar preta. - eu sorri
- Mais? - ele riu
- Muito mais - eu o beijei
- Será que a gente vai ficar no mesmo quarto? - ele disse no meu ouvido
- Não sei viu, acho que ficaremos nós quatro no mesmo quarto. - eu disse
- Ah não! A gente tem que ficar juntinho só nós dois amor - ele me beijou
- Eu também prefiro viu - eu ri
Conversávamos, dormíamos e acordávamos. E nada de chegar. Acho que eu perguntei meu pai quanto tempo faltava pra chegar umas mil vezes. Paramos para almoçar e a tarde para lanchar. Só parei de perguntar quando vi o litoral e me animei. Já deviam ser umas 5:30 da tarde e o sol começava a se pôr. Era uma vista linda, e que saudade de ver o mar...
Chegamos na casa da tia Selma mais ou menos 6:00 da tarde e ela estava do mesmo jeito de sempre, ela era bem parecida com meu pai. Era como a versão dele feminina, de peruca talvez.
- Oi minha linda - ela me abraçou
- Oi tia que saudade! - eu disse
- Nossa esse rapaz fica cada vez mais bonito! - ela apertou as bochechas do Pedro e eu ri baixinho
- Você também tia, você também - ele deu um sorriso falso
Ela cumprimentou minha madrasta e meu pai. Nos sentamos na sala e conversamos um pouco, depois ela mostrou nosso quarto. Era um quarto grande com uma cama de casal e duas de solteiro. Imaginei que ela não sabia que eu e o Pedro estávamos juntos, e mesmo se soubesse, não nos deixaria dormir na mesma cama.
A primeira noite foi tranquila, todos nós estávamos cansados e dormimos logo.
Acordei primeiro e fui pro banheiro, meu pai e minha madrasta dormiam. Pedro também, aproveitei para acordá-lo. Fui na pontinha do pé até o colchão dele, ele estava totalmente descoberto, de costas e com uma cueca preta. Aquela cena me deixou animada e então beijei as costas dele. Devagar ele acordou e se virou, quando me viu, sorriu e se levantou.
- Vou descer e tomar café, te espero lá em baixo amor - eu sorri
- Te amo, bom dia - ele sorria
Desci e minha tia já estava sentada na mesa. Eu fiquei admirada com tanta coisa na mesa de café da manhã, acho que me acostumei em levantar correndo e só tomar um iogurte.
- Sente-se minha linda - ela sorriu
- Bom dia tia, esse bolo tá lindo - eu disse
- Bom dia! Coma, eu fiz agorinha. - ela disse
- Tá com uma cara ótima - eu peguei um pedaço
- Me diz uma coisa... - ela me olhou
- O que? - eu perguntei
- Você e o Pedro... - ela me olhou
- Namoramos tia - eu ri
- Nossa - ela ficou assustada
- Porque? - eu perguntei
- É novidade pra mim, eu não sabia. Vocês formam um casal lindo - ela tentou disfarçar a cara de espanto
- Obrigada tia - eu ri
Pedro desceu e se sentou com a gente, logo depois meu pai e minha madrasta também. Pedro tomou logo seu café porque pretendia surfar logo e foi pro mar. A praia ficava em frente a casa da minha tia Selma, só precisávamos atravessar a rua e andar um pouco.
Quando terminei meu café, fui para o quarto e tomei um banho. Coloquei meu biquíni branco e passei um creme bronzeador na pele e fui pra praia. Só levei minha toalha e o vestido que eu vestia, quando avisei Pedro saindo do mar, tirei meu vestido e o esperei se aproximar. Ele vinha com o cabelo molhado, só de bermuda e com a prancha na mão.
- Acho que eu devia proibir você de usar isso. - ele me beijou
- Isso o que? - eu ri
- Esse biquíni! Está espetacular - ele bateu palma
- Para idiota - eu ri
- Amor, sério. Não me deixa ver nenhum marmanjo olhando pra você. - ele me olhou
- Pode deixar! E as ondas? - eu sorri
- Nossa, tô mega enferrujado... Mas tô tentando né! - ele riu
- Você consegue lindo, agora vou tentar ficar preta! - eu estendi minha toalha
- E eu vou tentar surfar melhor - ele me beijou
- Boa sorte! - eu gritei quando ele se afastou
Me deitei e aproveitei o sol. Era com certeza a vista que eu esperava ver. A praia não estava tão cheia, e a areia era branca... Aqui era tão lindo, acho que moraria aqui fácil.
Quando Pedro terminou de surfar eu ainda tomava sol.
- Amor vamos nadar! - ele me molhou
- Ai tá gelada a água! - eu gritei
- Tá gostosa, juro! Vem - ele me carregou
- Me solta menino - eu ri
Entramos juntos no mar, no começo estava bem gelado mas logo me acostumei. Não teve coisa melhor do que um banho de mar, ainda mais com o Pedro do meu lado, ele não me soltou nenhuma hora e, quando começamos a nos beijar, nos afastamos um pouco e fizemos amor, baixinho e delicioso.
- Você é a única pessoa que transa comigo no mar - ele riu
- Eu nem preciso dizer o mesmo né? - eu ri
- É... - ele me beijou e continuamos
Ele me carregava e colocava, eu gemia no ouvido dele e sua mão me apertava cada vez mais debaixo d'água. Quando chegamos ao clímax, ele saiu de dentro de mim.
- Nossa, agora não tenho nem força pra nadar mais - eu disse
- Nem eu - ele riu
- A gente tá meio longe amor, vamos voltar aqui tá fundo. - eu disse
- Tá com medo? - ele me olhou
- Tenho medo de afogar - eu ri
- Você acha que eu deixaria minha princesa afogar? NUNCA - ele disse
- Tá bom amor, mas mesmo assim vamos voltar ok? - eu sorri
- Vamos chata - ele riu e me beijou
Voltamos pro raso e logo depois saímos do mar, ele deitou do meu lado na areia e tomamos um sol enquanto conversávamos. Voltamos pra casa da tia Selma e almoçamos com nossos pais, depois dormimos juntos na rede que ficava na varanda da casa dela.
A noite visitamos um restaurante famoso da região e jantamos, depois fomos á alguns quiosques que só abriam a noite e fiz um dread no cabelo. Pedro fez uma tatuagem de rena com a inicial do meu nome nas costas e eu fiz só um coraçãozinho no pulso.
Ficamos sentados e conversando na areia, o mar já estava totalmente vazio e as estrelas eram muitas. O único barulho que eu escutava era o barulho das ondas.
- Pra ficar mais perfeito que isso, só duas vezes isso. - ele disse
- É verdade amor... Aqui é lindo. - eu o olhei
- Fica mais lindo ainda com você. - ele sorriu e me beijou
- Digo o mesmo, acho que não teria graça nenhuma sem você. - eu ri
- Nada teria graça sem você amor... Eu sei que você não tem nem ideia de como mudou e muda minha vida. Acho que o Pedro de antes nem existe mais... Essa semana o Matheus falou que eu sou um '' novo Pedro '' desde que a gente começou a ficar. E é verdade. É incrível como tudo mudou pra melhor, como tudo faz mais sentido, como eu amadureci... Eu te amo muito tá? - ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha
Não tive outra reação a não ser beijá-lo depois que ele me disse isso. Ficamos deitados na areia e conversando. Ele me contava dos planos que o técnico dele tinha pra ele no clube, pelo jeito que ele falava, eu sabia que ele estava amando essa vida de jogador.
Depois de algum tempo, fomos pra casa e todos estavam jantando.
- Oi filha, vem jantar! - meu pai disse
- Você também Pedro - minha madrasta disse
- Ah, a gente já comeu - eu disse
- É - Pedro concordou
- Ah, então tá... Fiz uma lagosta. Vou deixar no forno se vocês sentirem fome. - tia Selma sorriu
- Obrigada tia - eu sorri
Eu e Pedro sentamos na sala e vimos um pouco de TV, depois subimos pro nosso quartinho junto com nossos pais e nos preparamos pra dormir. Acho que já era de madrugada quando Pedro, em silêncio veio pro meu colchão e se deitou do meu lado.
- Amor, o que foi? - eu acordei assustada
- Nada, fala baixo. Quero dormir com você - ele riu
- Lindo, vem - eu o cobri e dormimos.
A semana na casa da tia Selma passou rápido, mas as coisas eram as mesmas quase sempre... Pedro surfando e eu tomando sol toda manhã, a noite saíamos e no finalzinho sempre ficávamos na praia vendo as estrelas e o mar. Tiramos muitas fotos
Quando voltamos pra casa, Pedro retomou seus treinos de futebol e todo dia eu e Ana fazíamos programas diferentes. Em um sábado, fomos comemorar em um bar que já tínhamos ido uma vez a primeira vez que o Pedro saiu no jornal local como '' Revelação do Futebol ''. É, meu namorado estava ficando famoso e eu ainda não me dava conta disso. Matheus e Ana foram com a gente também e acabei dormindo na casa do Pedro de novo.
- Amor, dessa vez a luz do quarto da minha mãe tá acesa, acho que ela ta em casa. - ele disse quando chegamos
- Então eu vou entrar de fininho - eu ri
- Eu te ajudo - ele me carregou
Fizemos o mínimo de barulho possível e trancamos o quarto, namoramos um pouco e fomos dormir. No outro dia, nem preocupei em ir pra casa cedo pois meu pai já teria ido trabalhar e não ia ligar se soubesse que eu tinha dormido na casa da mulher dele, pelo menos eu achei isso. Enquanto eu e o Pedro caminhávamos pra minha casa uma menina louca correu na nossa direção.
- Você é o Pedro? - ele disse eufórica
- Depende, de qual Pedro você tá falando? - eu disse
- O Pedro, o jogador que saiu no jornal de ontem! - ela olhava pra ele, isso me matou de ciúmes
- Sou eu sim - ele disse sorrindo
- Me dá um autógrafo? - ela o entregou um pedaço de papel e um lápis
- Claro - ele escreveu alguma coisa e a devolveu
- Obrigada - ela ficou sorrindo e olhando pra ele
- Nada - ele disse
- Tá, vamos. - eu andei
- Isso tá acontecendo direto? - eu o olhei
- Não amor, essa é a primeira pessoa no mundo que me pede autógrafo! - ele riu
- Você tá famoso - eu sorri tentando esconder meu ciúme
- Tô emocionado acabei de dar um autógrafo amor! - ele me beijou
- Fico tão feliz por você - eu disse
- E eu fico mais ainda por ter você aqui pra compartilhar isso comigo - ele disse
- Lindo - eu ri e o beijei
Fomos pra minha casa e ele passou a tarde lá. Fiz almoço pra gente e vimos uns filmes. Depois de malhação ele foi embora pro treino e eu fiquei um pouco no computador.
Assei uma pizza e deixei no forno até a hora do meu pai chegar, para jantarmos juntos. Tomei um banho e vi um pouco de TV, quando meu pai chegou peguei a pizza e um suco e sentamos no sofá.
- Você dormiu no Pedro hoje? - ele perguntou
- Dormi, a gente chegou muito tarde. Não teve como eu vir embora pai - eu disse
- E você dormiu onde? - ele me olhou
- No quarto do Pedro, eu virada pra cima e ele pra baixo. Satisfeito? - eu ri
- Olha olha em Luiza. Não vai me arranjar barriga! - ele disse
Isso me fez lembrar que já havia mais de um mês que eu tinha menstruado e até agora nada. Ela estava atrasada.
Continuei comendo em silêncio, mas por dentro eu estava uma pilha. Imagina eu grávida? aos 15 anos grávida. O que meu pai ia achar? O que aconteceria com meu corpo? O que aconteceria com minha vida? Porque eu e o Pedro nunca usávamos camisinha? Apesar dele sempre tomar cuidado pra não '' cair '' lá dentro, mesmo assim eu ainda corria o risco.
- Vou pro meu quarto, de repente me bateu um sono - eu fingi bocejar
- Boa noite, amanhã passa no supermercado e compra algumas coisas que estão faltando, não esquece do meu pó pra fazer café. - ele disse
- Ok pai, boa noite - eu beijei seu rosto
- Boa noite. - ele disse
Fui o mais rápido que consegui pro meu quarto e tranquei a porta. Peguei meu celular e liguei pro Pedro.
- Oi princesinha - ele atendeu
- Amor... - eu disse preocupada
- O que foi? Aconteceu alguma coisa? - ele perguntou
- Aconteceu. - eu disse
- O que amor? Me fala! - ele disse
- Minha menstruação tá atrasada. - eu falei baixinho
- Sério? Como você sabe? - ele gaguejou
- Porque eu sei né Pedro! - eu disse
- Quantos dias? - ele perguntou
- Não sei, acho que uns 5! - eu disse
- Nossa... Não sei o que falar amor - ele disse
- E se eu tiver grávida Pedro? - eu comecei a chorar
- Mas eu sempre tomo tanto cuidado... Eu não entendo - ele disse
- Eu entendo! A gente tinha que usar camisinha Pedro, a gente tinha que ter usado desde o começo... - eu chorava
- Calma amor! Calma... - ele disse
- Calma? Minha vida pode estar arruinada pra sempre Pedro, eu não tenho idade, não tenho corpo, não tenho nada! - eu disse
- Para com isso, você nem tem certeza de nada! Você precisa fazer um teste de gravidez, sei lá - ele disse baixo
- Depois a gente conversa então - eu disse
- Vai numa farmácia e faz, depois você me liga e me conta. Eu não vou te abandonar amor, acredita nisso tá? - ele disse
- Tá. Beijo. - eu desliguei
Quase não preguei o olho. Fiquei praticamente a noite inteira pensando e chorando, e se eu realmente estivesse grávida? Eu mal sabia cuidar de mim, quem dirá de outra pessoa. Um bebê, uma criança. Eu nem gostava de crianças, mal suportava ouvir o choro delas... Imagina conviver com uma 24 horas por dia? Vieram mil coisas na minha cabeça, o porquê de eu não ter usado camisinha, o encontro com aquela minha amiga que já é mãe, o que aconteceria comigo e com o Pedro se eu realmente estivesse grávida.
Afastei meus pensamentos e consegui fechar os olhos por algumas horas, quando acordei tomei banho e liguei pra Ana.
- Ei amiga - ela disse sonolenta
- Acorda que é urgente! - eu disse
- O que aconteceu? - ela perguntou
- Você precisa ir na farmácia comigo - eu falei
- Eu? Pra que? Você tá passando mal amiga? - ela perguntou
- Não...- eu disse
- Pra que então? - ela perguntou
- Eu acho que tô grávida. - eu falei
- O QUE? GRÁVIDA? COMO ASSIM? SUA MENSTRUAÇÃO AINDA NÃO VEIO? - ela disse
- Tá super atrasada e eu to com medo amiga vamos comigo por favor? - eu pedi
- Tá, daqui meia hora eu to aí. - ela desligou
Tomei café e fiquei esperando a Ana no sofá, quando o interfone tocou eu nem atendi, já desci e encontrei com ela na rua.
- Vem, vamos logo! - ela me puxou e começamos a andar
- Você não usa camisinha Luiza? - Ana gritou comigo
- Não mas ele não...- eu tentei demonstrar
- Já entendi. Mesmo assim amiga, tem que usar! Esse método não é 100% confiável. - ela disse
- Eu sei... Eu só não imaginei que aconteceria comigo, sabe? - eu comecei a chorar
- Calma, a gente nem sabe de nada ainda. Você compra e usa o próprio banheiro da farmácia, ok? - ela disse
- Tá bom. - continuamos andando
Entrei na farmácia e procurei o teste, paguei no caixa e entrei no banheiro. Se aparecer a listra vermelha é positivo, se não aparecer é negativo. Acho que o farmacêutico repetiu essa frase pra mim umas dez vezes.
- Amiga, ja fez? - Ana gritava na porta do banheiro
- Ainda não, calma - eu disse
- Anda logo! - ela disse
Fiz xixi onde estava escrito pra fazer e esperei as listrinhas aparecerem. A azul apareceu, e a vermelha não.
- Graças a Deus! - eu gritei
- E ai? - ela gritou
- Negativo! - eu ri
- Jura? Ufa! - ela gritou
- Graças a Deus amiga - eu disse
Joguei o teste fora e saí do banheiro. A sensação de não estar grávida é a mesma daquela sensação de fazer xixi depois de ter segurado ele por muito tempo sabe? É a sensação de estar aliviada, pra ser mais precisa.
- Que bom amiga - Ana me abraçou
- Muito, preciso contar pro Pedro - eu disse
- E agora, por favor, não esquece a camisinha - ela disse baixinho
- Ok! - eu ri
- Vamos pra sua casa agora? - ela perguntou
- Vamos, mas antes preciso ir ao mercado pro meu pai, comprar umas coisinhas que estão faltando. A gente aproveita e toma um sorvete! - eu disse
- Então tá - Ana concordou
Saímos da farmácia e fomos caminhando e conversando pro mercado. Comprei algumas coisas e tomamos um sorvete, depois fui pra casa. Ana não resistiu e foi encontrar com o Matheus ali perto. Entrei e enquanto guardava as compras liguei pro Pedro.
- E ai amor - ele disse
- Negativo! - eu ri
- Sério? - ele perguntou
- Sim amor, não é ótimo? - eu perguntei
- Ah, até eu queria ter um filho...- ele disse
- Tá bom amor, mas agora não. Depois. Daqui uns 5,6 anos ok? - eu ri
- Ok - ele riu
- Tá fazendo o que? - eu perguntei
- Me arrumando - ele disse
- Pra que? - eu perguntei
- Porque vou passar aí pra te ver, tô de folga hoje. O treinador disse que tem uma surpresa pra mim e me deu o dia de folga - ele riu
- Ai que bom! Tô te esperando então amor. Beijos - eu disse
- Beijos princesa - ele desligou
Tomei um banho e enquanto Pedro não chegava, ajeitei a casa. Quando o interfone tocou eu já estava esperando ele no sofá, só abri e ele subiu.
- Oi meu amor - ele me carregou e me beijou
- Oi amor - eu ri
- Que saudade - ele me beijava
- Que milagre você vir aqui durante semana! - eu disse
- Te falei que tô de folga né? - ele perguntou
- Falou amor, é que eu me desacostumei em te ver durante semana, ainda mais nas férias - eu disse
- É verdade. Agora vamos falar sério. - ele me olhou
- O que? - eu perguntei
- A gente tem que usar camisinha agora, sempre. Pra isso não acontecer mais. - ele disse
- Eu sei amor - eu disse
- Então, eu tenho uma surpresa - ele colocou a mão no bolso
De repente ele começou a jogar várias camisinhas, de várias cores em cima do sofá, começamos a rir muito e eu peguei algumas. Acho que tinha umas trinta camisinhas em cima do meu sofá.
- Tem de morango, chocolate, uva, florescente, tem uma que brilha no escuro... - ele ria
- Nossa! - eu ri
- Você escolhe. - ele disse
- Hum...- eu peguei a que brilha no escuro
- Quer essa? - ele perguntou
- Quero ver como ela fica no escuro - eu disse
- Então, vamos usar - ele me carregou e me sentou no sofá
Devagar ele começou a me beijar e a acariciar meu corpo, enquanto fazia isso sussurrava ''elogios'' no meu pescoço que me fazia rir e arrepiar. Quando ele tirou toda minha roupa, me carregou pro meu quarto. Trancamos a porta e tirei a roupa dele, ele beijou meu corpo todo até eu sentir que estava pegando fogo por dentro e enquanto ele colocava a camisinha, fechei a cortina e ela brilhava mesmo! Começamos devagar e aos poucos ele acelerava o ritmo, puxando meu cabelo, me beijando e me apertando. Quando já estava anoitecendo, chegamos ao clímax juntos.
Tomamos um rápido banho, porque ele estava morrendo de medo do meu pai chegar e descansamos um pouco.
- Amor, esqueci de te perguntar...- ele disse
- O que? - eu perguntei
- Seu pai não te xingou por ter dormido lá em casa aquele dia? - ele perguntou
- Não. Só falou pra eu não arranjar barriga. - eu ri
- Nossa - ele riu
- Menos mal né? - eu o beijei
- É - ele concordou
Nos despedimos e ele foi embora.
Os dias se passaram, eu via o Pedro escondido lá em casa e as vezes ia na casa dele depois do treino. Ele começou a ficar muito conhecido, eu sabia disso porque ele colava no seu guarda roupas toda reportagem ou entrevista que os jornais locais faziam dele. E o assédio das fãs também tinha aumentado muito, sempre que a gente saía apé, uma fã o parava e pedia autógrafo, ou uma foto. Eu estava com ciúmes, claro. Mas comecei a me acostumar e a gostar da ideia, ele estava tão feliz...
Era uma quinta feira a noite, quando Pedro me ligou e disse que precisava falar sério comigo. Eu fiquei preocupada, porque ele nunca tinha falado do jeito que ele falou comigo no telefone, ele estava nervoso e ansioso, não entendi nada. Combinei dele vir aqui em casa no dia seguinte.
Mal consegui dormir, de tanta ansiedade e curiosidade sobre o assunto que Pedro tinha de tratar comigo. Quando era de manhã, o interfone bateu.
- Oi amor - ele disse sério e me abraçou forte
- Oi amor, o que tá acontecendo em? - eu sorri
- Eu recebi uma proposta de emprego. - ele me olhou
- Como assim, proposta de emprego? - eu perguntei
- O dono de um clube europeu, me ligou ontem...- ele disse
- E falou o que? - eu estava confusa
- Ele me ofereceu um lugar no clube dele, em Barcelona. Um contrato de 70 mil por mês. - ele me olhou
- Jura? - eu ri
- Só que tem um problema. - ele disse
- O que? - eu perguntei
- Terei que me mudar pra Barcelona. - ele me olhou
- Barcelona? - eu gaguejei
- É... - ele me olhou
- Espanha? - eu não acreditava
- É amor. - ele disse
- E você vai? - eu perguntei
- Não sei. Eu tenho até sábado pra pensar - ele disse
- Mas, se você for...- eu não consegui terminar de falar
Meus olhos se encheram de lágrimas que eu consegui segurar.
- É uma proposta muito boa mas você não pode deixar tudo que tem aqui! - eu disse
- Mas sempre foi meu sonho, você não entende? - ele perguntou
- Entendo! Mas sua família está aqui, eu estou aqui Pedro! - eu gritei
- Eu sei! Eu ainda não decidi. - ele disse
- Só me apareça aqui de novo se você não aceitar essa proposta. Caso contrário, uma ótima viagem pra você. - eu comecei a chorar
- Amor...- ele segurou meu rosto e me abraçou
- Vai, pensa bem. - eu disse
- Eu te amo - ele me beijou
- Eu também te amo Pedro - eu limpei meu rosto
- Já vou então... Era só isso que eu tinha pra te falar. - ele disse
Eu conseguia ver os olhos dele enchendo de lágrimas
- Tá bom. - eu disse
- Eu te ligo - ele me beijou
- Ok. - eu abri a porta
- Te amo. - ele disse e saiu
E essa foi a ultima frase que eu ouvi do Pedro: te amo. Ele aceitou no dia seguinte e o Matheus fez uma festa de despedida pra ele... Nem eu, nem Ana fomos. Ele me ligava de hora em hora mas eu não atendia, eu não conseguia suportar a ideia do Pedro mudar de país pra jogar bola. E minha ficha ainda não tinha caído.
No sábado, no dia em que ele pegaria o voo pra Espanha, meu pai iria levá-lo. Meu pai disse que Pedro queria me ver, que queria conversar.. Que era pra eu dar pelo menos chance dele falar o que ele sentia. Mas eu não queria saber, eu sentia que não iria aguentar se o visse partindo, sabendo que era como se fosse a ultima vez que eu iria vê-lo, porque só Deus sabia quando ele iria voltar para o Brasil.
- Luiza - meu pai bateu na porta
- Oi - eu limpei as lágrimas
- Posso entrar? - ele disse
- Entra - eu disse
- Filha, você não pode ficar assim... - ele se sentou na cama
- Eu tô bem - menti
- Você não quer ir comigo levar o Pedro no aeroporto? - ele perguntou
- Não. Pode ir. Diga que eu mandei um beijo - eu disse
- Ok... Não suporto ver você assim. - ele me beijou e saiu
Nesse dia, chegou um ponto em que eu não suportava mais chorar. Meus olhos já estavam doendo e inchados, quando ouvi o barulho da porta. Meu pai entrou sem pedir licença e me entregou um papel.
Amor... Você não imagina o quanto tá sendo difícil pra mim essa mudança, e eu imagino como você deve estar se sentindo. Mas pior que eu, você não está, eu te garanto. Você é a pessoa que eu mais vou sentir falta, obrigada pelos momentos maravilhosos que eu vivi ao seu lado, obrigado pelo seu amor. Eu te amo muito, e principalmente me perdoe. Eu sei que um dia você vai entender que eu só segui meu sonho, isso não é o fim. É o começo das nossas vidas. Vou te ver novamente, te ter novamente... Estou partindo hoje, mas estou deixando uma coisa muito preciosa com você: meu coração. Fique com ele, é seu. Mas cuide bem dele, porque é o único que eu tenho. Eu te juro, que um dia volto pra buscar, e levo você comigo. PS: eu te amo, pra sempre.
Não sei ao certo qual foi minha reação depois que li o bilhete. E nem sei se meu pai ainda estava no quarto. Só me lembro de ter ouvido três palavras: isso vai passar. Também não me lembro quanto tempo eu dormi nesse dia, e nem até quantas horas. Haviam ligações da Ana, do Matheus, da minha madrasta... Eu não tinha vontade, nem coragem de atender a nenhuma. Eu queria ficar sozinha, ali, eu e minha dor. Quem já passou por isso sabe o que eu senti.
- Luiza...- meu pai bateu na porta do quarto
- Oi - eu disse
- A janta tá pronta. - ele disse
- Tô sem fome pai - eu segurei o choro
- Quando quiser comer é só me avisar. - ele disse
Me virei e dei de cara com o porta retrato que Pedro me deu com uma foto nossa, e fiquei imaginando como ele teve coragem de fazer isso. De me deixar aqui, e ir jogar bola em outro país. Minha ficha ainda não tinha caído o suficiente, mas de uma coisa eu sabia: ele não estava aqui mais. Nem ele, nem nada dele. Eu fechava os olhos e me lembrava dele, da ultima frase que ele falou, dos nossos beijos, de quando a gente se amava e pensava comigo: Luiza, isso é um pesadelo, você vai acordar.
Mas não era um pesadelo, esse era o problema.
O resto das minhas férias se resumiram em mim triste, chorando sempre, sentindo saudades do Pedro e ao mesmo tempo com raiva, ódio. Até tirar o porta retrato com a nossa foto do meu quarto eu tirei. Ana ia lá em casa sempre que dava, me deu apoio, me consolava, as vezes até chorava junto comigo... Minha madrasta me ligava as vezes, ela falava que sentia saudades dele, que ele era o único filho dela e que agora ela estava sozinha. Ela não mencionou em momento nenhum que ele ligou pra ela, que ele tinha mandado notícias. Mas eu sabia que tinha. Porque ele também me ligava, me ligava toda semana mas eu não atendia. Eu ainda não tinha estômago pra escutar a voz dele, mesmo que eu quisesse muito conversar com ele, a dor que ainda estava no meu coração era muito forte e eu tinha uma coisa que me ajudou muito nesse tempo: força de vontade. Pedro, eu vou te esquecer. Essa era a frase que eu repetia sempre que as lembranças invadiam minha mente e transbordavam pelos meus olhos.
Com o tempo, parei de chorar toda hora e voltei a comer como antes. Até saí com a Ana e com o Matheus num sábado, fomos no cinema e passeamos um pouco no shopping.
Quando as aulas voltaram, meu foco era os estudos. Eu coloquei na minha cabeça que iria estudar como nunca e tocar minha vida a diante. Mas estudar não era o problema, o problema mesmo era aguentar praticamente a escola inteira vir me perguntar do Pedro. E depois de contar onde ele estava, ouvir as pessoas dizerem: ''Nossa, tadinha de você.. Deve estar com muita saudade, né?''. Perdi a conta de quantas vezes ouvi isso.
No recreio do primeiro dia de aula depois das férias, a Paula, aquela que se matava pelo Pedro e que eu cheguei a brigar uma vez, veio falar comigo.
- Oi - ela se sentou do meu lado
- Oi - eu disse
- Fiquei sabendo que o Pedro se mudou. - ela disse
- É. - eu disse
- Agora você deve entender como eu fiquei quando ele sumiu da minha vida. - ela disse
- Pelo menos você via ele. Eu não vejo mais. - eu a olhei
- Melhor assim. Te garanto que comigo foi pior. Porque eu tinha que olhar na cara dele todos os dias, ver ele com você. Mas eu aprendi. Só queria te falar que tudo passa. - ela sorriu
- Tá. - eu disse
- E, aquele lance que rolou com a gente...- ela disse
- Esquece aquilo, ja passou. - eu disse
- É. Já passou. - ela sorriu e se levantou
Fiquei pensando nisso que ela me falou o recreio todo. Será que um dia vai passar? Será que um dia, eu vou parar de pensar nele como eu penso? Vou parar de desejar ele como eu desejo? Vou parar de amar ele, como eu amo? Nesse momento eu fraquejei, duvidei de mim mesma. Duvidei que um dia conseguiria esquecer o Pedro. Quando as lágrimas começaram a se formar, me levantei, respirei fundo e comprei um lanche.
Uma coisa que me deixou com a pulga atrás da orelha foi o Felipe não ter falado nada comigo. Ele só me cumprimentou e mais nada... Quando fui pra casa, passei numa banca de revistas e estava procurando alguma coisa diferente pra ler, alguma revista de moda, talvez. Passei o olho nos jornais e a foto me chamou atenção. '' Opa, eu conheço esse garoto '' foi o que eu disse quando peguei o jornal, e era ele, Pedro.
- Moço, vou levar esse aqui - peguei o jornal
- Vinte e cinco centavos. - ele disse
- Obrigada - paguei
''O NOVO FENÔMENO BRASILEIRO BRILHA NA ESPANHA'' era a manchete. A foto era o Pedro sentado, com uma parede cheia de adesivos de patrocínios atrás e com muitos microfones em volta dele. Ele não estava sorrindo, estava falando e usava a blusa do novo time. A manchete toda falava bem dele, até tinha um pedacinho de uma entrevista da mãe dele falando: '' Meu filho nasceu pra brilhar, sempre soubemos disso... '' e bla, bla, bla.
Ler aquilo me deixava mal, mas ao mesmo tempo era uma forma de ter notícias dele. Saber que ele estava bem, que estava fazendo sucesso, me deixava com uma sensação de alívio e ao mesmo tempo de raiva. Eu não entendia.
Quando terminei de ler a reportagem dele, me segurei e respirei fundo pra não derramar mais nenhuma lágrima. Eu não tinha mais força pra ficar mal por causa dele, eu não tinha mais condições de ficar triste. Já tinha chegado no meu limite. Meu celular tocou enquanto eu andava, era ele. Deixei chamar e quando já não tinha jeito, chorei. Eu secava as lágrimas o mais rápido que eu conseguia, não queria que ninguém me visse chorar mais do que eu já chorei. Entrei rápido em casa e peguei alguma coisa pra comer na geladeira, liguei a TV e me deitei no sofá. Estava passando um jogo de futebol. Troquei o canal o mais rápido possível e tentei conter as lágrimas. Tudo me lembrava ele, cada canto da minha casa, cada roupa que eu usava, cada lugar que eu ia, cada música que eu escutava... Me lembro como se fosse ontem, de uma vez que ele disse: ''você pode até tentar amor, mas você não vai conseguir se esquecer de mim, tá?'' mas agora, eu desejava do fundo do meu coração que isso fosse mentira, que ele tivesse errado. Eu precisava que ele estivesse errado.
A campainha tocou e eu atendi, era uma menina loira, parecia ter uns 16 anos. Eu nunca tinha visto ela antes, ela sorriu e me perguntou se o som do apartamento dela incomodava.
- Não, nem tô escutando direito - eu disse
- Me desculpa a curiosidade, mas você tava chorando? - ela fez uma cara de confusa
- É. Eu tava vendo um filme romântico, sabe como é né.. - eu ri
- Sei. Só se o filme que te fez chorar assim se chama aquele seu namorado que sempre vem aqui. - ela riu
- Você conhece o Pedro? - eu perguntei, admito ter tido um pouco de ciúmes
- Na verdade não. Só vejo ele com você. Via, já tem um tempo que não vejo ele com você. Via quando ele batia interfone, minha janela é de frente pra portaria - ela riu
- Ah.. - eu ri
- Tá fazendo o que aí? - ela perguntou
- Nada, acabei de chegar da aula. - eu disse
- Tá rolando uma festinha no meu apê, vamos lá - ela sorriu
- Ah, deixa pra próxima, tô cansada hoje. - eu disse
- Ok, pra próxima então! - ela sorriu e desceu as escadas.
Depois que ela desceu, eu terminei de comer e desliguei a TV, tentei dormir só que o barulho da música começou a me incomodar muito. Quando não tinha mais jeito e eu já estava ficando nervosa me levantei, calcei um chinelo e segui o som. Bati na porta várias vezes, e a campainha também. Parecia que ninguém tava escutando, e então abri a porta e entrei.
Não lembro ao certo qual musica era, mas era uma musica eletrônica. A casa estava lotada de jovens, eles pareciam ter uns 19 anos. Tinham muitas mulheres e homens, eles bebiam e se divertiam, algumas dançavam. Não sei se alguém notou minha entrada, mas um cara me puxou pelo braço.
- Oi Lu, você por aqui? - eu escutei e me virei
- Oi Felipe! Ufa, até que enfim alguém que eu conheço! - eu ri
- Não sabia que você conhecia a Maria! - ele disse
- Ela chama Maria? Na verdade eu não conheço. Eu moro aqui em cima e o barulho tá me incomodando muito! Quero falar com ela - eu disse
- Fica e curte um pouco. Eu fiquei sabendo o que aconteceu com o Pedro. Você deve tá mal - ele me olhou
- Cadê ela? - tentei mudar de assunto
- Vem que eu te ajudo a procurar - ele pegou na minha mão
Passamos por várias pessoas que eu nunca vi na vida, algumas sorriram pra mim. Da sala da casa dela, fui pro quarto e ela estava beijando um cara desconhecido também.
- Maria - Felipe chamou
- Sabia que você viria - ela sorriu pra mim
- Na verdade, eu vim pra... - eu disse
- Pra curtir. - Felipe me interrompeu
- Que ótimo! Sinta-se a vontade, já já eu vou conversar com você! - ela sorriu
Felipe me puxou.
- Ei! Eu não quero ficar! - eu disse nervosa
- Ah, qual é Luiza! Aposto que você não tava fazendo nada de bom lá na sua casa - ele disse
- Errou. - eu disse
- Me diz então o que que você tava fazendo. - ele riu
- Eu tava tentando dormir. Porque to cansada. Estudei a manhã toda, sabia? - eu disse
- Sabia que não era nada de interessante. Fica só um pouco! - ele fez uma cara de dó
- Tá. Mas é só um pouco mesmo. Até ela se desocupar e vir falar comigo. - eu disse
- Então espera aí que vou pegar uma bebida pra você - ele foi num balcão
Felipe trouxe um Ice pra mim e um copo de cerveja pra ele. No começo bebi calada, mas depois de umas garrafas comecei a falar e a contar sobre o Pedro. Tudo. Era incrível como ele se interessava e estava concentrado no assunto, como se ele quisesse mesmo saber da nossa história. Contei desde o primeiro beijo até o ultimo, cada detalhe passava pela minha cabeça como um filme, e sempre acompanhados de um gole de Ice.
Quando o assunto já não era mais o Pedro, saí de perto dele e fui dançar com umas mulheres que estavam dançando no centro da sala.
- Já vi que você tá gostando hein - Maria chegou e começou a dançar
- Tá bom demais - eu ri
- Então vai, quero ver você descer até o chão! - ela gritou
Dançamos juntas e depois batemos um papo, eu já estava bem alegrinha por causa dos Ices e quando era quase cinco da tarde, voltei pra casa. Não me lembro de ter despedido Felipe, acho que ele ficou bem chapado que nem me viu indo embora.
Cheguei em casa e, antes de dormir, deitei no sofá e desabei a chorar. Chorar de saudade, chorar de raiva, chorar de tristeza, simplesmente chorar. Chorei muito. Quando minha barriga começou a doer de tanto eu contorcê-la, tentei parar e acabei dormindo. Quando já era noite, tarde da noite, e eu estava jogada no sofá, com a roupa encharcada de lágrimas, me lembro do meu pai ter chegado e me carregado até o quarto.
- O que houve com você? - era só o que eu lembro dele ter dito.
Acordei com o despertador e eu sentia uma dor de cabeça terrível. Me arrumei pro colégio e saí mais cedo pra passar na farmácia e comprar um remédio pra dor. Quando cheguei lá, uma das ajudantes pegou um comprimido pra mim e fui pro caixa.
- Oi - Felipe se virou do outro caixa
- Não acredito que você também tá aqui - eu ri
- E eu acho que pelo mesmo motivo que você - ele sorriu
- Ressaca? - eu disse
- E muita dor de cabeça. - ele riu
- Nossa! - eu disse
- Vou te esperar lá fora - ele disse e saiu
Terminei de pagar e tomei o comprimido com a água de um bebedouro de lá mesmo e saí. Fui junto com o Felipe pro colégio, ele me contou algumas coisas sobre a Maria, e pelo visto ela era uma pessoa bem legal. Ela tinha 19 anos, estava no 2° período de engenharia civil, numa faculdade super concorrida da cidade. Isso me deixou de boca aberta, nunca iria imaginar isso dela. Pra mim, ela era mais uma dessas mulheres que não querem nada com a dureza... É, as aparências enganam.
Fui pra sala e antes do professor chegar, contei pra Ana da festa de ontem e da Maria. Depois, só estudei. Passei o recreio na biblioteca, lendo um livro que a professora de português tinha passado. Quando fui pra casa e abri a porta, me assustei com meu pai sentado no sofá.
- Oi - ele disse
- Oi pai! Aconteceu alguma coisa? - eu perguntei
- Não. Eu não vou trabalhar hoje, tô sem vontade. - ele disse
- Ah - eu ri
- Vamos almoçar, tava só esperando você - ele se levantou
Fomos pra cozinha e almoçamos juntos, ele me contou sobre o fim de semana que passou com minha madrasta.
- O Pedro ligou pra ela ontem. Pediu para que ela te pedisse que atendesse os telefonemas dele. - ele me olhou
- Ah. - fiquei sem reação
- Ele tá sofrendo tanto quanto você Luiza. - ele disse
- Eu não tô sofrendo. - menti
- Ok. Você é quem sabe. Um dia você vai perceber que está errada de ficar desse jeito com ele, ele só está correndo atrás do sonho dele. Você faria a mesma coisa. Se coloque no lugar dele. - ele disse
- Já terminei de comer. - eu disse e me levantei
Fui para o quarto e dormi um pouco, depois eu e meu pai vimos um filme. Meu celular tocou enquanto víamos o filme, peguei logo e olhei quem me ligava: Amor chamando. Respirei, tomei coragem e atendi.
- Alô. - eu disse
- Alô? Amor? Luiza? É você? - ele disse, fiquei calada
- Amor, me desculpa amor, estou sentindo muito a sua falta - a voz dele era de choro, continuei calada
- Fala alguma coisa, conversa comigo, não faz isso amor - ele disse
- Oi - meus olhos se encheram de lágrimas
- Oi meu amor, que saudade de escutar sua voz - ele chorava
- Também estava - foi só o que eu consegui dizer quando as lágrimas tomaram conta do meu rosto
- Vou voltar e vou buscar você pra ficar aqui comigo, você aceita? - ele soluçava de tanto chorar
- Aceito - eu chorava
- Eu te amo - ele disse
- Preciso desligar - eu disse
- Me perdoa por ter te deixado, por favor - ele pediu
- Fica com Deus. - eu desliguei
Antes de voltar pra sala, me recuperei, limpei meu rosto e respirei um pouco. Que saudade de escutar a voz dele, que saudade de escutar ele falando que me ama... Foi mais doloroso do que pensei que seria atender a um telefonema dele. Meu coração doía, parecia que eu tinha levado um soco nele, que até sentir ele latejar eu sentia.
- Luiza, quem era? - meu pai gritou
- A Ana - eu disse e voltei pra sala
- Sei - meu pai disse
Esse '' sei '' dele, me deu a certeza de que ele sabia quem realmente era. Meu pai me conhece mesmo quando não falo nada. Mesmo quando eu minto. É loucura, mas é verdade.
- E o que a Ana queria? - ele me olhou
- Ela... Queria saber se eu já fiz a minha parte do trabalho de geografia. - eu disse
- Ah sei - ele disse
- Vou até fazer, tinha esquecido - eu disse
- Ok - ele disse
Me levantei e fui pro meu quarto, tranquei a porta e chorei. Chorei do mesmo jeito que eu chorava desde que ele tinha ido embora. Perguntei a Deus quando isso ia parar, quando eu ia superar tudo isso, de onde eu ia tirar força pra superar isso, como eu ia superar tudo isso.
Quando eu não consegui mais chorar, dormi. E só acordei com meu despertador, que me lembrou que ainda tinha escola. Segui a mesma rotina de sempre, sem nada de novidades, só o Felipe que as vezes vinha conversar comigo mas nada de mais. Quando chegou o fim de semana e eu não tinha planos nenhum, e nem queria, aluguei uns filmes. Eram mais ou menos umas nove da noite, quando eu já tinha chorado horrores no primeiro filme e ja estava vendo o começo do segundo, minha campainha tocou.
- Oi - era Maria, toda arrumada e com um perfume gostoso
- Oi! - eu sorri
- O que tá fazendo aí? - ela olhou pra sala
- Nada, tava vendo filme - eu disse
- Isso explica essa sua cara de choro! - ela riu
- Eu acho que sim - eu ri
- Sempre que venho aqui, te vejo chorando! - ela riu
- É verdade. Mas é só coincidência! Eu não choro o tempo todo não viu? - eu ri
- Ok! - ela riu
- Só nas últimas semanas, que meu ex namorado me abandonou - eu ri
- Nossa! Vamos acabar com esse deprê agora! - ela disse
- Você tem alguma ideia? - eu perguntei
- Eu ganhei umas cortesias para uma boate bacana, que não é muito longe daqui. Mas é pra maior de 18. - ela disse
- Ah, então não entro - eu disse
- Mas eu tenho uma identidade falsa, de uma prima minha que esqueceu aqui a um tempão atrás, eu usava ela quando era de menor. - ela riu
- Sério? - eu disse
- Sério. Se arruma e vamos? - ela riu
- Vamos! Entra aí, pra você me ajudar a escolher pelo menos a roupa - eu falei
- Tudo bem, vamos - ela entrou
Fomos pro meu quarto e ela sentou na cama. Abri meu guarda roupas e procurei alguma coisa parecida com o que ela estava usando, e tudo que eu achava eu jogava pra ela ver e ela escolheu uma saia preta de paetê com uma blusa azul e um sapato preto que eu tinha. Me vesti logo e só maquiei e soltei os cabelos. Deixei uma folha de caderno, avisando meu pai que tinha saído com minha amiga do prédio, que ele ainda não conhecia mas que logo iria conhecer.
- Como a gente vai? - eu perguntei
- Uns amigos meus, você vai adorar conhecer eles! Já estão a caminho - ela disse
- Vamos descer então - eu disse
- Vamos - ela sorriu
Descemos e esperamos os '' amigos '' dela na entrada do prédio. Quando um carro preto, com os vidros abertos parou, ela disse: ''vamos'' e pegou na minha mão. Entramos no carro e eles cumprimentaram ela e depois me cumprimentaram.
- Oi gata - um deles falou, com a voz meio feminina
- Oie - eu disse
- Então essa é a que vai a-ra-zar na night com a gente hoje Mari? - outro deles falou
- Essa mesmo amores - ela riu
De cara eu já tinha reparado que eles eram gays. E bonitos, todos bem lindos e educados. No caminho, cada um deles me falava um pouco da sua personalidade e contavam algo sobre o seu ultimo relacionamento. Nos divertimos muito, chegamos na boate nuns 10 minutos e entramos
Tinha musica eletrônica alta e várias bebidas. No começo eu fiquei meio sem graça com os meninos, mas logo eles começaram a dançar entre si e eu acabei entrando na roda. Foi uma das melhores noites que eu tive esse ano, as outras eu nem preciso dizer com quem foi, né?
Não me lembro a hora que eu e Maria chegamos em casa. Nos despedimos lembrando e rindo de uns caras bêbados que estavam mexendo com agente na boate.
- Obrigada pela noite maravilhosa tá? - eu disse
- Obrigada você! Seremos ótimas amigas - ela sorriu
E ela tinha razão. Fui pra casa e conferi se meu pai estava em casa e nada, provavelmente ele iria dormir na casa da minha madrasta.
Cheguei no meu quarto e, eu já sentia uma dor de cabeça de leve, por conta de uns drinks que eu tinha tomado. Quando tirei os sapatos o telefone fixo tocou, peguei e super preocupada atendi. Logo imaginei que alguma coisa de ruim tinha acontecido com meu pai, mas eu estava enganada depois que eu disse alô.
- Oi meu amor - era ele. Fiquei muda, como sempre. Sem reação.
- Eu sei que é você. Só quero te pedir desculpas por provavelmente estar te acordando, pois não sei a hora que deve ser aí. Mas se aqui já é noite, aí com certeza é madrugada ou manhã. Eu te amo muito, e sinto muito sua falta. - ele disse
- Ah, tudo bem. Também te amo Pedro. Volta pra mim por favor - eu comecei a chorar
- Eu quero amor. Mas eu tenho um contrato, não posso sair daqui - eu senti a voz dele mudar
- Eu sinto muito sua falta - eu chorava
- Eu também, me promete que um dia eu vou te ter de novo - sua voz era de choro
- Prometo, eu te prometo meu amor - eu desliguei
E como era super frequente depois que ele tinha ido embora, chorei. Chorei com o coração apertado e aliviado ao mesmo tempo por ter escutado a voz dele. Nunca uma pessoa teve o efeito que o Pedro teve em mim. Eu era incondicionalmente, inexplicavelmente apaixonada por ele. Não tinha jeito.
Do jeito que eu estava eu dormi. Quando acordei, tomei um comprimido pra minha dor de cabeça e tomei um banho. Meu celular tocou e era a Ana, me lembrando das provas que a gente teria amanhã. Contei pra ela da Maria e de como eu tinha me divertido ontem a noite.
- Fico feliz por você já estar superando, mas não esquece de estudar tá? - ela disse
- Tá bom amiga, vou estudar - eu disse
- Tá bom - a voz dela era estranha
- Aconteceu alguma coisa? - eu perguntei
- Será que a gente pode se encontrar? - ela perguntou
- Claro! Tô atoa aqui. Meu pai também não tá aqui, vem cá amiga - eu disse
- Tá, daqui a pouco eu vou bater aí - ela disse
- Ok, tô esperando - eu falei
- Beijos - ela desligou
Enquanto Ana não chegava, fiz um brigadeiro pra gente e procurei algo de bom na TV. Quando a campainha bateu, abri sem perguntar quem era e a esperei no sofá.
- Oi amiga - ela abriu a porta
- Oi amiga - eu a abracei
- Hum que cheiro bom - ela disse
- Brigadeiro - eu ri
- Que delicia - ela sentou no sofá
- E ai, o que tá acontecendo hein? - eu perguntei
- Ah amiga, é o... - ela disse
- O Matheus - eu interrompi, ela riu
- É que a gente tá numa fase difícil. - ela disse
- Como assim? - eu perguntei
- Ah amiga, é o tempo sabe... Nossa relação já não é como era antes, tá esfriando e eu não quero que isso aconteça, entende? - ela disse
- Ah! Entendo... Você precisa de uma coisa diferente amiga, você precisa inovar! - eu ri
- Inovar? - ela perguntou
- Inovar! - eu respondi rindo
- Como assim? Me ajuda! - ela riu
- Ah sei lá.. Me fala, o que antes era melhor do que agora? - eu perguntei
- Hum... o sexo! - ela riu
- Pera, vou pegar o brigadeiro - eu ri
Peguei e voltei pra sala.
- O sexo é ruim agora? - eu perguntei
- Não. Mas no começo era mais ardente. Entende? - ela riu
- Então já sei! Tive uma ideia! - eu ri
- O que? Fala amiga! Tô curiosa - ela disse
- Ah amiga, vamos visitar um sex shop? Você tem coragem? - eu perguntei
- Mas a gente não entra! - ela disse
- Ah, a gente pode tentar entrar nesses escondidinhos no centro da cidade - eu ri
- Será que tá aberto hoje? - ela perguntou
- Não sei, vamos ver né! - eu ri
- Vamos! - ela ficou feliz
- Vou só trocar de roupa, e a gente vai - eu disse
- De ônibus? - ela perguntou
- É, algum problema ô patricinha? - eu ri
- Nossa, tem tanto tempo que não ando de onibus.. - ela riu
- Então hoje você vai andar! - eu disse
- Ok, vamos lá né - ela riu
Troquei de roupa e fomos, o ônibus não estava cheio. Afinal, era domingo! Quase ninguém andava de ônibus. Quando descemos, andamos um pouco e chegamos numa rua cheia de lojinhas, tinham lojas de aluguel de fantasias, aluguel de vestidos, e por ultimo tinha um sex shop bem escondidinho.
- Ali, vamos! - ela me puxou
Quando entramos, a moça que estava atrás de um balcão não prestou muita atenção na gente. Só deu uma olhadinha de boas vindas e continuou lixando a unha. Nós olhamos a loja inteira, rimos muito e nos assustamos com algumas coisinhas. Mas tinham muitas coisas interessantes, muitos brinquedos criativos. Ana não escolheu nada muito ousado, ela pegou uns cremes e uns óleos de massagem e que deixavam a parte do corpo em que passava quente. Ela também escolheu um brilho labial que sempre que tocado na pele causa umas sensações de quente ou frio, variados. Achei a loja tão legal que até quis levar uns brinquedos pra mim, mas fiquei só na vontade. Vou praticar com quem?
Depois que Ana passou no caixa e pagou e antes de sairmos da loja, Ana me olhou com uma cara confusa.
- Amiga - ela me olhava
- O que? - eu perguntei
- Esquecemos de um mínimo detalhe! - ela riu
- O que? - eu perguntei novamente
- Não tenho calcinha, sutiã, nada! - ela gritou
- Mas você é cheia de sutiã e calcinha amiga! - eu ri
- Mas eu tô cansada dos que eu tenho! E o Matheus já viu todos! Precisamos comprar. - ela disse
- O que você sugere então? - eu perguntei
- Conheço uma loja naquele shopping que só tem roupa intima - ela sorriu
- Então, vamos lá né - eu ri
- É bem longe daqui, né? - ela perguntou
- Ah, mais ou menos. Da pra ir apé. Só vai demorar um pouco, tem problema pra você ? - eu perguntei
- Claro que não amiga, vamos logo então. - ela disse
Saímos da loja e andamos mais ou menos uns trinta minutos e, quando chegamos no shopping não perdemos tempo, fomos direto pra loja. Chegando lá, parecia que a Ana conhecia a vendedora que nos atendeu. Ana experimentou praticamente todos os tipos de lingerie que tinha na loja. Mas a mais bonita foi uma preta, toda de renda, maravilhosa, e que combinou perfeitamente com o tom de pele dela.
- Eu gostei mais dessa - peguei a preta
- Eu curti essa azul aqui também - ela mostrou uma azul bebê
- Leva as duas - eu ri
- É isso que eu vou fazer - ela disse
- A gente vai levar essas duas - ela pegou as peças e entregou pra vendedora
A vendedora passou no caixa e a Ana pagou, depois tomamos um sorvete e andamos um pouco no shopping. Quando voltamos pra minha casa, já estava começando a anoitecer.
- Amiga, tenho uma coisa em mente. - ela disse, se sentando no sofá
- O que? - eu perguntei
- Vou fazer uma comidinha pra gente lá em casa, porque quarta feira meu pai e minha mãe vão fazer uns anos ai de casado, e vao dormir fora - ela riu
- E ai? - eu ri
- E ai que ele vai la pra casa, a gente come, e depois eu mostro e uso os brinquedinhos novos com ele - ela piscou
- Ele vai amar! O Pedro também ia amar... - eu disse
- É, O Pedro adorava coisas novas mesmo né? - ela sorriu
- É... - eu respirei fundo
- Relaxa amiga, tudo vai dar certo. - ela me abraçou
- Com certeza - eu sorri
- Agora vou embora, e aqui, não esquece de estudar pra amanhã viu? - ela disse
- Ok amiga, vou estudar agora - eu disse
Nos despedimos e ela foi embora. Depois, me tranquei no quarto e estudei, como tinha dito a Ana. Quando meu pai chegou, trouxe um sanduíche pra mim, depois que eu comi, tomei um banho e dormi.
No dia seguinte, fui pra aula e fiz a prova. Conversei um pouco com o Felipe, contei pra ele da boate que eu tinha ido com a Maria no fim de semana. Ele me deu idéia de uns lugares bacanas pra gente ir, e prometeu que nos chamaria pra sair com ele qualquer dia desses. Fui pra casa depois da aula e fiz o de costume. Quando comecei a arrumar a casa, liguei o rádio e estava tocando a música que mais me fazia lembrar o Pedro. Uma que ele cantou pra mim uma vez, enquanto a gente tomava banho... Sem parar de fazer minha faxina, chorei um pouco. Sem ligar se alguém fosse ouvir ou ver, cantei e chorei ao mesmo tempo. Quando minha cota de choros por hoje acabou, limpei meu rosto e ri daquela situação
- É definitivamente o fundo do poço viu! - eu conversei sozinha e ri
Senti que as coisas começaram a melhorar. Eu já ria do que tava acontecendo, isso significava muita coisa. Mas dentro de mim, dentro do meu coração estava tudo do mesmo jeito. Ainda não tinha cicatrizado. E eu sinceramente não sabia se tinha começado a cicatrizar, mas eu esperava que sim.
A semana passou, e no dia do jantarzinho da Ana e do Matheus fui pra casa dela ajudar a arrumar as coisas. Ficou lindo, e quando tava quase na hora dele chegar eu fui embora. No outro dia, ela chegou rindo e até mais feliz, só pela cara dela eu já sabia que a noite tinha sido ÓTIMA. Ela me contou sobre a noite e estudamos, como sempre.
O tempo começava a passar, e eu começava a fazer coisas como estudar, sair com a Maria e conhecer gente nova pra ver se aquele menino saía da minha cabeça. Ou pelo menos se saísse do meu coração, já tava de bom tamanho.
E o tempo passou. Na escola, o clima era de despedida e não se falava de outra coisa a não ser a festa de formatura do povo do terceiro ano. Como só o povo do terceiro ano podiam participar, eu não fiquei empolgada. Durante dezembro e nas férias, eu saía muito com a Maria e passava uns dias na casa da Ana. Teve até um dia em que chamei as duas pra ir lá em casa pra elas se conhecerem. Como eu já esperava, elas se adoraram.
O Pedro, se querem saber, me ligou várias vezes. Quando meu nervosismo pertimitia eu atendia e conversava um pouco com ele. Sempre a mesma coisa: eu chorando, ele chorando e nós dois fazendo juras e juras de amor. Por fim, meu pai pegou meu chip e concluiu que atender os telefonemas dele definitivamente não me fazia bem. Era sempre a mesma coisa, uma ligação e uma semana de sofrimento! Ele me ligava, falava que me amava, a gente chorava, e eu ficava mal. Sentindo saudade, sentindo amor, sentindo aquele vazio que só ele conseguiu deixar em mim.
Quando o Natal se aproximou demais, pra ser mais precisa, num sábado antes da véspera, fui fazer compra com meu pai para a ceia que ia ser na casa da mãe da minha madrasta. Eles sempre se reuniam no Natal, e eu gostava dos parentes dela, eles sempre me trataram bem.
- Filha, pega pra mim essas coisas que estão na lista - ele me entregou um papel
- Ok - eu fui em direção ao arroz
- O Pedro ligou pra mãe dele e diz que vem passar o Natal conosco. - ele me olhou
Na mesma hora,deixei a lista cair. Senti uma descarga elétrica, daquelas de quando a gente toma um susto, sabe? Não sei quanto tempo durou, só sei que quando me abaixei pra pegar o papel meu pai ja tinha pegado algumas coisas e colocado no carrinho.
- Se você não quiser passar o Natal comigo, eu vou entender. - ele disse
- Tudo bem pai. - consegui dizer essas palavras

Aqui faz muito frio. Nunca vou conseguir me acostumar com esse tempo. E nem com a ausência dela. Desde que eu mudei do Brasil, tudo o que eu tenho sentido é frio e saudade. Saudade dela, do cheiro dela, da voz dela que eu não escutava mais, pois ela não atendia mais as minhas ligações. O que será que ela está sentindo de mim? Ódio por eu ter deixado ela? Saudade? Se pelo menos ela deixasse eu a escutar.. Ou se ela pelo menos soubesse que eu ainda a amo, e que eu sempre vou amar. Me apaixonei enquanto estávamos juntos e me apaixonei mais ainda enquanto estamos separados. Queria que ela soubesse o quanto está sendo doloroso pra mim todo esse tempo sem a ver, sem a tocar.. Minha mãe não me dizia nada sobre ela, sempre que eu pergunto ela só fala: ''a Luiza tá bem.'' E ninguém nem imagina o quanto me doía não saber notícias dela. Mas o pior de tudo mesmo, era imaginar se ela já tinha outro alguém. Se tinha outro cara tocando nela, beijando ela. Ela que é minha, e que eu deixei.
Aqui, tirando o buraco que se formou no meu coração e que nunca me deixava totalmente feliz, era legal. Conheci vários amigos, e todos que jogam comigo são parceiros e unidos. Nas folgas, quando não tínhamos jogos ou treinos, sempre nos reuníamos no quarto de alguém e víamos um filme ou jogávamos videogame, ou só conversávamos mesmo. Fiz uma amizade maior com um cara que é espanhol nato, ele se chama Richard. Num dia em que saímos pra comemorar uma vitória do nosso time, bebi demais e contei pra todos da Luiza. Do que eu sentia, da saudade... Ele me levou pro meu quarto no hotel e me deu um banho gelado, e depois me contou que também tinha um caso mal resolvido com uma menina que estudou com ele. Ele tá sendo um amigão. Mas só tenho foco agora em uma coisa: Natal. Vou ficar dois dias no Brasil, e é o único tempo que eu vou ter pra ver ela, nem que seja de longe, nem que ela não me abrace, não me beije. Mas eu preciso vê-la, e é só por isso que vou. Pra matar essa saudade que me mata.

O resto da semana foi corrido. Eu ajudei minha madrasta a enfeitar a casa da mãe dela, e foi bom esse tempo que passamos juntas. Deu pra gente se conhecer melhor e até se entender. Quando estávamos colocando as bolas de natal na árvore, ele me contou.
- Pedro me liga sempre, e sempre pergunta de você. - ela disse
- Pega essa bolinha aí pra mim. - eu tentei mudar de assunto
- Sei que você também ama ele. E você não pode contar essa nossa conversa pro seu pai, ele não quer nem que você veja o Pedro no natal. - ela me deu uma bolinha
- Meu pai me proibiu de atender as ligações dele. - eu falei
- Com razão. Sei o quanto está sendo ruim pra você, mas também está sendo pra ele. Ele só está correndo atrás do sonho dele, quando ele tiver uma fase estável e quando concluir o contrato com o clube, ele pretende voltar para o Brasil? Sabe porque? - ela me olhou
- Porque? - eu perguntei
- Porque ele também te ama Luiza, ele também sente sua falta. E eu espero que vocês dois ainda possam ser muitos felizes. De coração. - ela sorriu
Como sempre, meu olho encheu de lágrima. Dei um abraço nela e continuamos onde paramos.
Uns dias antes do natal, fui no shopping com Ana e Maria pra gente comprar alguma coisa pra usar no natal. Um vestido vermelho, lindo me chamou atenção logo de cara. E foi na loja desse vestido em que fizemos nossas compras. Contei a elas que Pedro viria para o Natal, e eu não sabia se meu coração ia aguentar esperar até o dia 24 pra ver ele. Eu estava com muita saudade, mesmo sabendo que ver ele ou tocar ele me magoaria, era tudo que eu queria.
Dia 24 de dezembro. Véspera de Natal. Acordei cedo e corri pro salão junto com a Maria e a Ana. Fizemos unha, cabelo, depilação, massagem e sobrancelhas. Tudo pra gente ficar linda, eu pro Pedro, Ana pro Matheus e a Maria só pra ficar mais linda mesmo.
Devo ter comido umas 5 barras de chocolate, de tanta ansiedade para a noite. Depois de quase seis meses, eu ia rever meu amor, aquele que eu me apaixonei, aquele que me entreguei, aquele que levou meu coração pra Barcelona e não voltou mais... Se ele soubesse quanto eu senti saudade, o quando eu chorei, acho que ele não voltaria pra lá nunca mais.
Quando terminamos no salão já era de tardinha, e só faltava maquiar e colocar a roupa. Despedi das meninas e elas me desejaram sorte, mas o que eu queria mesmo era não ter um infarto na frente do Pedro, o que provavelmente aconteceria, porque só de falar no nome dele meu coração já palpitava mais rápido.
Fui pra casa e, quando cheguei, meu pai tinha ido cortar cabelo e ainda não tinha voltado. Sentei no sofá e respirei fundo umas mil vezes.
- Calma Luiza, calma. - eu repetia
No meu quarto, comecei a arrumar. Coloquei o vestido e um sapato de salto preto, depois sentei na frente do espelho e me maquiei. Quando terminei, soltei os cabelos e os arrumei para ficarem do jeitinho que tava no salão. Preferi deixá-los retos como sempre. Quando meu pai chegou, ele se arrumou rápido e quanto mais dava a hora de ir pra casa da mãe da minha madrasta, mais nervosa eu ficava. Minhas mãos soavam, meu coração batia forte, eu tentava respirar, eu ria sozinha e minhas pernas estavam trêmulas.
- Vamos, filha. Está na hora. - ele bateu na porta do quarto
- Ok - tentei dizer naturalmente
A hora chegou! Em menos de algumas horas eu veria o Pedro, e mataria a saudade. Ou não.
Quando entrei no carro, meu pai elogiou meu vestido.
- Lindo vestido. - ele disse
- Obrigada pai - eu ri, nervosa
- Tá nervosa? - ele perguntou
- Não. Porque estaria? - eu menti
- É... - foi só o que ele disse
Fomos calados até a casa da mãe da minha madrasta. Era do outro lado da cidade, um pouco longe da nossa casa e da casa dela. Meu pai sabia o quanto eu estava nervosa, mesmo eu não demonstrando pra ele, ele me conhecia. E sabia o que eu sentia.
Quando chegamos, desci do carro e ajudei a levar uns pratos especiais pra noite, que meu pai foi encarregado de levar. Entrei na sala e, nada dele. Tinham vários rostos, uns mais velhos e uns bem mais novos, mas nada do Pedro. Mesmo com o coração apertado, me senti aliviada, pois acho que se tivesse visto ele logo de cara, eu deixaria tudo que estava nas minhas mãos cair.
- Feliz Natal minha linda - a vó de Pedro disse
- Oi vó Feliz Natal - eu ri e a beijei
- Me dê isto aqui, levarei para a cozinha. - ela pegou as comidas da minha mão
- Ok, o Pedro já chegou? - eu perguntei baixinho
- Chegou. Ele está no terraço. Vai lá vê-lo, sinto que ele está te esperando. - ela deu um sorriso e se virou.

Não sei ao certo a hora em que eu cheguei. Só sei que, eu não estava nada cansado. Viajei horas de avião, cheguei, tive que me arrumar pra vir pra casa da minha vó e não tive tempo nem de pregar os olhos. Mas mesmo assim, eu não sentia cansaço e nem vontade de dormir. Eu esperava ansiosamente a chegada dela.
Não aguentava mais aquele tanto de parente me falando como você cresceu, como você está bonito, como está o clube? como é morar fora e bla bla bla. Resolvi ficar na parte de cima da casa da minha vó, que não tinha nada além de um sofá velho e todas as estrelas do céu iluminando aquela noite. Eu já tinha colocado na minha cabeça que eu desceria daqui a pouco pra ver ela, mas eu estava nervoso. Estava mais nervoso do que nunca, minhas mãos não paravam de soar e eu sentia calafrios a cada minuto que se passava.
Eu estava escorado no muro, olhando pro céu e lembrando dos momentos vividos com ela, que eu reencontraria em pouco tempo. Não tinha pensado no que fazer quando a visse, não tive tempo de pensar nisso. Sempre que vinha ela em minha mente, as lembranças falavam mais alto do que qualquer outro pensamento.
Senti seu perfume, e no mesmo instante pensei que dessa vez tinha pensado nela demais, que até o cheiro dela veio em minha mente. Mas eu estava enganado, o cheiro ficou mais forte a cada segundo e então me virei.
Não sei descrever minha reação, nem a dela. Era uma coisa de outro mundo esse nosso sentimento. Eu não precisei falar nada, nem ela. Ela só se aproximou. Ela vestia um lindo vestido vermelho, e seu cabelo tinha crescido mais. Ela estava linda, mais linda do que nunca. E antes dela me abraçar, me perguntei o porquê eu ainda não tinha morrido de saudade.
Quando ela me abraçou, eu pude sentir um frio na barriga nunca sentido antes. A abracei como se fosse a única coisa que existisse no mundo, mas pra mim naquele momento, era tudo que realmente importava. Sem ninguém falar nada, simplesmente ficamos ali, abraçados e o único barulho que eu escutava era da nossa respiração. Era como se a gente precisasse daquele momento pra matar a saudade, de sentir a gente junto outra vez. Não deixei que a lágrima que se formava no meu rosto caísse e só continuei ali, abraçado com ela por mais alguns minutos.
- Eu senti muito a sua falta amor... - eu disse, ainda a abraçando.
- Eu também - a voz dela era a mesma coisa de antes
Ela se afastou e passou a mão no meu rosto, e chegando mais perto, me beijou. Nos beijamos muito. Era muita saudade, muita vontade e muito pouco tempo. Eu precisava aproveitar essa noite e fazer ela durar pra sempre, e torcer pra que ela demorasse muito pra acabar.
Nos beijamos mais e só falei uma coisa.
- Vamos sair daqui. - ele disse
Descemos pra onde os ''parentes'' estavam, minha mãe e meu padrasto só olharam a gente sair e não disseram nada. Ninguém disse nada. Acho que eles entendiam que a gente precisava de um tempo só nosso, de um lugar só nosso. Peguei minha moto, que saudade de andar nela. Ela ficou na garagem da minha mãe durante todo esse tempo e não tinha como eu levar ela comigo... Fomos pra casa da minha mãe, ou minha casa. Tanto faz.
Ainda em silêncio, ela desceu da moto e eu peguei o seu capacete numa mão e na outra peguei a mão dela. Abri a porta rápido e, quando entramos coloquei os capacetes no sofá e a carreguei. Subi a escada com ela nos meus braços e ao mesmo tempo, falando coisas que eu precisava ter certeza de que ela acreditava como: eu te amo, eu te amo muito, eu te amo pra sempre, eu não vivo sem você. Por um momento desacreditei que ela estava em meus braços outra vez, e que eu estava a sentindo de novo, mas continuei.
Quando chegamos na porta do meu quarto, ela a abriu, pois minhas mãos estavam ocupadas e minha boca também.
Com todo cuidado, a deitei na minha cama, e devagar me deitei ao seu lado. Era tudo que eu queria, ter ela ali do meu lado de novo, a minha mulher, na minha cama. Enquanto nos beijávamos, eu tive a certeza de que ela era a única mulher no mundo que eu realmente precisava.
Devagar, ela mesmo se encarregou de tirar minha blusa. Eu só a virei e desci o zíper do vestido, que logo depois caiu sobre a cama, a deixando quase nua. Começamos a nos beijar devagar, mas quando o clima começou a esquentar, o ritmo acelerou sozinho. Tirei o resto de roupa que ela vestia por baixo do vestido, que por coincidência ou não, era uma lingerie vermelha também, bem parecida com a cor do vestido, maravilhosa. Era impossível olhar pra ela e não a desejar. Quando estávamos totalmente nus, começamos a nos amar. Não falamos nada, deixamos o amor falar por nós.
Começamos devagarinho, queríamos sentir um ao outro até acreditar que aquilo era realmente real, que não era mais um de nossos sonhos. A vontade aumentava cada vez mais, junto com o ritmo. Quando assustei já estávamos fazendo amor, soados e com muito fogo. A voz dela no meu ouvido sussurrando e gemendo no meu ouvido, me fazia delirar e querer sentir ela mais. E foi nesse ritmo a noite toda, só paramos pra descansar e continuávamos de novo. Quando o dia já tinha amanhecido, foi quando chegamos ao clímax.
- Eu te amo, não quero que esse dia acabe. - ela me abraçou.

A frase que ele me disse foi a certeza de que aquela noite maravilhosa tinha sido real. E também foi a frase que fez minha ficha cair, querendo ou não, esse dia ia acabar.
- Quando você volta? - eu perguntei, ainda estávamos deitados.
- Hoje, meu voo é as 18:00 - ele disse
Ficamos calados e abraçados por um tempo.A gente precisava aproveitar cada minuto desse dia, porque depois só Deus saberia o dia que a gente ia se encontrar de novo. Eu ainda tinha esperança dele falar que não iria voltar, que tudo isso tinha sido um pesadelo, que eu tinha acabado de acordar.
Tomamos um banho, e comemos uma fruta antes de ir pra minha casa. Minha madrasta já tinha ligado e chamado a gente pra almoçar lá..
Nem ônibus, nem moto, nem táxi. Pedro preferiu ir apé, ele disse que assim a gente não desperdiçaria nem um minuto do dia que a gente tinha pra ficar junto. Depois disso, não tocamos nesse assunto mais. Eu precisava esquecer que ele partiria hoje, pra conseguir aproveitar mais o dia.
No caminho, Pedro ligou pro Matheus e marcou de encontrar eles numa pracinha lá perto de casa, que eu tomava sorvete com a Ana as vezes.
Quando chegamos la em casa, o almoço já estava pronto. Meu pai tinha feito a comida preferida do Pedro: lasanha e macarrão. Ele se entupiu de tanto comer, e na mesa só se falava dele, da Espanha, do clube... Eu já tava de saco cheio desses assuntos quando Ana bateu interfone e disse que ela e o Matheus já estavam indo esperar a gente na pracinha. Não fizemos eles esperarem e descemos logo, eles ainda estavam na minha rua.
Foi lindo o jeito que o Pedro abraçou o Matheus e a Ana, deu pra ver que ele realmente sentia muita falta daqui.
Eu e Ana tomamos dois sorvetes cada uma, enquanto Pedro e Matheus matavam a saudade e conversavam sobre futebol e etc.
Eu senti um aperto no coração quando olhei no relógio e já era três horas da tarde.
Ana percebeu o que estava acontecendo.
- Amiga, calma...- ela disse
- Tô bem. - menti
- Uma hora ele vai ter que ir amiga - ela me abraçou
- Eu sei, ta chegando.. Foi tão rápido, voou amiga - eu disse
- Quem sabe da próxima vez, a gente não vai lá ver ele? - ela sorriu
- Tomara.. - eu tentei sorrir também.
- Amor - eu o chamei
- Oi amor - ele me olhou
- Tá, quase na hora. A gente tem que ir pra casa - eu tentei parecer normal
- Ah... Ok. - ele me olhou
Tentei desviar o olhar dele o mais rápido possível, me despedi de Ana e depois de Matheus. Pedro fez o mesmo, só que mais demorado. E ele falou algumas coisas no ouvido do Matheus, que concordou com a cabeça.
- Amo vocês! - ele disse
- A gente também meu parça! - Matheus sorriu
Fomos nos beijando o tempo todo no caminho pra minha casa. Era aquilo, a hora da despedida a cada beijo ficava mais perto, e só eu sabia o quanto meu coração já doía.
- Eu te amo, eu te amo, eu te amo muito amor! - ele sussurrou no meu ouvido
- Eu também amor, promete que você vai voltar. - eu disse
- Prometo. - ele disse.
Quando reparei, estávamos no meio da rua, nos beijando e nos abraçando. Fiz o possível e o impossível pra não deixar nenhuma lágrima cair, mas não consegui. Ele também não. Tentou até disfarçar, mas nosso coração foi mais forte que nossa mente. Com os olhos vermelhos, ele me olhou e prometeu voltar pra me buscar.
Era engraçado a gente andando. Muito devagar, literalmente um passo de cada vez. Tudo pra não desperdiçar nenhum minuto do nosso único dia... Que acabaria em algumas horas.
Quando chegamos lá em casa, meu pai e minha madrasta estavam no sofá.
- Pedro, já podemos ir para o aeroporto. - meu pai disse
- É... Eu sei. Já estou pronto, só preciso pegar minhas coisas na casa da minha mãe. - ele disse
- Tá bom meu filho, a gente vai passar lá antes. - ela disse
- Ok. - ele disse
Pedro pegou minha mão e fomos em direção ao meu quarto. Ele me abraçou, e por um longo minuto ficamos calados...
- Quando você vem de novo? - eu perguntei
- Não sei. Sinceramente, eu não sei amor. - a voz dele tava diferente
- E a gente? - eu perguntei, meus olhos se encheram de lágrimas
- Também não sei amor. Você não merece isso. - ele me olhou, com os olhos encharcados.
Nos abraçamos, e deixamos a emoção tomar conta da gente. Não sei por uanto tempo, pois fomos interrompidos pelo meu pai, que acabou vendo toda aquela cena.
- Vocês precisam resolver isso. - meu pai falou
- Vamos amor. - Pedro segurou minha mão
- Não, a Luiza não vai com a gente no aeroporto. - meu pai me olhou
- Porque? - eu e Pedro falamos juntos.
- Não vai ser bem pra ela. Vamos, vocês já se despediram. - meu pai disse
Pedro me olhou, tentou sorrir e falou: ''vou tentar te ligar''. E saiu.
Meu pai não tinha o direito de ter feito aquilo, ele não podia me proibir de ir junto com ele. Mas ele não deixou eu ir, não importou o quanto eu implorei e chorei pra ele me deixar ir, ele disse que nada adiantaria, eu não iria de jeito nenhum.
- Vai ser melhor pra você. Eu prometo. - ele fechou a porta.
Nunca vou me esquecer da expressão que o Pedro fez, da ultima vez que eu o vi. Ele chorava, e tinha uma cara de quem tava sentindo alguma dor física. Cheguei até a achar que meu pai tinha o machucado, mas era besteira. Eu sabia bem a dor que ele tava sentindo, era a mesma da minha.
Assim que meu pai saiu, só chorei. Me sentei no chão da sala e chorei, chorei e chorei. Chorei com a mesma intensidade de quando o Pedro foi embora pela primeira vez, e meu coração doía do mesmo jeito.
Alguém bateu na porta, eu não quis atender e continuei ali.
- Amiga, abre a porta! - era a voz da Maria
- Depois a gente conversa - eu gritei
- Não, abre a porta agora! - ela batia com mais força
Com muito custo eu levantei e destranquei a porta, ela entrou e me abraçou.
- O que aconteceu amiga? - ela disse
- O Pedro já foi. - eu tentei respirar
- Amiga, não fica assim.. - ela me abraçou forte
Nos sentamos no sofá e eu só sabia chorar enquanto a Maria tentava me dar alguns conselhos... Depois de um tempo, fui me acalmando e minha respiração voltou ao normal.
- Tá melhor agora? - ela mexia no meu cabelo
- E agora, como vai ser? - eu perguntei
- Não sei amiga, o que vocês conversaram? - ela me olhou
- Ele também falou isso: não sei. - eu disse
- Calma amiga, tudo vai se resolver... Dá tempo ao tempo. - ela falou
- Como assim? - eu perguntei
- Você não pode viver assim amiga. Não enquanto ele mora fora. - ela disse
- Explica direito. - eu falei
- Você precisa seguir em frente, e tentar esquecer o Pedro de uma vez por todas. - ela me olhou
- Eu não vou conseguir amiga, eu sei que não! - eu disse
- Vai sim! Você tava quase conseguindo! Ai ele volta, fica um dia com você e te deixa assim amiga? - ela me olhou
- Eu tô bem! - menti
- Ok. Se você quiser insistir nessa mentira, você insiste. Minha parte como sua amiga eu já fiz. Agora vou fazer alguma coisa pra eu comer que eu to com fome. - ela se levantou
- Tem macarrão na geladeira. - eu disse
Terminei o dia com a Maria no sofá comigo, comendo e eu deitada calada. Eu não sabia no que pensar e também não sabia se queria pensar alguma coisa. Fiquei apenas com as lembranças da noite maravilhosa que eu tive ontem, e quando meu pai chegou ele não falou nada comigo.
- Boa noite tio - Maria disse
- Boa noite Maria tudo bem? - ele perguntou
- Tudo bem e com você? - ela disse
- Tudo também. Vou dormir. Boa noite meninas. - ele disse
- Boa noite. - ela repetiu, eu fiquei calada.
Vimos um filme depois que meu pai foi deitar e ela foi embora. Quando entrei no meu quarto, não sei se foi delírio meu, mas senti o perfume dele. Me deitei e chorei mais.
No outro dia, quando acordei, meu pai estava com um cara alto, loiro e mais velho que meu pai na sala. Nem quis perguntar quem era, passei direto e peguei um iogurte.
- Luiza, vem cá. - meu pai me chamou
- Oi - respondi na mais má vontade do mundo.
- Esse é o Richard. - ele me olhou
- Ah, Oi Richard - eu sorri
- Ele é de uma agência de viagens, tá aqui pra você escolher pra onde vai. - meu pai sorriu
- Como assim? - eu fiquei confusa
- Vou pagar uma viagem pra você pra essas férias. Internacional. Você escolhe o destino. - ele me olhou
- Sério pai? - eu perguntei
- Sério. - ele riu
- Eu vou viajar pra fora do Brasil nessas férias de agora? - eu perguntei, chocada
- Vai menina! - ele riu mais
- Nossa. Não sei nem o que falar pai, obrigada! - eu abracei ele
- Aqui estão, várias opções. - Richard me entregou uma revista
- Ah tá, vou olhar. Eu tenho que escolher agora? - eu perguntei
- Seria bom né. - ele riu
- Ah. - eu ri
- Você tem vontade de ir pra onde? - ele perguntou
- Ah... Paris, Nova York, Disney, Los Angeles..- eu disse
- Prefere frio ou calor? - ele perguntou
- Calor! - eu disse
- Tem uma turma que vai pra Califórnia, eles não são da sua idade, são um pouco mais velhos. Mas são jovens e acho que você irá gostar. Eles pretendem ficar em Los Angeles e visitar várias praias e cidades, por exemplo Malibu e Hollywood. Mas é você quem sabe. - ele disse
- Gostei dessa ideia. Sempre sonhei em ir pra Hollywood! - eu ri
- Então filha, que tal ir com essa galera? - meu pai perguntou
- Por mim tudo certo - eu sorri
- Tá, agora vou conversar e olhar tudo direitinho com o Richard. Mas antes eu quero conhecer esse pessoal. - meu pai disse
- Ok. Vou comer alguma coisa. - voltei pra cozinha
Na hora nem pensei muito de tanta felicidade, mas depois minha ficha caiu: meu pai tava me dando essa viagem para me ajudar a esquecer o Pedro, só podia ser. E talvez isso seria bom. Talvez essa viagem faça bem pra mim.
Deixei que meu pai resolvesse as coisas com Richard e fui pro quarto. Pesquisei no meu computador sobre as cidades que eu iria visitar, e fiquei MUITO empolgada. Peguei o celular e liguei pra Ana.
- Alô amiga - ela disse
- Amiga, você não faz ideia pra onde eu vou nessas férias! - eu disse
- Não faço mesmo, pra onde? - ela riu
- Califórnia! - eu disse
- Sério? Com quem? Jura? - ela disse empolgada
- Juro! Meu pai me falou hoje - eu ri
- Nossa amiga você vai amar! Lá deve ser lindo! - ela riu
- Imagino! Tô vendo umas fotos aqui e tô amando antes mesmo de chegar lá - eu disse
- Mas como foi isso? - ela perguntou
- Meu pai pediu pra eu escolher qualquer lugar pra ir, qualquer país. Tem até um cara aqui, dono da agência de viagens. - eu disse
- E porque você não escolheu Espanha, sua doida? - ela perguntou
Demorei um pouco pra responder. Doeu falar essas palavras.
- Porque eu vou esquecer o Pedro de agora em diante. - eu disse, com dificuldade
- Porque?? - ela perguntou
- Porque? Porque do jeito que tá não dá pra ficar. - eu falei
- Eu entendo amiga. E eu acho que você tá certa. Mas você sabe que não vai ser fácil, né? - ela disse
- Eu sei. Mas não é impossível. Você nem imagina o que meu pai fez ontem. - eu disse
- O que? - ela perguntou
Contei pra ela o que rolou depois que voltamos aqui pra casa, e depois conversamos mais sobre a viagem que eu iria fazer. Quando Richard foi embora, meu pai foi pro meu quarto e também conversamos sobre a viagem, e isso me distraiu muito. Por algumas horas, Pedro não era o centro de meus pensamentos, mas isso só durou até eu ir dormir.
Algumas semanas depois, já estava quase tudo pronto. Eu comecei a acessar um blog sobre experiências de pessoas que já viajaram pro exterior e consegui retirar muita informação boa dele. Richard conseguiu pra mim o contato de algumas meninas que viajariam comigo, e conheci algumas antes da viajem, tudo pela internet. Elas pareciam ser legais, e todas eram mais velhas do que eu, mas pouca coisa.
Uma semana antes da viagem, fiz algumas compras básicas de coisas que eu precisava levar e não tirava da cabeça uma coisa que eu tinha lido no blog: '' Não leve muita roupa, e não encha muito a mala, porque ela vai voltar cheia devido as compras feitas lá. '' É era verdade. Eu estava planejando comprar bastante coisa lá. Meu pai pediu um Ipod, Matheus pediu um tênis, Ana só pediu uma bolsa e Maria pediu uma bebida diferente, que não tinha aqui no Brasil.
Não tive contato com o Pedro, de forma nenhuma. Nem pelo telefone, pela internet, por nada. Eu tentava segurar o choro sempre que me lembrava dele e repetia pra mim: '' Luiza, o Pedro é passado, o Pedro é passado.. '' até a vontade passar. Quando não funcionava, me permitia chorar até não aguentar mais e aliviar me coração, que doía sempre que isso acontecia. A saudade era demais. O amor também. E eu sentia, que nunca ia passar.. E isso me matava, isso acabava comigo. Eu PRECISAVA acabar com esse sentimento, antes que esse sentimento acabasse comigo.
Meu pai cuidou de toda parte chata da viagem: visto, real em dólar, essas coisas.. Meu único trabalho era o de fazer as malas e ter juízo a viagem inteira, como dizia meu pai.
Um dia antes da viagem, eu e Ana fomos pra casa da Maria e fizemos uma despedida bem nossa cara: chocolate, filme e muita risada. Não ficaria muito tempo fora, mas com certeza sentiria saudade delas... Só elas sabiam o quanto me faziam bem.
No outro dia, elas me levaram pro aeroporto junto do meu pai e da minha madrasta, e me ajudaram a achar a turminha que viajaria comigo.
- Tchau amiga, fica com Deus, e juízo! - Maria falou
- Amiga cuidado pelo amor de Deus, usa camisinha! - Ana me abraçou
- Tá bom gente! - eu ri
- Agora vai lá dar um beijo no seu pai, - Ana disse
- Ok. Amo vocês! - nos abraçamos
Quando fui despedir do meu pai, ele estava procurando uns papeis e me deu as passagens e uma bolsa onde estariam todos os papeis e documentos que eu iria precisar utilizar.
- Cuidado em filha, qualquer coisa já sabe, é só ligar pro nosso telefone, mas com esses números aqui - ele me entregou outro papel
- Tá bom pai, eu ligo pra mandar notícias. - eu disse
- Liga quando chegar. - ele falou
- Ok. Te amo - nos abraçamos
- Também filha. - ele disse
Me despedi da minha madrasta e passei pra parte onde eu esperaria o avião chegar. Reconheci de longe, uma ruivinha que eu tinha conhecido na internet, ela me olhou e acenou.
- Você é a Luiza. - ela me cumprimentou
- E você deve ser a... - tentei me lembrar do nome dela
- Isso! Isabela! - eu ri
- Esse é o João - João. Era um branquinho, dos cabelos cacheadinhos castanhos, parecendo cabelo de anjo, ele me olhou e acenou.
- Oi - ele disse
- Oi. - eu sorri
- E aquele ali falando no celular é o Bernardo. Ele já já vem aqui. - ela disse
Não consegui ver direito, só o vi meio de longe e de costas. Quando ele foi se aproximando, não acreditei.
- Você deve ser a Luiza. - Bernardo sorriu. Por dois segundos fiquei sem ar, juro. Moreno, tinha os olhos claros e um corpo MUITO sarado. Com certeza esse gostava muito de uma academia. Quando ele se aproximou e me deu um beijo no rosto, eu senti o perfume dele.
- Eu mesma, prazer. - eu disse, tentando parecer normal
- Prazer o meu. - ele sorriu
- E então, cadê o resto da galera? - Isabela perguntou
- Devem estar vindo por aí. Pelas minhas contas faltam umas 5 pessoas. - João disse.
Ficamos ali, na espera do voo nos conhecendo. A medida que o tempo foi passando, nossos amigos de viagem foram chegando e fomos nos conhecendo. Era uma turminha bacana, eu com certeza me divertiria muito. E o Bernardo... Meu Deus. Na mesma hora em que eu me perguntei: o que leva um gato desse a sair do Brasil e ir pra Califórnia? Minha pergunta foi respondida, com apenas uma cena. Ele pegando sua mala em uma mão, e no outro braço uma prancha de surf, branca com uns detalhes verdes. O sorriso dele também era lindo. Ele era todo lindo. E ele me deixou sem ar. Que moreno, meu Deus.
- Vamos gente, o avião é aquele ali - ele apontou
- Vamos - pegamos as malas
O lugar da Isabela era comigo, e no banco do lado era o de Bernardo e de um outro lindo que estava com a gente. Tentei relaxar, e curtir uma música pra tentar me livrar do medo de avião, que foi fácil. Só teve um pouco de turbulência e a viagem foi tranquila. Agora sim, eu conseguia sentir realmente as minhas férias.
Dormi um pouco durante a viagem, e quando acordei já estávamos quase chegando. Quando chegamos e descemos no aeroporto, descemos e logo pegamos uma van, que estava a nossa espera. A hora da van foi legal, porque ainda era madrugada e a gente não tava com sono. Então, começamos a nos conhecer mais, foi muito divertido.
- E você, Isa? Solteira, casada ou viúva? - João perguntou
- Solteira. - ela riu
- Tem alguém que não é solteiro aqui? - eu perguntei
- Não. - todo mundo respondeu, rimos
- Que ótimo, então a gente vai se dar bem. - Bernardo sorriu
- É - eu ri
Fizemos uma parada numa lanchonete pequena de estrada, e lá tiramos as primeiras fotos. A parte da van foi um pouco cansativa, pois demorou um pouco pra chegar.. E eu não via a hora de tirar toda aquela roupa de frio que meu pai tinha me obrigado a usar, e descansar em uma cama confortável.
- Então, você é a mais novinha? - Bernardo disse
- É, eu acho que sim. - eu disse
- Hum... Eu namorei uma menina bem mais nova que eu - João contou
- E o que achou? - eu perguntei
Ele começou a contar sobre a menina e dava pra ver na cara dele, que pra ele não foi uma experiência legal. Rimos de alguns casos que ele contou quando estava com ela, e depois só reparamos a vista.
- Caralho, olha essa onda! - Bernardo apontou pro mar
- Nossa, que praia linda! - Isabela disse
Eu estava maravilhada com a beleza daquele lugar, e pude ver de longe a pousada em que ficaríamos.
- Ei, motorista. Deixa a gente aqui, nós vamos andando até lá agora. Vamos curtir um pouquinho a vista. - Bernardo falou, em inglês.
O motorista parou o carro, e nós descemos. Deixamos para ele levar as bagagens para a pousada.
Não sei por quanto tempo fiquei parada, olhando o sol que começava a nascer, a minha ficha só caiu quando o Bernardo se aproximou.
- Parece coisa de filme, né? - ele olhou pro mar
- É... Ainda não dá pra crer que eu tô aqui. - eu disse
- Eu também não. Me belisca. - ele disse
- Ok - dei um leve belisco no seu braço, e ele riu
- Gente, isso é lindo demais! - Isabela se aproximou
- Será que a água tá muito gelada? - Bernardo perguntou
- Não sei, vai lá ver e fala pra gente. - eu disse
- Você não tá pensando em surfar uma hora dessas né? - João disse
- Não... Mas que eu tô com muita vontade, eu tô. - ele riu
- Eu também tô doida pra entrar. - eu disse
- Eu também. - Isabela disse
- Sendo assim, eu também. - João disse
- Vamos pra pousada, e mais tarde a gente volta, que tal? - Isabela disse
- Eu animo. - eu disse
- Também. - Bernardo e João concordaram
A nossa turma meio que se dividiu. Ficou eu, Bernardo, João e Isabela juntos de um lado e a outra turma, que não teve muito contato com a gente, do outro. Caminhamos um pouco até chegar na pousada, e quando chegamos, uma empregada nos apresentou a pousada.
Depois de mostrar a pousada, ela nos levou até os quartos. Fiquei no mesmo quarto que a Isabela, os quartos eram todos no mesmo corredor. Gostei de ter ficado no mesmo quarto que ela, pelo menos ela eu já conhecia um pouco, e seria legal ter ela como minha colega de quarto.
- As toalhas e os sabonetes estão aqui. - a empregada disse
- Ok. - Isabela falou
- Bem vindas. - ela sorriu
- Obrigada. - eu disse
Quando ela saiu do quarto, tranquei a porta.
- Uhul - Isabela pulou na cama
- Olha isso, é lindo demais! Olha essa vista! - corri pra janela
- Nossa. - ela disse
- O que deve ter hoje? - eu perguntei
- Não sei. Talvez a gente vai pra Hollywood, ou pra Los Angeles. - ela disse
- Ah, queria curtir a praia. - eu disse
- Eu também. - ela disse
- Vamos, poe um biquíni e vamos. A gente volta pra almoçar e ver o que vai ter hoje. - eu sorri
- Ah.. Eu não uso biquíni - ela disse
- Porque? - eu fiquei confusa
- Olha pra mim. Não tenho corpo pra colocar um biquíni. - ela disse
- Para com isso, você é linda Isabela! - eu disse
- Olha isso. - ela passou a mão na barriga
- E daí? Você é linda do jeito que você é - eu pisquei
- Será? - ela olhou no espelho
- Juro! - eu sorri
Colocamos os biquínis e fomos pra praia, enquanto caminhávamos ela me contava sobre sua vida. Quando chegamos, nos deitamos e tomamos um pouco de sol, que começava a esquentar pra valer.
- Nossa, olha aquele surfista. - Isabela apontou
- Nossa... Que moreno lindo - eu ri
- Achei que veria muitos loiros aqui, mas acho que não né? - ela riu
- Até agora só vi aquele ali - apontei
- Gatíssimo também. - ela riu
- É verdade - ela riu
Continuamos olhando e conversando sobre tudo, quando o tal moreno lindo veio em nossa direção.
- Ah, é o Bernardo? - ela riu
- Acho que sim! - eu ri
Ele se aproximou e sorriu
- E aí - ele se sentou do lado da Isabela
- E aí, o mar tá gostoso? - eu perguntei
- Demais. Só vou descansar e já já volto pra lá. - ele disse
- Acho que vou lá provar agora. - eu disse
- Vai mesmo, tá muito bom. - ele me olhou e sorriu
Me levantei e fui pro mar, e a água tava ótima mesmo. Nossa. Era tudo diferente. Era limpinho, a areia branquinha, tudo lindo, mais claro. Me acostumei rápido com a temperatura da água e fiquei lá por um tempo. Isabela também entrou depois de um tempinho fazendo hora, e ficamos curtindo o mar.
- Bernardo é lindo, né? - ela disse
- Lindo é pouco. - eu ri
- Porque você não fica com ele? - ela me olhou
- Sei lá. Porque eu não conheço ele direito. - eu disse
- Precisa conhecer pra ficar? - ela riu
Ficamos ali por mais um tempo e depois voltamos para a pousada e almoçamos. Aproveitei pra ligar pro meu pai e avisar que já tinha chegado e que estava tudo bem. Fomos para o primeiro dia na cidade de Hollywood, com a turma toda na mesma van. O motorista era bem gente boa e deixou a gente ficar por mais algumas horas na cidade do que tinha sido combinado, claro que por um cachê maior.
Eu estava maravilhada com aquele lugar, como tudo era lindo e bem feito. Deu pra perceber que a gente realmente era turista, porque tirávamos fotos em todos os lugares, ruas, praças, lojas. Não tive nem cabeça pra comprar as coisas que o pessoal tinha pedido pra eu comprar, eu só queria ficar ali, e conhecer aquela cidade.
- Olha, um dos cartões postais mais lindos do mundo. - Isabela apontou
Era a montanha, onde ficava o famoso letreiro: HOLLYWOOD. Um luxo.
Apesar de ninguém ter comprado nada de valor, Bernardo ganhou de um vendedor um chaveiro que tinha uma prancha de surf pendurado. Não sei se era pelo modo que ele se vestia, mas o vendedor sabia que ele surfava.
Depois do passeio pelos pontos turísticos da cidade, paramos numa lanchonete que tinha uma vista linda, como era fim de tarde, o sol estava se pondo.
Nos sentamos todos juntos e conversamos sobre a cidade, e sobre coisas que ainda pretendíamos fazer.
- Eu pretendo pegar a melhor onda da minha vida aqui cara - Bernardo disse
- Pretendo pegar um bronzeado bacana.. - eu ri
- Pretendo pegar alguém. - João disse e todo mundo riu
Quando voltamos, fomos pra pousada e tomei um banho depois fiquei na sala com Isabela e umas pessoas da nossa turma.
- Gente, vamos pra praia? Ficar de boa na areia, escutar o barulho das ondas.. A gente até tenta acender uma fogueira. Quem topa? - Bernardo me olhou
- Eu topo. - eu levantei a mão
- Eu também - Isabela levantou
Acabou que a maioria do pessoal animou de ir, e então fomos todos pra praia, já estava escuro mas mesmo assim não fazia frio.
Nos sentamos enquanto Bernardo e João e mais uns caras tentavam fazer uma fogueira, que por sinal deu certo. Nos sentamos em volta dela, e ficamos jogando conversa fora por muito tempo... Era diferente estar em outro país, e quando começamos a cantar umas músicas, ele veio em meu pensamento. Ele, que eu não queria lembrar de jeito nenhum, mas infelizmente não tem como enganar o coração, né?
- Tá pensando em que? - Bernardo perguntou
- Nada. - eu tentei sorrir
- Me engana que eu gosto. - ele riu
- Sério, não é nada - eu sorri
- Sei como é que é. - ele disse
Continuamos ali, parados. Sentados e cantando todo o tipo de música que vinha na cabeça. Bernardo me distraiu conversando comigo, e isso me fez esquecer daquele pensamento.
- Sabe, eu namorei uma menina. E não dei o valor que ela merecia. - ele disse
- Como você sabe disso? - eu perguntei
- Porque eu sei que não dei. E até um tempo atrás, eu era louco com ela e ela nem ai pra mim. Mereci, né? - ele riu
- Mereceu. - eu ri
- Então. Esse cara, que perdeu seu coração vai se arrepender. - ele sorriu
- Não, você tá confundindo as coisas. Ele não tem porque se arrepender. - eu disse
- Como assim? - ele perguntou
- Ele me deu valor. Ele foi um ótimo parceiro. - eu disse
- Hum.. E ele te amava? - ele perguntou
- Ama. - eu disse
- Se ele te amasse tanto assim, ele estaria aqui com você. - ele falou
Fiquei calada. Pensando. Será que ele tinha razão? Será que tudo o que o Pedro me falava era mentira? Não era possível. Não, eu não conseguia acreditar.
Algumas pessoas foram embora e ficou de novo, nós quatro: eu, Bernardo, Isabela e João.
Era evidente que tava rolando um clima entre a Isabela e o João, e eles formavam um casal bonitinho mesmo. Bernardo ficou do meu lado, e me fez contar sobre o Pedro pra ele. Me disse umas coisas legais, que acabaram me alegrando e, quando não tínhamos mais assunto e nem o porque de não ter feito isso ainda, nos beijamos.
O beijo dele era bom, tranquilo... Combinava com o momento. Gostei. Só parei pra ver o que a Isabela estava fazendo e era exatamente a mesma coisa que eu, só que com um pouco mais de... desejo. É.
- Tem coragem de entrar no mar uma hora dessas? - ele me perguntou
- Ah.. Se o mar estivesse mais calmo, e se eu não tivesse sentindo frio... Quem sabe? - eu disse
- Tá com frio? - ele perguntou
- Um pouco - eu respondi
Ele se sentou mais perto de mim, e passou o braço no meu ombro, me abraçando.
- Acho que surfista não sente frio, né? - eu ri
- Talvez. Eu pelo menos não sinto. - ele riu
Ficamos mais um pouco e depois, Isabela e João nos chamaram pra ir embora.
- Vamos gente, tô morta de cansada. - Isabela disse
- Eu também, preciso deitar. - João disse
- Sei como é que é. - Bernardo disse e todos rimos
Voltamos pra pousada, e fiquei na sala com o Bernardo. Não sei pra onde Isabela e João foram. Me lembro que eu e o Bernardo estávamos vendo TV e depois disso só lembro quando acordei e eu estava na minha cama. Sem a Isabela do lado.
Me levantei e fui pra cozinha, vi o Bernardo sem camisa, de longe.
- Ei - eu o chamei
- Bom dia - ele sorriu
- Como é que eu fui parar..- ele me interrompeu
- Você dormiu na sala, eu só te carreguei e te coloquei no seu quarto. - ele sorriu
- Nossa. Desculpa. Quer dizer, obrigada.- eu disse
- Você é pesada. - ele riu
- Mentira. - eu ri
- Brincadeira. - ele riu
- Idiota - dei um tapa nele
Quando peguei alguns biscoitos pra comer, vi Isabela e João entrarem na cozinha aos beijos e rindo. Isabela estava de calcinha e sutiã, mas com um roupão aberto por cima
- Bom dia pra vocês - ela disse
- Nem preciso te desejar o mesmo né? - Bernardo disse
- Bom dia - eu ri
- Bom dia amiguinhos - João disse, eles estavam abraçados
- Bela, vem cá - eu a chamei
- O que? - ela veio
Fechei o roupão dela.
- Vai que alguém da pousada vê e reclama com você né? - eu ri
- É verdade. Nem tinha reparado que tava aberto - ela disse baixinho e riu
- Tô vendo - eu ri
- Vem gente, tá passando o programa daquela senhora famosa. - Bernardo nos chamou da sala
- Que programa? - João perguntou
- Oprah. Sei lá. - ele disse
- Nunca vi, mas já ouvi falar - eu disse
- Vamos lá - Isabela chamou
Fomos pra sala e vimos o tão famoso programa da Oprah. Ela é tipo a Ana Maria Braga dos Estados Unidos, o programa delas é bem parecido.
Ficamos lá até o programa acabar e o Bernardo animar a gente pra ir com ele na praia, só pra ele surfar. Só trocamos de roupa e fomos de novo para aquele mar maravilhoso.
Depois de ficarmos um pouco na praia, fomos pra cidade. E depois, no outro dia pra outra cidade. Compras e muita diversão, e claro, a companhia do Bernardo fizeram a viagem PERFEITA.
Quando chegou no dia de voltar pra casa, eu só quis voltar por estar com saudades do meu pai, mas se eu pudesse, morava na Califórnia.
As férias se passaram, as meninas iam lá em casa e ficavam comigo. Bernardo me ligava, a gente conversava, era legal conversar com ele... Eu me sentia bem, e esquecia de '' algumas coisas '' quando estávamos juntos.
Quando as aulas voltaram, fiz o que eu tinha prometido pra mim mesma: estudar. Estudar. Estudar muito.
E foi assim o ano todo. Estudei e saí muito com a Maria, conheci gente nova, gente legal... Fiquei com alguns caras que me fizeram bem e que também me satisfizeram quando eu quis, afinal, ninguém é de ferro né?
Ana e Matheus estavam na mesma, namorando, felizes. Meu pai com minha madrasta, todo mundo bem...
E, vocês devem estarem se perguntando: e o Pedro? Poisé. Não tive notícias. Meu pai evitava não falar nada dele perto de mim, mas as vezes eu pegava o jornal da banca que tinha perto da escola e lia alguma coisa. Ele estava fazendo muito sucesso. E com certeza já estava com várias mulheres lá... Ele agora podia ter a mulher que ele quisesse! Rico, bonito e jogador de futebol. Que mulher que não quer? Nem gostava de pensar nisso. Meu coração doía.
Mas, eu vivi. E tentava não pensar nele, mesmo quando isso era impossível, eu tentei.
Ele não veio pro Natal, e eu não quis saber porque. Querer eu até queria, mas eu sabia que não ia me fazer bem qualquer notícia sobre ele. Então, simplesmente tentei ignorar até onde dava.
O tempo passava, eu vivia, e ele com certeza também.

O tempo não parava. Tirei minha carteira, e já tinha até comprado meu carro. Quando eu não treinava, ou ia em um programa de TV, ou saía com os amigos do meu time, ou ficava no hotel jogando videogame com eles.
E esse frio? Não consigo me acostumar. Aqui faz muito frio, ainda tá sendo difícil pra mim ficar de boa aqui. No Natal, não tinha nem como eu voltar para o Brasil, eu tive um jogo importante um dia depois.
Passar o Natal fora de casa, foi estranho. Não só pra mim, mas pra todos nós. Foi divertido, pois nossa equipe toda não pode viajar para seus lugares de origem então fizemos uma ceia em um hotel mesmo.
Saudade... Agora eu sei o que essa palavra realmente significa. Não só pela Luiza, mas por tudo. Pela minha mãe, pela comida dela, pelo clima do Brasil, pelos meus amigos... A internet me ajudou muito nisso, por ela eu e Matheus sempre mantínhamos contato. Já a minha mãe, me ligava toda semana e tudo o que ela sabia da Luiza, ela me contava. Me contou que ela estava estudando muito, dando duro na escola mas que tinha chegado de manhã em casa depois de uma festa com uma nova amiga dela, que eu não cheguei a conhecer. Com o passar do tempo, vi que não era legal ficar sabendo dessas coisas dela, de como ela devia estar se divertindo. Eu sentia ciúmes, ciúmes dos caras que supostamente estariam com ela, ciúme das roupas que ela provavelmente estaria usando e ciúmes do jeito que alguns caras deviam estar olhando pra ela...
Aqui, era muito comum as revistas de fofocas causarem algumas polêmicas sobre meu nome. Perdi a conta de quantas vezes eles me fotografaram conversando com algumas mulheres e criando manchetes do tipo: NOVA NAMORADA DE PEDRO e coisas do tipo. Mulheres que não tinham nem contato comigo, por exemplo a moça da padaria que se sentou do meu lado e só trocamos um Oi foi uma das vítimas. Mas algumas delas até gostavam, tinham seus 15 minutinhos de fama.
Com o tempo voando, fui convocado pra seleção da Espanha, para disputar a Copa do Mundo e com isso, era treino o dia inteiro.

Meu último ano no colégio se baseou em duas palavras: estudo e diversão. Eu me preparei para vários vestibulares, e principalmente pra faculdade mais concorrida da cidade. Eu queria muito passar em Medicina, e o melhor curso de medicina era nessa faculdade. Meu pai me incentivou muito, pagou curso particular e tudo... Tirando os fins de semana que eu aproveitava pra estudar, eu sempre saía com a Maria e o povo da minha turma, eles eram muito animados e adoravam a Maria. Ela até ficou com um garoto da minha sala por um tempo, mas não deu em nada, eu estava começando a achar que eu e a Maria não encontraríamos mais nossa '' metade da laranja '', vi vários homens fazendo tanta coisa que eu duvidava que realmente existia nessas baladas da vida, que cheguei a desacreditar que existia algum homem que prestasse no mundo.
Logo depois que eu fiz meus 18 anos, meu pai me deu de presente um carro e não demorou muito pra eu conseguir minha habilitação. Quando passei no vestibular em 7° lugar, foi a melhor parte do ano. Meu pai fez uma festa com direito a tudo que eu queria, todos os meus amigos e colegas foram. Na festa, eu até aproveitei pra homenagear a Ana também, que passou em veterinária na mesma faculdade que eu. Foi incrível, foi um dos melhores anos da minha vida até agora.
Quando o ano seguinte começou, eu já não via a hora de começar a faculdade. No primeiro dia, cheguei com um friozinho na barriga, tive algumas aulas e quando saí pra fazer um lanche, tive uma surpresa.
- Adivinha quem é. - a pessoa tapou meus olhos, mas pude saber que era um homem pela grossura da voz, a qual eu não reconhecia.
- Não faço ideia - eu ri
- Ah, você viajou comigo. Não posso mais dar dicas. - ele riu
- Bernardo. - eu já sabia. eu reconheceria aquela risada em qualquer lugar.
- Que saudade! - ele se virou e me abraçou
E sim. O que eu achava que não tinha jeito, aconteceu: ele estava MAIS bonito do que antes. Estava com um pouco de barba
- Tá estudando aqui? - eu perguntei
- Tô cursando Educação Física aqui. - ele sorriu
- Jura? - eu perguntei
- Sério. - ele riu
- Pra mim você não morava aqui na cidade.. - eu disse
- Tô morando aqui agora, tô numa pensão aqui perto - ele disse
- Hum... Vou cursar medicina. - eu disse
- Sério? Parabéns.. Ouvi dizer que não é fácil passar. - ele pegou na minha mão
- É, estudei demais. - eu disse
- Você tá linda... Não perdeu aquela cara de menina que você tinha, ela ainda tá ai - ele riu
- Sério ? - eu ri
- Verdade. - ele sorriu
Quando estávamos conversando, Ana chegou sem entender nada.
- Oi - Bernardo disse
- Ana, esse é o Bernardo. Um amigo que viajou pra Califórnia comigo. - eu disse
- Prazer - ela sorriu
- Igualmente - ele sorriu
- Esse é o que você me falou né? - Ana disse
- Não Ana... - eu ri e tentei disfarçar
- Poxa, você não falou de mim? - ele riu
- Falei - eu disse
- Então é dele mesmo que você falou, o que você pegou lá né ? - Ana disse
- Tá minha aula já deve ter começado, Bê a gente se vê por aí de novo - eu disse me levantando
- Ok, depois vamos marcar alguma coisa.. Pra você me mostrar as coisas legais da cidade. - ele disse
- Ok.. Tchau - eu sorri
- Tchau. - ele disse
Ana e eu viramos um corredor.
- Você é a pessoa mais discreta que eu conheço. - eu disse
- Foi mal amiga, escapou! - ela riu
- Que vergonha. - eu ri
- Ele é muito gato, você precisa pegar ele de novo - ela disse
- Não... Eu e o Bernardo já deu o que tinha que dar. - eu falei
- Você pegou ele uma vez na vida, o que que custa pegar de novo? E do jeito que ele te falou... Pra você mostrar a cidade pra ele, não sei não viu... - ela riu
- Ah... Foi sem maldade nenhuma. - eu disse
- Sai com ele, mostra a cidade pra ele... Quem sabe ele não é o seu próximo amor? - ela disse
- Ah, para com isso Ana.. Não tenho mais cabeça pra isso. - eu disse
- Claro que tem.. A gente sempre tem cabeça pra namorar um pouco - ela riu
- Nem penso nisso mais. - eu disse
- Você já superou, mais ou menos, o '' você sabe quem ''. - ela disse
- É. Superei. - menti
Conversamos mais um pouco e depois voltei pra sala, quando as aulas acabaram fiz o meu caminho normal até o ponto de ônibus e me assustei com uma buzina. Me virei e era o Bernardo, provavelmente no carro dele.
- Você vai embora de ônibus ? - ele perguntou
- Vou, eu deixo o meu em casa... Só uso fim de semana. - eu disse
- Entra aí, eu te levo em casa. - ele sorriu
- Não precisa, eu volto de ônibus - eu disse
- Eu insisto Luiza, não custa nada! - ele falou
- Ah, tudo bem. - eu sorri
Entramos no carro e o ensinei o caminho até lá em casa, mas antes passamos na pracinha e tomamos um sorvete. Ele me contou o que tinha feito durante esses anos e eu contava das poucas coisas que eu tinha feito... Foi ótimo passar o final do dia com ele, e o abraço que ele me deu me fez lembrar que eu precisava de sexo. Urgente.
Nos despedimos e eu entrei.
Quando cheguei em casa, meu pai ainda não tinha chegado... Estudei um pouco e fiz alguns exercícios de biologia, quando o telefone tocou deitei na minha cama e atendi.
- Amiga - era a Ana
- Oi Ana, adivinha com que meu tava? - eu perguntei
- Com quem? - ela perguntou curiosa
- Com o Bernardo... Ele me trouxe aqui e a gente ainda tomou um sorvete aqui perto - eu ri
- Sério? Não acredito! - ela riu
- Sério... Ele é gente boa demais, e lindo, e cheiroso... E tentador. - eu ri
- Nossa, você precisa pegar ele de novo - ela disse
- Preciso, preciso muito do corpo dele - eu ri
- Precisa mesmo, você tá estressadinha demais - ela disse
- Mentirosa! - eu ri
- Amanhã você vai conversar com ele no intervalo e vai marcar alguma coisa. - ela disse
- Ok, vou tomar coragem e vou fazer isso. - eu disse
- Tá, era só isso mesmo amiga, só pra saber se você tem alguma novidade.. Tô esperando o Matheus chegar - ela disse
- Hum... Manda um abraço pra ele. - eu disse
- Tá bom, beijo - ela disse
- Beijo - eu desliguei
No outro dia, no intervalo, eu via o Bernardo de longe e tentava tomar coragem pra ir falar com ele. Mas acho que demorei demais e ele se levantou e saiu. Me sentei ali perto e só fiquei observando. Quando assustei, ele sentou do meu lado e sorriu.
- Achei que não ia te ver hoje. - eu disse
- Achei que não ia te encontrar aqui hoje. - ele riu
- E aí, vai fazer o que no fim de semana ?  - eu perguntei
- Vou te convidar pra ver um filme lá na república... É que todo mundo vai sair e eu não tô muito animado.. - ele disse
- Ah, entendi. - eu disse
- Você topa? - ele perguntou
- Se eu não for atrapalhar, eu topo - eu disse
- Não vai atrapalhar, só vai ficar eu e você. - ele sorriu
Tentei controlar os pensamentos obscenos que passavam na minha mente, mas foi inevitável.
- E aí, você topa? - ele perguntou
- Topo. - eu ri
- Então tá bom, te pego na sua casa la pras... 5? - ele perguntou
- Não, pode deixar que eu vou com meu carro. - eu disse
- Tá, vou te passar o endereço - ele pegou um papel e uma caneta
- Aqui - ele me entregou
- Ok.. Então, eu apareço lá sábado a tarde. - eu sorri
- Te espero ansiosamente. - ele piscou
Me despedi dele e fui pra minha sala. Quando cheguei em casa, comi alguma coisa e Ana me ligou.
- E ai você falou com ele? - ela perguntou
- Não. - eu disse
- Nossa, você é uma parasita - ela reclamou
- Ele falou comigo. - eu ri
- Jura? - ela riu
- Aham. Vamos ver filme juntos e sozinhos na republica sábado a tarde. - eu disse
- Ou seja, sexo ? - ela riu
- Ah acho que não. - eu disse
- Não por falta de vontade né? - ela perguntou
- Com certeza. - eu ri
- E até agora, vocês não se beijaram ? - ela perguntou
- Ah, ainda não. Mas a gente já ficou né - eu disse
- Mesmo assim. - ela disse
- Vai ver ele tá querendo só minha amizade - eu ri
- Você? Um mulherão desses? Só amizade? - ela riu
- É - eu disse
- Só se ele for gay. Aí vou até entender. - ela riu
- Vai saber né... - eu disse
- Agora papo sério, te liguei pra te contar que...- ela disse
- É coisa boa? - eu perguntei
- Eu achei ótimo. Mas acho que você não vai gostar muito.- ela disse
- Ai ai ai, fala logo Ana - eu disse
- O Pedro vai voltar a morar aqui no Brasil. - ela gritou
- O que? Como assim? Como, como você sabe ? - eu perguntei
Meu coração acelerou, minhas mãos soaram e começaram a tremer.
- Ele contou pro Matheus. Seu pai deve te falar também. - ela disse
- Meu pai não me falou nada! Que dia, que dia ele vem? - eu gaguejei
- Vem no final do ano. - ela disse
- Ah, preciso desligar amiga. Tchau. - eu desliguei
Continuei deitada na minha cama tentando controlar aquelas muitas emoções que eu sentia. O Pedro ia voltar pro Brasil. Voltar pra minha cidade. O Pedro. Que eu não tinha notícias a anos... 
- Luiza, para com isso deixa de ser boba. Você nem gosta dele mais. - eu falei pra mim mesma, rezando para que fosse verdade.
Fiquei o resto do dia pensando nele, e não tive nem coragem de atender quando o Bernardo me ligou. Eu só queria uma coisa: ligar pro Pedro. Falar com ele.. Ouvir da boca dele que isso era verdade. Não entendia como uma notícia dessas podia mexer tanto comigo! Procurei em uma caixa que eu guardava coisas antigas e encontrei a minha foto e a dele, quando eu ainda tinha 15 anos... Meu coração doeu quando deixei meus pensamentos voltarem ao passado e relembrar tudo o que a gente tinha vivido... Desde o primeiro beijo até o ultimo, me deparei chorando de saudade, de felicidade e de tristeza ao mesmo tempo. Triste por ter acabado, mas feliz por ter acontecido. Não consegui esconder de mim a verdade, e a verdade era clara: ainda existia amor. E estava mais forte do que eu pensei. 
Me permiti pensar nele, lembrar dele, ver nossas fotos e até procurar sobre ele na internet. Mesmo que aquilo me doesse, mesmo que me fizesse sofrer, eu não consegui controlar a saudade... E agora essa notícia, de que ele iria voltar, mexeu muito comigo.
- Luiza! - meu pai bateu na porta
- Oi pai - limpei as lágrimas correndo
- Posso entrar? - ele perguntou
- Pode. - eu escondi as fotos debaixo do meu travesseiro
- E ai como foi na faculdade hoje filha? - meu pai perguntou
- Ah foi legal.. Nada de mais. - eu disse
- Só queria te contar uma coisa - ele disse
- O Pedro tá vindo né? - eu perguntei
- Como você sabe? - ele me olhou assustado
- Já fiquei sabendo. - eu disse
- Ele vem nesse fim de semana. - ele disse
- Sério ? Tão rápido assim ? - eu perguntei
- É. Eu vou buscar ele no aeroporto, e ele vai ter que ficar aqui em casa, no quarto de hóspedes. - meu pai disse
- Ele vai ficar aqui na nossa casa??? - eu perguntei
- Vai. A mãe dele ja não tem mais o quarto dele lá, não tem onde ele ficar. - ele disse
Fiquei sem reação e meu pai percebeu isso. Por fim tentei fingir que não fazia diferença.
- Por mim tanto faz pai. Vou tomar um banho. - eu disse e saí do quarto
Pra falar a verdade minha ficha não caiu. Fui pro chuveiro ainda sem reação. O Pedro ia vir morar aqui em casa? Como assim? Porquê? Não consegui entender. Não consegui nem pensar em outra coisa durante o resto da semana além disso, e não tinha nem como não pensar. Meu pai organizou o quarto de hospedes a semana inteira, buscou algumas coisas que ficaram dele na casa da minha madrasta e levou lá pra casa, até a cocha da cama dele ela tinha guardado. Meu pai e ela organizaram o quarto todo, e ela estava muito animada com isso tudo, dava pra ver pelo olhar dela.
- Nem acredito que meu filho vai voltar. - ela me olhou
- É, nem eu. - eu disse
- Surpresa pra você né? - ela perguntou
- Demais viu.. Não imaginava. - eu disse
- Espero que ele não incomode muito você aqui, você tem o seu espaço. Se ele te incomodar você pode me avisar. - ela disse
- Aviso sim, mas o Pedro não é mais um moleque.. Ele agora já tá com 21 anos. - eu disse
- Eu sei, mas não sei se muita coisa mudou... É o mesmo Pedro de sempre. - ela riu
- É... - eu sorri
- E você, é a mesma Luiza de sempre? - ela me perguntou.
Essa pergunta me fez pensar, no que realmente eu tinha mudado. E eu não tinha certeza o que tinha mudado. Acho que ainda era a mesma Luiza de 15 anos, só que um pouco mais realista e com mais maldade em olhar as coisas que aconteciam ao meu redor. Não que isso seja ruim, mas é o que realmente mudou.
Cancelei com o Bernardo e expliquei pra ele que o Pedro ia voltar. Ele não levou muito na boa, mas não tinha muita coisa a ser feita nessa altura do campeonato. Deixei claro que remarcaríamos o cineminha em casa.
No dia de buscar o Pedro no aeroporto, eu não tive coragem de ir junto. Na verdade, eu não tive coragem nem de ficar em casa. Subi e fiquei na casa da Maria até umas meia noite... Quando criei coragem de descer pro meu apê, desci.
Abri a porta, e a luz da sala já estava apagada. A televisão estava ligada, e tinha alguém deitado no sofá. Nem quis ver quem era e fui o mais rápido possível pro meu quarto, ou tentei fazer isso.
- Luiza - meu pai chamou, era ele
- Pai, ta dormindo no sofá? - eu falei baixinho
- Vou pra cama agora, estava preocupado com você. Vá ao quarto do Pedro e o ofereça alguma coisa pra comer, ele deve estar com fome. - meu pai se levantou e foi pro quarto dele.
- Tá. Boa noite. - eu disse
Antes de ver se o Pedro precisava de alguma coisa, fui no quarto e me olhei no espelho. Arrumei um pouco o cabelo e quando eu já estava apresentável, me sentei na cama e criei coragem. 
- Vai lá Luiza, que que tem? Você mesmo não diz que não sente mais nada por ele? Vai lá, e pergunta se ele tá com fome ou quer algo pra comer. É simples e fácil. - eu repeti isso pra mim, enquanto sentia minhas mãos soarem e minhas pernas tremerem de leve.
Respirei 10 vezes e fui.
Quando cheguei na porta do quarto, senti o perfume dele. O mesmo perfume, que ele usava quando a gente ainda estava junto. Aquilo me deu tanta vontade de correr e abraçar ele forte, dizer o quanto doeu e o quanto eu sentia saudades, e ouvir da boca dele que ele sentiu o mesmo. Mas a coragem faltava até pra chamar ele pra comer alguma coisa, imagina dizer isso?
Bati na porta e posso dizer com toda certeza: foram os 4 segundos mais longos da minha vida. Quando ele abriu a porta e me viu, não sei explicar a nossa reação. Nem a minha, nem a dele. Acho que era uma mistura de surpresa com timidez com não saber o que falar, com saudade... Ficamos parados, um na frente do outro. Ele me olhando, e eu olhando pra ele. Ele ficou mais bonito, tinha um pouco de barba, mas o rosto ainda era o mesmo. Quando ele sorriu timidamente, eu derreti por dentro. Meu Deus, o que é que está acontecendo aqui? Conti as lágrimas que tentaram se formar, e também sorri.
- Tá precisando de, de... alguma coisa? - eu perguntei, gaguejando
- Ah, não. Tá tranquilo aqui. - ele me olhava
- É que meu pai mandou te perguntar se você não tá com fome. - eu o olhava
- É, tô um pouco. - ele me olhou e ficamos calados.
Não sei por quanto tempo só nos olhamos. Quando voltei pro mundo real eu falei:
- Vou fazer algo pra gente, comer. - eu disse
- Ok. Vou lá na.. cozinha, com você. - ele meio que perdeu a fala.
- Tá bom. - nos olhamos de novo.
Aquele olhar era tudo o que eu precisava saber. Era toda a certeza que eu tinha. Ele ainda me amava, da mesma forma que eu ainda amava ele.
Fomos pra cozinha, em silêncio. Quando chegamos lá, abri a geladeira e peguei um suco. Ele se sentou num banco que estava lá e ficou me olhando. Enquanto eu preparava uns sanduíches ele me olhava, e eu tentando não parecer tão fraca quanto eu estava, como eu ficava na frente dele. 
Quando terminei e já estava tudo pronto, o servi e me sentei junto com ele.
- Obrigada. - ele disse
- Nada.. - eu sorri
Comemos em silêncio, até ele falar alguma coisa.
- Você tá fazendo medicina né, parabéns... - ele disse
- É.. Obrigada. - eu respondi
- Nada. - ele sorriu
- E você.. Porque voltou? - eu o olhei
- Vou jogar aqui agora. Meu contrato na Espanha acabou e recebi uma proposta boa pra ficar por aqui, por mais 5 anos. - ele disse
- Hum.. Que bom pra você então, você devia estar com saudades daqui. - eu disse
- Você não imagina o quanto. - ele me olhou
Desviei meu olhar do dele e, quando terminamos de comer, arrumei as coisas rapidinho e nos levantamos. Fui em direção ao meu quarto e olhei pra trás, pra desejar boa noite.
- Boa noite - eu sorri
- Ah, você pode vir aqui rapidinho? É que eu não tô conseguindo deixar esse chuveiro no quente, e já tomei um banho frio - ele riu
- Ah sim, claro. - eu fui
Quando entrei no quarto dele, tinha tanto presente em cima da cama que não tinha como não olhar. Mas mesmo assim continuei andando e entrei no banheiro, fui onde ficava o chuveiro e o mostrei onde é que o problema estava.
- É só você apertar esse botão aqui, duas vezes e a água esquenta, tá vendo? - eu o mostrei
Ele estava muito perto de mim, a menos de 10 cm de distancia. 
- Entendi. - ele me olhou e foi chegando o rosto mais perto do meu
- Bom, era só isso? - eu me afastei.
- Não.. Eu tenho um presente pra você. - ele disse
- Um presente? Pra mim? - eu perguntei
- É, eu trouxe pra todo mundo alguma coisa... Acho que você vai gostar - ele disse, procurando no meio dos presentes que estavam em cima da cama
- É esse aqui. - ele me deu uma caixinha
- Nossa.. Obrigada Pedro, não precisava. - eu disse
- Abre. - ele disse
Quando abri, era um colar lindo. com um pingente de coração bem pequeno, cheio de brilhantes.
- Nossa, é maravilhoso.. Mas não posso aceitar isso. - eu o olhei
- Porque? - ele me olhou confuso
- Deve ter sido muito caro e, eu não quero trazer problema pra você. - eu o entreguei
- Para com isso. Vira de costas. - ele falou
- O que? Pra que? - eu ri
- Vira, anda. - ele riu
Fiz o que ele mandou, e quando ele tocou meu ombro, eu fechei os olhos. A mão dele deslizou sobre meus ombros, ele pegou meu cabelo o colocou para frente, deixando minha nuca sem nada. passou o colar pelo meu pescoço e o prendeu. Ele mesmo me virou, e olhou para o colar.
- Ficou mais bonito do que eu imaginava. - ele riu
- Ah até parece. - eu ri, tímida
- Amanhã, você me ajuda a entregar os outros? Tenho que entregar o da Ana, do Matheus... - ele disse
- Hum.. Ajudo, mas agora vou dormir né.. Tá tarde. - eu sorri e fui pra porta do quarto.
- Você tá certa.. Boa noite. - ele sorriu
- Boa noite - fui pro meu quarto.

Até que enfim ela havia chegado. Não sei quanto tempo demorou, mas esperar ela por mais algumas horas foi quase uma eternidade. Mas acho que toda espera valeu a pena, ela veio no meu quarto e ainda preparou um lanche pra mim. Cheguei tão perto de beijá-la, que quase pude sentir de novo o gosto de seus lábios... Ela ainda topou ir comigo entregar os presentes pro pessoal, eu iria passar o dia inteiro com ela. Era tudo o que eu esperei durante esses anos, poder ficar perto dela de novo. Quando ela riu, eu não consegui entender como aguentei ficar tanto tempo ser a ver, sem a tocar... Sem escutar o som da voz dela. Não me importava se ela estava com outro cara, ou se ela já tinha outro amor. Eu só queria ela, assim, pra mim. Como deve ser. Como sempre deveria ter sido.
Passei a noite em claro, tentando acreditar que aquilo era real, que eu estava de volta e que ela estava no quarto ao lado do meu, mas que mesmo assim eu não podia ir lá e fazer nada. Não consegui fechar o olho nem por um segundo, e acho que só conseguiria dormir depois de fazer o que eu tanto queria: vê-la dormindo. 
Decidi ir ao quarto dela, e a porta estava encostada. Ela estava virada pro outro lado e estava um silêncio. Quando cheguei mais perto, assustei.
- Pedro? Aconteceu alguma coisa? - ela se levantou
Burrice. Ela tava acordada também, e pra variar só estava de calcinha e sutiã, ainda deveria ser o jeito preferido dela de dormir.
- Não, eu. Eu só queria saber se estava tudo bem aqui. - eu menti, gaguejando
- Tá tudo bem sim - ela riu, pegou uma coberta e se cobriu 
- Desculpa, é que eu achei que você ja estava dormindo. - eu disse sem graça
- Tô sem sono... E pelo visto você também, né? - ela disse
- É, acho que é muita novidade pra mim. - eu ri
- Você deveria dormir, você fez uma longa viagem hoje. Deve estar cansado. - ela me olhou
- É verdade. Boa, boa noite. - eu gaguejei, e saí do quarto
- Boa noite. - escutei um riso baixinho dela
Sou muito idiota. Ela agora deve estar achando que além de tudo ainda virei tarado. Voltei pro meu quarto, e demorei um pouco, mas peguei no sono.

Acordei de manhã depois do susto, e só fiz uma coisa: ligar pra Ana. Contei pra ela do presente, da invasão dele aqui no meu quarto de madrugada e principalmente de que hoje iriamos encontrar com ela. E é claro, que pedi pra ela não dar nenhuma mancada igual ela deu perto do Bernardo.
- Peraí, para o mundo que eu quero descer. - ela disse
- O que ? - eu ri
- Você tá me dizendo que o Pedro foi aí no seu quarto de madrugada? - ela riu
- É! Juro! Ainda tomei um susto, e ele ficou tão lindinho quando ficou sem graça... - eu disse
- Será que ele tá solteiro? - ela me perguntou
- Eu que vou saber? Nem conversei com ele direito. Aliás, nem sei se quero. - eu disse
- Para, você quer muito. - ela disse
- Quero nada. - menti
- Quer sim. - ela insistiu
- Tá, isso não importa. Mais tarde passo aí, beijos. - eu disse
- Beijo. - ela desligou
Tomei um banho e fui pra cozinha tomar café, e os dois homens da casa estavam na cozinha, falando de alguma coisa e rindo.
- Bom dia - eu disse
- Bom dia - meu pai me deu um beijo na testa
- Bom dia. - ele sorriu
- Tem pão de queijo no forno. - meu pai disse
- Ok. - eu respondi
Tomei café com eles, que falavam de futebol e me deixaram totalmente fora do assunto. Quando terminei, Pedro me chamou pra ir com ele na casa do Matheus, eles iriam almoçar lá. Topei né, combinei de ir com ele entregar os presentes e eu queria sim passar mais tempo com ele. 
- Só vou tomar um banho e me arrumar, e a gente vai. - eu sorri
- Ok. Vou te esperar. - ele ficou me olhando.
Enquanto eu '' fingia '' tomar banho, liguei pra Maria e estava contando sobre a noite de ontem bem baixinho dentro do meu quarto.
- Você não vai voltar com ele né? - ela perguntou
- Claro que não. - menti
- Ah, porque não sei se você lembra mas ele te deixou pra ir jogar futebol! - ela disse
- Tá bom amiga. Depois a gente conversa preciso me arrumar - eu disse
- Ok, quando chegar me liga. - ela disse
- Tá bom, beijo - eu disse
- Beijo - ela desligou
Coloquei um short jeans e uma camiseta e molhei o cabelo de novo, passei uma leve maquiagem e um pouco de perfume. Quando saí do quarto, dei de cara com ele sem camisa, secando as costas. Ele já estava de bermuda e o cabelo bem molhado.
- Já tá pronta? - ele sorriu
- É, tô. - eu coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha
- Você não muda né? - ele riu
- Acho que não.. - sorri
- Só vou colocar uma camisa, e já vamos. - ele disse
- Ok. Tô aqui na sala. - eu fui pra sala
- Tá bom. - ele entrou pro quarto
Me sentei na sala e o esperei por uns 2 minutos, ele estava com uma sacola na mão onde os presentes estavam e abriu a porta pra mim. Quando fomos pra garagem, pensei em irmos no meu carro e falei pra ele.
- Não, vamos no meu. - ele disse
- Podemos ir no meu, sem problemas! - eu sorri
- O meu tá mais fácil de sair daqui. - ele apontou
Verdade. Algum morador fez a questão de colocar um carro na frente do meu e deixar mais difícil minha saída.
- Tá bom então, vamos no seu. - eu disse
- Oba. - ele riu
Não entendo muito de carro, aliás nunca entendi então não sei o nome do carro nem nada. Só sei que era um carrão, daqueles de filme americano, sabe? Lindo, prata. Ele só destravou e eu mesma entrei e me sentei. Ele fez o mesmo e em pouco tempo já estávamos fora da garagem.
- O carro é lindo. - eu disse, tentando quebrar o silêncio
- Só o carro? - ele riu
- Deixa de ser bobo menino - eu ri
- Menino... É engraçado você falando isso. - ele riu
- Por que? - eu perguntei
- Já tô ficando velho, acho que depois de você ninguém nunca mais me chamou de menino. Nem a minha mãe. - ele riu
- Pra mim você ainda é.. - eu disse
- Ainda. - ele repetiu
- Você não pode ter mudado tanto. - eu disse
- Tem certas coisas, que não mudam, né? - ele me olhou
Ficamos nos olhando não sei por quanto tempo, estávamos parados no semáforo e ele foi chegando mais perto e mais perto e logo virei o rosto.
- Só vou ajustar o retrovisor - ele riu
- Já sabia. - eu ri
Continuamos andando em silêncio, paramos novamente em outro semáforo quando ele disse:
- Posso te perguntar uma coisa? - ele me olhou
- Pode falar. - eu disse
- Não, na verdade eu só quero conferir uma coisa. - ele disse
Ele chegou mais perto de mim, deixando sua boca muito perto da minha. Ouvi o barulho da nossa respiração e mesmo sem entender nada, deixei ele ficar ali, me olhando bem de pertinho. Senti a mão dele em cima do meu peito, como quem quisesse sentir meu coração.
- Tá, já deu né. - eu tirei a mão dele
- Sabia. - ele riu
- Sabia o que? - eu perguntei confusa
- Deixa pra lá. - ele acelerou 
Fomos o resto do caminho calados. Quando chegamos na casa do Matheus, Ana já estava lá.
- E aê parceiro - eles se cumprimentaram
Se abraçaram, se beijaram, se carregaram, um ficou zoando o outro... Tava muito engraçado e lindo ao mesmo tempo, como a amizade dos dois era sincera só do jeito que eles se tratavam.
- Nossa, o Pedro tá lindo. Com todo respeito amiga. - Ana riu
- É... - eu ri
- Você já ficou com ele? - ela perguntou
- Não. E nem vou. O Pedro, não quer mais nada comigo. - eu disse
- Ah para! - ela riu
- Que foi ? - perguntei
- Olha o jeito que ele olha pra você! Como você tem coragem de falar isso? Tá na cara que ele ainda te ama. - ela me empurrou
- Ai - eu ri
- Olha ele e o Matheus, parecem duas crianças que não se viam a muito tempo. - ela riu
- É, mas eles não são mais crianças viu... Pedro cresceu, e amadureceu. E muita coisa que antigamente era bom pra ele, hoje em dia não deve ser mais. - eu disse
- Como assim? - ela perguntou
Quando ia responder eles se aproximaram da gente e sentaram perto de nós. Ficamos na sala conversando, o Pedro contando da viagem e tudo mais. A mãe do Matheus fez macarrão de almoço, especialmente pro Pedro, e depois passamos a tarde vendo filme e vendo os bonitos jogarem videogame.
Ficou tarde e chamei o Pedro para irmos. Ele se despediu do Matheus e fomos pro carro.
- Quer ir embora pra casa mesmo? - ele me perguntou
- Tá tarde. - eu sorri
- Tá com pressa? - ele perguntou
- Não, porque? - perguntei confusa
- Porque a gente vai pra outro lugar. - ele sorriu
Antes que eu pudesse responder ou impedir, ele acelerou e eu preferi nem dizer nada. A cada vez mais que ele acelerava eu não mais reconhecia o caminho. 
- Pra onde a gente tá indo ? - perguntei
- Você vai ver. - ele sorriu
- Acho que você tá perdido - eu ri
- Porque? - ele me olhou
- Você ainda sabe andar por aqui ? - eu ri
- Sei sim palhaça - ele riu
Reparei que a gente só subia, subia e subia morro. Quando chegamos, ele só parou um carro num lugar meio deserto.
- Pode descer. E aprecie a paisagem. - ele sorriu
- Você é louco.  - eu desci
Era um mirante. Lindo. A visão de toda a cidade, com aquelas luzes e o céu todo estrelado.Parei e me encostei no carro, só apreciando a paisagem, realmente.
- E aí, gostou ? - ele perguntou
- É lindo. - eu continuei olhando
Tá vendo aquele lugar ali, com umas arvores? - ele apontou pra um lugar, que também era alto. 
- Tô - eu olhei
- Lembra quando viemos aqui de moto, a muito tempo atrás? - ele me olhou
Veio toda aquela lembrança, o dia, o que fizemos, como foi perfeito. Meu coração acelerou e respirei fundo, tentando controlar ele.
- Lembro. Você também né. - eu o olhei
- Nunca esqueci. - ele me olhou e sorriu
Ficamos parados ali, olhando a paisagem. Tive vontade de dizer mil coisas, de beijar ele, de chorar e dizer o quanto eu senti falta dele, de bater nele por ele ter me deixado aqui e ter ido embora. Mas só fiquei observando mesmo.
Enquanto a gente só apreciava a vista, as lembranças invadiram minha mente como se fosse um filme muito bom mas que eu nao conseguia acabar de ver. Todos aqueles momentos, desde o primeiro beijo até o ultimo abraço que ele me deu, tudo que a gente passou... E agora ele estava ali, do meu lado novamente mas as coisas não eram as mesmas e isso me incomodava muito. Por um minuto deixei meu coração no comando e concluí que eu ainda amava ele, apesar de tudo que a gente viveu, apesar do tempo. Estar ali de novo, só eu e ele, só me confirmava isso. Sem perceber, as lágrimas caiam.
- O que foi? - ele se virou pra mim
- Nada, acho que o vento ta forte demais - menti
- Ah, pera. Tem uma blusa aqui. - ele foi pra atrás do carro
Abriu o porta malas e me deu uma blusa de frio
- Toma aqui - ele me entregou
- Pedro, pra que que você tá fazendo isso tudo?
- Isso tudo o que ? - ele riu
- Não ri, eu tô falando sério - fiquei brava
- Tá bom. Isso tudo o que ? - ele fez uma expressão séria
- Isso! Primeiro você volta, vem morar na minha casa, depois me dá um presente, agora me trás aqui. O que que você quer de mim? O que mais você quer de mim que você não teve? O que você tá querendo com isso tudo Pedro? Me deixar louca, me confundir ? - disse chorando
- Luiza, eu quero você - ele me puxou pra mais perto dele
- O que ? - eu já tinha entendido, mas queria que ele repetisse
- Eu quero você pra mim, de novo. Pra sempre! - ele me olhou 
Por um momento só nos olhamos, eu vi que ele estava sendo sincero pelo jeito que ele me olhava.
- Agora? Depois de tudo? Você acha que é fácil assim? - tentei bater nele de raiva, mas ele agarrou meus braços
- Eu vou fazer o que for preciso. Porque eu sei que vai valer a pena. - ele me olhou
- Eu quero ir embora daqui. Agora. - entrei dentro do carro
Sem falar nada, ele também entrou e fomos pra casa. No caminho, não falamos nada. Quando fui entrar pro meu quarto ele disse '' boa noite '' mas nem quis olhar pra trás, fechei a porta e chorei, chorei e chorei.
Pensei em ligar pras meninas, e saber a opinião delas, mas a decisão era só comigo. Eu precisava decidir isso sozinha. sei nada nem ninguém pra me influenciar. Minha vontade era ir lá no quarto dele e o beijar, dizer o quanto senti falta dele e o quanto eu ainda o amava. 
- Quer saber. É isso mesmo que vou fazer. - limpei as lágrimas
Me levantei, olhei no espelho e ajeitei o cabelo. Ri sozinha da loucura que eu estava prestes a fazer, mesmo sabendo que eu poderia me arrepender, não recuei. Coloquei uma camisola e fui.
Abri a porta do quarto e quando ele me viu, levantou da cama.
- Aconteceu alguma coisa? - ele me olhou
Coloquei o dedo indicador sobre a boca dele, deixando claro que eu queria que ele ficasse calado e sem hesitar cheguei mais perto e beijei ele. Que saudade daquele beijo, do gosto que ele tinha.
No começo ele não entendeu direito, mas quando ele viu que eu não tava brincando começou a entender. Pegou minha cintura e me beijava, passava a mão no meu cabelo, deslisava a mão pela minha coxa e me apertava de leve. 
Devagar fui levanto ele de novo pra cama, fiz ele sentar e sentei em cima ele. Continuamos nos beijando quando ele interrompeu.
- Tem certeza do que você tá fazendo? - ele me olhou
- Já te mandei ficar calado. - eu ri 
Nos beijamos de novo e enquanto isso, fomos tirando a roupa.
- Seu pai deve estar em casa - ele disse
- Vai dormir na sua mãe hoje - eu ri
Fiz ele se deitar e o beijei todo, da boca até a coxa. Quando ele já não aguentava de tanto tesão, me puxou pelo cabelo e me beijou toda também. Em cima de mim, ele começou com o movimento e permanecemos nele a noite inteira. Quando começou a amanhecer, chegamos ao clímax juntos e não tinha pra ninguém: eu e o Pedro na cama, ainda não existia coisa melhor.
Ficamos abraçados, nos olhando. Aquilo ali estava perfeito pra mim: o abraço dele, o cheiro dele, a companhia dele. Não precisava de mais nada.
- Você não imagina o quanto eu esperei por isso. - ele me olhou
- E você não imagina o quanto eu senti sua falta - eu disse
- Mais do que eu, duvido muito. Só Deu sabe. - ele me beijou
- Promete que você não vai me deixar de novo? - tentei não me emocionar
- Prometo. - ele me abraçou
Acho que nunca pude imaginar que esse dia chegaria, o Pedro pra mim era um caso encerrado. Mas o amor nos surpreende, mais do que a gente imagina. Eu tinha superado, mas não tinha esquecido. Afinal, como esquecer de algo que foi tão bom? Tão intenso... Tão verdadeiro. O destino tem isso, ele une e separa pessoas... Mesmo ele sendo tão forte, ele é incapaz de fazer com que esquecemos de pessoas que por algum momento nos fizeram felizes. A distância permite a saudade, mas nunca o esquecimento e o Pedro era a prova disso.
- Sem você, passei a ver o que nunca enxerguei. Sem você, me dei um tempo e me repensei. Eu me vi naquelas folhas de outra estação, que sem vidas são varridas, secas pelo chão. Acredito hoje em coisas que me ensinou, acredito que dias melhores tão por vir, e que amores de verdade surgem num olhar, acredito que a gente possa ser feliz.. - ele cantou baixinho
Aquele momento era tão perfeito, tão único, que eu não queria levantar da cama. Se eu pudesse eternizar um minuto da minha vida, com certeza seria esse. 
- Agora me conta, porque você voltou ? - eu perguntei
- Te falei, do contrato... - ele disse
- Mas era só você renovar, e você joga bem. Duvido que eles não te ofereceram a renovação. - eu disse
- Ofereceram, mas eu não aguentava mais de saudade de você Luiza. Da minha mãe também. - ele riu
- E agora, como vai ser daqui pra frente? - eu perguntei
- Vai ser do jeito que você quiser que seja. Você manda.- ele me beijou
- Que dessa vez seja pra sempre. - eu disse
- Pra sempre. - ele me beijou

Tava tudo perfeito, tudo muito bem mas a semana tinha começado e eu precisava ir pra faculdade.
- Fica, só mais um pouco. - ele me beijou
- Tenho que ir amor, se não eu me atraso. E meu pai também daqui a pouco chega. - eu disse
- Tá né. Também vou cuidar de algumas coisas do novo contrato hoje mais tarde. - ele me abraçou
- Vou tomar um banho - me levantei
- Antes vem cá. - ele me puxou e me abraçou
Que delicia ele me abraçando daquele jeito, pelado e suado. Pode parecer nojento eu falando assim mas naquela hora, não era.
- Aqui, não esquece tá? - ele disse
- Do que? - eu perguntei
- Que eu te amo, demais. - ele disse
- Eu também te amo, muito. - eu sorri
Ele me deu mais um beijo e fui tomar meu banho. Enquanto eu já estava me lavando, ele entrou no banheiro e tomou banho comigo. A gente conversou um pouco e, depois me arrumei. Quando eu já estava pronta, ele se ofereceu pra me levar
- Não precisa amor. - eu disse
- Eu quero te levar. - ele sorriu
- Tá bom - eu disse
- Porque? Não pode? Tem alguma coisa lá que eu não posso ver? - ele perguntou
- Ai calma! Não tem nada de mais! É só que eu já me acostumei em nunca ninguém me levar. - eu disse
- Hoje eu vou te levar - ele me beijou
- Tá bom. - eu sorri
Escutei o barulho da porta da sala abrindo e era meu pai. 
- Você chegando e eu saindo. - eu ri
- Já tá atrasada, vai logo - ele disse
- Pedro vai me levar lá, dormi demais e acabei me atrasando. - menti
- Ok, então se apressem. - ele disse
Saímos e fomos pro carro.
Quando estávamos no caminho, percebi que ele estava meio nervoso. Não falei nada, deixei que ele falasse.
- Você pega alguém da faculdade? - ele me olhou
- Porque você tá fazendo essa pergunta ? - eu ri
- Perguntei primeiro. - ele disse
- Eu acabei de começar lá Pedro. Não pego ninguém lá. - eu disse
- Hum.  - ele disse
- Mas já peguei. - eu ri
- Você acabou de falar que começou cedo e já pegou? Foi rápida hein. - ele me olhou nervoso
- Não é isso Pedro, é que tem um cara lá que viajou comigo e a gente ficou há uns anos atrás - eu sorri
- Aposto que ele fica de papinho com você né.. - ele disse
- A gente conversa, como amigos. - eu disse
- Sei como é que é. - ele falou
- E você pode falar muito né? Cheio de mulher no mundo atrás de você.
- São fãs, é diferente. - ele riu
- Diferente como? Aposto que todas tem vontade de ficar com você. Se já não ficaram né? - eu disse nervosa
- Calma amor. - ele riu
- Tá bom. - eu disse
- Não vamos discutir isso amor, não hoje - ele me beijou
Quando chegamos na porta da faculdade, nos despedimos e entrei. No intervalo Ana teve que escutar tudo sobre a noite anterior e acabou se emocionando junto comigo, ela sempre me apoiou muito em relação ao Pedro e não existia ninguém melhor que ela pra entender o meu relacionamento e o dele.
- E agora, como vai ser? - ela perguntou
- Ele disse que vai ser do jeito que eu quiser. - eu ri
- E como você quer? - ela perguntou
- Não sei... Não quero que ele saia de perto de mim. - eu disse
- Isso é, vocês morarem juntos. - ela sorriu
- Isso a gente já faz né - eu ri
- Tô falando de outro jeito - ela piscou
- Como assim ? - fiquei confusa
- Uai... Vocês dois, morarem juntos. Só vocês. Sem seu pai, entende? - ela riu
- Tipo marido e mulher? - eu ri
- É - ela disse
- Ah.. Tô muito nova pra isso. - eu ri
- Mas ele não. Ele já tá na idade, e já tem a vida ganha. Seu futuro garantido. - ela piscou
- Mesmo assim. Acho que no momento, não rola - eu ri
- Você que sabe, mas pensa. Ia ser legal. - ela disse
- É... - pensei
- Você sendo dona de casa, preparando comida, dormindo junto na mesma cama... - ela riu
- Não quero morar junto pra virar dona de casa! - eu ri
- É, não é muito agradável mesmo - ela concordou
- Mas sei lá, eu mesma vou querer cuidar da minha casa... Quando for a hora eu vou dar conta - eu disse
Quando o intervalo acabou voltamos pra aula e na saída, Bernardo me chamou.
- Oi - ele me cumprimentou
- Ei - sorri
- E ai, como foi de fim de semana? Pedro tá bem? - ele tentou fingir que se importava
- Tá ótimo - sorri sem graça
- E o nosso cinema tá de pé? - ele disse
Quando tentei pensar numa resposta, Pedro buzinou e me chamou pra entrar no carro.
- Depois a gente se fala, beijo - eu despedi do Bernardo
- Oi amor - dei um selinho nele
- Esse aí que é o carinha que você ja pegou né ? - ele disse
- Eu tô bem também, obrigado por perguntar. - sorri
- Desculpa amor, como foi a aula hoje ? - ele perguntou
- Foi normal.. Cansativa como sempre - eu disse
- É mas daqui uns anos tudo isso vai ser recompensado - ele me beijou
- Se Deus quiser - eu disse
Quando chegamos em casa, meu pai ainda não tinha chegado. Fiz um lanche pra gente e vimos um filme. Pedro estava sem camisa, quando a campainha tocou e ele foi atender
- Oi, a Luiza está ? - era a Maria
- Está sim. Amor? - Pedro gritou
- Ei amiga, entra aí - chamei ela
Ela entrou e se sentou no sofá com a gente. Apresentei ela pro Pedro e nem precisamos falar nada, Pedro me beijava me abraçava me fazia carinho então não tinha nem porque de eu falar que a gente já estava junto de novo. 
- Vim fazer um convite pra você amiga, quer dizer.. Pra vocês. - ela olhou pro Pedro
- Fala aí - sorri
- Amanhã a noite é a inauguração daquela boate que eu já comentei com você pra gente ir, vai bombar. O traje é qualquer tipo de roupa na cor preta ou branca.. Eu já ia conseguir o camarote pra você, mas como o Pedro vai junto, eu arranjo de graça fácil. - ela disse empolgada
- Que bacana amiga. Amanhã a noite amor, o que que você acha ? - eu o perguntei
- Eu animo demais. E você? - ele me beijou
- Também. A gente vai então - eu sorri pra Maria
- Tudo bem. Vou colocar os nomes na lista. - ela disse
- Ok - Pedro disse
Depois ela foi embora, e a gente continuou vendo filme.
Pausei o filme e fui no banheiro, quando passei pela janela viu um flash. Voltei e vi, que havia um paparazzi do outro lado do prédio, me fotografando.
- Amor, corre aqui. - eu o chamei
- Oi amor - ele veio
- Olha despistadamente pela janela - eu disse
Ele olhou e vimos mais um flash
- Que droga, é um paparazzi - ele saiu de perto da janela
- E agora? - eu ri
- Deixa ele fazer o trabalho dele né amor. Não invadindo nosso cantinho. - ele me carregou e me beijou
- Eles te perseguem assim mesmo? - eu perguntei
- Só todos os dias, mas aqui esse é o primeiro. Eu acho. - ele riu
- Nossa! Esqueci que você é famoso - eu ri
Voltamos pro sofá e terminamos de assistir o filme. Quando meu pai chegou, nos viu deitados juntos no sofá. Ele não disse nada, só nos deu boa noite e foi pro quarto dele. Depois quando já ficava tarde fomos dormir..
- Boa noite meu amor - ele me beijou
- Boa noite amor, vamos no shopping comigo amanhã? - eu chamei
- Vamos claro, o que vamos fazer lá ? - ele perguntou
- Vou comprar um vestido pra gente ir na boate. - eu disse
- Boa ideia, também vou comprar alguma coisa pra mim - ele disse
- Ok. Até amanhã - fui pro meu quarto
- Amor - ele me chamou
- O que? - olhei pra trás
- Queria que você dormisse comigo - ele me olhou
- Eu também queria, mas acho melhor não - eu disse
- Seu pai né.. - ele disse
- É.. - fiz  biquinho
Nos despedimos de novo e depois fui dormir. No outro dia depois da faculdade, ele me buscou novamente e fomos pro shopping.
Fomos a várias lojas,  e compramos várias coisas. Meu vestido era preto de paetê, lindo. Pedro que escolheu.. Ele disse que era o que mais combinava comigo, e foi ele mesmo que levei. 
Eu estava me sentindo uma artista de cinema, o shopping todo olhava pra gente, claro que por causa do Pedro, mas me reparavam também.
- Se eu soubesse que a gente ia ser a atração eu tinha me vestido melhor - eu ri
- Você tá linda sempre amor, para - ele me beijou
Dois meninos pararam o Pedro pra pedir autógrafo e tirar foto, eu até tirei a foto pra eles. 
- Você é demais cara - um deles disse
- Um dia vou jogar igual você - o outro disse
- Vou apostar em você hein! - Pedro riu
Depois que fomos pra casa, era o tempo da gente se arrumar e ir pra boate. Tomei um banho, me maquiei e coloquei o vestido. soltei os cabelos e coloquei um salto lindo, que o Pedro tinha me dado de presente hoje. Ele bateu na porta do quarto.
- Entra - eu gritei
- Nossa, que princesa - ele pegou minha mão e me fez dar uma voltinha
- Obrigada amor - eu ri
- A gatinha tem namorado ? - ele me beijou
- Infelizmente a gatinha tá acompanhada - eu brinquei 
- Então vou ter que acabar com meu concorrente pra ficar com você. - ele riu
- Não sei se você consegue, ele joga bola muito bem. - eu disse
- Deixa pra lá então, ele deve ser muito lindo e gostoso também - ele riu
- Idiota - eu ri
Fomos pro carro e quando estávamos chegando na boate, Pedro estacionou ali perto e quando descemos foi exatamente como os filmes: estava cheio de paparazzis na porta da boate, era flash pra todos os lados. Pedro me deu a mão e com muito custo, entramos.
A boate era como as boates que eu frequentava com a Maria a um tempinho atrás, pra mim não era novidade nenhuma. Mas pro Pedro era, ele estava amando o lugar e tudo. A gente dançou, se divertiu... Só que estávamos indo rápido demais com as bebidas e eu só reconheci isso depois do acontecido da noite. 
- Amor, vou ali no banheiro - eu gritei
- Tá bom, eu vou com você e te espero na porta - ele me deu a mão
- Não amor, fica aí e guarda nosso lugar, vou rapidinho. - eu o beijei
- Ok, tô te vendo daqui - ele disse e eu fui
Entrei no banheiro e aproveitei pra retocar a maquiagem. Enquanto isso, la fora.
- Cadê a Luiza Pedro? - Maria perguntou
- Foi no banheiro, tô esperando ela aqui - ele disse
- Então, você tá sozinho aqui? - ela passou a mão na blusa dele
- Não, ela só foi ali no banheiro e...- ele disse e ela interrompeu
- Então, vamos aproveitar só um pouquinho - ela o beijou
Eu estava saindo do banheiro quando vi a cena, até passei a mão no olho pra ver se era real o que eu estava vendo.
- Me solta sua louca, sai daqui - Pedro a empurrou
- Ela nem tá aqui vem cá - ela tentou o agarrar novamente
- O que que tá acontecendo aqui? - gritei
- Essa louca veio e me agarrou - Pedro disse
- Sua vagabunda! - dei um tapa na cara dela e saí correndo dali.
Não sei explicar muito bem o que eu senti, mas no momento eu estava com raiva. Muita raiva. O que eu pude quebrar eu quebrei, derrubei bandeja de alguns garçons e saí da boate chorando, eu queria voltar lá e bater na Maria e no Pedro até não aguentar mais. Mas a vontade de sair dali e o nojo deles era demais.
Saí dali chorando e correndo, e tudo que eu queria era que um táxi passasse e me levasse pra casa.
- Luiza, espera - Pedro vinha
- Pedro por favor, me deixa ir embora - continuei andando
- Eu não tive culpa, foi aquela louca que me agarrou eu juro! - ele gritava
Continuei andando, e chorando muito. Eu sabia que ele estava certo, afinal, eu vi. Mas mesmo assim, foi uma cena forte demais.. Acho que só quem já passou por isso vai entender como realmente é a sensação de ver a pessoa que você ama, beijando outra.
- Olha pra mim por favor amor, não fica sem falar comigo não! - a voz se aproximou
- O que você quer que eu fale Pedro? - eu gritei
- Qualquer coisa, me fala qualquer coisa. O que você tá sentindo? Quer que eu bate nela pra você? Faço o que você quiser meu amor, só fala comigo! - ele me puxou pelo braço
- Tô sentindo raiva, só raiva! Só isso. - eu disse
- Ela que me agarrou, chegou perguntando onde você estava e depois me agarrou! Essa menina é louca - ele me olhou
- Eu sou muito burra! Meu Deus, como eu sou burra... Ela te olha diferente! Porque que eu só percebi isso agora? - eu chorava
- É coisa da sua cabeça amor, para! - ele tentou me abraçar
- Não é Pedro, não é! Ela sempre foi afim de você, eu vou matar aquela vadia... - eu gritei
Tentei voltar pra boate e acabar com ela ali mesmo, de tanta raiva que eu estava sentindo. Mas o Pedro não deixou, e com muita dificuldade conseguiu me fazer mudar de ideia, por enquanto. Depois fomos pra casa. No caminho, não falei nada e nem tinha nada pra falar. Chegando lá em casa, fui pro meu quarto e ele pro dele.
- Eu só preciso de você, não preciso de outra mulher. Tenta entender isso. - ele me deu um beijo na testa
- Tomara que ela não beije melhor do que eu. - eu disse baixinho
- Para com isso Luiza! Tô tentando acertar as coisas, e te fazer enxergar que pra mim só existe você e você fazendo ironia. - ele me olhou
- Agora a culpa é minha. Boa noite Pedro - eu fui pro quarto
- Tchau. - ele bateu a porta do quarto dele.
Que droga. Chorei até não aguentar mais, e liguei pra Ana. Contei tudo pra ela, que demorou um pouco pra entender porque tinha acordado com meu telefonema.
- Peraí, você tá me dizendo que a Maria, a sua amiguinha beijou o seu namorado? - ela disse
- Eu saí do banheiro e dei de cara com eles se beijando e ele empurrando ela, amiga! Me ajuda - eu chorava
- Você quebrou pelo menos algum osso dela? - ela perguntou
- Dei um tapa. - eu disse
- Um tapa? Um único tapa? Na vagabunda que tentou pegar seu namorado? - ela perguntou indignada
- Não consegui pensar direito Ana, eu só queria sair dali logo. - eu disse
- Amanhã cedo eu vou aí, e a gente conversa isso direito. Vai dormir que você tá bêbada. E vê se não é muito dura com o Pedro, pelo que você tá dizendo ele não teve culpa. Beijos e dorme com Deus. - ela desligou
- Que saco. - eu disse
Tentei dormir, e mesmo conseguindo sonhei com aquilo tudo. Sonhei não, tive um pesadelo com aquilo tudo. No outro dia, acordei com a campainha tocando, era a Ana. Só apareci no corredor e vi o Pedro abrindo a porta pra ela
- Bom dia Aninha - ele sorriu
- Só se for pra você - ela sorriu ironicamente
- Você já tá sabendo é?- ele perguntou
- Pior que tô. Da proxima vez vê se não bebe demais e deixa outra pirua te agarrar! - ela riu
- Não faz piada, foi sério isso. - ele disse
- Vou ali ver minha amiga - ela foi em direção ao corredor
- Faz ele entender que eu não tive culpa, e que eu tô chateado tanto quanto ela. Por favor. - ele pediu
- Eu sei disso, amigo. Vou te ajudar - ela sorriu
- Obrigado - ele sorriu
Recebi ela no corredor e a gente entrou no quarto.
- E aí, como você tá? - ela me abraçou
- Tô melhor. Só com um pouco de dor de cabeça. - eu disse
- Amiga, não sei o que dizer. Só não culpa o Pedro tá? - ela pegou minha mão
- Eu nem quero pensar no Pedro. Eu tô é muito triste com a Maria! - eu disse
- E com razão. - ela disse
- Eu me lembrei hoje, que no primeiro dia que a gente conversou ela falou do Pedro. Ela disse que já tinha visto ele comigo. Ou seja, ela sempre reparou nele. - eu disse
- E ela não dava força nenhuma pra você e ele, você sabe. - ela me olhou
- Tem isso. Ela foi falsa o tempo inteiro. - eu disse
Pedro bateu na porta.
- Amor, posso entrar? - ele gritou
- Deixa amiga, deixa ele entrar - Ana disse baixinho
- Pode Pedro. - disse séria
Ele entrou e se sentou do meu lado, pegou minha mão e deu um beijo nela.
- Ontem foi uma noite que eu quero esquecer, e quero que você esqueça também. - ele me olhou
- Meio difícil né? - eu disse
- Eu sei, mas é preciso. Eu nunca esperei isso da Maria, achei que ela fosse sua amiga. - ele disse
- É Pedro, eu também achei. Mas pelo visto eu me enganei, me enganei feio. - eu disse
- Quando ela veio aqui nos falar da boate, ela me olhou de um jeito diferente.Quando eu abri a porta, ela ficou me reparando. - ele riu
- Ela também me falava umas coisas, pra me fazer repensar em voltar com você ou não. - eu disse
Conversamos sobre ela, Ana deu sua opinião e Pedro pediu para que eu não fizesse nada. Claro amor, deixa comigo. Não vou fazer nada com ela por enquanto. Por enquanto.
Depois fomos pra casa do Matheus e almoçamos lá.
Tentamos ao máximo não tocar no assunto, apesar da Ana ter contado tudo pro Matheus e ele ter opinado muito. Quando fomos embora, chegamos lá em casa de mãos dadas e meu pai estava vendo um filme no sofá. 
- E aê parceiro - Pedro cumprimentou 
- E aí, onde vocês estavam ? - ele perguntou
- Na casa do Matheus - dei um beijo no meu pai
- Entendi. Já tá tarde, e você tem faculdade amanhã. E se eu não me engano, você também tem que comparecer na sede do seu novo clube Pedro, vá dormir também. - ele disse
- Tamo indo, boa noite - Pedro disse
- Boa noite, sua mãe pediu pra você ir lá amanhã - ele disse
- Pode deixar  - fomos pro corredor
- Amor, fala com seu pai agora da gente. Aproveita. - ele me olhou
- Agora? Vou falar o que? - eu perguntei confusa
- Fala que a gente tá junto de novo. - ele riu baixinho
- Ai meu Deus. Ok. Vou lá - eu ri também
Peguei um copo de suco na cozinha e sentei do lado dele no sofá. Pensei em como começar e falei o que achei que seria o melhor a ser dito ali.
- Pai, eu e o Pedro estamos juntos. - eu o olhei
Ele pausou o filme e me olhou
- Você tá feliz? - ele perguntou
- Muito - eu ri
- Então tá bom. Só não quero ver você chorando por ele por aí. Se não esse boleiro vai se ver comigo - ele riu
Abracei ele, e fui pro quarto do Pedro.
- E aí? - ele perguntou
- Ele só me perguntou se eu tô feliz e disse que não quer me ver chorando por você, se não ele te mata. - eu sorri ironicamente
- Você chorava por mim? - ele pegou meu cabelo
- Não. - menti
- Sei. - ele riu
- É sério. Não chorava. Nem gostava de você - menti de novo
- Aham - ele me beijou
- E eu nem senti saudade - eu disse
- Acredito - ele me beijou
- Pode falar que você também não sentiu falta do meu beijo, do meu abraço, do meu cheiro - ele me beijava
- Nem senti mesmo. - eu ri
Começamos a nos beijar e sem perceber fomos pra cama dele. Tentei parar mas não conseguia resistir aquilo. Era tentação demais pra eu mandar meu corpo parar de corresponder aos gestos dele.
- Para que meu pai tá na sala - eu ri
- Dorme aqui comigo, só hoje vai - ele beijou meu pescoço
- Não posso amor - eu levantei
- Então, espera ele dormir e vem? - ele me olhou
- Tá bom. eu ri
- Quando ele entrar pro quarto eu te mando uma mensagem. - ele piscou
- Combinado. - eu mordi o lábio dele
- Tomara que esse coroa não demore muito - ele me beijou
- Até daqui a pouco - eu pisquei e ri
Fui pro meu quarto e aproveitei pra tomar um banho.
Quando terminei, e olhei meu celular já tinha uma mensagem do Pedro: '' ele já foi dormir, agora vem princesa! rsrs ''. Coloquei meu pijama e fui.
Quando entrei, a luz estava apagada e ele já estava deitado.
- Demorou amor - ele disse com voz de sono
- Tomei um banho - eu disse
- Vem cá, dormir agarradinha comigo, vem - ele ajeitou o travesseiro
Me deitei com ele e ele me beijou
- Te amo muito, sabia? - ele mexeu no meu cabelo
- Eu também, muito. - o olhei
E aquele momento, talvez fosse o momento mais lindo desses últimos anos. A gente dormindo ali, juntinhos de novo. Eu nunca esperei que isso um dia pudesse acontecer novamente, e quando acordei rezei e agradeci por aquela noite e por poder ter o Pedro comigo de novo.
- Amor, acorda. - eu tentei o acordar
- Daqui a pouco amor - ele resmungou
- Daqui a pouco você tem que estar na sede, esqueceu?  - eu disse
- É mesmo, que saco - ele tentou acordar
- Já já tô indo pra faculdade, vou só me arrumar. Bom dia - eu dei um selinho nele
- Te busco mais tarde então - ele disse
- Não, me busca na Ana. Vou pra casa dela depois da aula. - eu menti
- Tá bom. Te amo. - ele disse
- Também - me levantei

Eu não menti. Eu omiti. Eu realmente ia pra casa da Ana, mas antes eu ia resolver uma coisinha.
Cheguei na faculdade e não via a hora das aulas acabarem logo. No intervalo, contei a Ana o que eu ia fazer e ela me apoiou, mas com um pouco de medo de não dar certo. Bernardo também me viu, me cumprimentou e foi embora.
Quando a aula acabou, peguei um ônibus em direção ao centro da cidade. Maria trabalhava numa loja de roupas, então pensei em tudo antes de fazer.
Entrei na loja e peguei várias peças, pra experimentar, pois ela trabalhava na área do provador.  Fui para o provador e escondi meu rosto numa blusinha e entrei. Uma mulher veio me ajudar
- E aí, gostou de alguma moça? - ela perguntou
- Gostei de várias, estou terminando de experimentar. - eu disse
- Ok, qualquer coisa me chama. - ela disse
Maria atendia outra cliente, e não tinha visto que eu estava ali. Eu li o nome da mulher que estava me atendendo e contei com a sorte.
- Você que é a Andréia? - eu perguntei
- Sim. - ela me olhou confusa
- Acho que aquele cara ali, ele é o gerente né? - eu perguntei
- É sim. - ela respondeu, ainda sem entender
- Ele estava te chamando, moça. - eu disse
- Sério? Não escutei. Obrigada! Vou lá ver o que ele quer, ele deve estar uma fera. - ela disse e saiu andando
- Aqui você pode pedir pra aquela outra moça me atender? - eu apontei pra Maria.
- Claro! Maria, olha o provador 4 pra mim por favor. - ela gritou
- Pode deixar. - Maria respondeu
Escondi meu rosto de novo e esperei ela vir.
- Posso ajudar moça? - ela disse
- Claro que pode. - eu sorri
Quando ela me viu, parecia que estava vendo um fantasma.
- O que que você tá.. - ela tentou dizer assustada
- Vem cá, vem cá que meu assunto é com você, sua piranha. - fechei o provador 
- Me solta - ela gritou
- Vai gritar? Vai fazer barraco aqui no seu emprego? Quer ser demitida? - eu tapei a boca dela
- Me solta sua louca - ela tentou se soltar
- Eu vou te soltar, mas antes você vai ter que aprender que com homem dos outros não se mexe. - eu a olhei
Dei um tapa, dei outro, dei outro. Ela segurava pra não gritar, mas gemia de dor. Puxei ela pelo cabelo e coloquei ela de frente pro espelho.
- Tá vendo essa piranha aí no espelho? - eu perguntei
Ela ficou calada.
- Tá vendo ou não tá? - puxei o cabelo dela mais forte
- Tô - ela começou a chorar
- Olha bem pra ela. Se ela só quisesse pegar meu namorado, não tinha problema. O problema é que ela fingiu ser minha amiga, pra tentar ficar com ele. - eu disse
- Me desculpa - ela chorava
- Só fica longe dele. Só te peço isso. - eu disse
- Eu juro eu não vou mais chegar perto do Pedro - ela me olhou
- Mas antes repete aí pra mim, eu sou uma puta de uma amiga falsa. - eu ainda segurava o cabelo dela
- Me solta Luiza, pelo amor de Deus - ela fechou os olhos
- É só você dizer Maria. Não vai doer não. - eu sorri
- Eu sou uma puta de uma amiga falsa. - ela falou baixinho
- O que? Não escutei. Fala mais alto. - eu ri
- Eu sou uma puta de uma amiga falsa! - ela falou alto
- Agora sim. Vou ficar só com essa camiseta aqui. - soltei ela e peguei a camiseta
Saí do provador e passei no caixa, paguei a blusa e fui pra casa da Ana.

Quando cheguei lá, pela minha cara a Ana já sabia que alguma coisa eu tinha aprontado.
- Vai, conta logo! - ela disse
- Contar o que? - eu ri
- O porquê dessa carinha feliz. - ela riu
- Você não tem noção do que eu fiz - eu ainda ria
- O que? - ela perguntou
- Fui na loja que a Maria trabalha, e dei um corretivo nela. E ainda fiz ela falar: eu sou uma puta de uma amiga falta. - nós rimos
- Mentira que você fez isso Luiza, você é louca! - ela ria
- Foi tão bom, e tão engraçado. - eu disse
- Você devia ter filmado! - Ana disse
- Não, deixa só entre eu e ela mesmo. Não sei se conto pro Pedro. - eu disse
- Conta que você conversou com ela. Você não precisa entrar em detalhes - ela riu
- É, mas o Pedro me conhece. E ele não vai gostar disso viu. - eu disse
- Mesmo assim, é melhor contar. Ele vai te entender amiga, relaxa. - ela sorriu
- É né - eu disse
A campainha bateu, e Ana foi atender
- Quem é? - eu perguntei
- Pedro e Matheus. - ela respondeu
Eles entraram rindo e conversando de alguma coisa, que eu nem entendi direito.
- Oi meu amor - ele me deu um beijo
- Oi amor - eu respondi
- E aí gata - Matheus me cumprimentou
- E aí gatinho - eu ri
- Vocês estão com fome? - a mãe da Ana perguntou
- Eu tô viu, sogra. Cheguei do trampo e tô morrendo de fome - ele disse
- Vou fazer um lanche pra vocês. - ela respondeu e saiu
- E aí como foi la na facul hoje? - Pedro sentou do meu lado
- Ah, foi normal. Mesma coisa de sempre - eu sorri
- Hum. - ele me beijou
- Você foi lá no clube novo? - eu perguntei
- Fui, lá é muito bacana. Eles fizeram até uma '' festinha '' quando eu cheguei lá - ele fez aspas com as mãos
- Sério? - eu fiquei feliz
- Sério, eles estavam me esperando bem ansiosos - ele sorriu
- Que bom meu amor! - eu o abracei 
- Você tá com uma carinha feliz, aconteceu alguma coisa? - ele riu
Não tinha jeito. Pedro me conhecia mais do que ninguém. Nem se eu tentasse mentir pra ele, eu não ia conseguir. 
- Aconteceu. - eu o olhei
- O que? - ele perguntou
- Conversei com a Maria hoje, pedi pra que ela não fizesse aquilo novamente. - eu disse
- Só conversou amor? - ele disse desconfiado
- Só. - menti
- E ela falou o que? - ele perguntou
- Falou que não vai fazer mais - sorri
- E vocês só conversaram? - ele ainda estava desconfiado
- Só amor, relaxa - o beijei
Lanchamos e passamos a noite conversando na casa da Ana, depois voltamos pra casa.
Quando cheguei em casa, meu pai ainda não tinha chegado. Liguei pra ele, e perguntei onde ele estava.
- Tô aqui namorando filha - ele riu
- Ah, eu e o Pedro estávamos na casa da Ana. - eu disse
- Peraí, passa o telefone pro Pedro. - meu pai disse
- Quer falar com você amor - passei o telefone pro Pedro
- Alô? - ele disse
- Oi filho! - era a mãe dele
- Oi mãe, tudo bem? - ele perguntou
- Tudo bem, vem pra cá você e a Luiza! - ela disse
- Vamos mãe, só vou tomar um banho aqui e a gente vai - ele respondeu
- Tá bom meu filho, tô te esperando - ela disse
- Tá bom mãe, te amo. - ele disse
- Também. - ela desligou
Eu já tinha entendido que era pra gente ir pra lá, então me apressei.
- Vou tomar banho primeiro - corri pro banheiro
- Ah não amor, deixa eu ir primeiro por favor - ele pediu
- Eu tomo rapidinho amor - eu ri
- Quer saber? Vamos tomar nós dois. - ele correu
Pedro me carregou e abriu o chuveiro, ficamos conversando e nos lavando ao mesmo tempo. As vezes, ele tentava me afogar de brincadeira debaixo do chuveiro, e as vezes a gente se beijava e namorava um pouco, só um pouco. 
Quando já estávamos arrumados, fomos pra casa da minha madrasta. Foi uma noite bem família, me fez lembrar dos velhos tempos, dos momentos bons e ruins que eu vivi ali. Era bom ver que tudo passou e que estávamos nós quatro, de novo, convivendo bem.
Depois de jantarmos, meu pai falou que ia dormir lá então eu e Pedro fomos embora. Meu pai nem falou nada, ele só disse: juízo e boa noite. 
A noite foi nossa. Fizemos amor, dormirmos juntos, conversamos, bebemos.. No outro dia, não quis nem ir pra faculdade. Fiquei em casa, eu e ele. A tarde inteirinha pra gente. Depois fomos no mirante e ficamos lá um pouco, apesar do frio, estava bom. 
Os dias foram passando, e quando meu aniversário se aproximava, eu não planejava nada de mais além de uma festinha com meus amigos mais íntimos: Matheus e Ana. Tirando minha madrasta e meu pai. Essas eram as únicas pessoas que eu realmente precisava que estivessem comigo nesse dia. 
Apesar de o Pedro não ter me omitido nada sobre a festinha, eu senti que ele estava escondendo alguma coisa de mim. Não toquei no assunto, e esperei até o dia do meu aniversário pra saber. 
Me arrumei, coloquei um vestido e fui pra sala. Já estavam todos lá, tinha bolo, doces e muita bebida. Depois do parabéns, todos vieram me entregar presentes.
- Pelos seus dezenove anos - meu pai me entregou um
- Obrigado, pai - o abracei
- Toma amiga, eu sei que você vai amar. Você ficou de olho neles naquele dia que fomos no shopping! - Ana me entregou uma caixa
- Que linda, obrigada - eu ri
Matheus também me deu, e o Pedro veio me abraçar
- O seu presente tá lá em cima da sua cama, vai lá pra você ver. - ele disse no meu ouvido
- Vou agora - eu fui pro quarto
Quando cheguei no meu quarto, vi de longe dois papéis em cima da cama. Corri e quando peguei, não acreditei.
- Nós vamos pra Paris? - eu não acreditei
- Vamos, ficaremos uma semana naquela cidade linda. - ele disse
- Não acredito! Obrigada meu amor - corri pro colo dele, e ele me carregou
- Vai ser perfeito, eu prometo. - ele me beijou
Ana e Matheus entraram no quarto e quando eu ia contar pra eles, Ana disse.
- Já sabemos amiga, nós ajudamos Pedro a escolher o lugar - ela riu
- E você não me conta nada? - eu perguntei
- Estragaria a surpresa! - ela disse
- É amor, para - ele me abraçou
- Tá bom, mas da próxima você me conta. - eu ri
- Pode deixar amiga, feliz aniversário - ela me abraçou
Comemos e bebemos muito. Matheus e Ana acabaram dormindo lá em casa, mas meu pai dormiu na casa da minha madrasta. De manhã, preparei um café pra gente e depois fomos pro mirante nós quatro, vimos o sol se pôr e um pouco das estrelas.
- Aqui é lindo demais, como vocês conheceram esse lugar? - Ana perguntou
- Pedro me trouxe aqui a muitos anos atrás - eu respondi
- Conheci por um colega meu, que morava perto de casa a uns anos atrás. Ele vinha aqui, trazia bebidas e me trouxe um dia. Eu achei um máximo. - Pedro respondeu
- É lindo demais, dá pra ver a cidade toda. - Matheus disse
Ficamos curtindo a paisagem por um tempo, e enquanto Matheus e Ana se beijavam, Pedro me olhava.
- Que foi? - eu perguntei
- Você é linda demais, como você consegue? - ele riu
- Para amor - eu ri
- Te amo muito, sabia? - ele me beijou
- Eu também, muito. - o abracei forte
Meu coração sentia cada toque dele, e como sempre ele se acelerava em momentos como esse, que eu queria guardar pra sempre. Ficamos abraçados em quando já estava ficando tarde, voltamos pra casa.
A semana se passou e a viajem se aproximava. Nós iriamos na sexta de manhã e chegaríamos lá a noite. Fiz as malas e despedi de todo mundo. Meu pai e minha madrasta foram pro aeroporto com a gente.
- Se divirtam muito, e não se esqueça de se agasalhar filha, andei pesquisando e vi que lá faz muito frio. - meu pai disse
- Faz mesmo, joguei lá um tempo. - Pedro completou
- Pode deixar pai. - o abracei
- Boa viagem - minha madrasta me abraçou
- Obrigada, juízo vocês dois - eu brinquei
- Pode deixar - ela riu
- Te amo mãe. - Pedro a abraçou
Nos despedimos e entramos no avião. Dormimos um pouco depois do almoço e a tarde ficamos conversando. Sem perceber, começamos a nos beijar. A cadeira do nosso lado estava vazia, então não incomodávamos ninguém.
- Para de me atentar - ele me disse enquanto me beijava
- A culpa é toda sua - eu disse
- Amor, sabe uma coisa que eu sempre quis fazer? - ele me beijava
- O que? - perguntei, mas já imaginava o que ele iria dizer
- Sexo no avião. - ele disse
- Sonhador você. - eu ri
- Sério. Vai pro banheiro que ja já te encontro lá. - ele disse
- Você ficou louco? Eu não vou fazer isso. - eu disse
- Para amor, realiza meu sonho. Ninguém vai saber. Juro. - ele disse
- Você é louco. - eu ri
Sem hesitar, levantei e fui. Eu queria, ele também. Porque não tentar? Uma adrenalina de vez em quando é bom. 
Quando entrei no banheiro, uma idosa me olhava. Eu só a olhei e sorri um pouco, e ela também.
O banheiro era pequeno, tinha um espelho e não tinha câmeras. Pelo menos eu não vi.
Quando eu estava olhando pro espelho e passando um pouco de gloss, Pedro entrou.
- Alguém te viu? - eu perguntei
- Acho que ninguém. - ele riu
- Você é louco demais - eu disse
- Por você, né? - ele me beijou
Começamos a nos beijar, ele me carregou e me colocou em cima da pia. Tiramos nossas roupas e entre muitas risadas a brincadeira foi ficando cada vez melhor, mais gostosa, mais prazerosa. Não demorou muito ( e nem podia) pra gente se satisfazer e sair dali como se nada tivesse acontecido.
- Sai primeiro - eu disse
- Sai você amor, você entrou primeiro - ele disse
- Tá. - eu saí
Me sentei e esperei Pedro chegar, ele chegou rindo muito e eu não entendi.
- O que foi amor? - eu perguntei
A risada dele me fez rir também.
- Me conta - eu pedi
- Amor,. eu saí do banheiro e uma velhinha veio pra cima de mim falando que agora era a vez dela. - ele ria muito
- Nossa, que sem vergonha. - eu ri
Quando chegamos no aeroporto, Pedro sabia falar francês e só ele que conversou com o taxista. Eu não estava entendendo nada, mas não via a hora de chegar no hotel.
Quando chegamos, fazia frio. Eu estava com um casaco mais fino, Pedro me deu a blusa dele mas mesmo assim ainda estava gelado. O hotel era lindo demais, era coisa de filme. Levaram nossas malas pro quarto e o Pedro quis me vendar até chegarmos ao quarto, que era grande demais só pra nós dois. Aquilo ali parecia mais um apartamento. Depois que ele me desvendou, me levou na varandinha e de lá eu tinha uma vista perfeita da Torre Eiffel, que estava toda iluminada. Nossa. Perfeito é pouco para aquele lugar.
- Amor, isso aqui é lindo demais. - eu o olhei
- Você merece. Isso e muito mais! - ele me beijou
- Eu te amo muito! - eu gritei
- Obrigado por não desistir de mim. - ele me abraçou
Sem perceber começamos a nos beijar e me carregando ele me colocou cuidadosamente na cama. Nos beijávamos e nos tocávamos, e as palavras lindas que ele me dizia já estavam me deixando nas nuvens.
Quando estávamos quase nus, uma mulher gritou: serviço de quarto! E pedro teve que ir abrir a porta. Não sei direito o que ele conversou com ela, mas ela entregou um cartão de crédito e algumas toalhas. Depois de ter fechado a porta ele voltou correndo pra cama.
- Eu tava te esperando - sorri maliciosamente
- Espero não ter demorado muito. - ele me puxou 
Fizemos sexo, fizemos amor... Fizemos tudo que tínhamos direito naquela noite. Quando acordei, ele não estava do meu lado. Me assustei mas quando vi o bilhete que dizia: amor, fui buscar nosso café da manhã. não demoro, te amo., fiquei mais aliviada.
Fui no banheiro e me arrumei, voltei pra cama e depois de ter ficado um pouco entediada ele chegou.
- Já acordou tem muito tempo? - ele me deu um selinho
- Não, acordei agora - menti
- Trouxe muita coisa gostosa. - ele segurava uma bandeja
- Que delicia! - eu comi um morango
Tomamos café ali na cama, juntos, vendo TV e conversando. Depois me arrumei e fomos conhecer os pontos turísticos da cidade. Passamos por vários lugares lindos e tiramos muitas fotos. Não resisti e comprei uma bolsa que eu já estava querendo ha muito tempo mas que não tinha no Brasil. Pedro também não ficou pra trás, comprou um relógio lindo e conseguiu demorar mais do que eu pra escolher.
E foi assim a maioria dos dias. Lá é tudo perfeito, é outro mundo. É muito romântico, e foi muito bom pra mim e pro Pedro, sair da rotina um pouco. Mas o que me surpreendeu mesmo foi esse acontecimento: era a ultima noite que passaríamos lá, pois de manhã iríamos embora. Pedro me fez colocar o meu vestido vermelho que ele mais gosta, e um sapato que ele tinha comprado pra mim. Me pediu pra ficar mais linda do que já sou (palavras dele) porque iríamos a um lugar especial. 
- Tá bom amor. - eu concordei
- Vou ter que passar na casa de um amigo meu antes, mas vou deixar um táxi aqui pra levar você pro lugar que a gente vai. - ele disse nervoso
- Que amigo? - perguntei desconfiada
- Amor. Confia em mim. Te amo. - ele me beijou e fechou a porta
- Pedro, volta aqui! - eu gritei
Tarde demais. Ele já tinha ido. Tentei não imaginar coisas ruins, já que o lugar que iríamos era importante demais pra ele. Terminei de arrumar e quando passei meu perfume, o telefone do hotel chamou.
- Senhora, seu táxi chegou. - disse um mordomo que se esforçou muito pra dizer isso em português
- Obrigada. - desliguei e desci
Quando cheguei, não era exatamente um táxi. Era uma limousine maravilhosa, preta e muito grande. Um cara com uma roupa de mordomo já estava com a porta aberta e disse: Bem vinda. E sorriu. 
- O que que o Pedro tá fazendo? - perguntei ele
Ele não me respondeu, então entrei. Ele dirigiu até um lugar onde fazia um pouco de frio, mas o clima estava bom. Quando chegamos, ele abriu a porta e fez um sinal que parecia: desce, já chegamos. Mas não disse nada, então desci e vi que estávamos na beirada de um rio. Ele pegou minha mão, e me levou para onde ficavam uns barcos e ficou parado.
- Já chegamos? - perguntei
Quando terminei de perguntar, um barco que estava todo apagado se acendeu, ficou todo iluminado e de longe consegui ver que era o Pedro, me esperando.
- Sobe aqui, vem. - ele me chamou
Parecia um sonho.
Subi no barco e não disse nada, só observei. Tinha uma mesa, com um champagne e duas taças. Olhei pro Pedro, sem entender muita coisa mas ao mesmo tempo achando tudo lindo. Pedro pegou minha mão e me convidou a sentar na cadeira, me sentei e ele também.
- Aceita champagne? - ele se serviu
- Aceito. - respondi
Eu ainda só observava o lugar. Tocava uma música mais lenta, e de um lado era só água e do outro a cidade toda iluminada. Ele só me olhava e sorria, um sorriso que sempre me passou segurança, então não me preocupei com nada e fiquei mais tranquila.
Pedro chamou o garçom.
- O que vai querer comer, amor? - ele me perguntou
- O mesmo que você, pode ser. - eu sorri
Ele disse alguma coisa em francês e o garçom saiu.
- Aqui é lindo demais. - eu disse
- Eu também acho. Vim aqui uma vez, á tarde. O sol estava se pondo. Pra mim, é o lugar mais bonito da França. - ele disse
- Realmente, eu também achei amor. - eu disse
Conversamos um pouco, e depois comemos. Estava tudo normal, até quando ele me chamou pra dançar.
- Eu não sei dançar. - eu ri
- Eu também não. Mas a gente pode tentar, né? - ele sorriu e pegou minha mão
Nos abraçamos e tentamos dançar, um ritmo lento e romântico.
- Você fica linda com esse vestido vermelho. - ele disse
- Obrigado amor. - o beijei
- Aposto que vai ficar linda de branco também. - ele me olhou
- Como assim? - não entendi
Ele se ajoelhou e tirou uma caixinha vermelha de dentro do bolso, eu não acreditei e minha ficha demorou demais pra cair.
- Luiza, você aceita se casar comigo? Você aceita ser minha mulher, pelo resto das nossas vidas? - ele abriu a caixinha.
Olhei nos olhos dele, e pude ver que ele estava emocionado. Sem conseguir segurar, chorei. Chorei de felicidade, de emoção, de amor... Sorrindo, e sem outro sentimento além do amor no meu coração respondi.
- Sim, sempre! - disse ao meio de algumas lágrimas
- Eu te amo tanto...- ele me abraçou 
Pude sentir as lágrimas dele molhando minhas costas, ficamos abraçados e nos beijando por um tempo. Era como se existisse para cada movimento do meu corpo, um movimento do corpo dele. Fiquei olhando pra ele, tentando acreditar que isso tudo era real, que não era só mais um dos meus sonhos loucos de adolescente.
Devagar ele pegou minha mão e tirou o anel da caixinha. Tinha um diamante nele, que só não brilhava mais do que meus olhos porque não era possível. Colocou no meu dedo e beijou minha mão. Dançamos novamente, e eu me deparei denovo tentando registrar todos aqueles momentos, não queria deixar que nada daquilo se perdesse, não queria correr o risco de esquecer nenhum detalhe.
- E se eu te disser que não quero te perder nunca mais? - ele me olhou
- Vou te dizer que é tudo o que eu mais queria ouvir. - o beijei
- Esse lugar, é perfeito. Eu sempre sonhei em te pedir em casamento aqui. Posso ficar aqui pra sempre? - ele riu
- Só se eu puder te fazer companhia. - eu ri
Aquele momento me fez repensar, me fez lembrar, me fez ver que se você tem muitos motivos pra chorar, com certeza terá o dobro pra sorrir! E que o amor, o amor é um sentimento muito complexo.. Que nós somos pequenos demais pra conseguir entender. E que o que é realmente nosso, nunca se vai pra sempre. O destino sempre dá um jeitinho de fazer com que volte pra nós. Algumas coisas simplesmente foram boas demais para permanecerem somente no passado. Não é justo, e a vida prova isso! Por isso, se você quer muito alguma coisa não deve nunca desistir, ou nunca dizer nunca. Porque a vida faz a gente aprender com essa palavra, e nos faz rir de tudo isso depois, graças a Deus.
- Vamos deitar? - ele sorriu
- Ah, já vamos embora? - eu perguntei
- Não. Essa noite vamos dormir aqui. - ele sorriu
Sem entender absolutamente nada, concordei. Ele disse alguma coisa pros garçons e eles foram embora do barco. De mãos dadas, fomos pra lateral do barco e descemos uma escada que dava pra um quarto pequeno, luxuoso. Uma cama redonda, tudo prata e branco. Tudo perfeito, como sempre.
- Que lindo, o barco é um barco casa? - eu perguntei
- Não, mas por hoje vai ser. - ele me beijou
Nos beijamos e começamos a nos envolver.Ele apagou a luz e le tirou meu vestido. Enquanto ele beijava meu corpo, eu tirei a roupa dele e então fizemos amor. É. Essa noite, fizemos amor. Era gostoso ficar longe de tudo e de todos, eu pude gritar o quanto eu quis e ele também, sem se preocupar se os vizinhos iam achar ruim ou alguém do hotel ia reclamar com a gente. Quando amanheceu, fomos pro hotel e só arrumamos nossas coisas, quase perdemos o vôo mas isso não aconteceu. Chegando no Brasil, meu pai me esperava no aeroporto.
- Que saudade! - eu o abracei
- Como foi de viagem ? - ele disse
- Foi tudo perfeito pai. - eu respondi
- Cadê minha mãe? - Pedro perguntou
- Está esperando a gente lá em casa. Matheus e Ana também vão pra lá - eles se abraçaram
- Que saudade desse calor do Brasil - Pedro disse
- Preciso tomar sol. - eu respondi 
Meu pai pegou minha mão e observou o anel
- Pelo visto o Pedro já fez o pedido né? - ele me olhou
- Você já estava sabendo? - eu perguntei
- Claro. Ele não é louco de fazer um pedido desses sem antes ter minha permissão! - meu pai riu
- Com certeza sogrão! - Pedro riu
- Porque que eu sempre sou a ultima a saber de tudo? - perguntei indignada
- Para amor, se eu te contasse estragaria a surpresa! - ele me beijou
Fomos pra minha casa e quando chegamos lá, eles já estavam todos almoçando.
- Oi meu amor, desculpa mas não aguentei te esperar pra comer eu tava com muita fome! - Ana me abraçou
- Tudo bem amiga. - eu ri
- O que que é isso no seu dedo? - ela viu o anel
- Meu anel de noivado. - eu olhei pra ela
- Mentira! - ela tentou fingir que não sabia de nada
- Eu sei que você já sabia, pode parar com isso. - eu ri
- Ai amiga, não pudia estragar a surpresa! Mas não sabia que o anel era tão maravilhoso assim. - ela o olhou
- É lindo mesmo, né? Meu amor é lindo demais gente. - beijei o Pedro
Almoçamos e eu contei da viagem. Entregamos uns presentes que tínhamos comprado pra todos eles e terminamos a tarde bebendo e conversando lá em casa. 
Os dias se passando e os preparativos pro casamento indo cada dia mais rápido. Eu só cuidei da parte NOIVA. A decoração minha madrasta fez questão de arrumar e prometeu deixar tudo maravilhoso. Meu pai queria que eu casasse na igreja que minha mãe se casou com ele. Eu também queria, era uma igreja linda, pequena e pra mim era um lugar especial. Meu vestido foi o mais difícil de ser escolhido: eram todos maravilhosos. Minha madrasta queria um, Ana queria outro e eu não sabia com qual ficar. Meu pai se candidatou pra ir comigo e dar a opinião dele, ele disse que eu ia gostar de saber o que ele achava. Então fomos escolher logo os vestidos. 
Experimentei vários, ele achava todos bonitos mas quando experimentei um tomara que caia, branco com a calda enorme, ele ficou sem palavras.
- É esse. - foi só o que ele conseguiu dizer
- Gostou pai? - eu me olhava no espelho
- Vem cá, filha. - ele me chamou
Fui até ele, e ele tirou uma foto muito, muito velha do bolso.
- Essa é sua mãe, no dia do nosso casamento. Não sei ao certo quem tirou essa foto, mas essa foto foi na hora que ela estava se arrumando pra entrar na igreja. - ele me deu a foto
Era minha mãe, linda. Da minha idade, bem parecida comigo, com um vestido tomara que caia meio cor de areia, por causa da qualidade da foto. O vestido parecia muito com o que eu estava experimentando. Não tive dúvidas na minha escolha do vestido. Era aquele ali.
- Vou ficar com esse. - eu disse emocionada
- Ficou lindo em você, como ficou na sua mãe. - ele me abraçou
Sem disfarçar meu pai chorou um pouco enquanto me abraçava.
- Filha, você cresceu rápido demais. Já é mulher, e agora vai se casar.. - ele disse ao meio de algumas lágrimas
- Mas eu não vou te abandonar pai, eu prometo. - eu disse
- Eu desejo que você seja muito feliz, e eu sei que você escolheu a pessoa certa. Aproveite cada segundo, porque o tempo passa rápido demais. - ele disse
- Eu te amo, pai. - eu disse
- Eu também. - ele limpou minhas lágrimas
Enfim comprei o vestido. Agora era só ajeitar os ultimos detalhes e esperar o dia chegar.
Eu e o Pedro tiramos um dia pra comprar os móveis da nossa futura casa. A gente alugou um apartamento, não muito longe do apartamento do meu pai, com dois quartos e bem espaçoso. Pedro me deixou escolher tudo, ele só optou na cor do sofá e na torneira do banheiro. O resto ele deixou tudo comigo.
Com a correria do casamento, não estávamos tendo muito tempo pra nós, então decidimos naquele dia passar no mirante e ficar um pouco lá.
- Pra mim, aqui é mais bonito do que qualquer outro lugar que eu já fui. - eu disse
- Esse lugar me trás uma paz amor.. - ele me abraçou
- Eu também gosto tanto daqui. Essa semana tá tudo tão corrido. - eu disse
- Demais! Mas vai valer a pena.. Não vai demorar muito pra eu te ver de branco e dizendo sim pra mim. - ele me beijou
- Pra gente ter a nossa casinha, a nossa cama. - eu disse
- Nossa, tô sonhando com isso! Ter você pra mim, o dia inteiro. - ele me olhou
Ficamos fazendo planos e imaginando como seria nossa vida, que mudaria bastante em pouco tempo. Era tudo o que eu queria, e mais um pouco. Pedro estava mais empolgado do que eu, não que eu não estava empolgada, eu estava e MUITO! mas o Pedro me surpreendeu.
- Amor, os convites já chegaram? - ele perguntou
- Ainda não. - eu respondi
- Eles tem que chegar logo, precisamos entregar. vai que acontece algum imprevisto e não dá pra ninguém ir? - ele disse nervoso
- Calma amor, vai dar tudo certo. Confia em mim. Vai ser o casamento mais lindo de todos! - eu o beijei
- Tô tenso. - ele riu
- Vem cá, deixa eu te fazer uma massagem. - eu o virei de costas
Fiz uma massagem nele e tentamos não tocar no assunto casamento por alguns minutos, o que deu muito certo pois começamos a nos beijar e não demorou muito para ficarmos nus e abraçados ali, no nosso lugar exclusivo e preferido do planeta.
Os dias se passando rápido, os convites já haviam chegado e já estava tudo pronto. Pegar o vestido as dez da manhã e casar ás 11:30. Eu repeti essa frase pra mim mesma tantas vezes que não tinha como esquecer. 
No dia do casamento eu não vi o Pedro, ele tinha saído mais cedo do que eu mas deixou um bilhete: Bom dia princesa, espero que você não esteja tão nervosa quanto eu.. Hoje é o dia mais especial de nossas vidas, te espero viu? Vê se não me deixa te esperando muito tempo, estou ansioso. Eu te amo, esposa.  
- Fofo. - falei sem que ninguém pudesse ouvir
O interfone tocou e quando fui abrir, era a Ana.
- Três palavres: você está atrasada! - ela gritou
- Calma, ainda são oito e meia. - eu disse
- Já tomou banho? Precisamos buscar o vestido! E depois temos que ir pro salão! E depois pra igreja! Anda, vai tomar um banho - ela me empurrou até o chuveiro
- Ai meu Deus, você tá me deixando nervosa! - eu gritei
- Que gritaria é essa meninas? - meu pai chegou
- A Ana. Me deixando desesperada aqui! - eu disse
- Calma, eu vou buscar o vestido e entrego ele no salão pra vocês dez horas, tá bom? Calma. - ele me abraçou
- Tô indo me casar. Eu tô indo me casar! - eu gritei
- Tá amiga! - Ana riu
- Preciso tomar um banho. - corri pro chuveiro
- Vou fazer um suco de maracujá pra você - ela disse
Tomei banho, aliás, acho que foi o melhor banho que já tomei na vida. Lavei tudo umas dez vezes, e só sai do chuveiro porque Ana bateu na porta e me apressou. Fomos pro salão e enquanto Ana se arrumava lá, um cabeleireiro me maquiava. 
- Eu tenho uma surpresa pra você. - ele disse
- O que? Não vai cortar meu cabelo hein. - eu disse nervosa
- Ana, pega essa sacolinha aí. - ele apontou pra uma sacola
- Toma. - ela entregou ele
- É um presente de casamento. - ele me entregou
- Obrigada. O que é? - perguntei
- Abre e você vai ver, gata. - ele sorriu
Quando abri, era um lingerie branca completa, de renda. 
- É tomara que caia, pra não aparecer enquanto você estiver com aquele vestido divino. - ele disse
- Nossa, é maravilhosa. Obrigada! - eu o abracei
- Mas olha, vê se não usa ela muito porque eu vou querer de volta pro meu casamento. - ele disse
- Pode deixar. - eu ri
- Agora anda logo, vamos acabar essa make logo porque ainda tenho que ajeitar esse cabelão. - ele me virou pro espelho
- Ok. - eu disse
Quando terminei de me maquiar, olhei pro espelho pra ver se eu aprovava e eu amei. Acho que nunca tinha ficado tão linda em toda minha vida. Ele fez uma maquiagem branca e usou um batom rosa claro, ficou maravilhoso e com muito esforço não chorei e não estraguei aquele momento. E nem a maquiagem. 
Meu cabelo foi rápido, ele não teve muito trabalho. Ele fez uma trança e a deixou de lado, colocou uns arranjos e ajeitou minha franja. Pronto. Estava tudo pronto. 
Ana também se arrumou rapidinho e já estava toda vestida, e nada do meu pai chegar com o vestido.
10:20
10:30
10:40
E nada do meu pai. 
Eu já tinha ligado pra ele umas mil vezes, e até cheguei a chorar um pouco. O que deu um trabalho danado pra retocar a maquiagem. Mas minha oração foi tão forte que ele chegou 11:00 e eu me vesti correndo, depois de ter xingado ele um pouco, ele explicou que teve que ajudar o Pedro, que estava muito nervoso e também precisava de alguém pra pegar o terno dele. Meu lindo de terno. Ai, eu já não via a hora de casar.
Quando finalmente coloquei a lingerie e o vestido, saí de um quartinho e esperei a reação do meu pai quando me viu pronta.
- E aí, tá bom assim? - eu o olhei
Ele ficou parado, olhando e isso me deixou preocupada
- Fala alguma coisa pai! - eu gritei
- Meu Deus amiga você tá maravilhosa! - Ana me abraçou
- A ultima vez que te vi vestida de branco foi no seu batizado. E agora você vai se casar. E está maravilhosa. - ele me abraçou
- Eu vou chorar. - falei antes que alguma lágrima conseguisse descer
- Calma, calma. - Ana soprou meus olhos
- Pelo amor de Deus hein, não vai me borrar essa maquiagem de novo! - o cabeleireiro gritou
- Tá na hora. Temos que ir pra igreja. - meu pai disse
- Quantas horas? - perguntei
- 11:30 - meu pai respondeu
- Tô atrasada! - eu gritei
- Calma, noivas se atrasam. - ele disse
- Mas eu ainda estou no salão enquanto já tá todo mundo na igreja!! - eu gritei
- Então para de falar e vamos logo! - Ana me puxou
- Obrigado por tudo! - abracei o cabeleireiro
- Arrasa que o bofe é seu! - ele riu
Fomos pro carro e o caminho da igreja parecia demorar mais a cada minuto
- Chegamos. - meu pai parou o carro
Quando olhei pra igreja, tinham tantos fotógrafos do lado de fora que eu perdi a conta. Acho que tinham mais imprensa do que convidados. Vi uns amigos do Pedro na porta e Matheus.
- Vocês demoraram hein, o Pedro tá quase morrendo lá dentro. - ele me ajudou a descer
- Avisa ele que eu já cheguei. - eu disse
- Vamos. - Matheus pegou a mão de Ana
Andei até a porta de onde eu ia sair, que ainda estava fechada.
- É agora, filha. - meu pai me abraçou
- É agora. - eu disse
Senti um frio no coração que nunca tinha sentido antes. Era agora. O meu dia. O dia do meu casamento com meu amor. Ele estava ali, me esperando. 
Finalmente, a música que Pedro tinha escolhido pra tocar enquanto eu entrasse na igreja começou. E então a porta se abriu, e todos os convidados estavam de pé, olhando pra mim e pro meu pai. Apertei o braço dele por um segundo, acho que foi de nervosismo. Mas eu não prestei muita atenção neles, eu olhei pro Pedro. 
Ele estava lindo, nossa. Meu futuro marido é lindo demais, pensei. A expressão dele era de puro nervosismo e felicidade, eu via nos olhos dele. Eu via o jeito com que ele me esperava chegar, e quando cheguei mais perto, meu pai me deu um beijo na festa e ele veio, beijou minha mão e fomos juntos até o padre. 

Quem quiser saber, a música foi essa: http://www.youtube.com/watch?v=Pav_xYcvgj8

- Você tá maravilhosa. - ele sussurrou no meu ouvido
Eu sentia o tremor das nossas mãos uma com a outra, enquanto ele as segurava pra colocar a aliança no meu dedo e repetia as frases que o padre pedia. Colocando a aliança no meu dedo, ele me olhava.
- Eu Pedro, aceito você, Luiza. Como minha legítima esposa. Para amar-te e respeitar-te todos os dias da minha vida. - ele me olhou
- Eu Luiza, aceito você, Pedro. Como meu legítimo esposo. Para amar-te e respeitar-te todos os dias da minha vida. - eu sorri
- Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da minha vida. - ele sorriu
- Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da minha vida. - me emocionei
Pensei duas vezes antes de chorar, mas não pude conter duas lágrimas e elas desceram. Foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida, não sei explicar em palavras o que estava acontecendo com meu coração nessa hora. Ainda olhando pra ele, vi que os olhos dele estavam cheios de lágrimas, e então o padre finalmente disse:
- Eu os declaro marido e mulher. - ele disse alto
- Posso beijar a noiva? - ele perguntou pro padre
- Claro. - o padre sorriu
Então ele me beijou. Eu pude escutar um gritinho da Ana e as palmas da igreja toda.
- Eu te amo demais princesa. - ele disse no meu ouvido
- Valeu a pena esperar, eu te amo muito! - eu disse
- Parabéns aos noivos. - meu pai nos abraçou
- Obrigada pai. - eu sorri
- Você tá linda demais, não tô aguentando olhar pra você. - Ana disse
- Você também, tá maravilhosa - eu a abracei
Todo mundo veio nos parabenizar. Tinham tantos amigos gringos do Pedro, que ele teve que traduzir algumas vezes o que eles estavam falando pra mim. Vieram uns tios meus, uns primos que eu não via a muito tempo... Uns parentes da minha mãe. A família estava toda reunida. E quando fomos pro lugar da festa, a maioria do pessoal já estava lá.
E mais cumprimentos. Ficamos na porta da festa cumprimentando os convidados que chegaram por ultimo e quando a festa estava bombando, eu e Pedro conseguimos fugir um pouco do barulho entrando na cozinha do salão.
- Nossa, esse vestido tá me apertando - eu disse
- E tá um calor debaixo desse terno. - ele disse e nós rimos
- Desce um pouco esse zíper. - eu virei de costas
- Tá bom amor. Já já vamos pegar o avião e curtir nossa lua de mel, tá? - ele me beijou
- Não vejo a hora. - eu disse
Quando ele foi descer o zíper do meu vestido, me lembrei que eu estava com a lingerie e ainda era uma surpresa.
- Não precisa mais amor, pode deixar. - me virei de frente pra ele
- É só pra te aliviar um pouco amor, depois a gente ajeita o vestido de novo. - ele disse
- Não precisa, sério. Tô bem assim. - tentei sorrir e respirar fundo
- Você que sabe. - ele me beijou
- Até agora não te parabenizei né amor? Parabéns pelo casamento! - eu sorri
- Parabéns pra você também, que casou com um cara muito lindo e gostoso - ele me beijou
- E com um detalhe. - eu disse
- O que? - ele riu
- Ele é só meu. - eu o beijei
- Pra sempre. - ele disse no meu ouvido e me abraçou
Ouvi alguém entrando na cozinha e então escutei a voz da Ana.
- Anda logo, você tem que jogar o buquê! - ela me puxou
- Vamos lá amor! - peguei a mão do Pedro
Fomos lá pra fora jogar o buquê. Tinham tantas mulheres esperando que eu já estava ficando curiosa pra saber quem iria pegar e depois que joguei e vi quem pegou, fiquei muito feliz e pensei: não poderia ter sido ninguém melhor. Era a Ana. Eu sabia que ela estava feliz então olhei pro Matheus, e vi a reação dele. Ele sorria e a abraçou, disse algo no ouvido dela que os fez rir... E eu esperava mesmo que eles fossem os próximos a se casarem.
Depois de alguns drinks, Pedro me chamou pra um canto onde estavam meu pai e minha madrasta.
- Tá na hora! - minha madrasta disse
- Hora de que? - perguntei
- A hora de vocês saírem pra lua de mel de vocês, ora. - ela riu
- Nós vamos viajar? Pensei que não! - eu disse
- Amor, nós vamos. Pra uma praia linda na Bahia, e nosso voo é daqui a pouco. - ele me abraçou
- Mas e nossas coisas? Roupas e tudo. - eu perguntei
- Já cuidei de tudo isso, já tá tudo no carro. Vamos sair de fininho, sem ninguém perceber tá? - ele me olhou
- Nossa, você é lindo demais sabia? Vamos logo então! - eu disse
- Filha, vai com Deus e me liga assim que chegar. - meu pai me abraçou
- Tá bom pai. - eu disse
- Digo o mesmo pra você filho, cuidado e deem notícias! - minha madrasta disse
- Ok, deixa comigo. - ele a abraçou
- Vamos? - Eu peguei a mão dele
- Vamos princesa. - ele disse
Só mandei um beijo pra Ana e saí de fininho. O pessoal parecia estar curtindo muito a festa. Pedro pediu que Matheus levasse a gente até o aeroporto e que cuidasse bem do carro dele até a gente voltar de viajem. Quando entramos no avião eu ainda vestia aquele vestido enorme e apertado, e não via a hora de tirar.
Depois de poucas horas, chegamos no aeroporto e fomos direto pra casa onde ficamos. Era uma casa, na beirada da praia. Pequena e aconchegante. Era perfeita pra gente. Antes de entrar, Pedro fez questão de me carregar até o quarto onde ficaríamos e disse que isso era coisa de marido e mulher. 
- Amanhã cedo a empregada vai chegar, ela vai cuidar de tudo pra gente. Comida, roupa.. Tudo! Não vamos precisar de fazer nada! - ele me beijou
- Esse quarto é lindo. - foi só o que eu consegui dizer
- Senta aqui. - ele se sentou na cama e sorriu
Me sentei do lado dele, e sem dizermos nada, ele apenas me olhou. Me olhou por um longo momento e foi chegando mais perto. Sua boca acariciava meu pescoço e meu ombro, e devagar ele me beijou. Sua mão passeava pelo meu cabelo e pelo meu rosto, enquanto eu apenas o sentia. Devagar, ele me levantou e enquanto me beijava, descia o zíper do meu vestido. Dei uma ajuda e fiz com que o vestido caísse. Ele me olhou dos pés a cabeça e sorriu maliciosamente
- Linda essa lingerie. Mas você fica mais bonita sem ela. - ele me beijou
Então começamos a fazer amor, e tudo o que eu ouvia era os meus gritos e o barulho do mar. 
Quando era de manhã, eu acordei e Pedro não estava do meu lado. Não tinham bilhetes, nem nada. Vesti uma camisa dele que estava mais fácil de ser pega na mala, então me levantei e fui até a cozinha. Ele estava lá, tentando fritar alguma coisa pra gente comer de café.
- Bom dia esposo. - eu o beijei
- Bom dia minha princesa, dormiu bem? - ele me carregou
- Melhor impossível. E você? - eu perguntei
- Não tive noite melhor ainda. - ele beijou minha mão
Abracei ele e agradeci a Deus por aquele momento ser real. Meu marido, finalmente. Agora nada mais me separaria dele, nos unimos com a graça de Deus e o que Deus uniu nenhum homem há de separar!
Tivemos um dia ótimo, ficamos no mar e tomamos sol. Tiramos fotos... A empregada fazia nosso almoço, fazia lanches e quando ia embora a noite, deixava sempre algo pra gente comer de janta. 
Acho que tudo que sonhei pra mim em relação ao amor, se concluiu com meu casamento e minha lua de mel maravilhosa. Só no ultimo dia, que eu passei muito mal, vomitei tudo o que eu comi e o Pedro ficou desesperado.
- Amanhã vamos embora, e vou te levar pro hospital. - ele não saia do meu lado
- Amor, eu vou ficar bem. - eu respondia
Quando chegamos, meu pai já me aguardava no aeroporto e de lá fomos direto pro hospital. Eu ainda passava muito mal, minha pressão estava baixa demais e eu não conseguia comer nada. Pensei que fosse uma virose que eu tinha pegado na praia, mas me assustei quando o médico me disse o que realmente eu tinha.
- Bom, seus exames estão excelentes. Sua pressão abaixou porque você ficou muito tempo sem comer e vomitava tudo que comia. Mas o bebê está bem. - ele disse
- Bebê? - eu e o Pedro repetimos juntos.

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Confira a segunda temporada da história no orkut clicando aqui ou aqui no blog

23 comentários:

  1. historia muito otima não vejo a hora que resolverem lancar o filme

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  2. a mei a historia ñ vejo a hora de lansarem o filme quero fivar por dentro de tudo

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. loKa esse historia heim...
    Curti pra caraii
    Da um filme msm rs

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  8. Eu to tentando achar a autora dessa história desde 2012! Acompanhei a história capitulo a capitulo na comunidade do Orkut. Cade você?

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  9. Amei a história a muito tempo não parava pra ler por mais de 10 minutos pois nada me chama a atenção dessa forma muito bom parabéns a autora.

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  10. Amei a história a muito tempo não parava pra ler por mais de 10 minutos pois nada me chama a atenção dessa forma muito bom parabéns a autora.

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  11. Eu quero a continuação
    gente Alguém sabe quando vai ter a continuação?????

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  12. Chorei lendo essa história muito emocionante mais no final acho que tudo deus certo concerteza que sejam muitos felizes em nome de jesus :-) que D
    eus aabençoe todos vcs

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  13. Linda essa jornada de sua vida parabéns

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  14. Linda essa jornada de sua vida parabéns

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  15. Gostei da história valeu apenas ler parabéns!

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  16. Gostei da história valeu apenas ler parabéns!

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  17. Que saudade dessa história!!! Amo desde o tempo do orkut

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